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ARTIGO_AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO ENTRAVE A EFETIVIDADE PROCESSUAL- MICHEL DAS CHAGAS RIBEIRO

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AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO CPC: ENTRAVE À EFETIVIDADE DO PROCESSO. 
 
 
Michel das Chagas Ribeiro 
 
 
RESUMO 
 
 
O estudo traz reflexões sobre a real necessidade de agendamento de audiência em apartado para 
mediação e conciliação, o que nos faz questionar se em vez de trazer benefícios, para as partes ou rota 
de fuga para o devedor, ocasionando prejuízos com o ônus da espera, na maioria das vezes, a espera 
chega em torno de 1 ano para agendamento da audiência aprazada. Analisa-se a incapacidade do 
Judiciário na solução dos problemas reais das pessoas, além de demonstrar que um dos caminhos para 
superar este obstáculo é a utilização de meios alternativos de pacificação de conflitos. Nestas vias 
autônomas de composição de conflitos as partes possuem voz ativa e são as protagonistas das decisões. 
Serão aqui analisados os institutos da mediação e da conciliação alternativos para tornar efetivo, assim 
como celeridade no novo diploma processual, traçando algumas ponderações positivas e outras que 
indicam a necessidade de uma reflexão sobre a utilidade e eficácia dos novos preceitos legais. 
 
 
Palavras-chave: Mediação. Conciliação. Prejuízos a efetividade processual. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
A audiência de conciliação e mediação, criada com boas intenções, é no mundo real um entrave à 
efetividade do processo. Temos de identificar os mecanismos adequados para evitá-la, pensando para 
além do Código de Processo Civil. A audiência, em princípio, somente poderá ser evitada com a 
manifestação expressa de ambas as partes (CPC, art. 4º, I). Ainda nesse sentido, tem-se a análise do 
texto do art. 334 do Novo CPC: 
Art. 334. § 4o A audiência não será realizada: 
I – se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual; 
Desta forma, a simples manifestação via peticionamento é suficiente e, por vezes, mais eficaz, não 
movimentando a máquina judiciária, do que a realização de uma audiência que seja infrutífera. 
Desta forma, para o autor, não há qualquer outra possibilidade de resolução da lide, que não seja o 
adimplemento da obrigação por parte do devedor. Inobstante, o autor perde tempo aguardando pauta 
para a audiência, enquanto o devedor continua a colocar em risco o patrimônio objeto da obrigação, já 
que está usufruindo do mesmo! 
O Novo CPC prevê para as ações que versem sobre direitos disponíveis, a realização da audiência de 
conciliação e mediação, podendo, no entanto, ocorrer a dispensa de tal audiência, se ambas as partes 
manifestarem expressamente desinteresse na COMPOSIÇÃO CONSENSUAL (§ 4º, art. 334). Portanto, 
se faz necessário a intimação do requerido a se manifestar sobre a possibilidade de realização de acordo, 
já deixando claro seus termos, caso existam. 
Vale ressaltar que o silêncio do mesmo deve importar em sua anuência para o cancelamento da 
audiência, já que demonstrado seu também interesse em não conciliar. 
Isto porque, conforme já nos manifestamos, aos negócios jurídicos processuais se aplicam 
subsidiariamente as regras do direito civil, dentre as quais o art. 111 do Código Civil, pelo qual “O silêncio 
importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração 
de vontade expressa”. 
Na grande parte das ações de procedimento comum, a inércia da parte em sequer responder à tentativa 
de conciliação ou mediação prévia, mesmo diante de alerta específico, no contexto social em que 
inseridas as medidas pré-processuais (CC, art. 422), permite-nos inferir a ausência de pré disposição 
daquele sujeito em se submeter às referidas técnicas. É sim vontade clara em não conciliar! 
Desta forma, nesses termos as ações com ausência de manifestação do réu tem que excluído o processo 
da fila de pautas para audiência conciliatória, bem como a intimação do réu para se manifestar sobre o 
interesse em conciliar e em quais termos. Ainda em caso de silêncio do embargante ou em sua expressa 
anuência sobre o pedido feito pelo, que seja cancelada a audiência de conciliação, devendo a lide seguir 
para a fase de instrução e julgamento. 
 
 
CONCILIAÇÃO NO CPC 2015 
 
 
O Código de Processo Civil de 2015 reforça os ideais de um processo menos complexo, mais célere, 
mais justo, mais intimo das partes e da realidade social na qual estão inseridas: 
Com latente diminuição da complexidade inerente ao processo de criação de um novo Código de 
Processo Civil, poder-se-ia dizer que os trabalhos da Comissão se orientaram precipuamente por cinco 
objetivos: 
1) estabelecer expressa e implicitamente verdadeira sintonia fina com a Constituição 
Federal; 
2) criar condições para que o juiz possa proferir decisão de forma mais rente à realidade 
fática subjacente à causa; 
3) simplificar, resolvendo problemas e reduzindo a complexidade de subsistemas, como, 
por exemplo, o recursal; 
4) dar todo o rendimento possível a cada processo em si mesmo considerado; e, 
5) finalmente, sendo talvez este Último objetivo parcialmente alcançado pela realização 
daqueles mencionados antes, imprimir maior grau de organicidade ao sistema, dando-lhe, 
assim, mais coesão. 
 
 
Na Parte Geral, Livro I – Das Normas Processuais; Título Único – Das Normas Fundamentais e da 
Aplicação Das Normas Processuais; Capítulo I – Das Normas Fundamentais do Processo Civil, os artigos 
1º ao 12 expressam os valores e fundamentos no novo sistema processual Civil. 
Nesses termos, a Constituição Federal como fundamento no artigo primeiro, privilegiando o contraditório, 
além de todos os demais valores constitucionais; a disponibilidade pela busca ao devido processo legal 
pelo princípio dispositivo (em regra, iniciativa da parte); a inafastabilidade da jurisdição e o dever de 
estímulo a práticas de conciliação (construção da decisão pelas partes, que ao solucionarem o litígio, 
terão uma decisão mais justa, tratado por alguns como o Modelo Multiportas – consoante Gustavo de 
Melo Vicelli, no artigo “A Não Designação da Audiência Preliminar de Conciliação ou Mediação e a Real 
Efetividade do CPC/15”; a busca pela razoável duração do processo e a primazia do mérito, pelo qual se 
simplificam os procedimentos, permitindo-se a participação ativa de todos os agentes do processo, ou 
seja, partes e juiz; o princípio da cooperação entre as partes, a fim de agirem de boa-fé; a busca por uma 
justiça mais próxima da realidade, com proibição de decisão surpresa e efetividade do contraditório; e a 
obrigatoriedade da fundamentação das decisões, retratando também o artigo 93, IX da Constituição 
Federal de 1988, para maior segurança jurídica e limitação do arbítrio do julgador. Mencione-se por fim 
que o artigo 12 prevê questões quanto à cronologia das decisões, visando criar um fluxo que garanta a 
duração razoável do processo. 
Ao entendimento da Constituição Federal no processo civil decorreu já de uma sistematização dos artigos 
de direito processual que traz em seu meio, ou seja, ações, instrumentos e princípios basicamente de 
processo; além da previsão do processo coletivo, considerado no código nos casos de julgamento de 
demandas repetitivas e prevalência das decisões dos tribunais superiores. 
Vale reforçar que a cooperação das partes no andamento processual manifesta-se na efetivação do 
contraditório, ou seja, não apenas com a possibilidade de ter ciência e manifestar-se sobre tudo que a 
outra parte produziu no processo, mas com a possibilidade efetiva de influenciar na decisão judicial e que 
nessa cooperação o juiz efetivamente ouça a parte para decidir o mérito num prazo razoável e dar a justa 
decisão à lide. 
Os fundamentos expressos nos artigos mencionados visam exatamente emanar regras e 
princípios que regularão o processo para uma mudança de paradigma, ou seja, não apenas solucionar o 
caso posto em juízo, mas resolver o conflito de interesses por trás deste, um conflito social, não uma 
simples extinção de processo. Para isso deverá ser considerada arealidade social das partes, o meio 
em que vivem, suas ANGÚStias, promovendo a dignidade da pessoa humana e a eficiência na solução 
dos casos. 
 
 
AUDIÊNCIA PRELIMINAR DE CONCILIAÇÃO E SUA FINALIDADE NO CÓDIGO DE PROCESSO 
CIVIL 2015 
 
 
O Conselho Nacional de Justiça em 2010, por meio da Resolução 125 passou a estimular a solução 
consensual dos litígios, refletindo previamente os objetos da comissão que elaborou o novo Código de 
Processo Civil, conforme exposto por Fredie Didier em sua obra “Curso de Direito Processual Civil”, p. 
272: 
 
a. a) Institui a Política PÚBlica de tratamento adequado dos conflitos de interesses (art. 1); b) 
define o papel do Conselho Nacional de Justiça como organizador desta política PÚblica no âmbito 
do Poder Judiciário (Art. 4); c) impõe a criação, pelos tribunais, dos centros de solução de 
conflitos e cidadania (art. 7); d) regulamenta a atuação do mediador e do conciliador (art. 
12), inclusive criando o seu Código de Ética (anexo da Resolução); e) imputa aos tribunais o 
dever de criar, manter e dar publicidade ao banco de estatísticas de seus centros de 
solução de conflitos e cidadania (Art. 13); f) define o currículo mínimo para o curso de capacitação 
dos mediadores e conciliadores.[...] 
 
O supracitado autor, fazendo um resumo da novel norma processual, a qual refletiu os objetos da 
Resolução 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça, ensina que ela regulamenta em um capítulo inteiro 
a conciliação e a mediação (arts. 165 a 175), propondo a tentativa de autocomposição em momento até 
mesmo anterior à resposta do réu (arts. 334 e 695); permite a homologação judicial de acordo 
extrajudicial, em fase pré-processual (arts. 515, III; 725, VIII); possibilita a inclusão de matéria estranha ao 
objeto do litígio no acordo (art. 515, § 2º) e, acordos processuais atípicos (art. 190). 
A Lei n. 13.105 de 16 de março de 2015, que instituiu o atual Código de Processo Civil, dispõe no artigo 
334, do capítulo V, sobre a audiência de conciliação ou mediação, a chamada audiência preliminar: 
Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar 
do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 
(trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência. 
 
 § 1oO conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessariamente na audiência de conciliação ou 
de mediação, observando o disposto neste Código, bem como as disposições da lei de organização 
judiciária. 
 § 2oPoderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo exceder 
a 2 (dois) meses da data de realização da primeira sessão, desde que necessárias à composição 
das partes. 
 § 3oA intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu advogado. 
 § 4oA audiência não será realizada: 
I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual; 
II - quando não se admitir a autocomposição. 
 
 § 5oO autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu deverá 
fazê-lo, por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência. 
 § 6oHavendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado por 
todos os litisconsortes. 
 § 7oA audiência de conciliação ou de mediação pode realizar-se por meio eletrônico, nos termos da 
lei. 
 § 8oO não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de conciliação é considerado 
ato atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da 
vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado. 
 § 9oAs partes devem estar acompanhadas por seus advogados ou defensores PÚblicos. 
 § 10. A parte poderá constituir representante, por meio de procuração específica, com poderes para 
negociar e transigir. 
 § 11. A autocomposição obtida será reduzida a termo e homologada por sentença. 
 § 12. A pauta das audiências de conciliação ou de mediação será organizada de modo a respeitar o 
intervalo mínimo de 20 (vinte) minutos entre o início de uma e o início da seguinte. 
Segundo a Lei 13.140/2015 que regulamenta a mediação e autocomposição 
nos conflitos, seu artigo 28, prevê prazo de sessenta dias e não dois meses conforme o § 2º do artigo 
331, e deve prevalecer, podendo por acordo entre as partes, ser prorrogado. 
O mecanismo incorporado pelo CPC de 2015, que versa sobre procedimento comum, CPC, art 318 e 
seguintes, far-se-á necessário agendar audiência de conciliação, em todo o processo, CPC, 334, assim, 
em muitas comarcas, tendo por parâmetro a obrigatoriedade da lei, muitas das audiências não serem 
realizadas, determinando o juiz, a citação do réu para contestar fundando a decisão na inteligência do art. 
139, VI do mesmo diploma. 
Nesse contexto, o CPC é reto e prediz que a audiência apenas não será realizada de acordo com o 
versar dos parágrafos 4 a 6 do art. 334. 
a. O autor dispensar na inicial; e, 
b. O réu dispensar pelo menos 10 dias antes da audiência. 
Dessa forma a contestação será protocolizada no prazo de 15 dias contados da ultima audiência de 
conciliação, ou em data do protocolo de dispensa da audiência pelo réu. 
Se pararmos para analisar, podemos imaginar um devedor, ansiando uma solução rápida e um lide com 
composição amigável. Mesmo porque, na maioria dos casos o autor já esgotou as possibilidades em 
compor um acordo amigável e encerrar o embate antes mesmo de procurar o judiciário, sendo esta opção 
ultimo caminho, antes de prescreve a dívida. 
A autocomposição contemplada pelo CPC 2015, de modo que o não comparecimento injustificado de 
ambas partes representará ato atentatório a dignidade da justiça, culminando em multa de ate 2% do 
valor da causa ou da vantagem almejada, CPC, §8 do art. 334. 
O CPC não contemplou o procedimento de conciliação, apenas doutrinou a questão dos conciliadores 
judiciais, nos art. 165 a 175, conquanto no que versa a otimização do procedimento, em nada foi 
pensado, e na questão da realização da audiência no art. 334, trouxe algumas regras básicas, além 
daquelas que trataremos a seguir: 
a. Possibilidade de mÚLtiplas sessões destinadas a conciliação e 
mediação, CPC, art.334§2; 
b. Intimação para audiência na pessoa do patrono, se assim for constituído, CPC, 334, §3; 
c. Necessidade de acompanhamento por advogado ou curador, CPC, art. 334, §9; 
d. Homologação por sentença da transação obtida pelo resultado Útil da mediação ou conciliação, 
CPC, art.334§11, e 
e. Necessidade de intervalo de pelo menos 20 min na pauta de audiências de conciliação, CPC, 
art.334§12. 
Como podemos observar as mudanças na prática, não trouxe melhoras nem celeridade para as 
demandas em procedimento comum, em si, foram atualização já empregas indiretamente no curso dos 
anos. 
Em suma, o que realmente seria necessário, é a retirada de pautas de audiências de conciliação que hoje 
demandam muito mais tempo e recurso, visto que foram criadas unidades especificas para tal processo, 
que além de tornar o tempo da ação mais longo e árduo, assim como mais dinheiro em recurso e pessoal. 
Como opção, deixaríamos a cargo do autor a opção em realização ou não de audiência de conciliação, e 
caso o requerido assim quisesse compor, o mesmo se manifestaria a qualquer momento, e fase 
processual, deixando a cargo do autor aceitar ou não a proposta e alinharem caso for, os termos 
compatíveis para encerrar a ação em comum. 
 
Outra vertente, seria a adoção de medidas semelhante a justiça trabalhista, como criação de audiência 
una, num primeiro contato, o juiz leigo, presidia a audiência inicial para intervir caso exista a possibilidade 
de acordo e levar a homologação ao juiz do feito, em outro caso, não ocorrendo a composição,no mesmo 
dia, realizaria a fase instrutória com inquirição das testemunhas. 
Dessa forma, em vez de encaminhar o processo para o setor especializado para agendamento de 
audiência e conciliação, o juiz do feito, receberia a petição inicial, e caso fosse a intenção do autor em 
composição, realizaria a intimação do requerido para contestação e após formalidades, agendaria a 
audiência uma, de conciliação e instrução, tornando a demanda mais célere em atendimento aos 
pressupostos legais. 
Pela análise do sistema proposto, verifica-se que o legislador pautou-se na doutrina e legislação mais 
moderna, prevendo um regramento, até certo ponto impositivo quanto ao comparecimento à audiência 
preliminar de conciliação/mediação (já que do não comparecimento decorrem as consequências do § 8º 
do art. 331), a fim de tentar modificar a cultura do litígio, e que as partes sintam-se a tal ponto envolvidas 
que busquem a solução por si mesma, e esta por certo será a mais justa. Tanto assim, que os 
conciliadores e mediadores devem ser qualificados. 
A preocupação com os aspectos quantitativos, de findar processos, ao invés da efetivação e distribuição 
da justiça nas situações reais apresentadas pode atrapalhar a consecução dos fins previstos pelo 
legislador, exigindo de todos os envolvidos uma transformação de mentalidade na busca da solução 
pacífica e consensual. 
A relação da sociedade com o Judiciário e a autocompreensão dos agentes do sistema judicial é, em 
Última medida, determinada pela maturidade cívica de um Povo. Nesse sentido, ressalte-se que o 
aprendizado sobre a cidadania emana precipuamente da própria experiência dessa comunidade política 
em face dos dilemas e opções existenciais que lhe são peculiares. Noutras palavras, só se 
aprende a ser cidadão no exercício heurístico da cidadania. SILVA, Karen Magalhães da. A 
Conciliação no Novo Código de Processo Civil. 
Sendo assim, a finalidade da audiência preliminar, de conciliação/mediação é bem mais que chegar-se a 
uma solução consensual, pela vontade das partes e apoio de todos os envolvidos, mas mudar a 
mentalidade e cultura existentes no ordenamento processual brasileiro, quanto à necessidade da 
litigiosidade, de demandar judicialmente para a solução dos conflitos e satisfação dos interesses das 
partes, para uma cultura, um entendimento de consensualidade, resolução de problemas sem buscar o 
contencioso judicial. 
 
 
A EFETIVIDADE DAS AUDIÊNCIAS DE CONCILIAÇÃO NA PRÁTICA DO PROCESSO CIVIL 
 
 
Refletindo sobre a dualidade entre a autonomia das partes e a obrigatoriedade da participação na 
audiência preliminar, dispensada somente em alguns casos, que em prática beneficia somente o réu; e a 
política e preferência do Estado, demonstrados no Código para uma mudança de mentalidade para uma 
justiça de consensualidade, a qual traria maior efetividade, garantindo uma justiça mais célere. 
Na sua obra, Fredie Didier na obra supracitada, p. 280, expõe que o incentivo à solução consensual não 
pode ser visto como acelerador de conclusão de processos, estão pois, outros valores incutidos nas 
normas relativas ao assunto, ou seja, a efetiva participação dos sujeitos processuais para a busca da 
solução da lide: 
A autocomposição não pode ser encarada como panaceia. DIDIER JUNIOR (2017, p. 316); Na verdade, o 
estado cria esta falsa crença. 
Pois na verdade, qual seria a visão correta? A autocomposição é um instituto que se mascara na 
realidade atual, o interesse das partes devem ser pautados de boa fé, contudo não ocorre na prática, em 
face do devedor astuto que se beneficia do descaso do estado. 
Existem entendimentos diversos sobre a postura de alguns juízes que incentivam as partes à realização 
de acordos judiciais. Não é recomendável, porém muito efetivo, aliás que o juiz da causa exerça as 
funções de mediador ou conciliador. Indo de encontro com o proposto no presente artigo, desenvolvendo 
o deslinde da causa mais célere e assim tornando a audiência de conciliação mais efetiva, agendando 
audiência uma, de conciliação e instrução. 
Saulo do Nascimento Santos e Danielli Gadenz, ao analisarem a questão da autonomia da vontade no 
artigo “A conciliação e a mediação no novo código de processo civil: incentivo do estado ou violação do 
princípio da autonomia das partes?”, trazem à exposição as ideias de dois procuradores federais sobre o 
tema. De um lado o Procurador Federal Rodrigo Matos Roriz, entendendo que a obrigatoriedade da 
audiência preliminar atrasa a marcha processual, e que poderia ser realizada em momento anterior, mas 
na própria audiência de instrução, já que a diminuição da judicialização somente ocorreria com a 
mudança cultural. E de outro o Procurador Federal Wendson Ribeiro, expõe que o Novo Código de 
Processo Civil buscou valorizar a autonomia da vontade, com regramentos definidos para a conciliação e 
incentivo a meios alternativos de solução das controvérsias. 
Ainda quanto à celeridade, o Novo Código de Processo Civil primou pelo princípio da razoável duração do 
processo, tratando que a injustiça também decorre de um processo muito lento, no entanto, como exposto 
na Exposição de Motivos do Anteprojeto do Código de Processo Civil, este princípio deve ser observado 
em consonância com a realidade das partes, com a realidade exposta no processo: 
Afinal, a celeridade é um valor que deva ser perseguido a qualquer custo. 'Para muita gente, na 
matéria, a rapidez constitui o valor por excelência, quiçá o ÚNIco. Seria fácil invocar aqui um rol de 
citações de autores famosos, apostados em estigmatizar a morosidade processual. Não deixam 
de ter razão, sem que isso implique – nem mesmo, quero crer, no pensamento desses próprios autores 
– hierarquização rígida que não reconheça como imprescindível, aqui e ali, ceder o passo a 
outros valores. Se uma justiça lenta demais é decerto uma justiça má, daí não se segue que uma 
justiça muito rápida seja necessariamente uma justiça boa. O que todos devemos querer é que a 
prestação jurisdicional venha ser melhor do que é. Se para torná-la melhor é preciso acelerá-la, 
muito bem: não, contudo, a qualquer preço (MOREIRA, 2001, p. 232). Grifou-se. 
Todas essas preocupações serão enfrentadas na prática diária forense. E nessa prática, muito real a 
conclusão exposta por André Vasconcelos Roque, trazida no artigo de Victor Roberto Corrêa de Souza, 
“O Novo Código de Processo Civil Brasileiro e a Audiência de Conciliação ou Mediação como fase inicial 
do Procedimento”: 
O fato é que se torna preciso buscar a valorização do ordenamento jurídico em sua 
dimensão objetiva, abandonando a concepção de tutela exclusivamente de direitos 
subjetivos, algo tão arraigado na cultura brasileira que, para estruturar a tutela coletiva, criaram-se 
novas categorias de direitos (difusos, coletivos e individuais homogêneos). Concessionárias, 
grandes empresas e demais litigantes habituais em geral raciocinam a questão sob o aspecto 
macroeconômico. Se a perspectiva de um determinado comportamento ilícito proporcionar 
a estimativa de um montante de condenações judiciais inferior aos custos operacionais para a 
correção dessa conduta, as empresas continuarão a praticar o ilícito em questão, ensejando o 
ajuizamento de iNÚMeras demandas repetitivas. Tais agentes direcionam sua conduta não sob o 
código lícito/ilícito, mas sim de acordo com o código lucrativo/não lucrativo. Assim é que 
serviços nunca solicitados, cobranças indevidas, mau atendimento e falhas variadas na 
prestação de serviços e no fornecimento de produtos se transformaram em acontecimentos 
corriqueiros no Poder Judiciário brasileiro. (ROQUE, 2013, p. 638). Grifou-se. 
Nesse mesmo artigo, o autor conclui, em uma pesquisa realizada nos Juizados Especiais Federais que, 
mesmo com as alterações no artigo 331 do Código de ProcessoCivil de 1973, buscando prioridade na 
conciliação, a inexistência de uma cultura de pacificação por autocomposição, principalmente no tocante 
às demandas que envolvem grandes litigantes como os prestadores de serviços. 
Em pesquisa realizada na Comarca de Manaus, Amazonas, ao perquirir-se sobre a efetividade de 
conciliação nas audiências preliminares desde a vigência do Novo Código de Processo Civil, oficiando-se 
o juiz coordenador do Centro Judiciário de Solução de Conflitos, Cejusc, constatou-se exatamente a 
dificuldade de soluções consensuais, pois de acordo com os documentos informativos deste artigo no 
anexo, do total de 2356 audiências do ano de 2018, somente 15% (354) resultaram em acordo, as 
demais, por negativa ou ausência ou recusa pelas empresas litigantes (principalmente os habituais), 
resultaram infrutíferas. 
No ano de 2019 de 3274 audiências realizadas no Cejusc, apenas 22% (721), restaram em acordo e as 
demais, pelos motivos supramencionados, restaram infrutíferas. Realidade que estampa e comprova a 
cultura do litígio, concluindo-se que há um caminho longo e várias outras estratégias a serem pensadas 
para que a audiência preliminar prevista no novo código seja realmente efetiva. 
Há casos que realmente merecem serem repensados, pois somente o réu ganha com a designação 
obrigatória de uma audiência preliminar que torna uma pauta bem distante da propositura da ação, 
principalmente como já mencionado, ganham os “litigantes profissionais”, como os grandes prestadores 
de serviços, que na maioria dos casos preferem protelar do que resolver a situação do consumidor. A 
injustiça que se buscou combater com o novo sistema, estaria ocorrendo com a demora de uma solução 
para a lide e trazendo insatisfação para a parte, ferindo os princípios da eficiência, celeridade, duração 
razoável do processo, dentre outros. 
Em seu brilhante trabalho, Rodrigo Cunha Ribas: A audiência una como uma possível solução para o 
problema da morosidade do processo civil brasileiro. “O importante é iniciar um debate efetivo para 
que o Brasil abandone o atual cenário nefasto, em que processos judiciais demoram muito para 
tramitar, o que gera INÚMeros prejuízos aos sujeitos do processo e à sociedade como um todo”. 
 
Sua tese vai de encontro com o artigo aqui discutido, vejamos: A audiência una se iniciará com uma 
tentativa de conciliação. Não obtida a transação, o juiz delimitará os pontos controvertidos em conjunto 
com as partes, tornando regra a hipótese do artigo 357, § 3º, e na sequência passará à produção de 
prova oral, se necessária. Após, se não houver mais provas a serem produzidas (pericial, por exemplo) e 
se ambas as partes concordarem em fazer as suas alegações finais em audiência ou de forma remissiva, 
e o juiz sentir-se confortável para tanto, a sentença será prolatada na própria audiência ou, não ocorrendo 
qualquer uma dessas hipóteses, em gabinete. 
 
Fernando da Fonseca Gajardoni, citado no artigo de Marcelo Pacheco Machado, “Como escapar da 
audiência de conciliação ou mediação”, ao ser favorável à flexibilização do procedimento pelo juiz, na sua 
obra, Comentários ao CPC de 2015, vol. 2, explica: 
 
A parte poderia requerer ao magistrado, com arrimo nos já citados deveres, que flexibilizasse o rito 
processual e dispensasse o ato, nos casos em que a realização da audiência pudesse comprometer a 
celeridade do processo ou comprometer a sua efetividade. Diversas razões podem inspirar tal pedido, tal 
como a demonstração de prévia e frustrada tentativa de conciliação (trocas de email), o comportamento 
refratário à autocomposição do adverso, em causas pretéritas semelhantes, etc. Evidentemente, o ônus 
argumentativo em prol da dispensa do ato seria todo da parte. O juiz faria, então, um juízo de valor sobre 
a justificativa apresentada unilateralmente por autor ou réu e, em verdadeira atividade de case 
management, dispensaria o ato, determinando a citação do réu diretamente para resposta, ou o início do 
curso deste prazo nos casos de ele já ter sido citado para a audiência da qual declinou. 
Neste cenário tem-se de um lado a norma (com aspiração superior de mudança de mentalidade para uma 
cultura de autocomposição e a efetividade na garantia do direito da parte. 
 
 
DA AUTONOMIA DAS PARTES EM CONCILIAR EM QUALQUER TEMPO 
 
 
Não se olvida que o novo Código de Processo Civil prestigiou a mediação e a conciliação como 
instrumento para solução rápida e pacífica dos conflitos, nas áreas judicial e extrajudicial (art. 334). 
 
Importante destacar para este egrégio tribunal que com a advento do NCPC, surgiu também, o incentivo a 
conciliação e mediação em seu Art. 3ª §3º, devidamente instruído no Art. 334 e seguintes do NCPC. 
 
A sistemática do Código de Processo Civil vigente privilegiou a solução consensual dos conflitos, sendo 
dever do magistrado, das partes e instituições intervenientes estimular a conciliação, a mediação e outros 
métodos de resolução amigável da lide (CPC, art. 3º, § 3º). 
 
Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. 
 
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de 
conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores PÚblicos 
e membros do Ministério PÚBlico, inclusive no curso do processo judicial. 
 
Porém, estimular a conciliação como método de solução do conflito não significa imposição da vontade do 
magistrado ou de quaisquer das partes para que isso ocorra. Na verdade, a conciliação deve ser 
construída e aperfeiçoada mediante possíveis concessões pelos titulares das pretensões em disputa, a 
fim de que se alcance um denominador que possa amparar e satisfazer todos os envolvidos. 
 
É por isso que o Código de Processo Civil estabelece princípios que devem nortear a conciliação e a 
mediação. São eles os “princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da 
confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada”. 
 
Além disso, apesar da adoção da tônica da solução do conflito pela via consensual, é possível às partes 
recusar a realização da audiência de conciliação ou mediação. Nesse ponto, o Código de Processo Civil 
enfatiza a possibilidade de manifestação de desinteresse na autocomposição, seja pelo autor, na própria 
petição inicial, seja pelo réu, em petição específica a ser apresentada com 10 (dez) dias de antecedência 
da audiência designada (art. 334, § 5º). 
 
Para tanto, é preciso que as partes estejam cientes dos pontos controvertidos para que haja possíveis 
concessões dos direitos pretendidos e, posteriormente, chegarem a um denominador comum. 
 
Vale lembrar que o Código de Processo Civil estabelece princípios que devem nortear a conciliação e a 
mediação, dentre eles o princípio da autonomia, ou seja, as partes têm livre autonomia para encontrarem 
as melhores alternativas para resolverem suas questões. Além disso, o próprio Código prevê que a 
audiência de conciliação pode ser realizada a qualquer momento no curso do processo, nos termos do 
art. 3º, §3º. 
 
Conforme entendimento uníssono da corte paulista, A composição das partes, caso haja efetivo interesse, 
independe da realização de audiência, e é possível até mesmo após o trânsito em julgado. 
 
Apelação nº 1005011-17.2019.8.26.0005 (digital) Comarca: São Paulo F. 
R. São Miguel Paulista - 1ª Vara Cível 
Juiz(a): Lucilia Alcione Prata 
Apelante: KARLIANE LIDIANE DO AMARAL LEITE 
Apelada: CRUZEIRO DO SUL EDUCACIONAL S/A 
Voto nº 30.784 
APELAÇÃO. AÇÃO DE COBRANÇA. SERVIÇOS EDUCACIONAIS. 
NULIDADE PELA FALTA DE REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE 
CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO PREVISTA NO ART. 334 DO CÓDIGO DE 
PROCESSO CIVIL (CPC). FALTA DE PREJUÍZO. POSSIBILIDADE DE AS 
PARTES TRANSIGIREM A QUALQUER MOMENTO. PRECEDENTES. 
QUESTÃO PRELIMINAR NÃO ACOLHIDA. RECURSO 
DESPROVIDO. A falta de realização da audiência de conciliação e mediação 
prevista no art. 334 do CPC não acarreta nulidade do processo, pois inexiste 
prejuízoàs partes e podem transigir a qualquer momento. 
 
AÇÃO DE COBRANÇA. Sentença de procedência. Apelo do réu. 
Inconformismo que se limita a alegar a nulidade da sentença, por falta de 
designação de audiência de conciliação. Descabimento. Partes que 
poderão, a qualquer momento e grau de jurisdição, transigir, sem 
necessidade de designação de audiência para tanto. Inocorrência, ademais, 
de cerceamento defensório. Sentença mantida. Apelo desprovido. 
(TJSP, Apelação 1124201-48.2017.8.26.0100, 18ª Câmara 
de Direito Privado, Rel. Des. Ramon Mateo JÚnior, DJe. 17/07/2018). 
 
Respeitando entendimento em contrário, a dispensa de audiência de conciliação, desde que devidamente 
fundamentada, não representa afronta aos princípios que regem o Código de Processo Civil, ao revés, 
prestigia a celeridade processual, inibindo o réu devedor em conturbar e atrasa o andamento do feito com 
chicanas paliativas. 
 
A despeito da obrigatoriedade da sessão de conciliação, a Lei previu hipóteses de sua dispensa, 
conforme §4º do art. 334 da Lei Processual, que não são hipóteses taxativas, de modo que o magistrado 
pode, de acordo com as circunstâncias do caso concreto, deixar de realizar a audiência de conciliação. 
 
Frise-se, igualmente, que segundo o princípio constitucional da legalidade, “ninguém é obrigado a fazer 
ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. 
 
Registre-se, ainda, que a parte interessada na composição pode aventá-la extrajudicialmente, incumbindo 
ao juízo tão somente a homologação do pacto, de sorte que não se verifica prejuízo com a supressão do 
ato processual. 
 
È indiscutível que encaminhar o processo para um centro especializado de conciliação para assim, prever 
pauta para agendamento é prejuízo certo para o autor, tendo em vista que pressupõe que o réu esteja 
citado, e somente após o ato, poderá manifestar-se se tem interesse ou não de compor acordo. O que 
costumeiramente não ocorre, pois o devedor se utiliza do manto da morosidade processual para se valer 
da impunidade. 
 
Pois, as audiências de conciliação, antes mesmo da pandemia de COVID, eram agendadas para data 
superior a 200 dias após encaminhamento para o CEJUSC, setor descentralizado especializado em 
audiências de conciliação. Nesse sentido, era praxe do devedor, quando citada se mantiver inerte e 
aguardar o agendamento da audiência, pois conforme já mencionado alhures, a audiência de conciliação 
só será dispensada se ambas as partes manifestarem contra sua realização. 
Assim, o devedor nem precisa de muito esforço para postergar a solução da lide em questão, tendo em 
vista que o próprio Código de Processo Cível, lhe beneficia com ônus do subterfugio. 
 
Consubstanciando com a afirmativa, o caput. Do artigo 334 é taxativo, não diz que o juiz poderá designar 
audiência de conciliação, afirma que o juiz designará audiência de conciliação. 
Por outro lado, A simples dispensa da audiência de conciliação não implica em nulidade processual, em 
vista da ausência de prejuízo para as partes, as quais podem transigir a qualquer tempo Princípio “pas de 
nullité sans grief”. 
 
Conquanto a conciliação deva ser estimulada no curso do processo (art. 3, 
§3º, do CPC), o agendamento de audiência para este fim específico não constitui ato obrigatório imposto 
ao Juiz, já que, além de a própria legislação adjetiva prever hipóteses excepcionando a regra (art. 334, 
§4º, do CPC), nada impede que as partes transijam a qualquer momento. 
 
Assim, ao se considerar que no ordenamento processual brasileiro exige-se a comprovação de 
inequívoco prejuízo à parte para que seja reconhecida a nulidade de um ato (princípio “pas de nullité 
sans grief”), inviável o acolhimento da preliminar em face da ausência de qualquer dano aos litigantes. 
 
 
 
CONCLUSÃO 
 
 
Conclui-se, então, que o agendamendo/encaminhamento para setor especializado para realização de 
audiência preliminar de conciliação quando não marcada, não trará prejuízo às partes, reforçando a teoria 
de que o instituto da conciliação deve ser buscada em todas as fases do processo, não havendo qualquer 
nulidade, e sim, nessas condições devem ser buscada a qualquer momento e insentivada pelos 
adminsitradores do direito e agistrados e nesse sentido, sopesada com o princípio da autocomposição, 
sabendo-se que se marcada haverá excessiva duração do processo, morosidade, e consequentemente, 
será favorável ao réu (principalmente naqueles casos dos grandes prestadores de serviços, litigantes 
habituais), deverá prevalecer o seguimento do processo, independente de tal audiência, sob pena de 
ferir-se todos os demais valores processuais. 
 
Na realidade prática, constata-se que embora somente em duas situações o juiz não poderá marcar 
a audiência preliminar de conciliação/mediação (desinteresse pelas duas partes em não conciliar 
e a impossibilidade de composição diante do objeto do litígio), o real é que por outros inumeros 
argumentos (excesso de pauta, ausência de moradia da parte do local da ação, ausência de prejuízo 
às partes pela possibilidade de conciliarem em outros momentos processuais etc) as audiências 
preliminares deixam de ser designadas, embora o Código de Processo Civil utilize o verbo dever, ou 
seja, o juiz deve marcar tal audiência. Havendo quem defenda a arguição de nulidade em 
preliminar de apelação pela não designação da audiência preliminar. 
Entende-se que não há como se falar em nulidade, pois que a todo o tempo a parte pode conciliar e o juiz 
deverá buscar a conciliação, conforme dispõe o art. 139, V do Código de Processo Civil. 
 
 
 
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