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AVALIAÇÃO-MANDADO DE SEGURANÇA

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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA NO DISTRITO FEDERAL
Vem a EDITORA LIVRO BOM LTDA, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ XXX, com sede e domicílio fiscal em Brasília, no endereço XXX, Por seu advogado, logo mais signatária procuração em anexo com endereço na rua XXX impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR contra o ato coator perpetrado pelo SR. DELEGADO DA RECEITA ESTADUAL, 	que integra o quadro de servidores da União, pessoa jurídica de direito público interno, inscrito no CNPJ XXX, com base no inciso LXIX do art. 5º da Constituição Federal combinado com dispositivos da Lei 12.016, de 2009, pelos fatos e fundamentos jurídicos adiante expostos:
MANDADO DE SEGURANÇA, COM PEDIDO DE LIMINAR
I) DOS FATOS
A impetrante, Editora Livro bom LTDA, pretende ter reconhecida a imunidade tributária em relação a livros eletrônicos prevista na constituição, Art. 150, VI, D, foi surpreendida por notificação da autoridade coatora, relativa à imposição tributária sobre livros eletrônicos de sua propriedade. A autoridade coatora negou o pedido alegando que a imunidade tributária do livro somente alcança o papel destinado a impressão, de acordo com a disposição constitucional. 
Isenções fiscais relativas aos impostos mencionados no art. 150, VI, D, abrange e-books gerais, incluindo audiobooks. Enquanto proteção dos direitos fundamentais, as regras de isenção devem ser interpretadas numa perspectiva teleológica, as previsões discutidas dizem respeito à proteção do acesso à informação e à difusão da cultura, sendo irrelevante o meio através do qual são divulgadas.
NESSE SENTIDO:
APELAÇÃO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. LIVRO ELETRONICO. AUDIOBOOK. EXTENSAO. INTERPRETACÃO TELEOLOGICA. MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL. 1. A imunidade tributária relativa a impostos de que trata o art. 150, VI, d), da CRFB / 88 abrange os livros eletrônicos de forma geral, o que inclui os audiobooks. 2. Como salvarguardas dos direitos fundamentais, as regras de imunidade devem ser interpretadas teleologicamente; a previsão em questão relaciona-se à proteção do acesso à informação e à difusão da cultura, sendo irrelevante o meio em que estas são veiculadas. Nesse sentido, a atual jurisprudência do Supremo Tribunal Federal sobre o alcance da imunidade do livro e do papel destinado à impressão, que se estende, inclusive às apostilas e álbuns de figurinhas, bem como às peças de reposição para equipamentos gráficos. 3. Deve ser reconhecida a mutação do texto constitucional, que não é limitada pela literalidade do art. 150, VI, da CRFB / 88; este não se refere a livro físico, mesmo porque, em 1988, ainda não tinha havido a popularização dos livros eletrônicos, iniciada, no exterior, apenas em 2008, e somente depois verificada no País. 4. Apelação da Autora a que se dá provimento, por maioria de votos.
(TRF-2 00080641520094025101 RJ 0008064-152009.4.02.5101, Relator: LETICIA MELLO, Data de Julgamento: 15/03/2016, 4ª TURMA ESPECIALIZADA)
II) DO CABIMENTO
A ordem de execução constitui um remédio constitucional como instrumento de restabelecimento da ordem jurídica em conflito com o poder público, que necessita ser mantida em função da responsabilidade e obrigações.
De acordo com o Artigo 5º, inciso LXIX da Constituição Federal, a ordem de execução geralmente é concedida quando uma conduta ilegal ou abusiva viola os direitos líquidos e certos direitos que não são firmados por habeas corpus e habeas data nas disposições regulamentares.
Artigo 5º. LXIX. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus e habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício das atribuições do Poder Público. 
Portanto, os casos amparados por habeas corpus e habeas data não são expostos e, por serem os poderes públicos contribuintes, devem cumprir os pré-requisitos formais para a efetiva tutela constitucional. Embora a liquidez do demandante e certos direitos sejam notórios, a obtenção desta autorização é essencial.
III) DO DIREITO
Conforme o artigo 150, inciso VI, alínea “d” delibera quanto à imunidade tributária que incide acerca livros, jornais periódicos e o papel destinado à sua impressão. Consideremos: 
Artigo. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI – Instituir impostos sobre: 
D. Livros, jornas periódicos e o papel destinado a sua impressão.
	Valoroso amentar, que houve a publicação da Súmula Vinculante nº 57 de 31 de agosto de 2017, in virbis: 
Enunciado: a imunidade tributária constante do artigo 150 VI d, da CF/88 aplica-se à importação e comercialização no mercado interno, do livro eletrônico (e-books) e dos suportes exclusivamente utilizados para fixa-los, como leitores de livros eletrônicos (e-readers), ainda que possuam funcionalidades acessórias.
	Nesse sentindo o acórdão do Tribunal de Justiça e Territórios entende que: 
DIREITO TRIBUTÁRIO. REMESSE NECESSÁRIA. MANDADO DE SEGURANÇA. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 150 VI, “D” DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. LEITOR DE LIVROS DIGITAIS. “E-READERS”. KINDLE. RECONECIMENTO PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. TEMA Nº 593 DA REPERCUSÃO GERAL. 1. Ao julgar o Tema nº 593 da Repercussão Geral, o Supremo Tribunal Federal sedimentou entendimento no sentido que se deve conferir imunidade tributária aos aparelhos eletrônicos (e-readers) próprios para leitura de livros digitais, por força do artigo 150 VI, “d”, da CF. Precedente STF e desta corte. Remessa necessária conhecida e não provida. Sentença mantida. 
(Acórdão 1176924, 07119354320188070018, Relator: DIAULAS COSTA RIBEIRO, 8º Turma Cível, data de julgamento: 6/6/2019, publicado no DJE: 10/6/2019. Pág.: Sem página cadastrada).
	O Supremo Tribunal Federal em unanimidade decidiu, apreciando o tem 593 da repercussão geral, negou provimento ao recurso extraordinário e fixou a tese de que: 
“A imunidade tributária constante do artigo 150, VI, d, da CF/88 aplica-se ao livro eletrônico (e-book), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixa-lo”. Ausente, justificadamente o Ministro Celso Melo. Presidiu o julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário 08.0.2017[footnoteRef:1] [1: ] 
	O Distrito Federal impetrou mandado de segurança no intuito de suspender decisão que autorizou a entrada e a comercialização de livros eletrônicos sem a obrigatoriedade de recolhimento do ICSM. A Turma, no entanto, em interpretação sistemática e teológica do texto constitucional entendeu que a intensão do constituinte, ao estabelecer a imunidade tributária aos livros, era difundir o livre acesso à cultura e a informação. Para os julgadores, qualquer suporte físico que revele os valores imanentes ao livro estará imune a impostos. Assim, para atender a disponibilidade da norma constitucional consistente na proteção do exercício da liberdade da expressão intelectual e do direito à informação, o limite ao poder de tributar ao Estado deve abranger também os livros em formato digital.
(Acórdão nº 842896, 20140020228830AGI, Relator: ALFEU MACHADO, 3º Turma Cível, Data de Julgamento: 21/01/2015, Publicado no DJE: 28/01/2015. Pág. 173.).
	Dividindo a revisão legal acima, há uma parte extra que torna essencial o cumprimento da isenção, incluindo o e-book do peticionário. 
IV) DO PEDIDO DE LIMINAR
A fumaça do bom direito é comprovada com a fortíssima jurisprudência do STF, que sustenta todas as posições da impetrante. O perigo na demora da prestação jurisdicional é comprovado com o temor da impetrante sofrer constrangimentos por parte da autoridade impetrada, a exemplo de inscrição em dívida ativa e consequente execução fiscal. 
V) DOS REQUERIMENTOS E DOS PEDIDOS
a)	o deferimento da medida liminar, determinando-se que a autoridade coatora se abstenha de qualquer cobrança em relação à impetrante, quanto aos tributos aqui discutidos.
b)	a intimação da autoridade coatora para prestar informações no prazo legal (10 dias).
c)	a intimaçãodo representante legal da autoridade coatora para acompanhar o feito.
d)	a intimação do representante do ministério público para opinar, mediante parecer.
e)	ao final, a confirmação da liminar, mediante a concessão de segurança, reconhecendo-se a imunidade constitucional da impetrante.
Dando-se à causa o valor de XX reais e com os documentos em anexo,
Pede e espera e pronto deferimento.
BRASÍLIA-DF
03/10/2021
Advogado (a) /OAB

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