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22 Estruturas de Gestão Pública Tr ib un al d e Co nt as d a Un iã o 7.3 Lei 13.303/2016 (Lei das Estatais) Em 30/6/2016 foi sancionada a Lei 13.303/2016, que dispõe sobre o estatuto jurídico das empresas estatais. Embora, como visto anteriormente, haja algumas diferenças entre empresas exploradoras de atividade econômica e prestadoras de serviço público, essa lei versou sobre diversos temas sem fazer qualquer distinção quanto a isso, ou seja, suas disposições aplicam-se indistintamente às exploradoras de atividade econômica e às prestadoras de serviço público. Por conta de recentes escândalos de corrupção em empresas, a Lei das Estatais passou a exigir a observância de “regras de governança corporativa, de transparência e de estruturas, práticas de gestão de riscos e de controle interno, composição da administração e, havendo acionistas, mecanismos para sua proteção”. Por exemplo, a lei estabeleceu requisitos a serem observados na escolha dos administradores das empresas, como tempo mínimo de experiência profissional, formação acadêmica compatível e gozar de elegibilidade. Há, ainda, o fortalecimento dos mecanismos de fiscalização pelos órgãos de controle e pela sociedade, bem como extensa normatização sobre licitações e contratos, para possibilitar às empresas que atuem eficazmente no ambiente de pessoas jurídicas de Direito Privado, porém com o devido zelo que é necessário para com os recursos públicos. 8. Consórcios Públicos A Lei 11.107/2005 introduziu no ordenamento jurídico brasileiro uma pessoa jurídica cha- mada consórcios públicos. Esse normativo foi editado com base no disposto no art. 241 da CF/1988. Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encar- gos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Os consórcios públicos são parcerias formadas por dois ou mais entes da Federação (União, estados, DF e municípios), para a realização de objetivos de interesse comum, em qualquer área. Com se vê, a CF/1988 atribuiu a cada ente federado a competência de disciplinar a matéria relativa a consórcios públicos. Consequentemente, os doutrinadores administrativistas suscita- 23 Tribunal de Contas da União Aula 1 - Estruturas da Adm inistração Pública Federal ram sua possível inconstitucionalidade por entenderem que a União teria invadido a competência dos outros entes políticos. Art. 1º Esta Lei dispõe sobre normas gerais para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios contratarem consórcios públicos para a realização de objetivos de interesse co- mum e dá outras providências. (Lei 11.107/2005) No intuito de contornar essa situação, os legisladores atribuíram natureza contratual aos consórcios públicos. Desse modo, a competência da União teria sido exercida com base no art. 22, inciso XXVII, da CF/1988, e não no art. 241. Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...) XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as admi- nistrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e socie- dades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III”; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Ainda assim, os juristas defendem a impossibilidade de atribuir aos consórcios públicos natureza contratual, pois a CF/1988 não permite ao legislador ordinário instituir figuras jurídicas novas mediante contratos, sobretudo a criação de consórcios públicos. A Lei 11.107/2005 continua válida, até a manifestação do STF sobre o assunto. No entan- to, os consórcios públicos celebrados entre os entes federados de mesma espécie ou não, devem observar algumas regras: • Para a União poder celebrar consórcios públicos com algum município, o estado onde este se localize também deve participar do instrumento, ou seja, não há consórcio constituído unicamente pela União e municípios; • Não pode haver celebração de consórcio publico entre um estado e um município de outro estado; • É permitida a celebração de consórcio publico entre o Distrito Federal e municípios; • A fiscalização de consórcio publico é feita pelo Tribunal de Contas competente para apreciar as contas do chefe do Poder Executivo representante legal do consórcio, eleito dentre os chefes dos entes consorciados. 24 Estruturas de Gestão Pública Tr ib un al d e Co nt as d a Un iã o As demais regras relativas à instituição dos consórcios públicos fogem ao objetivo desta aula, razão pela qual não serão tratadas aqui. E quanto a personalidade jurídica do consóricio público? Bem lembrado. Vamos conversar sobre isso no próximo tópico. 8.1 Personalidade Jurídica dos Consórcios Públicos Sobre isso, a Lei 11.107/2005 dispõe que: Art. 6º O consórcio público adquirirá personalidade jurídica: I de direito público, no caso de constituir associação pública, mediante a vigência das leis de ratificação do protocolo de intenções; II de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da legislação civil. § 1º O consórcio público com personalidade jurídica de direito público integra a administra- ção indireta de todos os entes da Federação consorciados. § 2º No caso de se revestir de personalidade jurídica de direito privado, o consórcio público observará as normas de direito público no que concerne à realização de licitação, celebração de contratos, prestação de contas e admissão de pessoal, que será regido pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. Está claro que consórcios com personalidade jurídica de Direito Público integram a Administração Indireta dos entes consorciados e devem assumir a forma de associação pública (espécie de autarquia, segundo o art. 41, inciso IV, do Código Civil). Por isso, a doutrina atribui- -lhes a denominação de “autarquia interfederativa” ou “autarquia multifederada”. Quanto aos consórcios com personalidade jurídica de Direito Privado que não podem ter fins econômicos, parece que a intenção do legislador foi excluir a participação deles na Administração Pública. É difícil compreender a instituição de uma pessoa jurídica estranha à Administração Pública, sobretudo porque, neste caso, sempre haverá uma lei ratificando ou prevendo a participação do ente político no consórcio publico. 25 Tribunal de Contas da União Aula 1 - Estruturas da Adm inistração Pública Federal Ademais, a sujeição às normas de Direito Publico, mencionadas no § 2º do art. 6º da Lei 11.107/2005, bem como à regra instituída no art. 9º, faz com que essas novas pessoas jurídicas submetam-se praticamente ao mesmo regime jurídico aplicável às entidades da Administração Pública que têm personalidade de Direito Privado. No caso de se revestir de personalidade jurídica de direito privado, o consórcio público ob- servará as normas de direito público no que concerne à realização de licitação, celebração de contratos, prestação de contas e admissão de pessoal, que será regido pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT Lei 11.107/2005, art. 6º, § 2º. A execução das receitas e despesas do consórcio público deverá obedecer às normas de di- reito financeiro aplicáveis às entidades públicas. Lei 11.107/2005, art. 9º. Apesar dessas considerações, a Lei 11.107/2005 somente explicitou os consórcios de Direito Público como integrantes da Administração Pública. 26 Tr ib un al d e Co nt as d a Un iã o Estruturas de Gestão Pública Síntese Nesta aula, vimos alguns conceitos relativos à organização da Administração Pública