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ARQUITETURA BRASILEIRA
Caderno de Estudos
Prof. Anna Clara Campestrini 
UNIASSELVI
2016
NEAD
Educação a Distância
GRUPO
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br
Copyright  UNIASSELVI 2016
Elaboração:
Prof. Anna Clara Campestrini 
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
720.981
C193a 
Campestrini; Anna Clara
 Arquitetura Brasileira / Anna Clara Campestrini: 
UNIASSELVI, 2016.
 
 202 p. : il.
 
 ISBN 978-85-515-0029-3
 
 1.Arquitetura – Brasil. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
ARQUITETURA BRASILEIRA
APRESENTAÇÃO
Prezado acadêmico!
Estamos iniciando os estudos de arquitetura brasileira. Neste Caderno de Estudos 
você terá um panorama geral da trajetória que a arquitetura brasileira percorreu até os dias 
atuais. Vamos entender quais foram os principais eixos norteadores da produção das obras 
arquitetônicas e da conformação urbana das cidades brasileiras, de maneira generalista. 
Compreenderemos qual é o papel do arquiteto em nossa sociedade, e quando a figura deste 
profissional “surge” de forma marcante no Brasil. 
Todo este entendimento é muitíssimo válido para você, acadêmico, que está se 
preparando para ser um profissional atuante. Com certeza, para sermos bons arquitetos 
urbanistas, é necessário tomarmos ciência de quais os legados a história da arquitetura brasileira 
nos deixou ao longo do tempo, assim como, quais os caminhos que teremos de galgar para 
pôr em prática nossos próprios ideais. 
Somos parte de uma sociedade em evolução e que tem muito a se fortalecer em 
identidade própria. Você, como futuro arquiteto, fará parte do estrato de profissionais que 
sonha, projeta e planeja as mudanças de uma região macro até um ambiente no microcosmos 
de uma habitação. Você também será o responsável pela execução destes sonhos, então, a 
responsabilidade é enorme. Pense nisso, e aprenda com nosso passado. Tire partido do que 
foi bem pensado e executado, e reprograme de forma atualizada as utopias errôneas, sem 
nunca perder o foco do espaço pensado para o homem. 
Que você tenha uma jornada produtiva através deste Caderno de Estudos. 
Bons estudos!
Anna Clara Campestrini
iii
ARQUITETURA BRASILEIRA iv
UNI Oi!! Eu sou o UNI, você já me conhece das outras disciplinas. 
Estarei com você ao longo deste caderno. Acompanharei os seus 
estudos e, sempre que precisar, farei algumas observações. 
Desejo a você excelentes estudos! 
 UNI
SUMÁRIO
UNIDADE 1 – ARQUITETURA INDÍGENA E DO BRASIL COLÔNIA ............................. 1
TÓPICO 1 A ALDEIA INDÍGENA NO BRASIL ................................................................ 3
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 3
2 A ORIGEM ...................................................................................................................... 3
3 TIPOS DE HABITAÇÕES INDÍGENAS ......................................................................... 5
4 DISPOSIÇÃO DOS ESPAÇOS ...................................................................................... 8
5 LOCALIZAÇÃO DOS CONJUNTOS HABITACIONAIS INDÍGENAS .......................... 11
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................. 14
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 15
TÓPICO 2 – AS MALOCAS, SUA ESTRUTURA E MATERIAIS ................................... 17
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 17
2 TIPOS DE HABITAÇÕES ............................................................................................ 17
3 ARQUITETURA INDÍGENA VERNACULAR ............................................................... 19
4 COMPONENTES DAS CONSTRUÇÕES E SUA IMPORTÂNCIA .............................. 21
5 INFLUÊNCIAS ANTROPOMÓRFICAS ....................................................................... 25
6 ADEQUAÇÕES AO MEIO AMBIENTE VISANDO AO CONFORTO AMBIENTAL ..... 28
RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................. 30
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 31
TÓPICO 3 – A ETNOARQUITETURA COM REFERÊNCIA NA CULTURA INDÍGENA ... 33
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 33
2 A ARQUITETURA INDÍGENA SUSTENTÁVEL .......................................................... 33
3 APLICAÇÃO DE FORMAS CONSTRUTIVAS POR OSCAR NIEMEYER .................. 34
4 SEVERIANO MÁRIO PORTO E O REGIONALISMO ECOEFICIENTE ...................... 37
5 O ARQUITETO JOSÉ A. B. PORTOCARRERO E A ETNOARQUITETURA 
 INDÍGENA .................................................................................................................... 39
RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................. 41
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 42
TÓPICO 4 – A ARQUITETURA COLONIAL DO SÉCULO XVI AO FINAL SÉCULO 
 XIX .............................................................................................................. 43
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 43
2 O CHOQUE DE CULTURAS E AS PRIMEIRAS VILAS .............................................. 43
3 A TAIPA DE PILÃO, ADOBE E PAU A PIQUE ............................................................ 45
4 AS HABITAÇÕES URBANAS COLONIAIS ATÉ MEADOS DO SÉCULO XIX .......... 49
5 AS HABITAÇÕES URBANAS COLONIAIS ATÉ O FIM DO SÉCULO XIX ................ 56
RESUMO DO TÓPICO 4 ................................................................................................. 61
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 62
AVALIAÇÃO .................................................................................................................... 63
ARQUITETURA BRASILEIRA v
ARQUITETURA BRASILEIRA vi
UNIDADE 2 – A ARQUITETURA DO SÉCULO XIX E DOS IMIGRANTES NO BRASIL ... 65
TÓPICO 1 A ARQUITETURA DOS CICLOS DO AÇÚCAR, DO OURO E DO CAFÉ .. 67
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 67
2 AS FAZENDAS ............................................................................................................ 67
3 CASA GRANDE E SENZALA ...................................................................................... 69
4 ARQUITETURA DO CICLO DO OURO ....................................................................... 73
5 ARQUITETURA RELIGIOSA COLONIAL: ALEIJADINHO ......................................... 81
6 CICLO DO CAFÉ ......................................................................................................... 87
7 CICLO DA BORRACHA .............................................................................................. 93
8 ECLETISMO, NEOCOLONIAL, ART NOUVEAU E ART DECÓ ................................. 97
RESUMO DO TÓPICO 1 ............................................................................................... 104
AUTOATIVIDADE .........................................................................................................105
TÓPICO 2 ARQUITETURA DOS IMIGRANTES ......................................................... 107
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 107
2 ARQUITETURA DOS IMIGRANTES PORTUGUESES ............................................. 107
2.1 INÍCIO, REGIÕES E ATIVIDADES .......................................................................... 108
3 A ARQUITETURA DOS IMIGRANTES ITALIANOS: FAZER A AMÉRICA ................ 110
3.1 FAZER A AMÉRICA .................................................................................................. 111
3.2 TIPOLOGIA DAS EDIFICAÇÕES DOS IMIGRANTES ITALIANOS NO BRASIL .. 112
4 A ARQUITETURA DOS IMIGRANTES ALEMÃES .................................................... 114
RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................ 118
AUTOATIVIDADE .......................................................................................................... 119
AVALIAÇÃO .................................................................................................................. 120
UNIDADE 3 – A ARQUITETURA MODERNA E CONTEMPORÂNEA ......................... 121
TÓPICO 1 O PAPEL E A RELEVÂNCIA DA ARQUITETURA MODERNA NO BRASIL . 123
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 123
2 PANORAMA INICIAL DO MODERNISMO NO BRASIL ........................................... 123
RESUMO DO TÓPICO 1 ............................................................................................... 130
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 131
TÓPICO 2 – O MODERNISMO CARIOCA ................................................................... 133
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 133
2 LÚCIO COSTA: O “PRIMEIRO” MODERNISTA NO BRASIL .................................. 134
3 OSCAR NIEMEYER: O “ÍCONE” MODERNISTA ..................................................... 145
RESUMO DO TÓPICO 2 ............................................................................................... 162
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 163
TÓPICO 3 – O MODERNISMO PAULISTA .................................................................. 165
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 165
ARQUITETURA BRASILEIRA vii
2 A PAISAGEM URBANA MODERNA DE SÃO PAULO ............................................. 166
3 VILANOVA ARTIGAS ................................................................................................ 173
RESUMO DO TÓPICO 3 ............................................................................................... 180
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 181
TÓPICO 4 – O BRASIL APÓS O MODERNISMO ........................................................ 183
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 183
2 PÓS-MODERNISMO .................................................................................................. 184
2 ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA NO BRASIL .................................................. 189
RESUMO DO TÓPICO 4 ............................................................................................... 196
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 197
AVALIAÇÃO .................................................................................................................. 198
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 199
ARQUITETURA BRASILEIRA viii
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UNIDADE 1
ARQUITETURA INDÍGENA E DO BRASIL 
COLÔNIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 A partir desta unidade, você será capaz de:
	compreender o papel da arquitetura indígena vernacular na 
construção do Brasil;
	perceber o sistema organizacional dos povos nativos;
	possibilitar o entendimento da influência da chegada dos europeus 
na urbanização das primeiras vilas brasileiras;
	elucidar as principais técnicas construtivas do Brasil colônia;
	estabelecer a conexão das bases antropológicas e socioeconômicas 
como reflexo da arquitetura resultante do extrativismo e 
aculturação.
TÓPICO 1 – A ALDEIA INDÍGENA NO BRASIL
 
TÓPICO 2 – AS MALOCAS, SUA ESTRUTURA E 
MATERIAIS
 
TÓPICO 3 – A ETNOARQUITETURA COM 
REFERÊNCIA NA CULTURA 
INDÍGENA 
TÓPICO 4 – A ARQUITETURA COLONIAL DO 
SÉCULO XVI AO FINAL SÉCULO XIX
PLANO DE ESTUDOS
Esta primeira unidade está dividida em quatro tópicos. No 
final de cada tópico, você encontrará atividades que possibilitarão a 
apropriação de conhecimentos na área.
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A ALDEIA INDÍGENA NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 1
Ao viajarmos “Brasil afora”, seja por meio de viagens, livros, internet ou até mesmo 
por meio de fotos de conhecidos, podemos perceber quão miscigenado e matizado o nosso 
país se apresenta. Precisamos entender que não é apenas a dimensão continental que 
propicia esta diversidade. É também em nossas origens nativas, na conformação inicialmente 
extrativista da nossa colonização portuguesa e espanhola e na adoção do território brasileiro 
pela Corte portuguesa, que os ocupantes do território brasileiro tiveram de se adaptar para 
atender às necessidades e interesses dos cenários distintos. Ou seja, a arquitetura brasileira 
é consequência destas fases antagônicas e autóctones. 
Ao verificarmos estas fases enxergadas sob a ótica socioeconômica, há uma divisão 
temporal interessante a ser explorada. Os anos anteriores a 1500 são considerados o Brasil 
indígena; entre 1500 e 1822 é a fase da colonização; de 1822 a 1889 a independência sob 
controle do império. Então, ao ler esta unidade tenha sempre em mente o pano de fundo 
correspondente às fases temporais apresentadas (ZORRAQUINO, 2006).
UNIDADE 1
2 A ORIGEM
Existe mais de uma teoria do surgimento da palavra aldeia. Uma denota a origem na 
língua árabe ad-Dai'hâ, que é uma classificação das organizações espaciais rurais inferiores, as 
chamadas vilas. Outra hipótese é que a origem tenha se dado do grego, como referência aos 
aldeões. No Brasil correlacionamos aldeia aos agrupamentos das tribos indígenas (OLIVEIRA; 
FREIRE, 2006). 
É muito importante compreender a estrutura indígena brasileira como marco de origem 
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da forma urbana que podemos encontrar “Brasil afora”. Quando pensamos em forma urbana 
brasileira, não devemos nos remeter apenas às grandes cidades e sim também aos pequenos 
núcleos urbanos que nosso extenso país possui. As aldeias, a organização espacial destas 
aldeias, as malocas, a sua disposição interna e até mesmo a hierarquização e distribuição das 
tarefas, tudo isso trouxe para a cultura atual brasileira a marca e legado destas comunidades, 
ditas por muitos estudiosos, “aborígines”. Há quem adote a nomeação destes povos como 
“nativos”, que viviam ou vivem de maneira seminômade, se alimentam através do remanejo 
da agricultura, do uso da floresta secundária através da coleta, da pesca e da caça para 
subsistência de proteínas. Podemos refletir acerca da imagem, muitas vezes equivocada, sobre 
a condição dos indígenas,que são tratados como organizações comunitárias subtraídas de 
sua cultura e direitos no Brasil.
 
Vamos entender a origem de nossa ocupação indígena, que em linhas gerais, ao 
constatar os vestígios arqueológicos, direciona que as tribos indígenas no Brasil descendem 
da Ásia, que percorreram o norte do continente americano e ocuparam a América do Sul há 
mais de 10 mil anos. Mas este entendimento ainda está em discussão, como podemos ler na 
citação abaixo de Oliveira e Freire (2006, p. 21):
 Inúmeras pesquisas arqueológicas assinalam a ocupação do território brasi-
leiro por populações paleoíndias há mais de 12 mil anos. Os pesquisadores 
acreditam hoje que houve várias etapas nesse processo de dispersão humana, 
pois as novas descobertas arqueológicas questionam os dados que cercam 
antigas interpretações do povoamento americano, como a migração asiática 
pelo Estreito de Behring (v. Funari e Noelli, 2005). Pesquisas dirigidas pela 
arqueóloga norte-americana Ana Roosevelt (1992) na Amazônia apontam re-
gistros de sociedades complexas, sofisticadas no desenvolvimento tecnológico 
(cerâmicas) e na organização social (cacicados). As investigações posteriores, 
se não mantêm um acordo completo, questionam as antigas hipóteses de po-
voamento, baseadas na pressuposição de existência de sociedades pequenas 
e simples, de caçadores e coletores, caracterizadas por uma alta mobilidade 
e o uso de materiais perecíveis, como cestarias. 
 Como já sabemos, o Brasil, por possuir uma extensa área territorial, apresenta 
uma grande variedade de expressões culturais. Como reflexo e até mesmo consequência desta 
variedade, encontramos diversas tipologias arquitetônicas e urbanísticas.
O uso e remanejo das florestas e savanas tropicais pelos indígenas são me-
lhor entendidos quando vistos como séries contínuas entre plantas que são 
domesticadas e as que são semidomesticadas, manipuladas ou selvagens. 
Dentro destes ecossistemas naturais e remanejados [...]. Em suma, as estra-
tégias de remanejamento indígenas colocam por terra as atuais tendências 
“desenvolvimentistas”, que perseguem lucro fácil a curtíssimo prazo (RIBEIRO 
et al., 1986, p. 184).
Os povos indígenas no Brasil somam mais de 230 e podem ser classificados em isolados, 
de contato intermitente, de contato permanente, integrados e extintos. As tribos Tupinambás e 
Guaranis eram as maiores em população antes da chegada dos europeus que colonizaram o 
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Brasil. Outras tantas tribos são conhecidas por suas características peculiares de vestimentas, 
costumes e tradições. No âmbito generalista, as aldeias são alocadas em clareiras da floresta 
para o fácil acesso ao rio, em topografia plana e próximas da mata. Este ponto identifica de 
forma clara o “modus operandi” dos povos indígenas.
 [...] a cultura indígena tem um limitado desenvolvimento tecnológico da 
produção material...apresenta qualidades que causam inveja ao homem con-
temporâneo, como sua admirável adaptação ecológica e a sua estrada social 
isenta de disparidades causadas de explorações das forças de trabalho [...] 
(WEIMER, 2005, p. 41-42).
Contudo, focaremos, neste momento, a abordagem de algumas tribos por tipologias de 
aldeias mais representativas dos povos nativos, haja vista que na arquitetura indígena também 
nos deparamos com grande variedade, onde cada região do Brasil apresenta organizações 
distintas das aldeias.
3 TIPOS DE HABITAÇÕES INDÍGENAS
A aldeia formada através da casa unitária é a condição desta organização mais 
simplificada, onde toda a tribo vive em uma única maloca de forma retangular e coberta por 
uma estrutura de duas águas que quase alcança o chão (ALMEIDA; YAMASHITA, 2013). O 
espaço interno é subdividido por biombos, feitos de folhagens de palmeira trançadas, de maneira 
a abrigar os núcleos familiares em pequenos nichos. Os acessos principais são duas portas 
posicionadas na fachada principal e na fachada dos fundos. A fachada principal é voltada para 
o rio e a dos fundos para as plantações. 
A porção central da grande maloca é dividida em duas partes, uma para os homens 
e outra para as mulheres. Constatamos assim que estas tribos, como a dos Tukanos, que 
encontramos na fronteira do Brasil com a Colômbia, apesar de habitarem uma única estrutura, 
são muito organizadas e hierarquizadas. Observe o esquema em corte e fachada da maloca 
da tribo Tukano. 
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FIGURA 1 – MALOCA DOS ÍNDIOS TUKANOS
FONTE: Arquiteto fala. Disponível em: <http://arquitetofala.blogspot.com.br/2011/12/arquitetura-
indigena-no-brasil.html>. Acesso em: 29 ago. 2016.
Contudo, existem outras tipologias de aldeias-casa que podemos encontrar no território 
brasileiro, como é o caso dos Yanomamis. Estes povos, por serem caçadores e cultivadores 
de plantas muito experientes, alocam-se longe dos rios. Suas estruturas são aldeias-casa 
denominadas de “shabono”, de plantas circulares ou poligonais, com o centro de cobertura 
cônica, que possibilitam a formação de uma praça central para as atividades de cerimônias, a 
entrada da luz natural e a exaustão da fumaça. 
Dependendo da quantidade de pessoas que vivem nestas aldeias-casa, seu tamanho 
varia, e todos os índios participam da construção do shabono. A escolha da implantação é 
papel do homem, sendo preferencialmente em terrenos com pequenas inclinações para uma 
boa drenagem, assim como a seleção das estruturas de madeira. As mulheres selecionam e 
recolhem os cipós para a amarração da estrutura. Até que o shabono esteja concluído, a tribo 
se condiciona em abrigos como uma aldeia provisória. 
FIGURA 2 – ALDEIA-CASA DOS ÍNDIOS YANOMAMI
FONTE: AMAZÔNIA. Disponível em: <http://www.goethe.de/ins/pt/lis/prj/ama/cam/jug/pt6387107.
htm>.
Acesso em: 12 jun. 2016.
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FIGURA 3 – INTERIOR DA ALDEIA YANOMAMI
FONTE: POVOS INDÍGENAS NO BRASIL. Disponível em: <http://img.socioambiental.org/d/373230-1/
maloca.jpg>. Acesso em: 27 set. 2016.
As tribos dos Marubos também apresentam a aldeia-casa, sendo as colinas por vezes o 
local escolhido para a alocação destas. Tem uma forma de grandes proporções se comparada 
com as aldeias-casa de outras tribos indígenas. Estas estruturas chegam a ter 31 metros de 
comprimento. Podemos identificar a forma poligonal irregular da aldeia-casa nas imagens a 
seguir, que tratam da planta baixa, corte e fachada da maloca. 
FIGURA 4 – MALOCA MARUBO – PLANTA BAIXA, CORTE E FACHADA
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FONTE: CEAP. Disponível em: <http://www.ceap.br/ material/MAT21042014225238.pdf/>. Acesso em: 
31 ago. 2016.
4 DISPOSIÇÃO DOS ESPAÇOS
É relevante percebermos que a imagem mais conhecida e que nos vem à mente quando 
pensamos em aldeias indígenas pode ser encontrada nos povos Xavantes (Jê), Timbiras e 
nos Tupi-guarani, de que já falamos anteriormente, onde a disposição das malocas forma um 
grande círculo, resultando, assim, em um núcleo central, destinado para as cerimônias, danças, 
jogos e que possibilita uma vida em comunidade que se alicerça na observação da natureza 
para desenvolver seus meios de sobrevivência. 
Esta imagem, com certeza, é um reflexo do conceito de vida em comunidade e da 
organização social das tribos indígenas no Brasil, e que deve ser compreendida como as 
características específicas de cada povo. Em alguns povos a mesma distância das malocas até 
o centro da aldeia demonstra a igualdade da comunidade, tendo apenas a divisão de gêneros 
como parâmetro na divisão das funções. O centro das aldeias é o local de encontro dos líderes 
da tribo, que são figurados pelos homens mais velhos que ali tomam decisões, resolvem os 
conflitos e realizam cerimônias ou rituais. 
Na sequência concêntrica da aldeia está o espaço reservado às mulheres, para o 
descanso, a intimidadee até mesmo os partos. Deste espaço parte um caminho radial para 
cada uma das malocas, que com sua disposição equidistante ao centro forma outro anel. E, 
finalmente, atrás das malocas existe outro caminho que circunda a aldeia que forma a periferia 
da aldeia, local para o desenvolvimento das atividades femininas, de partida dos caminhos 
que levam ao rio e às roças, como também para jogos. Para a proteção da aldeia, quando 
identificada alguma tribo inimiga próxima da aldeia, era comum a instalação de palanques de 
troncos de madeira na periferia da mesma. 
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Uma característica comum a todos os grupos Jê são as corridas de toras des-
critas por Nimuendaju (1946) e Melatti (1978) para os Timbira. As várias tribos 
Timbira estão divididas em metades cerimoniais cuja função, entre outras, é 
formar times que competem na corrida de toras de buriti. Elas são carregadas 
por um indivíduo de cada vez. Na medida em que aquele que carrega a tora 
perde a velocidade, outro do mesmo time o substitui. A corrida se desenvolve 
na periferia da aldeia, tendo a praça central como ponto de partida e a casa 
de uma pessoa ritualmente importante, como ponto de chegada (RIBEIRO et 
al., 1986, p. 276).
Em outros casos, alguns espaços são reservados e restritos a algumas figuras da tribo, 
como os curandeiros, representados pela figura dos “pajés ou xamãs”, que possuem uma 
oca menor no centro da aldeia ou, muitas vezes, isolada para as atividades de curas através 
de produtos naturais, que muito contribuíram para a evolução das terapias médicas atuais. 
“É fato conhecido que diversas tribos indígenas consideram certas doenças como resultado 
das influências maléficas das forças sobrenaturais... onde o tratamento do pajé ocupa lugar 
terapêutico do xamanismo” (RIBEIRO et al.,1986, p. 140).
Formas em arco também são utilizadas para organizar os papéis dos índios nas tribos 
Xavante e Xerente. A tribo Xerente distribui seus clãs ao longo do arco e seu centro é reservado 
para encontros e rituais. Nos Xavantes (Jê), o arco é voltado para o rio e é esquematizado de 
maneira a situar os homens maduros, os jovens iniciados e os meninos não iniciados.
A tribo dos Karaja apresenta uma diferenciação fundamental na organização de suas 
malocas, implantando-as em fileiras e que se voltam para o rio. Com isto, se forma um caminho 
principal e outro, perpendicular ao rio, que é chamado de secundário e leva até à casa dos 
homens. Na imagem a seguir é possível constatar a tipologia construtiva da tribo Karaja, que 
estrutura sua maloca através de arcos unidos por amarrações em cipós. 
UNI
Visite o site <http://pib.socioambiental.org/pt> e se surpreenda 
com o número e diversidade de tribos indígenas no Brasil.
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FIGURA 5 - MALOCA KARAJA
FONTE: ARQUITETO FALA. Disponível em: <http://arquitetofala.blogspot.com.br/2011/12/arquitetura-
indigena-no-brasil.html>. Acesso em: 29 ago. 2016.
Hoje, a tipologia é dificilmente identificada em sua forma original. Com a chegada dos 
jesuítas, as malocas foram substituídas por casas e voltadas para caminhos internos, ou seja, 
ruas. Além disto, é constatado que antes do contato com os homens brancos, os povos indígenas 
eram nômades, e as aldeias eram espaços mais transitórios. Como exemplo clássico citamos 
a tribo Aimoré, que não construía aldeias, e se abrigava debaixo de árvores com fogueiras 
acesas para proteção contra animais. Hoje os povos indígenas se fixam nos locais e subsistem 
com o sedentarismo agrícola. 
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5 LOCALIZAÇÃO DOS CONJUNTOS HABITACIONAIS 
 INDÍGENAS
Fica claro que a escolha da localização da aldeia é essencial para o desenvolvimento 
das tribos que seguem fielmente suas tradições, cultura, conhecimento e costumes, passados 
pelos mais experientes aos mais jovens, assim como uma mesma forma geométrica representa 
para cada povo nativo indígena uma autoimagem através de suas organizações distintas das 
malocas.
 
Os materiais e tecnologias construtivas são bastante semelhantes entre as tribos 
indígenas. O conceito diferenciado da execução das malocas por cada tribo é condicionado 
pelas crenças de cada povo nativo, pelas condições climáticas locais e, principalmente, pela 
obtenção dos materiais naturais do sítio.
Folhas de palmeiras são o material vegetal mais comumente empregado para 
forrar o teto e paredes das cabanas nativas. O método de colmagem depende 
do tipo de folhas... Das fibras extraídas do broto fechado da palmeira Mauritia 
flexuosa, reduzidas a tiras de cortiças e mergulhadas na água por vários dias, 
são feitas cordas que têm muitos usos na bacia amazônica... Postes, cercas 
e paliçadas são frequentemente feitos de madeira de cartizal ou paxiúba. Os 
nativos do leste da Bolívia e do alto Amazonas fabricam seus arcos de madeira 
dura e negra da palmeira chonta (RIBEIRO et al., 1986, p. 34).
Assim são definidas as diversas formas que estruturam as malocas, o uso ou o não 
uso de elementos construtivos e a maneira como cada grupo se organiza na vida de uma 
coletividade que por anos foi menosprezada e não valorizada. 
As malocas são em geral muito bem construídas, as suas cobertas oferecem 
inteira garantia contra o mais violento aguaceiro; o chão é enxuto e limpo e 
de tarde reina na sua penumbra uma frescura agradável. As casinhas moder-
nas, pelo contrário, são o mais das vezes quentes e mal-acabadas. Quanto 
ao prejuízo que a convivência de diversas famílias na maloca diz acarretar, é 
simplesmente falso. Devido à rigorosa exogamia, não existem relações amo-
rosas entre os filhos de uma mesma maloca. (RIBEIRO, 1977, p. 34).
Vale destacar que os nativos faziam uso de encaixes nas madeiras e amarrações com 
cipós para estruturar suas habitações. Observe nas figuras a seguir alguns detalhes destas 
amarrações e encaixes:
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FIGURA 6 – DETALHES DAS AMARRAÇÕES EM CIPÓ
FONTE: ARQUITETO FALA. Disponível em: <http://arquitetofala.blogspot.com.br/2011/12/arquitetura-
indigena-no-brasil.html>. Acesso em: 29 ago. 2016.
FIGURA 7 – DETALHES DE ENCAIXE DE MADEIRA
FONTE: ARQUITETO FALA. Disponível em: <http://arquitetofala.blogspot.com.br/2011/12/arquitetura-
indigena-no-brasil.html>. Acesso em: 29 ago. 2016.
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Devemos muito à arquitetura indígena. Assim, deveríamos nos atentar mais para os 
diversos aprendizados que ela pode nos ofertar, como na aplicação de conceitos e técnicas da 
arquitetura sustentável. Para Ponce (2008), o entendimento da arquitetura indígena é conciliador 
do que queremos chamar de arquitetura sustentável.
A premissa básica é que o conceito da chamada arquitetura regional ou in-
dígena corresponde a uma arquitetura pertencente ao seu lugar. Isto implica 
três aspectos: o respeito à regionalidade cultural e social; a adaptação ou 
regionalização das obras ao meio e, em terceiro lugar, a forma e os materiais 
com que as obras são construídas. Por sua vez, esta arquitetura está formada 
por duas partes: a autônoma ou vernacular e a apropriada. A agora chamada 
arquitetura sustentável tem, como principal característica, a utilização racional 
dos recursos naturais, em especial os energéticos, para sua conservação 
futura. Isto implica o emprego de materiais de baixo consumo de energia, isto 
é, materiais primários ou matérias-primas; assim como materiais de uma alta 
eficiência estrutural. Em poucas palavras, a agora chamada arquitetura sus-
tentável não é um conceito novo, mas tão somente é uma parte da tradicional 
arquitetura regional (PONCE, 2008, s/d).
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico estudamos:
•	 A origem da ocupaçãodo território brasileiro pelos indígenas e sua arquitetura vernacular 
que produziram ocupações espaciais, habitações e disposições internas próprias da cultura 
e costumes de cada tribo. 
•	 Foi possível evidenciar que os índios executaram a arquitetura para suas habitações de 
acordo com suas raízes culturais e antropológicas baseadas na coletividade e sob uma 
organização hierárquica bem definida entre os grupos familiares. 
•	 Os materiais utilizados pelas tribos são aqueles encontrados em seu entorno, sendo 
necessário o desenvolvimento de técnicas construtivas de encaixes e amarrações ao longo 
de anos para a construções das tipologias das habitações, que estudaremos no tópico a 
seguir.
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1 Em seu entendimento, por que motivo as tribos indígenas têm o padrão da aldeia em 
círculo? Que características da vida em comunidade destes povos são afetadas, ou 
até mesmo motivadas por este tipo de organização coletiva? 
2 Sabemos quão complexas são as técnicas construtivas desenvolvidas ao longo de 
muitos anos pelos nativos. Contudo podemos verificar que as diversas tribos fazem uso 
de alguns materiais naturais em geral. Descreva quais foram os principais materiais 
utilizados nas habitações vernaculares indígenas no Brasil, e em que espaço da 
habitação são utilizados, como cobertura, piso, revestimento etc.
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AS MALOCAS, SUA ESTRUTURA E 
MATERIAIS
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 2
Após estudarmos o conceito da habitação indígena e seu conceito primordial, 
verificaremos, neste tópico, como os materiais são aplicados e que técnicas são utilizadas para 
a execução dos diferentes tipos de habitações dos nativos. Isto pois, como anteriormente citado, 
as tribos indígenas brasileiras se diferenciam em tipologia e técnica construtiva de acordo com 
o microclima em que estão inseridas e suas tradições culturais. Assim, surgem também novos 
conceitos aplicados à habitação, como o antropomorfismo e as casas subterrâneas. 
Estes novos conceitos que apresentaremos neste tópico exemplificam como a cultura 
indígena é complexa na execução de suas habitações. Os nativos desenvolveram, para muitos 
de maneira empírica, um largo conhecimento do meio natural em que estavam inseridos. Assim 
como buscaram a melhor performance dos materiais naturais e das formas construtivas para 
suprir suas necessidades de abrigo e de crenças culturais. 
UNIDADE 1
2 TIPOS DE HABITAÇÕES
Como vimos no tópico 1, algumas tribos indígenas se organizam em aldeias-casa, 
também denominadas “malocas”. Encontramos, contudo, outras denominações destas 
habitações, como as “ocas” e “tabas”, que são ocas menores. As “taperas” têm a definição 
de aldeias extintas, ou seja, são atribuídas às habitações abandonadas pelos indígenas em 
seu movimento de nomadismo. A “opy” é a cabana de tipologia similar à oca, que, geralmente 
localizada no centro da aldeia, é destinada para cerimônias e rituais.
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FIGURA 8 - OCA DOS ÍNDIOS CAMAIURÁS, NA AMAZÔNIA
FONTE: BRITANNICA. Disponível em: <http://escola.britannica.com.br/assembly/148783/A-oca-e-um-
tipo-de-moradia-coletiva-indigena>. Acesso em: 11 jun. 2016.
FIGURA 9 – TABA, HABITAÇÃO INDÍGENA
FONTE: PINTEREST. Disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/353532639477498132/>. Acesso 
em: 11 jun. 2016.
FIGURA 10 – OPY, CASA DE REZA GUARANI
FONTE: FUNAI. Disponível em: <http://cggamgati.funai.gov.br/files/3413/9420/6971/Opy-
Panambizinho.jpg>. Acesso em: 29 ago. 2016.
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3 ARQUITETURA INDÍGENA VERNACULAR
Como já percebemos, a arquitetura indígena vernacular é fonte de ensinamentos 
para a arquitetura que executamos hoje. Desde as primeiras pesquisas dos povos indígenas, 
direcionadas a compreender a antropologia cultural, fica explícita a grande qualidade das 
estruturas habitacionais indígenas no Brasil. Na obra intitulada Arquitetura dos índios da 
Amazônia (2013), o escritor e “best seller” Johan van Lengen deixa clara a qualidade das 
construções indígenas:
A partir do momento em que um membro da tribo Cinta-Larga me mostrou 
em um desenho como eles constroem suas casas, fiquei impressionado com 
o sentido de arquitetura e construção que estas pessoas tinham. Utilizando 
poucas ferramentas conhecidas, erguiam grandes casas para abrigar famílias 
(LENGEN, 2013, p. 6).
Neste sentido, vamos abordar algumas tipologias de malocas, suas distribuições 
internas, suas técnicas e materiais construtivos e suas funções para vivência em comunidade 
dos povos indígenas. 
Inicialmente, as malocas de planta circular e cobertura cônica são as mais figurativas 
enquanto habitações dos povos nativos. Cada tribo possui alguma variação, que é o reflexo dos 
costumes e tradições daquela comunidade. Já vimos que os Xavantes (Jê) se organizam em 
aldeias de forma concêntrica, e suas malocas são estruturadas a partir de uma peça de tronco 
de madeira no centro, que recebe a amarração de outros galhos e são travados radialmente 
por taquaras no sentido horizontal. As dimensões desta maloca alcançam a altura de 4,5m e 
um diâmetro de até 7m, observe o esquema em planta baixa, fachada e corte:
FIGURA 11 – PLANTA BAIXA, FACHADA E CORTE DA MALOCA XAVANTE (JÊ)
FONTE: ARQUITETO FALA. Disponível em: <http://arquitetofala.blogspot.com.br/2011/12/arquitetura-
indigena-no-brasil.html>. Acesso em: 29 ago. 2016.
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No centro, a pequena fogueira serve para o cozimento dos alimentos e para o 
aquecimento do ambiente. A porta de entrada, que já sabemos estar voltada para o centro 
da aldeia, recebe uma espécie de corredor composto por estacas e forrado por folhas, que 
confere maior privacidade à unidade habitacional coletiva. Veja, a seguir, o detalhe do enlace 
com cipós e folhas da cobertura revestida.
FIGURA 12 – ENLACE COM CIPÓS E FOLHAS DA MALOCA XAVANTE (JÊ)
FONTE: CEAP. Disponível em: <http://www.ceap.br/ material/MAT21042014225238.pdf/>. Acesso em: 
31 ago. 2016.
Cada casa abriga até quatro famílias, sendo que cada uma possui seu espaço 
individualizado. No interior, cestos suportados em estacas de madeira armazenam os alimentos 
coletados, como uma espécie de despensa, e artefatos são cuidadosamente guardados no 
forro de palha da cobertura que cobre toda a extensão da casa. Os índios costumam, durante 
o dia, abrir pequenos espaços nesta cobertura de palha, propiciando a entrada de luz natural 
no interior do espaço (NOVAES et al., 1983).
FIGURA 13 - MALOCA XAVANTE (JÊ)
FONTE: TRIBO XAVANTE. Disponível em: <http://triboxavante.blogspot.com.br/>. Acesso em: 11 jun. 
2016.
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FIGURA 14 - FASES DA EXECUÇÃO DA HABITAÇÃO XAVANTE (JÊ)
FONTE: PROJETO XAVANTE. Disponível em: <http://projetoxavante.blogspot.com.br/2009_11_01_
archive.html>. Acesso em: 11 jun. 2016.
4 COMPONENTES DAS CONSTRUÇÕES E SUA IMPORTÂNCIA
Já apresentamos um pouco das características do shabono, as aldeias-casa dos 
Yanomami. Contudo, se faz necessário detalhar alguns pontos da habitação em questão, 
com ênfase na cobertura, que também é conhecida como clareira habitada, por ter uma praça 
central aberta. 
Esta praça central lembra um grande óculo que permite a exaustão da fumaça e a 
infiltração da luz natural e é consequência da cobertura em forma de dossel que é constituída 
por uma estrutura periférica contínua. Esta cobertura é extremamente resistente a chuvas, haja 
vista a necessidade de proteção da tribo frente à umidade característica da região amazônica. 
Observe na figura a seguir os detalhes dos beirais e do óculo, que são condicionadospela 
disposição da estrutura circular da cobertura.
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FIGURA 15 – PLANTA DA COBERTURA, CORTE E FACHADA – ALDEIA YANOMAMI
FONTE: ARQUITETO FALA. Disponível em: <http://arquitetofala.blogspot.com.br/2011/12/arquitetura-
indigena-no-brasil.html>. Acesso em: 29 ago. 2016.
Há a presença de uma espécie de beiral que é executado com o uso de vários caibros 
que são dispostos radialmente e ultrapassam a linha periférica externa da casa. No sentido 
do centro da habitação, os mesmos caibros formatam o grande balanço com até 4,5m. O uso 
dos cipós confere a esta estrutura a amarração necessária e a base para o recebimento das 
folhagens de revestimento. A dimensão da maloca é determinada pelo número de índios no 
grupo, que pode chegar a 60 metros de diâmetro e abrigar até 160 índios que são organizados 
em espaços individualizados por núcleo familiar ao longo da maloca.
 
FIGURA 16 - VISÃO SUPERIOR DA ALDEIA-CASA YANOMAMI
FONTE: BRASILIAN INDIANS. Disponível em: <http://www.survivalinternational.org/tribes/brazilian>. 
 Acesso em: 11 jun. 2016.
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FIGURA 17 - INTERIOR DA ALDEIA-CASA E COTIDIANO DOS YANOMAMI
FONTE: VUOTO ATTIVO. Disponível em: <http://vuotoattivo.tumblr.com/post/26063572490/
yanomami-shabono-structures-catrinastewart>. Acesso em: 11 jun. 2016.
Os Timbiras têm a planta baixa da maloca em formato retangular, e na porção frontal 
uma cobertura de quatro águas. Todas as suas paredes externas são revestidas por folhagens, 
e apresentam duas portas, uma voltada para o pátio central da aldeia localizada na lateral de 
maior dimensão, e outra voltada para o quintal (periferia). Atualmente, os Timbiras executam 
suas habitações em adobe ou taipa, com uma cobertura de duas águas e sem divisões internas. 
Os jiraus, espécie de plataforma elevada do chão, forrados com esteiras, são utilizados como 
base das atividades como dormir, sentar e comer, assim como prateleiras para a guarda de 
cerâmicas e utensílios. 
Mais ao sul do Brasil, os Guaranis utilizam também o bambu como base da construção 
da maloca. Estacas de madeiras que são fincados na terra formam a linha das paredes externas, 
madeiras horizontais estruturam o vão das portas e também apoiam a cumeeira da cobertura. 
O bambu, por ser um material mais flexível, é trabalhado como uma espécie de trança no 
intuito de preencher os vãos resultantes dos pilares de madeira. E os pequenos vãos são 
preenchidos com folhagens e galhos secos. Como uma espécie de acabamento, esteiras de 
capins confeccionadas pela tribo ou as folhagens de palmeiras coletadas são aplicadas sobre 
toda a estrutura lateral e inclusive sobre a cobertura (OLIVER et al., 1997). O destaque está 
na presença da porta, também confeccionada com as mesmas esteiras e folhagens.
Nas tribos dos Tiriyó podemos encontrar diversidade da tipologia das habitações, a 
maioria tem a base da planta circular e cobertura cônica mais amena, ou seja, se aproxima 
mais de um formato em cúpula. O revestimento de palha não se interrompe até o chão, não 
sendo possível a diferenciação entre cobertura e paredes. No caso dos índios Makuxí, os 
pilares de madeira laterais das malocas não apresentam revestimentos em palhas, ficando 
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mais evidente a área da cobertura.
FIGURA 18 – ENLACE COM CIPÓS TIPO TIRIYÓ
FONTE: CEAP. Disponível em: <http://www.ceap.br/ material/MAT21042014225238.pdf/>. Acesso em: 
31 ago. 2016.
FIGURA 19 – PLANTA BAIXA, FACHADA E CORTE DA MALOCA TIRIYÓ
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FONTE: ARQUITETO FALA. Disponível em: <http://arquitetofala.blogspot.com.br/2011/12/arquitetura-
indigena-no-brasil.html>. Acesso em: 29 ago. 2016.
5 INFLUÊNCIAS ANTROPOMÓRFICAS
A antropomorfia, conceito muito presente na cultura indígena, define algumas estruturas 
de maneira peculiar aos grupos indígenas da tribo Morubo e do alto Xingu. As malocas dos 
Morubos, como já apresentamos anteriormente, representam o corpo do “xamã”. Texturas da 
cobertura obtidas com o revestimento de palha que revelam pequenas saliências representam 
a pele de jacarés. A simetria em relação ao seu eixo longitudinal deixa clara que a habitação 
tem sua execução bem definida. Além disso, a técnica construtiva que utiliza pilares centrais 
mais altos, outros periféricos mais baixos, esteios laterais e vigas de travamento formata um 
polígono de dez lados. 
Os pilares centrais da habitação das tribos do alto Xingu conotam as “pernas” da casa, e 
são de responsabilidade do líder do grupo, que também define o local da implantação da maloca. 
Os esteios periféricos definem as “bocas”, o “cabelo” é representado pelas palhas trançadas 
ao longo do ripamento. A grande dimensão destas casas em forma de elipses impressiona. 
Nesta habitação, a organização não se dá pela forma geométrica, mas sim conceitualmente. 
No interior não há a presença de limitadores físicos, mas cada núcleo familiar tem seu espaço 
de dormir e de se alimentar respeitado por todos. 
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FIGURA 20 – PLANTA BAIXA E CORTE DA MALOCA COM ELEMENTOS ANTROPOMÓRFICOS
FONTE: ARQUITETO FALA. Disponível em: <http://arquitetofala.blogspot.com.br/2011/12/arquitetura-
indigena-no-brasil.html>. Acesso em: 29 ago. 2016.
FIGURA 21 – ESPAÇOS INTERNOS SEM DIVISÕES – MALOCA XINGUANA
FONTE: EIGHT&PHARCON. Disponível em: <http://eightpharcon.com.br/portfolio-item/oca-
indigena/>. Acesso em: 31 ago. 2016.
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No caso dos Caiapós, que também têm a adequação da dimensão da maloca 
conforme o número de nativos que ali vivem, a cobertura apresenta uma inclinação maior que 
o habitualmente verificado. Outro ponto diferencial é o revestimento de apenas três paredes 
externas pelas esteiras de folhagens. A quarta parede não é coberta, mas protegida por uma 
espécie de varanda que possui o jirau como “mobiliário” e é voltada para o pátio da aldeia. O 
interior da maloca não possui divisões, mas tem o espaço delimitado para a ocupação de cada 
núcleo familiar com catres rústicos para o descanso e para a alimentação. Mais uma vez o 
centro da habitação é o local da fogueira, ou seja, da cozinha. A maloca é o local das mulheres, 
os homens a ocupam apenas para comer e dormir.
Ainda há a maloca com planta baixa de forma elíptica incompleta, que eram presentes 
nos povos Tiriyó e Tuyúka, e que gradualmente foram substituídas pela forma retangular. Há 
relatos de estruturas em elipses incompletas sob espécies de balsas, que dariam abrigo aos 
indígenas da tribo dos Paumarí, em épocas de cheias dos rios. 
 
No médio Xingu, a tribo Araueté apresenta sua arquitetura vernacular através da maloca 
com três pilares centrais e uma viga principal em forma retangular. Esta estrutura dá a base 
para uma cobertura abobadada e revestida por folhagens, sendo que a porta revestida por 
esteira de palhas também é presente nesta tipologia. 
FIGURA 22 – APLICAÇÃO DA FOLHAGEM COMO REVESTIMENTO DAS MALOCAS
FONTE: ASEMAS. Disponível em: <http://tectonicablog.com/?p=26325>. Acesso em: 29 ago. 2016.
A aldeia-casa das tribos Tukano tem a forma retangular, coberta por uma estrutura 
de duas águas que chega até o chão e uma semicircunferência na porção lateral de menor 
dimensão. A habitação também possui a porta principal voltada para o centro da aldeia e porta 
dos fundos para a periferia, assim como divisões internas para cada núcleo familiar.
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No próximo tópico vamos abordar de que maneira a arquitetura contemporânea no 
Brasil conseguiu aproveitar e resgatar os conceitos, técnicas e ensinamentos da arquitetura 
indígena autóctone.UNI
O Museu de Genebra, na Suíça, recebeu, em 2016, a exposição 
com o tema dos índios da Amazônia. A exposição trata do 
choque cultural que os nativos sofreram quando da chegada 
dos europeus nas Américas no século XVI. Confira em suas 
pesquisas as imagens da exposição!
6 ADEQUAÇÕES AO MEIO AMBIENTE VISANDO 
 AO CONFORTO AMBIENTAL
Os Kaingang, povo da tradição Taquara, eram também conhecidos como “Povo das 
Casas Subterrâneas”. Hoje pouca importância se dá às tradições e conhecimentos deste povo. 
Somente a partir dos anos 60 prestou-se maior atenção aos seus conhecimentos. Habitantes 
do Sul do Brasil, notadamente Santa Catarina e Rio Grande do Sul, terras com invernos 
rigorosos, desenvolveram uma alternativa de abrigo “interessante”, construindo suas casas 
de forma subterrânea e, assim, ficando seus ocupantes protegidos do frio e dos ventos fortes, 
comuns na região.
FIGURA 23 – CASA SUBTERRÂNEA DO POVO KAINGANG
FONTE: MULTIPLICA. Disponível em: <http://multiplica.org/subterraneas-do-povo-kanghag/>. Acesso 
em: 11 jun. 2016.
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As construções eram de planta circular com diâmetro variando de 2,0 a 13,0 metros e 
profundidade entre 2,5 e 5,0 metros. O teto apoiado em estacas de madeira, sendo a central 
afixada no fundo da construção e as laterais, menores, dispostas em forma radial na borda, 
proporcionando um vão livre para aeração, iluminação e circulação de seus habitantes.
Arqueólogos mencionam ter encontrado em sítios arqueológicos construções isoladas, 
mas também é comum localizarem agrupamentos, podendo ser aos pares ou formando aldeias 
de cinco até 10 casas. Algumas delas apresentam revestimentos com argila fina nas paredes 
e pedra no piso.
FIGURA 24 – COMUNICAÇÃO SUBTERRÂNEA ENTRE AS CASAS KAINGANG
FONTE: MORRO DA BORUSSIA. Disponível em: <http://observatorioborussia.org.br/projeto/>. 
Acesso em: 25 jun. 2016.
Segundo o arqueólogo Padre Rohr (1992 apud D`ANGELIS; VEIGA, 2003), as casas 
subterrâneas são atribuídas às populações Jê ou Kaingang, que ocupavam o planalto antes da 
conquista e representam uma invenção engenhosa do homem pré-histórico contra as nevascas 
e os ventos gelados dos invernos rigorosos das grandes altitudes.
É importante, porém, observar-se a época em que as casas subterrâneas foram 
construídas e habitadas, para pensarmos na relação delas com outras formas 
de habitação antigas dos Kaingang. A arqueologia brasileira tem relacionado 
as casas subterrâneas com o que convencionou chamar de “tradição Taquara-
-Itararé”. Segundo Prous, para essa tradição “até há pouco, as datações mais 
antigas eram exclusivamente do Rio Grande do Sul, entre o primeiro e o sexto 
século de nossa era. Várias outras obtidas para o mesmo estado, Argentina e 
Paraná eram do século XIV, e duas do início do período histórico. Recentemen-
te, datações de 475 AD (fase Candoi) e 500 AD na Argentina vieram mostrar 
que a cultura das casas subterrâneas se desenvolveu em diversas regiões, 
grosso modo, na mesma época, e não se pode descartar a possibilidade de 
aparecerem, com as novas pesquisas, datações tão antigas quanto a, isolada 
por enquanto, de 140 AD para a fase Guatambu, cujo término foi datado de 
1790 AD (Prous 1992:328) (D`ANGELIS; VEIGA, 2003, p. 8).
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RESUMO DO TÓPICO 2
 Ao analisarmos os tipos de habitações as técnicas construtivas vernaculares dos 
povos indígenas nos deparamos com cenário interessante no quesito soluções sustentáveis 
e conceitos culturais. Estudamos neste tópico:
•	 Algumas soluções de melhoria de microclima do interior da habitação dos indígenas através da 
aplicação dos materiais encontrados no entono natural, como a execução de óculos centrais 
para a exaustão do ar quente e vapores, de beirais e esteiras que protegem os revestimentos 
naturais da umidade e da incidência direta do sol no espaço interno e a execução de casas 
subterrâneas para a proteção do frio dos povos do sul do país. 
•	 Entendemos algumas soluções mais próprias aos conceitos antropológicos e culturais, 
como o caso do antropomorfismo que tende a transpor elementos de figuras de deuses às 
estruturas das malocas. 
•	 O legado medicinal dos povos indígenas foi muito importante e muito explorado, através do 
conhecimento de plantas medicinais. Já em contraponto, muito ainda pode ser explorado 
na questão arquitetônica e de organização espacial indígena do Brasil. 
•	 Pouco se aplica das técnicas e formas construtivas indígenas vernaculares, deixando-se 
assim uma lacuna relevante de informação e conhecimento na continuidade temporal e 
cultural da literal construção de nosso país. 
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1 Acadêmico, para que você possa realizar uma reflexão complementar a partir 
das informações que foram expostas neste tópico, sintetize de forma conclusiva 
as principais características das aldeias e das tipologias das habitações por povo 
indígena. Aproveite para fazer uma revisão em seu aprendizado!
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A ETNOARQUITETURA COM REFERÊNCIA
NA CULTURA INDÍGENA
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 3
Entenderemos, neste tópico, o conceito da etnoarquitetura indígena em linhas gerais 
e qual seu objetivo enquanto formação ideológica arquitetônica. Este tópico irá despertar a 
visão de uma arquitetura indígena com a releitura das técnicas construtivas atuais. Veremos 
algumas soluções e possibilidades de como empregar o conhecimento do nativo indígena 
para a produção de obras genuínas e também pautadas no regionalismo e na ecoeficiência. 
Veremos ainda como grandes nomes de arquitetos, como Oscar Niemeyer e Severiano 
Mario Porto, utilizaram a etnoarquitetura em seus projetos e partidos arquitetônicos no sentido 
evocar a forma da habitação indígena enquanto signo da brasilidade. 
UNIDADE 1
2 A ARQUITETURA INDÍGENA SUSTENTÁVEL
Vemos a etnoarquitetura indígena como uma tendência em ebulição na sociedade 
e entre os profissionais da área da arquitetura e do urbanismo no Brasil. Tem como papel o 
resgate dos benefícios de todo o conhecimento espacial e estrutural, empíricos, dos desenhos 
das habitações e aldeias dos povos indígenas, mas com a aplicação dos materiais e técnicas 
construtivas atuais e através da comum conversa e deliberação entre índios e a figura do 
arquiteto. Ainda, o conceito da etnoarquitetura procura conciliar a sustentabilidade, presente 
na arquitetura praticada pelas tribos indígenas através do uso de materiais locais e técnica 
construtiva desenvolvida empiricamente.
 
Alfonso Ramirez Ponce, em sua publicação que trata da Arquitetura Regional e 
Sustentável, faz uma importante reflexão da função e dos objetivos que os povos indígenas 
preconizavam na execução de suas habitações:
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É a arquitetura regional, indígena, com ou sem arquitetos, uma arquitetura a 
serviço do homem, por, para e com o homem. É uma arquitetura que privi-
legia o espaço habitável e não suas aparências. É uma arquitetura para as 
pessoas, os habitantes e não para os arquitetos, seus críticos ou as revistas 
de arquitetura (PONCE, 2008, p. 3).
3 APLICAÇÃO DE FORMAS CONSTRUTIVAS 
 POR OSCAR NIEMEYER
Contudo, a busca pelas raízes indígenas na arquitetura é anterior ao movimento 
contemporâneo. Oscar Niemeyer incorporou, em seus mais de 160 grandes projetos, as bases 
formais modernistas. Suas referências da infância na cidade do Rio de Janeiro, sua reflexão 
da arte aplicada à arquitetura, sua influência das aspirações arquitetônicas de seu mestre 
e professor Lúcio Costa e sua aproximação profissional com o antropólogo Darcy Riberio 
proporcionaram ao arquiteto brasileiro mais conhecido popularmente pelouso das formas 
livres, a ruptura com a importação da arquitetura europeia e a aplicação das bases formais 
indígenas com cúpulas de forma autônoma e com a liberdade do espaço interno na busca pela 
democracia. “Seu mundo perdido é aquele do paraíso mítico do Brasil, anterior à exploração 
europeia e ao desenvolvimento industrial” (UNDERWOOD, 2002, p. 74).
FIGURA 25 - OSCAR NIEMEYER, LEONEL BRIZOLA E DARCY RIBEIRO
FONTE: PEMPLO CULTURAL DELFOS. Disponível em: <http://www.elfikurten.com.br/2012/02/darcy-
ribeiro-um-homem-de-fazimentos.html>. Acesso em: 26 jun. 2016.
Sabemos assim que Oscar Niemeyer buscou durante todo o seu processo de criação 
arquitetônica as formas livres, a conexão com a paisagem natural brasileira e também a 
valorização do seu país natal enquanto resgate da identidade regional. Veremos na Unidade 
3, deste caderno de estudos, o arquiteto e sua produção para a arquitetura modernista 
brasileira. Neste tópico vamos explorar dois projetos que foram dedicados especificamente 
para a valorização da figura do índio no cenário brasileiro, o Pavilhão de Exposição Lucas 
Nogueira Garcez – OCA – no complexo do Ibirapuera e o projeto do Centro de Estudos da 
Cultura Indígena.
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O pavilhão de exposição Lucas Nogueira Garcez, popularmente conhecido como 
OCA, foi projetado em 1951, é considerado o primeiro de tantos museus projetados por Oscar 
Niemeyer e executado três anos depois. Possui mais de 10 mil m² em uma típica planta circular 
das habitações indígenas, e foi concebido com a tecnologia do concreto armado peculiar em 
outras produções do arquiteto, como no Senado e na Câmara dos Deputados no prédio do 
Congresso Nacional em Brasília (1958). É coroado em sua fachada externa com aberturas 
circulares, que remetem a escotilhas. 
FIGURA 26 – OCA, VISTA EXTERNA DO PAVILHÃO
FONTE: VEJA SÃO PAULO. Disponível em: <http://vejasp.abril.com.br/blogs/memoria/oscar-
niemeyer-obras-ibirapuera-tombada/> Acesso em 25/06/2016
Rampas ao longo de todo o espaço interligam os quatro pavimentos, e elevadores 
hidráulicos substituíram as escadas rolantes do projeto original na reforma em 2000, do arquiteto 
Paulo Mendes da Rocha. Por vezes categorizadas como escultura habitável, o programa do 
edifício é mínimo e preconiza a planta livre.
FIGURA 27 – OCA, VISTA INTERNA DO PAVILHÃO
FONTE: MICE SÃO PAULO. Disponível em: <http://www.cidadedesaopaulo.com/sp/en/what-to-see/
attractions/sightseeings/4089-oca>. Acesso em: 26 jun. 2016.
O Palácio das Artes foi originalmente concebido para exposições de esculturas. 
Um domo engolfa toda a composição que se desenvolve em um subsolo e 
três andares com lajes de formas diversas, presas por seus vértices. Esca-
das rolantes e rampas faziam a circulação entre os pavimentos. O prédio foi 
subutilizado em seu potencial arquitetônico, abrigando durante muito tempo 
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um planetário e um modesto museu de tradições populares. No ano de 2000 
Paulo Mendes da Rocha resgatou o espírito original de espaço de exposições, 
eliminando acréscimos e realizando pequenas modificações na circulação 
vertical – elevadores substituíram escadas rolantes – e instalado um controle 
de umidade e temperatura de ar (CAVALCANTI, 2001, p. 303- 304).
A reforma foi muito bem recebida pela população e pela comunidade de profissionais 
da área, que avaliam que a edificação foi recuperada em sua essência. Em oportunidade de 
visita ao local antes e depois da intervenção de Paulo Mendes da Rocha, pudemos constatar 
a vitalidade devolvida e a consequência no entorno e na interação com o parque.
O Centro de Estudos da Cultura Indígena foi um projeto pensado para Brasília e datado 
de 1988 e não executado, quando o arquiteto já defendia a forma que remetesse à habitação 
indígena, mas com as técnicas construtivas contemporâneas àquele período. 
FIGURA 28 – CROQUI, CENTRO DE ESTUDOS DA CULTURA INDÍGENA
FONTE: FUNDAÇÃO OSCAR NIEMEYER. Disponível em: <http://www.niemeyer.org.br/
obras?page=3>. Acesso em: 25 jun. 2016.
O prédio possui um grande salão com 46 metros de comprimento por 16 metros de 
largura para exposições e outro com as mesmas dimensões para os setores administrativos. 
Com uma solução estrutural através de tirantes de seis em seis metros, lajes de piso espessas 
e uma grande viga mestra central, o edifício impressiona com o espaço interno livre e acesso 
pela lateral de maior dimensão, muito característico na arquitetura indígena.
E pensei que o prédio se prestaria para um belo Museu. O Museu de Arte 
Moderna que a cidade reclama. O Museu do Índio – a sugestão vai depois 
– seria construído na Universidade que o Darcy criou. Era uma homenagem 
ao nosso irmão. E fiz o projeto do novo Museu do Índio com o maior carinho. 
Uma estrutura espetacular, lembrando a casa do índio. Arrojada, com o piso 
suspenso em tirantes, dentro do programa atual. A construção teria 15 m de 
altura e os dois espaços 42x16.
FONTE: Disponível em: <http://www.niemeyer.org.br/obra/pro296>. Acesso 
em: 15 jun. 2016.
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4 SEVERIANO MÁRIO PORTO E O REGIONALISMO 
 ECOEFICIENTE
Mais conhecido como arquiteto da floresta, Severiano Mario Porto integra os principais 
nomes de profissionais arquitetos voltados ao regionalismo e valorização da arquitetura indígena. 
Nasceu em Uberlândia e estudou na Faculdade Nacional de Arquitetura – FAN, no Rio de 
Janeiro. Contudo, se volta para Manaus na década de 60, quando realiza diversos projetos na 
capital amazonense, além de atuar no âmbito do urbanismo e no Ensino Superior do Estado. 
A ideia de regionalismo ecoeficiente se faz presente nos projetos do arquiteto 
Severiano Porto com a necessária abordagem holística, uma vez que os as-
pectos condicionantes de suas obras, realizadas durante mais de 30 anos que 
se estabeleceu na região amazônica, não se resumem à mera aplicação de 
técnicas de adequação da arquitetura ao lugar. As estratégias de concepção, 
que atentam indiscutivelmente para o rigor do clima ou para a racionalidade 
construtiva em vista da economia de meios, traduzem mais especificamente 
o que poderíamos chamar aqui de poéticas da adequação. Ele tem o olhar 
alargado pela sensibilidade humanista e chega a soluções de projeto só al-
cançadas pela síntese dos poetas (ROVO; OLIVEIRA, 2004, s/d).
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O conjunto de sua obra é extensamente premiado nacionalmente 
e internacionalmente. O campus da Universidade do Amazonas, 
onde também foi professor, e a sede da Suframa são bons 
exemplos para tratarmos como etnoarquitetura e regionalismo 
ecoeficiente.
FIGURA 29 – SEDE DA SUFRAMA – COBERTURA EM DOMOS
FONTE: ARCHDAILY. Disponível em: <http://images.adsttc.com/media/images/56de/d1dd/e58e/
ce68/3d00/011f/large_jpg/1323443566_1994_av_monografias_15.jpg?1457443288>. Acesso 
em: 31 ago. 2016.
A sede da Suframa apresenta diversas coberturas contíguas em concreto, elaboradas 
sob forma de domos, que aproveitam a iluminação natural marcando o centro dos espaços e 
conferem a exaustão do ar quente. As divisões internas são independentes da estrutura da 
cobertura, conferindo assim uma maior flexibilidade ao partido. 
FIGURA 30 – SEDE DA SUFRAMA – COBERTURA EM DOMOS
FONTE: ARCHDAILY. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/762300/classicos-da-
arquitetura-sede-da-suframa-severiano-porto/54e1e328e58ece99d5000001>. Acesso em: 31 
ago. 2016.
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5 O ARQUITETO JOSÉ A. B. PORTOCARRERO 
 E A ETNOARQUITETURA INDÍGENA
 O arquiteto José Afonso Botura Portocarrero, pesquisador e autor que trata da 
etnoarquitetura indígena, projetou o “Espaço do Conhecimento e Saber” para o SEBRAE 
(Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) do MatoGrosso, localizado em Cuiabá-MT. 
O projeto emprega como principal elemento a reprodução da forma da cobertura e arco ogival, 
característico das tribos do Xingu, além da adoção das proporções da habitação e do espaço 
interno sem divisões internas. “[...] Comecei a aprender o significado de outra arquitetura, muito 
diferente daquela que conhecia [...]” (PORTOCARRERO, 2010, p. 18).
FIGURA 31 - ESPAÇO DO CONHECIMENTO E SABER – VISTA INTERNA
FONTE: BELICOSA. Disponível em: <http://belicosa.com.br/novo/sustentabilidade-na-pratica/>. 
Acesso em: 12 jun. 2016.
A cobertura desta maloca apresenta um grande ganho microclimático, permitindo que 
o ar quente se dissipe e amenize as temperaturas internas nas habitações sem o uso de 
sistemas de climatização mecânica. Esta é uma das buscas da arquitetura dita sustentável, e 
que pode ser obtida através da observação de soluções regionais anteriores, como o caso da 
tecnologia desenvolvida pelas tribos indígenas. Outra releitura de que o arquiteto tirou partido 
foi na alocação do acesso principal pela lateral mais longa da planta em formato retangular, 
como podemos perceber no comparativo abaixo. 
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FIGURA 32 - VISTA DA COBERTURA DO ESPAÇO DO CONHECIMENTO
FONTE: CENTRO SEBRAE DE SUSTENTABILIDADE. Disponível em: <http://sustentabilidade.
sebrae.com.br/>. Acesso em: 12 jun. 2016. 
A edificação tem 1.000 m², com o desnível do terreno natural aproveitado para a criação 
de um auditório no subsolo. O terreno não recebeu aterros. O arquiteto fez uso da forma 
aplicando camadas de coberturas que são intercaladas por outra de ar de 30cm, e que permite 
a coleta da água da chuva que passa por estas, resfriando a superfície, e faz o reúso da água 
na própria edificação, mantendo a edificação mais fresca e sustentável. 
FIGURA 33 - VISTA EXTERNA DO ESPAÇO DO CONHECIMENTO
FONTE: AU PINI. Disponível em: <http://au.pini.com.br/>. Acesso em: 12 jun. 2016.
O sistema de iluminação artificial usa a luz solar para prover a energia necessária para 
acioná-lo através de seis luminárias solares na cobertura, o uso de espelhos internos intensifica 
a luminosidade gerada por estas lâmpadas e a transparência dos painéis de vidro nas fachadas 
aproveita a luz natural durante o dia. 
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RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você estudou que: 
•	 A etnoarquitetura não é apenas uma homenagem nostálgica aos povos indígenas e seus 
conhecimentos empiricamente adquiridos e passados ao logo do tempo de geração em 
geração. 
•	 A etnoarquitetura indígena é o reencontro de uma cultura abandonada com a chegada e 
ocupação dos europeus no Brasil. É uma espécie de releitura e retomada de conceitos que 
por um longo período da história de nosso país nós negamos. 
•	 O objetivo dos arquitetos, apresentados neste tópico, foi a produção arquitetônica voltada 
para as formas das habitações indígenas do Brasil. 
•	 Severino Mario Porto apresenta, somado ao regionalismo do Amazonas, a busca pela 
ecoeficiência. Já o arquiteto José Portocarrero alia a sustentabilidade e o regionalismo através 
de sua produção literária e arquitetônica, trata-se de um bom exemplo de etnoarquitetura 
indígena atual. 
•	 Oscar Niemeyer e sua imensurável busca pela brasilidade alcança a etnoarquitetura indígena 
em um período de grande furor pela busca de uma “nova arquitetura”, e loca sua obra “Oca” 
em uma das cidades mais importantes do país, São Paulo. Assim, permite para a massa e 
principalmente para a elite da sociedade conceber uma nova visão da habitação indígena. 
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1 Após a depuração e análise dos conceitos da etnoarquitetura, descreva quais as 
características desta arquitetura podem ser equiparadas com o conceito da arquitetura 
verde ou arquitetura sustentável?
2 Após entendermos as técnicas construtivas das habitações indígenas vernaculares 
e o conceito da etnoarquitetura, em sua visão, o homem branco conseguiu aprender 
conceitos relativos à sustentabilidade com este povo? Ou ainda ignoramos estes 
conceitos por estarem atrelados a uma cultura empírica? 
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A ARQUITETURA COLONIAL
DO SÉCULO XVI AO FINAL SÉCULO XIX
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 4
Com a chegada dos europeus ao Brasil, através do acontecimento histórico mais 
conhecido como “Descobrimento do Brasil”, em 1500, iniciou-se através do litoral a ocupação 
do território por estes desbravadores. Os europeus iniciaram naquele momento um movimento 
de aproximação dos padrões da sua terra natal, incluindo costumes, cultura, religiosidade, 
língua e a arquitetura. Na verificação das consequências destes esforços dos homens 
brancos europeus recém-chegados ao território novo, os estudiosos classificam a arquitetura 
do ano de 1500 (descoberta das terras brasileiras) até a Proclamação de Independência do 
Brasil em 1822, como Arquitetura Colonial do século XVI ao século XVIII. É fato que diversas 
discussões desta classificação acontecem até hoje entre os estudiosos, contudo podemos 
constatar que as correntes arquitetônicas mais “importadas” da Europa para o novo continente 
foram o Renascimento, Maneirismo, Barroco, Rococó e Neoclássico (GOULART, 1970). Este 
processo foi gradual e obteve características peculiares, foi adotado pela população brasileira 
miscigenada, adaptado até certo ponto ao sítio topográfico e natural do Brasil e resultou em 
belíssimos centros históricos.
UNIDADE 1
2 O CHOQUE DE CULTURAS E AS PRIMEIRAS VILAS
Nos tópicos anteriores desta unidade nós estudamos como os índios brasileiros se 
organizavam em seu cotidiano antes da chegada dos europeus. Os povos nativos mantinham 
uma vivência em comunidade, em habitações coletivas cobertas de folhagens (palha) e com 
uma cultura ritualística e profunda em crenças. 
Em contraponto, os portugueses que alcançaram o território brasileiro em expedições 
tinham uma religiosidade rígida, moravam em habitações unifamiliares e em “cidades”, ou seja, 
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em espaços com os arruamentos oriundos da época medieval, mais precisamente do feudalismo. 
Temos de lembrar que os portugueses e espanhóis, que se lançaram ao mar à procura de 
ouro e riquezas, tinham tido o contato anterior ao Brasil com as Índias. Lá, já aprenderam a 
conviver com o clima quente e úmido, muito diferente de sua terra natal. Assim, observaram o 
povo hindu e suas habitações de cobertura de palha e revestimento de barro, sendo no Brasil 
um reencontro com esta técnica similar (GOULART, 1970).
[...] o português foi uma espécie de coordenador, orientador e homogeneizador 
dessa moradia. Com o índio, aprende que cozinhar nos trópicos é uma tarefa 
a ser feita do lado de fora; numa varanda ou num puxado do lado da casa. 
A solução para o escoamento das grandes chuvas ele copia da experiência 
aprendida no Oriente, trazendo dessas regiões as inflexões dos telhados e 
dos beirais alongados com desenhos graciosos. De Portugal traz as pare-
des caiadas e os portais coloridos, tão comuns nas paisagens do Minho, do 
Alentejo e do Algarve. Transforma a pequena casa portuguesa, por força do 
modelo econômico, numa ‘casa-grande’, à qual agrega os escravos africanos 
num puxado ao lado da cozinha, que se denominou senzala (VERÍSSIMO; 
BITTAR, 1999, p. 54). 
Com o encontro de culturas dos portugueses já ambientados com a técnica construtiva 
hindu e a ambiência que estes se depararam ao adentrar no território brasileiro, podemos 
verificar o surgimento das habitações rústicas brasileiras, tipologia ainda muito tradicional no 
país, e até certo ponto “importada” dos povos da Índia. Ela se caracteriza pela planta quadradae pelo uso da palha em sua cobertura.
FIGURA 34 – RANCHO AO PÉ DA SERRA DO CARAÇA
FONTE: ENSINAR HISTÓRIA. Disponível em: <http://www.ensinarhistoriajoelza.com.br/>. Acesso em: 
25 jun. 2016.
Este primeiro momento dos exploradores com o intuito da dominação do território 
e a obtenção de riquezas é marcado pelos pequenos povoados ainda nômades. Assim, as 
estruturas para o abrigo eram mais simplórias, tipo cabanas. Do ponto de vista de absorção 
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da cultura indígena brasileira pelo europeu, alguns costumes foram adotados, principalmente 
no âmbito alimentar. 
Alguns valores do mundo indígena foram plenamente aceitos. Entre eles, os 
mais evidentes foram o cultivo dos frutos da terra e o consumo desses ali-
mentos, os banhos diários, e a rede de dormir. Por outro lado, na vida fora da 
casa os valores das culturas indígenas foram totalmente desdenhados, como 
a harmônica convivência com a natureza, a preservação do meio ambiente 
(WEIMER, 2005, p. 57).
No interior do Brasil, a dominação do nativo com a catequização e aculturação promove 
uma mudança no cenário e na organização da sociedade. Para as regiões áridas do Brasil, 
como o sertão, é no revestimento das paredes com o barro que se faz possível a melhoria do 
microclima interno, através da umidade que o barro “não curado” propicia. Este mesmo barro 
batido conforma o piso dos ranchos, que capta a umidade da terra e aumenta ainda mais esta 
umidade interna. Esta técnica que mistura a madeira e a vedação em barro cru não permite 
aberturas muito grandes, criando assim panos de paredes monocromáticos. Dispostos de 
frente uns para os outros, percebemos assim a criação das primeiras vilas, com arruamentos 
que substituíram a formatação das aldeias indígenas vernaculares. 
As técnicas construtivas não tinham sofisticação, haja vista as limitações econômicas 
e de mão de obra na época. As coberturas de telhas cerâmicas substituíram as coberturas de 
palha muito posteriormente, em torno de 1630 (COLIN, 2010).
Na sequência da linha do tempo, vemos variações das técnicas construtivas surgirem, 
como a construção das habitações de pau a pique, adobe ou taipa de pilão. 
3 A TAIPA DE PILÃO, ADOBE E PAU A PIQUE
A taipa de pilão é uma técnica construtiva oriunda da cultura árabe, muito difundida 
na Europa, e já conhecida então por portugueses e espanhóis. Com a abundância do barro 
vermelho no território brasileiro, ela foi muito utilizada na conformação das vilas rurais. A técnica 
consiste basicamente na execução de formas em madeiras com dimensões de um metro de 
altura por três a quatro metros de comprimento, que recebem barro vermelho em camadas 
de 20 centímetros e que é amassado e prensado através de pilões. Eram utilizadas algumas 
fibras naturais facilmente obtidas, como crinas de cavalos, assim como alguma dosagem de 
areia, argila e até mesmo óleo de baleia para conferir maior durabilidade. A secagem variava 
entre quatro a seis meses, a depender da região e da estação do ano. Após esta secagem as 
paredes recebiam uma espécie de argamassa, igualmente obtida através de materiais naturais, 
como cal, areia e até mesmo fezes de animais (COLIN, 2010). 
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FIGURA 35 – TAIPA DE PILÃO
FONTE: BARBOU, 1981, p.19. Disponível em: <https://coisasdaarquitetura.files.wordpress.
com/2010/06/taipa-1a.jpg>. Acesso em: 31 ago. 2016.
FIGURA 36 – PAREDE DE TAIPA DE PILÃO DO SÍTIO SOLIDÃO, GUARAREMA-SP 
FONTE: BARBOU, 1981, p. 20. Disponível em: <https://coisasdaarquitetura.files.wordpress.
com/2010/06/taipa-1a.jpg>. Acesso em: 31 ago. 2016.
As casas bandeiristas, do século XVIII, localizadas, principalmente, no Estado de São 
Paulo, apresentavam as suas construções sob uma planta regular e executadas em taipa de 
pilão. Como estas paredes não eram tão resistentes às intempéries, vemos o surgimento dos 
beirais maiores nas coberturas e a colocação de blocos de pedras nas bases, que impediam o 
contato direto com a umidade. A tipologia do sítio, ocupada pela família dos primeiros fazendeiros 
abastados, desenvolve a varanda como elemento central da fachada, sendo os dois cômodos 
laterais a capela e o quarto de hóspedes, que servia de abrigo aos viajantes. Os quartos eram 
voltados para a sala, que dava acesso à cozinha. 
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FIGURA 37 – PLANTA TIPO SÍTIO BANDEIRISTA 
FONTE: COISAS DA ARQUITETURA. Disponível em: <https://coisasdaarquitetura.files.wordpress.
com/2011/04/sitio-do-padre-inc3a1cio.jpg?w=500&h=821>. Acesso em: 31 ago. 2016.
FIGURA 38 – SÍTIO BANDEIRISTA 
FONTE: COISAS DA ARQUITETURA. Disponível em: <https://coisasdaarquitetura.files.wordpress.
com/2011/04/sitio-padre-inc3a1cio.jpg?w=500&h=333>. Acesso em: 31 ago. 2016.
O adobe consiste no empilhamento de blocos de argila para a construção das paredes. 
Estas peças de argila são também fabricadas através de formas de madeira, contudo em 
dimensões menores que a das taipas de pilão. A dimensão, que se assemelha aos tijolos de 
alvenaria comuns à atualidade, de aproximadamente 20 centímetros de altura por 20 centímetros 
de largura, por 40 centímetros de comprimento, era comumente aplicada a divisões internas 
das habitações. As formas preenchidas por barro vermelho e expostos ao Sol para secagem 
têm na dimensão a principal diferença entre as duas técnicas, pois o adobe também faz uso 
do “mix” de materiais naturais na massa de barro, como a areia, a cal e crinas de cavalo. As 
paredes recebem a proteção da argamassa de areia e cal. 
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FIGURA 39 – CONFECÇÃO DO ADOBE
FONTE: COISAS DA ARQUITETURA. Disponível em: <https://coisasdaarquitetura.files.wordpress.
com/2010/06/tijolos-de-adobe0001.jpg?w=300&h=65>. Acesso em: 31 ago. 2016.
A nomeação do pau a pique já traduz inicialmente a técnica construtiva, que é também 
conhecida por taipa de mão. Podemos encontrar ainda hoje nas regiões interioranas do Norte 
e Nordeste do Brasil a utilização do pau a pique, por ser de baixo custo e por ter se originado 
da cultura indígena. 
FIGURA 40 – ESTRUTURA PAU A PIQUE RÚSTICA
FONTE: BARBOU, 1981, p. 20. Disponível em: <https://coisasdaarquitetura.files.wordpress.
com/2010/06/pau-a-pique-rustico.jpg?w=300&h=280>. Acesso em: 31 ago. 2016.
A técnica se caracteriza pela utilização de peças mestras de madeira maiores enterradas 
na terra como estruturantes e de paus roliços de madeiras no sentido vertical trançados com 
outros no sentido horizontal. As porções dos esteios verticais que ficam enterrados mantêm a 
forma natural do tronco (nabo), sendo cortada em seção quadrada na outra porção. Observe 
a imagem a seguir que apresenta o esquema de encaixes da técnica. 
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FIGURA 41 – CONFECÇÃO ESTRUTURA PAU A PIQUE
FONTE: SANTOS, 1951. Disponível em: <https://coisasdaarquitetura.files.wordpress.com/2010/06/
pau-a-pique-apurado1.jpg?w=213&h=300>. Acesso em: 31 ago. 2016.
A vedação propriamente dita é obtida com a aplicação manual da massa de barro que 
preenche os espaços criados pela estrutura de madeira. Incrivelmente, a técnica foi utilizada 
para edificar igrejas em Minas Gerais, pois em casos de paredes mais altas, outras peças 
horizontais mais grossas são utilizadas para estruturar o pano. Contudo, sua aplicação era 
comumente utilizada nas divisões internas das edificações executadas em taipa de pilão. 
Estas habitações, encontradas no interior do território, criam uma subdivisão clara 
entre as típicas vilas rurais e as vilas urbanas, principalmente sob a ótica da implantação das 
habitações, como vamos explorar na sequência.
4 AS HABITAÇÕES URBANAS COLONIAIS ATÉ 
 MEADOS DO SÉCULO XIX
No litoral, os primeiros povoados foram criados por ser o local de chegada e partida

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