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1 SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE QUÍMICA DEPARTAMENTO DE QUÍMICA ORGÂNICA Disciplina: QUI-B37 - QUÍMICA ORGÂNICA BÁSICA EXPERIMENTAL IA Salvador – Bahia Q U ÍMI C A OR G Â N IC A E X P E R I ME N TA L 2 INTRODUÇÃO OBJETIVOS 1. Fortalecer o conhecimento obtido em disciplinas de química orgânica teórica através do estudo paralelo de teoria e prática. 2. Apresentar e utilizar as técnicas comuns de laboratório de química orgânica: recristalização, extração, destilação, determinação de constantes físicas, cromatografia, infravermelho, etc. 3. Conhecer e utilizar os procedimentos para a identificação e caracterização da estrutura de substâncias orgânicas (Análise Orgânica Qualitativa). 4. Estudar métodos e técnicas de síntese orgânica, preparar, purificar e identificar determinadas substâncias. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Ao final do curso o aluno deverá ser capaz de: 1. Utilizar as técnicas básicas de laboratório para avaliar o grau de pureza e purificar uma substância orgânica; 2. Escolher uma técnica adequada para separar misturas de substâncias orgânicas; 3. Identificar substâncias orgânicas por meio de métodos químicos e físicos de análise; 4. Aprender a pesquisar na literatura procedimentos apropriados para a síntese de determinadas substâncias orgânicas; 5. Preparar, separar, purificar e identificar determinadas substâncias orgânicas; 6. Interpretar as etapas do experimento bem como a finalidade de substâncias, reagentes e materiais utilizados; 7. A partir do procedimento de síntese de determinada substância orgânica, planejar e executar uma preparação correlata; 8. Elaborar um relatório com os resultados dos experimentos realizados. 2 MEDIDAS DE SEGURANÇA O trabalho de laboratório exige o máximo de concentração, atenção e responsabilidade. Para evitar acidentes é fundamental que o aluno tenha consciência dos RISCOS inerentes às atividades de laboratório. É preciso conhecer e aplicar uma série de regras básicas de segurança e, também, usar sempre os equipamentos de proteção individual (EPI) e coletiva (EPC). 3 N O R M A S D E S E G U R A N Ç A L A B O R A T Ó R I O D E Q U Í M I C A A segurança INDIVIDUAL é uma conquista COLETIVA 1. Realize apenas experimentos autorizados; 2. Use sempre jaleco, luvas e óculos de segurança (EPI); 3. Use sempre calçado fechado, isolante e antiderrapante; 4. Não fume ou conduza cigarro aceso no laboratório; 5. Manipule com cuidado todo e qualquer produto químico; 6. Evite a inalação de vapores orgânicos; 7. Não aqueça sistemas fechados; 8. Pipete usando pera ou seringa; 9. Verifique com atenção os rótulos de reagentes e soluções; 10. Evite o contato de substâncias químicas com a pele e a roupa; 11. Evite o uso de lentes de contato enquanto estiver no laboratório; 12. Evite a manipulação e consumo de alimentos no laboratório; 13. Não manipule ou aqueça qualquer substância próxima ao rosto; 14. Utilize a capela ao trabalhar com substâncias voláteis, tóxicas ou inflamáveis; 15. Não use solventes voláteis e inflamáveis na proximidade de chamas; 16. Localize os extintores, verifique os tipos existentes e como devem ser usados; 17. Localize o chuveiro de emergência, o lava-olhos e o conjunto de primeiros socorros; 18. Não use solventes orgânicos para remover quaisquer substâncias sobre a pele; 19. Observe e dê o tratamento adequado aos rejeitos químicos (solventes, soluções, reagentes e substâncias químicas); 20. Mantenha todos os frascos devidamente rotulados e fechados; 21. Abra frascos o mais longe possível do rosto e evite aspirar ar naquele momento; 22. Não aqueça tubos de ensaio com a extremidade aberta na direção de um colega ou na sua própria direção; 23. Encare todo produto químico como veneno em potencial até constatar sua inocuidade; 24. Informe-se sobre a toxicidade de substâncias a utilizar; 25. Evite trabalhar sozinho. Em caso de acidentes, de qualquer espécie, independente da gravidade, avise ao coordenador, professor ou professora e siga suas recomendações. 4 SUMÁRIO Título Página Determinação de propriedades físicas 05 Destilação simples e fracionada 08 Destilação por arraste à vapor 12 Extração com solventes inertes e reativos 17 Cromatografia 20 Princípios de análise orgânica 25 Reação de acilação (I) 33 Reação de nitração 37 Reação de hidrólise 39 Reação de acilação (II) 42 Reação de esterificação 45 Reação de Condensação aldólica 48 Referências bibliográficas 51 ANEXOI- Modelo de Fluxograma 52 ANEXO II-Interpretação de espectros de substâncias orgânicas na região do infravermelho 53 ANEXO III- Calculando o Índice de Deficiência de Hidrogênio (IDH) 54 ANEXO IV- Interpretando um espectro de infravermelho 55 ANEXO V- Esquema para interpretação de espectros de substâncias orgânicas na região do infravermelho 60 ANEXO VI- Tabela para interpretação de espectros de substâncias orgânicas na região do infravermelho 61 ANEXO VII- Introdução a Química verde 63 5 DETERMINAÇÃO DE PROPRIEDADES FÍSICAS OBJETIVOS Conhecer as propriedades físicas mais utilizadas na identificação/caracterização de substâncias; Utilizar as propriedades físicas para identificar a pureza de uma substancia; Conhecer os métodos mais comuns na determinação das propriedades físicas. 1. Introdução As propriedades físicas são propriedades que não alteram a composição química da substância. Essas propriedades podem ser utilizadas na identificação ou caracterização de uma substância pura. As propriedades físicas mais utilizadas são: temperatura de fusão, temperatura de ebulição, índice de refração, densidade e solubilidade. A temperatura de fusão (Tf) é a temperatura na qual os estados sólido e líquido coexistem em equilíbrio sob a pressão de 1 atm. Durante a fusão, a temperatura permanece constante enquanto a substância passa do estado sólido para o estado líquido. Para uma substância pura, é aceitável uma variação entre 0,5 a 1 oC, na faixa do ponto de fusão. A temperatura de ebulição (Te) é a temperatura na qual o líquido passa ao estado gasoso. Nessa temperatura, a pressão de vapor do líquido se iguala à pressão externa exercida em qualquer ponto sobre a sua superfície. A ebulição varia com a pressão e quando não acompanhado de sua indicação, refere- se à pressão ao nível do mar (760 mmHg). O ponto de ebulição à pressão de 760 mmHg (ou 1 atm.), é denominado ponto de ebulição normal podendo ser determinado através da técnica de destilação. O índice refração (n T D ) é definido como sendo a relação entre a velocidade da luz no ar e a velocidade da luz na substância que está sendo analisada, apresentando valor característico para cada substância. O índice de refração é representado como nDTºC, onde o sobrescrito T ºC corresponde à temperatura na qual foi feita a medida e D, o comprimento de onda da raia D da luz de sódio. A temperatura afeta a densidade do meio e consequentemente, a velocidade com que a luz o atravessa. Em geral o índice de refração diminui com o aumento da temperatura, apresentando também variações com o comprimento de onda da luz e com a pressão atmosférica. A densidade (d) absoluta é a massa por unidade de volume de uma substância, medida em gramas por centímetro cúbico (g/cm3). A densidade relativa é a razão entre a massa específica de uma substância e a massa específica de outra. No caso de líquidos e sólidos é determinada em relação à água e no caso de gases, em relação ao ar ou hidrogênio. A massa específica da água é igual a 1 a 4 oC, (a massa de 1 cm3 = 1 g). Sendo assim, a densidade relativa dessas substâncias coincide com o valor da densidade absoluta. A densidade de uma substância é determinada frequentemente pela comparação direta dos pesos de volumes iguais deamostra e água a uma dada temperatura. A solubilidade é a quantidade máxima de substância que pode ser dissolvida em uma quantidade padrão de solvente empregado, a uma dada temperatura. Ao atingir este ponto a solução é considerada saturada. A solubilidade é uma propriedade muito utilizada na caracterização de compostos orgânicos, por permitir avaliar sua polaridade pela interação com solventes inertes ou presença de grupos funcionais. Geralmente, considera-se um sólido solúvel num determinado solvente quando se consegue dissolver 3,0 gramas do sólido em 100 mL do solvente. Os valores de solubilidade registrados na literatura normalmente são acompanhados de indicação da temperatura. Quando a temperatura não é indicada ao lado do coeficiente de solubilidade é assumida como padrão a chamada temperatura ambiente (T.a.) 20 oC. 6 A determinação das constantes físicas é um passo importante para a identificação de uma substância orgânica, portanto os valores determinados experimentalmente devem ser comparados com os valores registrados na literatura. 2. Parte Experimental 2.1. Determinação da temperatura de ebulição (Te) Método 1 - Montar uma aparelhagem para destilação simples e proceder a destilação de 50 ml de amostra utilizando um balão de capacidade apropriada. Juntar fragmentos de porcelana porosa e aquecer vagarosamente o líquido. Observar o início da destilação, anotando a temperatura do termômetro quando as primeiras gotas de destilado alcançarem o condensador. Utilizar uma proveta graduada como frasco coletor e recolher o destilado a intervalos correspondentes aos seguintes volumes: 0; 2,5; 5,0; 10; 15; 20; 25 e 30 ml, anotando as temperaturas correspondentes. Construir um gráfico lançando temperatura na ordenada e volume de destilado na abcissa e determinar o ponto de ebulição da amostra. Método 2 – A temperatura de ebulição da substância pode ser determinada em pequena escala pelo método de Siwoloboff. Em um tubo, de ensaio colocar 3-4 mL do líquido a ser determinado o ponto de ebulição. Neste tubo coloca-se um capilar com a extremidade aberta dentro do líquido. A este sistema fixa-se um termômetro, de modo que o seu bulbo fique alinhado ao fundo do tubo de ensaio (Figura 1). Figura 1. Esquema do aparelho utilizado na determinação da temperatura de ebulição. O aquecimento deve ser realizado em banho de óleo. No momento em que a saída de bolhas do capilar se tornar constante e o líquido subir pelo capilar, este será ponto de ebulição da substância. 2.2. Determinação do índice de refração Utilizando o refratômetro de Abbe, determinar o índice de refração da amostra líquida fornecida e anotar a temperatura na qual foi medido. Para fins de comparação com o valor registrado na literatura, fazer a correção da temperatura utilizando a fórmula abaixo: nD20 = nDT + 0,00045 (T = 20 ºC) nD20 = Índice de refração a 20 oC nDT = Índice de refração medido à temperatura T do laboratório / ambiente T = Temperatura no momento da medida 7 2.3. Determinação da densidade (d) Pesar um cilindro graduado de 50 mL limpo e seco. Acrescentar 50 mL da amostra líquida e pesar novamente. Dividir o peso da amostra pelo volume medido para obter uma densidade aproximada. 2.4. Determinação da temperatura de fusão (Tf) Introduzir uma pequena porção da amostra sólida, em um tubo capilar fechado em uma das extremidades, até a altura de 3,0mm. Fixar o tubo capilar a um termômetro, utilizando um pequeno anel de borracha, de modo que a substância fique na altura do bulbo. Aquecer esse conjunto usando banho de óleo. Para manter o aquecimento uniforme e evitar superaquecimento agitar o banho com o auxílio de um bastão de vidro ou de uma barra magnética. Observar atentamente a temperatura em que os primeiros cristais se fundem (temperatura inicial de fusão) e aquela em que a massa sólida passa totalmente ao estado líquido (temperatura final de fusão). Os dois valores registrados correspondem à faixa de fusão da substância. 2.5. Determinação da solubilidade Uma substância será considerada solúvel se 0,2 mL de um líquido ou 0,1 g de um sólido são dissolvidos completamente em 3 mL de determinado solvente, à temperatura ambiente. Testar a solubilidade da amostra em água, álcool, clorofórmio e hexano. Utilizar quatro tubos de ensaio e adicionar em cada um 0,1 g da amostra sólida e 3mL de solvente. Observar a solubilidade em cada solvente e anotar os resultados. Caso seja insolúvel em determinado solvente, aquecer o tubo da amostra em banho-maria, testando a solubilidade à quente. Estabelecer uma relação entre o resultado obtido e a estrutura da amostra utilizada. 3. Questionário 1. Defina o que é uma propriedade física. Cite exemplos. 2. Assim como as propriedades físicas, as propriedades químicas também podem ser utilizadas na caracterização de certos compostos orgânicos. Quais são as vantagens das propriedades físicas sobre as propriedades químicas na caracterização de compostos orgânicos? 3. Na sua opinião, qual das propriedades físicas é mais é acessível? Porquê? 4. O que é uma solução saturada? 5. Um estudante obteve uma solução saturada de NaCl e adicionou 10g de NaCl sólido, o que acontecerá nessa solução? 6. Um líquido à temperatura ambiente pode ser caracterizado por seu ponto de fusão? Qual método você sugere? 7. Um sólido pode ser caracterizado por seu índice de refração? 8. Nem sempre um pesquisador possui uma grande quantidade do material (gramas) que deseja caracterizar. Dentro desse contexto: 9. Qual é a propriedade física necessita de menor quantidade de material para ser determinada? 10. Qual é a propriedade física que necessita de mais quantidade do material? Referências bibliográficas: 1; 2; 8; 9; 10. 8 DESTILAÇÃO SIMPLES E FRACIONADA OBJETIVOS Discutir a importância da técnica de destilação e suas principais aplicações; Construir uma curva de calibração de fração molar e índice de refração com misturas de acetato de etila; Utilizar a técnica de destilação para separação de uma mistura de dois solventes; Conseguir determinar a quantidade de acetato de etila presente nas frações obtidas a partir da destilação. 1. Introdução O refinamento do petróleo envolve uma série de operações de destilação com o objetivo de produzir uma série de frações de hidrocarbonetos. Os derivados mais conhecidos são: nafta, gasolina, querosene, óleo diesel, lubrificantes e asfalto. Todos esses derivados parecem indispensáveis em nosso cotidiano, com aplicações das mais distintas. De fato, a petroquímica é um dos setores industriais mais importantes e onde a técnica de destilação é utilizada mais intensivamente. Destilação é uma técnica geralmente utilizada para purificar um líquido, remover um solvente, para separar os componentes de uma mistura homogênea de líquidos, ou ainda separar líquidos de sólidos. No processo de destilação, o líquido (ou mistura) a ser destilado é colocado no balão de fundo redondo e aquecido, fazendo com que seja vaporizado e então condensado, retornando ao estado líquido (chamado de destilado), sendo em seguida coletado em um recipiente apropriado. Em uma situação ideal, a substância de menor temperatura de ebulição é destilada primeiro e coletada em um recipiente. As outras substâncias, com temperaturas de ebulição mais elevadas, permanecem no balão de destilação. A temperatura de ebulição (Te) de um líquido pode ser definida como a temperatura na qual sua pressão de vapor é igual à pressão externa, exercida em qualquer ponto, sobre sua superfície. O líquido entra em ebulição e “ferve”, ou seja, é vaporizado por bolhas formadas no interior da massa líquida. Para evitar a uma ebulição tumultuosa de um líquido durante a destilação, adicionam-se alguns fragmentos de porcelana porosa. Tais fragmentos liberam pequenas quantidades de ar e promovem uma ebuliçãomais regular. Os tipos mais comuns de destilação são: destilação simples, destilação fracionada, destilação a vácuo e destilação por arraste de vapor. Destilação simples: A destilação simples é uma técnica usada na separação de um líquido volátil de uma substância não volátil. Não é uma forma muito eficiente para separar líquidos compostos de ebulição próximos. A Figura 2representa um aparato para destilação simples. O sistema consiste em um balão de fundo redondo, uma cabeça de destilação que conecta o balão ao termômetro e o condensador. O termômetro é fundamental para se conhecer a temperatura que está sendo realizada a destilação. O condensador resfria o vapor do sistema e realiza a condensação. O condensador pode apresentar vários modelos, mas basicamente consiste de um tubo envolvido por uma capa de vidro oca contendo água fria. Para se evitar o aquecimento da água que envolve o tubo, esta é trocada continuamente por meio de um banho de circulação, com entrada de água na parte inferior do condensador e saída na parte superior. Depois de atravessar o condensador o líquido destilado é recolhido no frasco coletor. 9 Figura 2. Esquema de um equipamento para destilação simples. Destilação Fracionada: A destilação fracionada é usada para separar dois ou mais líquidos de diferentes pontos de ebulição. A Figura 3 mostra um aparato para destilação fracionada. Fisicamente, a única diferença da destilação fracionada para a destilação simples é a coluna de fracionamento, também chamada de coluna Vigreux. A coluna permite a separação de líquidos com pontos de ebulição mais próximos. Essa coluna consiste essencialmente de um longo tubo vertical (com recheio ou não) através do qual o vapor sobe e é parcialmente condensado, retornando ao balão. Figura 3. Esquema de um equipamento para destilação fracionada. Dentro da coluna Vigreux, o líquido, que volta, entra em contato direto com o vapor ascendente e ocorre um intercâmbio de calor, pelo qual o vapor é enriquecido com o componente mais volátil. Então, na prática, é comum utilizar uma coluna de fracionamento para reduzir o número de destilações necessárias para uma separação razoavelmente de dois líquidos. Uma coluna de fracionamento é projetada para fornecer uma série contínua de condensações parciais de vaporizações parciais do condensado e seu efeito é realmente similar a um determinado número de destilações separadas. Contudo, deve-se destacar que uma boa separação dos componentes de uma mistura não depende somente do tamanho da coluna de fracionamento, mas também de uma baixa velocidade de destilação, mantendo-se assim uma alta razão de refluxo. 10 A destilação ideal fornece uma série de frações definidas e rigorosas, cada uma destilando a uma temperatura definida. Depois de a primeira fração ter sido destilada, a temperatura aumenta rapidamente e nenhum líquido é destilado como uma fração intermediária. Numa situação de destilação ideal um gráfico de temperatura versus o volume do destilado será uma série de linhas horizontais e verticais semelhantes a uma escada. A presença de certa quebra na inclinação revela a presença de uma fração intermediária e a sua quantidade pode ser usada como um critério qualitativo do rendimento de diferentes colunas. Dessa forma, o objetivo principal de qualquer coluna de fracionamento é reduzir a proporção das frações intermediárias (misturas) a um mínimo. Os fatores mais importantes que influenciam a separação de misturas são: isolamento térmico, razão de refluxo, preenchimento de coluna e tempo de destilação. 2. Metodologia Neste experimento os componentes de uma mistura 1:1 de acetato de etila e tolueno serão separados por destilação fracionada (com duas colunas diferentes) e por destilação simples. Será verificada a composição e o grau de separação dos componentes desta mistura acetato de etila / tolueno, e serão comparadas as eficiências de separação obtidas por estas duas metodologias. A composição das misturas de acetato de etila e tolueno dos destilados coletados será determinada através de medidas do índice de refração (n) com posterior extrapolação destas medidas para uma curva de calibração (gráfico de fração molar de acetato de etila X índice de refração da mistura). Cada grupo construirá uma curva de calibração. Lembrando que o índice refração é definido como a relação entre a velocidade da luz no ar e a velocidade da luz na substância que está sendo analisada, esse valor de “n” é característico para cada substância (ou mistura). Um gráfico de ponto de ebulição em função da composição da mistura indicará o grau de separação dos componentes desta mistura. Uma boa separação corresponde a um gráfico com pontos de ebulição baixos na primeira parte e altos no final, indicando acetato de etila e tolueno como componentes principais no início e fim da destilação, respectivamente. 3. Procedimento 3.1. Construção da curva analítica Calcule a massa (g) de acetato de etila e tolueno para o número de moles na Tabela 1. Na sequência, prepare soluções contendo acetato de etila e tolueno em diferentes proporções (Tabela 1) e meça o índice de refração (n) para cada solução. Construa um gráfico de índice de refração versus fração molar de acetato de etila. Esse gráfico será a curva analítica que pode ser utilizada para determinar a fração molar de acetato de etila nas frações recolhidas nas destilações fracionada e simples, e coloque estes valores na Tabela 1. Tabela 1: Curva analítica (Índice de refração x Fração Molar de acetato de etila). Fração molar AcOEt () no mols AcOEt no de mols tolueno massa (g) AcOEt massa (g) tolueno índice de refração 0 - 0,10 0,2 0,02 0,08 0,4 0,04 0,06 0,6 0,06 0,04 0,8 0,08 0,02 1,0 0,10 - 11 3.2. Destilação simples e fracionada Pese de forma exata 0,1 mol de acetato de etila (MM = 88, d = 0,900 g/mL) e 0,1 mol de tolueno (MM = 92, d = 0,867 g/mL). Combine os líquidos num balão de fundo redondo de 100 mL. Repita esta operação e tenha dois balões com a mistura de solventes. Monte o equipamento de destilação simples (conforme a Figura 2) e o equipamento de destilação fracionada (conforme a Figura 3). Destile lentamente a solução, de tal modo que a velocidade de destilação seja constante e não mais que 30 gotas do destilado por minuto. Use uma proveta graduada para recolher o destilado. Anote a temperatura inicial de destilação (0 mL), quando as primeiras gotas do destilado forem recolhidas. Despreze as primeiras 15 gotas do destilado e recolha uma alíquota de 15 gotas em um frasco com tampa (marcado com o n° 1). Continue a destilação, anotando a temperatura e recolhendo novas alíquotas de 15 gotas a cada 5 mL do destilado. Use frascos marcados em sequência (1, 2, 3, 4...10) e, posteriormente, meça o índice de refração de cada alíquota do destilado. A partir destes dados construa um gráfico, em papel milimetrado ou em uma planilha eletrônica (Excel®), lançando na abscissa o volume do destilado em intervalos de 5 mL e, na ordenada, a temperatura de destilação observada naquele ponto. Faça também um gráfico de composição de acetato de etila na mistura (obtida a partir do índice de refração obtido e da curva analítica) versus volume recolhido. Anote os valores em uma tabela conforme sugestão a seguir (Tabela 2). Tabela 2: Frações obtidas durante a destilação fracionada (ou simples) Fração de destilado Temperatura de ebulição (oC) Índice de refração Fração molar de AcOEt 0 mL 5 mL 10 mL 15 mL etc. Para o grupo que trabalhar com a coluna de Snider utilizar 100 mL de cada componente (acetato de etila e tolueno) e recolher frações a cada 20 mL para medir o índice de refração. 3. Questionário 1. Cite as diferenças básicas entre a destilação simples e a fracionada: 2. Em uma destilação,quais procedimentos devem ser adotados para que a ebulição tumultuosa de líquidos seja evitada? 3. Quando a coluna de fracionamento para destilação deve ser utilizada? 4. Explique o funcionamento do condensador utilizado em uma destilação. 5. Quais os principais fatores que influenciam a separação de uma mistura quando usamos a destilação? 6. A técnica de destilação pode ser utilizada para a separação de dois sólidos? 7. O que é uma mistura azeotrópica? Os componentes desta mistura podem ser separados por destilação? Cite exemplos. 8. Cite alguns processos industriais que empregam técnicas de destilação. 9. Sugira uma solução para o seguinte problema: o líquido a ser destilado possui ponto de ebulição muito próximo da temperatura ambiente. 10. O acetato de n-propila (Te = 102 oC) evapora rapidamente quando exposto ao ar ambiente. Entretanto, isto não ocorre com a água (Te = 100 oC). Explique. Referências bibliográficas: 1; 2; 8; 9; 10. 12 DESTILAÇÃO POR ARRASTE À VAPOR OBJETIVOS Conhecer a importância dos óleos essências e suas aplicações; Utilizar a técnica de destilação por arraste à vapor para extração do eugenol ou limoneno; Reconhecer as condições necessárias para a utilização da destilação por arraste a vapor e suas vantagens sobre outros métodos. 1. Introdução Os odores ou aromas característicos que identificamos em diversas plantas devem-se principalmente aos óleos essenciais. Exemplos de plantas aromáticas são a canela, pitanga, orégano, menta, erva-doce etc. Os óleos essenciais são usados, principalmente por seus aromas agradáveis em perfumes, incensos, temperos e agentes flavorizantes. Além disso, alguns óleos essenciais são também conhecidos por suas atividades biológicas como, repelentes de insetos, antibacteriana e antifúngica. Os óleos essenciais não são compostos por uma só substância, mas uma mistura complexa de ésteres, hidrocarbonetos, álcoois e compostos carbonílicos. Devido a ampla aplicação na indústria alimentícia os óleos essenciais são produtos de elevada importância econômica. Dependendo do tipo de essência, um litro do produto pode custar mais de R$ 4.000,00 reais. Muitos componentes dos óleos essenciais são substâncias de alto ponto de ebulição cuja técnica mais adequada para obtê-los é através da destilação por arraste a vapor. A destilação por arraste de vapor é uma destilação de misturas imiscíveis de compostos orgânicos e água (vapor). Misturas imiscíveis não se comportam como soluções. Os componentes de uma mistura imiscível "fervem" a temperaturas menores do que os pontos de ebulição dos componentes individuais. Sendo assim, uma mistura de substâncias com alto ponto de ebulição e água pode ser destilada à temperatura menor que 100°C, o ponto de ebulição da água. O princípio da destilação de arraste a vapor baseia-se no fato de que a pressão total de vapor de uma mistura de líquidos imiscíveis é igual a soma da pressão de vapor dos componentes puros individuais (Equação 1), não dependendo da proporção de nenhum dos componentes na mistura. Portanto, quando a pressão total de vapor da mistura imiscível se iguala à pressão atmosférica, a mistura entrará em ebulição numa temperatura menor que o ponto de ebulição de qualquer um dos componentes. Para dois líquidos IMISCÍVEIS A e B: Ptotal = PoA + PoB (Equação 1) Onde PoA e PoB são as pressões de vapor dos componentes puros. Perceba que este comportamento é diferente daquele observado para líquidos miscíveis (Ex. água e etanol), onde a pressão total de vapor é a soma das pressões de vapor parciais dos componentes (Equação 2). Neste caso, a pressão de vapor do componente puro (Po) e sua correspondente fração molar (X) são igualmente importantes, e ambos são considerados na Equação 2. Para dois líquidos MISCÍVEIS A e B: Ptotal= XA.PoA + XB.PoB (Equação 2) Onde XA.PoA e XB.PoB correspondem às pressões parciais de vapor. 13 A composição do vapor não depende da composição da mistura quando um sistema de dois líquidos imiscíveis é destilado. Cada componente exercerá a mesma pressão que exerceria se estivesse sozinho no sistema. A temperatura de ebulição da mistura imiscível será inferior à do ponto de ebulição da substância mais volátil, e se manterá constante enquanto existir a mistura. Quando houver a destilação completa de um dos componentes, a temperatura se elevará até o ponto de ebulição do componente que restou. A destilação por arraste a vapor é um método utilizado quando não é possível utilizar outro tipo de purificação/separação como destilação, filtração ou extração. A destilação por arraste a vapor pode ser utilizada nos seguintes casos: 1. Quando se deseja separar ou purificar uma substância com alto ponto de ebulição, mas há risco de ocorrer sua decomposição caso essa temperatura seja alcançada; 2. Para separar ou purificar substâncias contaminadas com impurezas resinosas; 3. Para se extrair óleos essenciais a partir de materiais vegetais, uma vez que temperaturas acima de 100oC podem decompor um ou mais de seus componentes; 4. Para retirar solventes de elevado ponto de ebulição, imiscíveis com a água, quando a solução contém um ou mais componentes não-voláteis; 5. Para separar substâncias pouco miscíveis em água, cujas pressões de vapor sejam próximas a da água à 100C. 2. Metodologia A destilação por arraste de vapor pode ser feita através de dois métodos principais: o Método Indireto (também conhecido como “Externo”), onde o vapor é gerado externamente e conduzido ao balão contendo o material a ser extraído; e o Método Direto (ou “Interno”), onde o vapor é gerado in situ (no local) aquecendo-se diretamente o balão de destilação contendo o material e água. Ambos métodos estão representados na Figura 4. Embora o método indireto seja clássico e tenha a vantagem de permitir o aquecimento por meio do vapor d’água que é gerado externamente, às vezes este método é considerado mais complicado e perigoso por alguns autores. Assim, por ser mais simples e fácil de ser executado, o método direto é muitas vezes usado. A - Método Indireto B - Método Direto Figura 4: Aparelhagem para destilação por arraste a vapor. 14 3. Parte Experimental 3.1. Extração do Eugenol Neste experimento será isolado o eugenol (4-alil-2-metoxifenol, 1) do cravo-da-índia (Eugenia caryophyllata), pela técnica de destilação por arraste a vapor. Uma vez obtido o eugenol (1), deve-se separá-lo da solução aquosa através de extrações com diclorometano. Traços de água presentes no solvente deverão ser retirados com a ajuda de um agente dessecante (e.g., sulfato de sódio anidro). Devido à pequena quantidade da substância isolada, não é possível a sua purificação por destilação. Contudo, é possível caracterizar a presença dos grupos funcionais da molécula por meio de testes químicos. Dessa forma, a presença de uma ligação dupla não conjugada poderá ser identificada por meio de: i) adição de bromo (solução de bromo (Br2) em diclorometano); e ii) reação com uma solução aquosa de permanganato de potássio. O aparato para realização da destilação por arraste a vapor consiste em um balão de fundo redondo equipado com um adaptador de Claysen, uma das entradas será conectada ao gerador de vapor (método indireto) ou a um funil para adição de água (método direto), e em outra uma cabeça da destilação, conforme mostrado na Figura 4. O frasco coletor para a destilação deverá ser um Erlenmeyer de 125 mL (ou proveta de 100 mL) e a fonte de calor será o vapor produzido externamente (método indireto) ou uma manta elétrica (método direto). Coloque 10 g de cravos moídos (botão da flor de cravo seco) em um balão de três bocas de 500 mL e adicione 150 mL de água destilada. Inicie o aquecimento de modo a ter uma velocidade de destilação lenta, mas constante. Durante a destilação continue a adicionar água atravésdo funil de adição, numa velocidade que mantenha o nível inicial de água no balão. Continue a destilação até conseguir coletar 100 mL do destilado. Depois de destilar 100 mL desligue o aquecimento. Transfira o volume destilado para um funil de separação. Faça a extração com duas porções de diclorometano (2 x 10 mL). Separe a fase orgânica e reserve, despreze a fase aquosa (ATENÇAO! Fase superior). Use sulfato de sódio anidro para secar a fase orgânica. Depois de secar, com cuidado filtre a mistura usando papel pregueado (ver Figura 5) diretamente para um balão 50 mL de fundo redondo previamente tarado. Lave o balão com uma pequena porção de diclorometano (5mL) e, em seguida, remova o solvente no evaporador rotativo. O material que permanecer no balão depois de evaporado o solvente será seu óleo essencial, rico em eugenol. Calcule a porcentagem de extração de óleo baseado na quantidade original de cravo usada. 3.1.2. Caracterização do Eugenol Depois de extrair o óleo essencial do cravo devemos caracterizar a molécula que desejada, o eugenol. Devido a dificuldade de purificar o composto almejado ou caracterizá-lo através de suas propriedades físicas, pode-se convertê-lo em um derivado. Nesse experimento vamos preparar 2 derivados, o primeiro através da reação do eugenol com uma solução diluída de permanganato de potássio (KMnO4) e o segundo reagindo o eugenol com uma solução de bromo (Br2). 3.1.3. Reação com Permanganato de potássio e Bromo. Prepare uma solução do extrato obtido em diclorometano (adicionando 2-3 mL de CH2Cl2 ao extrato). Depois transfira 2 gotas do extrato puro para um tubo de ensaio e adicione 2 mL de diclorometano. Nesse mesmo tubo adicione 3-4 gotas da solução teste de KMnO4. Anote suas observações! O que ocorreu? (Não havendo mudança um leve aquecimento pode ser necessário). 15 Em outro tubo de ensaio repita a operação novamente, mas trocando as gotas de permanganato pela solução de Br2.Anote suas observações! O que ocorreu? Descreva o que foi observado ilustrando com as reações correspondentes. 3.2 Extração do limoneno presente na casca da laranja As mesmas proporções de massa podem ser utilizadas para a extração de essências de cascas de frutas cítricas (laranja e limão), bem como quaisquer outras substâncias (flores, frutas, sementes, chás, cascas, etc.). No caso de laranja e limão, as substâncias extraídas serão os enantiômeros do limoneno 2, um terpeno bastante abundante na natureza. Descascar 3 laranjas maduras e cortar as cascas em pequenos pedaços. Colocar as cascas cortadas das laranjas em um balão de fundo redondo de 500 mL. Adicionar 200 ml de água destilada ao balão e conectar o mesmo à um aparato de destilação por arraste a vapor (Figura 5). Iniciar o aquecimento do sistema e destilar a mistura lentamente. Se usado o método direto, continue adicionando água através do funil de adição durante a destilação, numa velocidade que mantenha o nível inicial de água no balão. Continue a destilação até conseguir coletar 100 mL do destilado. Depois de destilar 100 mL desligue o aquecimento. Transfira o volume destilado para um funil de separação. Faça a extração do destilado com duas porções de diclorometano (2 x 10 mL). Separe a fase orgânica e reserve, despreze a fase aquosa (ATENÇAO! Fase superior). Use sulfato de sódio anidro para secar a fase orgânica. Depois de secar, com cuidado filtre a mistura usando papel pregueado diretamente para um balão 50 mL de fundo redondo previamente tarado. Lave o balão com uma pequena porção de cloreto de metileno (5mL) e em seguida retire o solvente no evaporador rotativo. O material que permanecer no balão depois de evaporado o solvente será seu óleo essencial, rico em limoneno. Calcule a porcentagem de extração de óleo baseado na quantidade original de cravo usada. 3.2.1 Caracterização do limoneno Prepare uma solução do extrato obtido em diclorometano (adicionando 2-3 mL de CH2Cl2ao extrato). Depois transfira 2 gotas do extrato puro para um tubo de ensaio e adicione 2 mL de diclorometano. Nesse mesmo tubo adicione 3 - 4 gotas da solução teste de KMnO4. Anote suas observações! O que ocorreu? (Não havendo mudança um leve aquecimento pode ser necessário). Em outro tubo de ensaio repita a operação novamente, mas trocando as gotas de permanganato pela solução de Br2.Anote suas observações! O que ocorreu? Descreva o que foi observado ilustrando com as reações correspondentes. 4. Questionário 1. Explique o funcionamento de uma destilação por arraste de vapor. Desenhe os aparatos dos métodos indireto e direto para justificar sua resposta. 2. Qual a função dos agentes dessecantes? Cite exemplos: 16 3. Em quais situações deve-se utilizar a destilação por arraste a vapor? 4. Considerando que a destilação por arraste de vapor é viável quando se tem uma quantidade razoável de material a ser extraído, quais outros métodos em laboratório poderiam ser utilizados para a purificação da pequena quantidade de eugenol obtida nesta prática? 5. Apresente a reação do eugenol com o permanganato de potássio. 6. Apresente a reação do eugenol com Bromo. 7. Cite outra reação (ou seja, outro derivado) que poderia ser preparada a partir do eugenol. 8. Como pode ser realizada a caracterização do eugenol? 9. Calcule o rendimento da extração e discuta os seus resultados. 10. Apresente outros exemplos de compostos orgânicos que podem ser extraídos de fontes naturais, tais como: anis estrelado, noz moscada, pimenta, hortelã, guaraná e sassafrás. Referências bibliográficas: 1; 2; 8; 9; 10. 17 EXTRAÇÃO COM SOLVENTES INERTES E ATIVOS OBJETIVOS Conhecer as diferentes técnicas de extração usadas em um laboratório; Utilizar as técnicas de extração com solventes inertes e solventes ativos; Compreender a origem/importância do efeito “salting-out”; Conhecer o sistema de extração contínua de Soxhlet. 1. Introdução A maior parte dos produtos naturais e muitas preparações comerciais (fármacos) são misturas de diferentes compostos químicos. Para se obter um composto puro de uma mistura podemos utilizar vários métodos. Entretanto, todos os métodos de purificação se baseiam na diferença de suas propriedades físicas e químicas. Por exemplo, líquidos com pontos de ebulição diferentes são separados por destilação. Substâncias que possuem grandes diferenças de solubilidade podem ser separadas por filtração ou extração. Substâncias que apresentam propriedades ácidas ou básicas podem ser convertidas em seus sais, os quais são solúveis em água e podem ser isolados dos outros compostos insolúveis em água, pela técnica de extração. A técnica de extração é utilizada na separação e isolamento compostos orgânicos, seja a partir de misturas naturais ou resultantes de uma reação química. As duas principais técnicas de extração envolvem solventes inertes e solventes reativos. 1.2. Extração com solventes inertes A técnica de extração com solventes inertes envolve a separação/purificação de uma substância presente em uma solução ou suspensão de um determinado solvente, através da agitação com um segundo solvente, no qual a substância orgânica seja mais solúvel e que seja pouco miscível com o solvente que inicialmente a contém. Quando as duas fases são constituídas de líquidos imiscíveis, o método é conhecido como "extração líquido-líquido". Neste tipo de extração o composto estará distribuído entre os dois solventes. O sucesso da separação depende da diferença de solubilidade do composto nos dois solventes. Geralmente, o composto a ser extraído é insolúvel ou parcialmente solúvel num solvente, mas é muito solúvel no outro solvente. A água é usada como um dos solventes na extração líquido-líquido, uma vez que a maioria dos compostos orgânicos são imiscíveis em água e porque ela dissolve compostos iônicos ou altamente polares. Os solventes mais comuns compatíveiscom a água na extração de compostos orgânicos são: éter dietílico, éter diisopropílico, benzeno, clorofórmio, tetracloreto de carbono, diclorometano e éter de petróleo. Estes solventes são relativamente insolúveis em água e formam, portanto, duas fases distintas. A seleção do solvente dependerá da solubilidade da substância a ser extraída e da facilidade com que o solvente possa ser separado do soluto. Nas extrações com água e um solvente orgânico, a fase da água é chamada "fase aquosa" e a fase do solvente orgânico é chamada "fase orgânica". 18 1.3. Extração com solventes reativos A técnica de extração com solventes reativos também é usada na separação/purificação de substâncias, porém nesse caso são empregadas soluções extratoras que reagem quimicamente com a substância de interesse. Dessa maneira, é possível alterar a solubilidade da substância e a extração pode ocorrer. Geralmente são utilizadas soluções aquosas ácidas e/ou básicas para extrair uma substância de uma fase orgânica. (Perceba que esta técnica utilizada reações do tipo ácido-base para promover a extração!). Por exemplo, uma solução aquosa básica pode ser utilizada para remover um ácido carboxílico de uma solução de solvente orgânico. Essa extração é baseada no fato de que o sal do ácido carboxílico é solúvel em solução aquosa básica. Da mesma maneira, um composto orgânico básico pode ser removido de uma solução de solvente orgânico pelo tratamento com solução aquosa ácida. Após a separação as substâncias neutras podem ser regeneradas revertendo a reação ácido-base. 1.4. Extração contínua (Sistema de Soxhlet) Quando uma determinada substância apresenta uma baixa solubilidade em um solvente orgânico, são necessárias grandes quantidades de solvente orgânico para se extrair pequenas quantidades da substância. Isto pode ser evitado usando um extrator tipo Soxhlet, aparelho comumente utilizado para extração contínua com um solvente quente. Neste sistema uma quantidade relativamente pequena de solvente é necessária para uma extração eficiente. 2. Parte Experimental 2.1. Extração com solventes inertes e efeito “salting-out”. Marcar 6 tubos de ensaio com as legendas 1A, 1B, 2A, 2B, 3A e 3B, e, em cada um deles, colocar 2 mL de água destilada. Em cada tubo de ensaio, adicionar 5 gotas de solução aquosa de cristal de violeta 0,1% e agitar. Em seguida, adicionar 2mL de éter etílico aos tubos 1A e 1B, 2 mL de clorofórmio aos tubos 2A e 2B e 2 mL de álcool n-amílico aos tubos 3A e 3B. Agitar vigorosamente cada um dos tubos, observar o aspecto das camadas (intensidade de cor) e anotar os resultados (comparar a intensidade de cor das camadas orgânicas e aquosas). Aos tubos 1B, 2B e 3B, adicionar pequenas porções de cloreto de sódio (NaCl) até que a solução esteja saturada. Observar o efeito da adição de sal: comparar a intensidade de cor das fases aquosas e orgânicas nos tubos 1A e 1B, 2A e 2B, 3A e 3B e anotar as conclusões. 2.2. Extração com solventes quimicamente ativos Em um funil de separação de 125 mL, adicionar com auxílio de um funil de líquidos, 10 mL de uma solução contendo uma mistura deum ácido carboxílico (ácido benzoico), um fenol (2-naftol), uma amina aromática (p-nitroanilina) e um composto neutro (naftaleno) dissolvidos em tolueno. Sobre a solução que repousa no funil de separação adicionar7mL de solução aquosa de ácido clorídrico 10%, agitar e em seguida deixar em repouso até a separação das fases. (Observar atentamente a concentração de cada solução a ser usada!). Recolher a camada aquosa (inferior) em um Erlenmeyer de 125 mL marcado com o n° 1 e reservar. Na sequência, lavar a fase orgânica com 10 mL de água, agitar, deixar separar as camadas e recolher a fase aquosa (inferior) em um béquer de 100 mL. À fase orgânica remanescente contida no funil de separação, adicionar 7mL de solução aquosa de bicarbonato de sódio de sódio 10%, agitar e em seguida deixar em repouso até a separação das fases. Recolher a camada aquosa (inferior) em um Erlenmeyer de 125 mL marcado com o n° 2 e reservar. Novamente lavar a camada orgânica com 10 mL de água, agitar, deixar separar as camadas e recolher a fase aquosa (inferior) em um béquer de 100 mL. Em uma nova operação, adicionar à fase orgânica contida no funil de separação7mL de solução aquosa de hidróxido de sódio 10%, agitar e em seguida deixar em repouso até a separação das fases. 19 Recolher a camada aquosa (inferior) em um Erlenmeyer de 125 mL marcado com o n° 3 e reservar. Lavar a camada orgânica com 10 mL de água e recolher a camada aquosa (inferior). 2.3. Precipitação e isolamento das substâncias extraídas Transfira a fase orgânica do funil de separação para um vidro de relógio (n° 4) e deixe evaporar o solvente na capela. Ao Erlenmeyer n° 1 adicione lentamente uma solução de hidróxido de sódio 40% (NaOH) no frasco, aproximadamente 5 mL, até que ocorra a precipitação total do sólido. Aos frascos n° 2 e n° 3adicione uma solução de ácido clorídrico 50% (HCl), aproximadamente 5 mL, em cada frasco até que haja a precipitação total dos respectivos sólidos. Em seguida, resfrie os frascos n° 1, 2 e 3 em banho de água e gelo por 5 minutos. Se houver dificuldade para precipitar os sólidos, atritar as paredes internas dos recipientes com um bastão de vidro. Depois de resfriar, utilizando um funil de Buchner e Kitasato, realize a filtração a vácuo da amostra nº 1. Após a filtração, lave o sólido com pequenas porções de água gelada. Na sequência, deixe o composto secar por alguns instantes na bomba de vácuo. Com o auxílio de uma espátula, transfira o sólido para um papel de filtro e deixe secar ao ar livre. Repetir o processo de filtração para as amostras nº2 e 3. Estocar as amostras obtidas em recipientes rotulados para secagem do composto. Após secagem, pesar as amostras e determina a quantidade de cada composto foi obtido (recuperação). Identificar cada um dos componentes isolados e apresentar as reações envolvidas no processo. 2.4. Extração contínua de sólidos Montar uma aparelhagem para extração contínua de uma mistura sólida usando o extrator de Soxhlet. Proceder a extração dos componentes da semente de urucum (ou de folhas verdes) utilizando como solvente uma solução de etanol/água 50%. Acompanhar o processo de separação, observando e comparando a coloração do solvente extrator antes e após a extração. Apresentar conclusões sobre o procedimento utilizado. 3. Questionário 1. (Seção 2.1.) Como pode-se racionalizar o efeito que a adição de NaCl produz nos tubos de ensaio? 2. (Seção 2.2.) Forneça as equações das reações ocorridas na extração com solventes quimicamente ativos (amostras nº 1, 2 e 3). 3. (Seção 2.3.) Explique porque a solução contendo a amostra nº 1 aquece quando NaOH é adicionado? 4. (Seção 2.3.) Porque é importante resfriar os frascos com os sólidos precipitados antes de realizar a filtração? 5. Qual é a amina mais básica: p-nitroanilina ou p-toluidina? Justifique: 6. Coloque em ordem de acidez os seguintes compostos: ácido p-aminobenzoico, ácido p-nitrobenzoico e ácido benzoico: 7. Como funciona um extrator do tipo Soxhlet? 8. Pode-se usar metanol para extrair uma substância que se encontra dissolvida em água? Justifique sua resposta: 9. (Seção 2.2.) Na extração dos componentes presentes no tolueno a sequência realizada foi HClaq : NaHCO3 aq : NaOHaq. As soluções de bicarbonato de sódio e hidróxido de sódio são soluções básicas, haveria algum problema inverter a ordem dessas extrações? Referências bibliográficas: 1; 2; 8; 9; 10. 20 CROMATOGRAFIA OBJETIVOS Conhecer os fundamentos da técnica de cromatografia em coluna e cromatografia em camada delgada; Utilizar a técnica de cromatografia em camada delgada para identificar os compostos presentes numa mistura; Determinar índices de retenção para uma série de amostras e relacionar esses valores com a polaridadedas mesmas; Conhecer os métodos utilizados para visualização de diferentes amostras em cromatografia em camada delgada. 1. Introdução Cromatografia é uma técnica utilizada para analisar, identificar ou separar componentes de uma mistura. A cromatografia é constituída basicamente por 2 componentes, uma fase estacionária e uma fase móvel. Essa técnica permite a separação de duas ou mais substâncias por distribuição/interação entre a fase estacionária e a fase móvel. A separação por cromatografia ocorre a partir de uma mistura de compostos que é adsorvida em uma fase fixa, e uma fase móvel "lava" continuamente a mistura adsorvida (próximo a uma filtração). A escolha de uma fase fixa e fase móvel apropriadas pode-se fazer com que os componentes dessa mistura sejam arrastados ordenadamente. Dessa forma, aqueles compostos que interagem pouco com a fase fixa são arrastados facilmente e aqueles com maior interação ficam mais retidos. Os compostos presentes em uma mistura adsorvem-se as partículas de sólido devido a interação de diversas forças intermoleculares. Uma molécula terá uma maior ou menor retenção, dependendo das forças de interação presentes. Essas interações podem ser do tipo: formação de sais > coordenação > ligações de hidrogênio > dipolo-dipolo > London (dipolo induzido). A cromatografia pode ser do tipo sólido-líquido (coluna, camada fina, papel), líquido-líquido (HPLC), gás-líquido (CG). Nesse experimento vamos estudar a cromatografia sólido-liquido. 1.1. Cromatografia em coluna A cromatografia em coluna é uma técnica de partição entre duas fases, uma sólida (estacionária) e outra líquida (móvel). A separação ocorre basicamente pela capacidade de adsorção e solubilidade das moléculas. As fases sólidas mais comuns são a sílica gel (SiO2) e alumina (Al2O3), geralmente na forma de pó. A mistura a ser separada é colocada em uma coluna com um eluente (solvente) menos polar e vai- se aumentando gradativamente a polaridade do eluente e, consequentemente, o seu poder de arraste de substâncias mais polares. Uma sequência de eluentes normalmente utilizada é a seguinte: hexano, acetato de etila, clorofórmio, etanol, metanol, água e ácido acético. O fluxo de solvente na coluna deve ser contínuo, com ou sem pressão. Os diferentes compostos de uma mistura devem se mover com velocidades diferentes, dependendo da sua afinidade com a fase sólida e com o solvente. Grupos polares (-OH, -NH2, -COOH) interagem melhor com o adsorvente, porque a sílica é polar. Compostos apolares (alcanos, alcenos, alcinos) passam através da coluna com uma velocidade maior do que os compostos polares, porque apresentam menor afinidade com a fase sólida. Dessa forma, a capacidade de um determinado eluente em arrastar um composto adsorvido na coluna depende quase diretamente da polaridade do solvente com relação ao composto. À medida que os compostos da mistura são separados, bandas ou zonas móveis começam a ser formadas, cada banda deve conter somente um composto para obtermos uma separação ideal. É muito importante escolher adequadamente as fases estacionárias e móveis, pois se a fase estacionária escolhida interagir fortemente com todos os compostos da mistura, ela não se moverá. Por outro lado, se for escolhido um solvente muito polar, todos os compostos podem ser eluidos sem a 21 desejada separação. Através de uma escolha adequada de fase estacionária e fase móvel, praticamente qualquer mistura pode ser separada (Figura 05). Figura 05. Cromatografia em coluna. 2.2- CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA: A cromatografia em camada delgada (CCD) é uma técnica simples, barata e muito importante para a separação rápida e análise qualitativa de pequenas quantidades de material. Ela é usada para determinar a pureza de um composto, identificar componentes em uma mistura, acompanhar o curso de uma reação e ainda para isolar componentes puros de uma mistura. Na cromatografia de camada delgada a fase líquida ascende por uma camada fina de adsorvente estendida sobre um suporte. O suporte mais típico é uma placa de vidro ou alumínio. Quando a placa de CCD é colocada verticalmente em um recipiente fechado (Becker ou cuba) que contém uma pequena quantidade de solvente, o mesmo eluirá o adsorvente por ação capilar. Esse fenômeno é o mesmo que faz a água suba por uma folha de papel quando molhado (Figura 06). Figura 06. Placas de CCD antes e depois de eluídas. Na CCD a amostra é introduzida na parte inferior da placa de CCD, através de aplicações sucessivas de uma solução da amostra com um pequeno capilar. Deve-se formar uma pequena mancha circular. À medida que o solvente sobe pela placa, a amostra é empurrada para cima pela fase móvel ao mesmo tempo que é retida pela fase estacionária. Durante este processo, os diversos componentes da mistura são separados, de acordo com suas estruturas químicas. Como na cromatografia de coluna, as substâncias polares avançam menos e mais devagar que as substâncias mais apolares. Esta diferença na velocidade resultará em uma separação dos componentes da amostra. Quando estiverem presentes várias substâncias, cada uma se comportará segundo suas propriedades de solubilidade e adsorção, dependendo dos grupos funcionais presentes na sua estrutura. 22 Depois que o solvente ascendeu pela placa, esta é retirada da cuba e seca até que esteja livre do solvente. Cada mancha corresponde a um componente separado na mistura original. Se os componentes são substâncias coloridas, as diversas manchas serão claramente visíveis. Entretanto, é bastante comum que as manchas sejam invisíveis porque correspondem a compostos incolores. Para a visualização deve- se "revelar a placa". Um método bastante comum é o uso de vapores de iodo, que reage com muitos compostos orgânicos formando complexos de cor café ou amarela. Um parâmetro frequentemente utilizado em cromatografia é o "fator de retenção" de um composto (Rf). Na CCD, o Rf é uma função do tipo de fase estacionária empregada e do eluente. Ele é definido como a razão entre a distância percorrida pela mancha do composto e a distância percorrida pelo eluente. Portanto: Rf = dc / ds Onde: dc = distância percorrida pelo composto da mistura (analito). ds = distância percorrida pelo eluente. Figura 07. Placas de CCD representando Ds e Dc. Eluente: Hexano, Fase Estacionária: SiO2 Quando as condições de medida forem completamente especificadas, o valor de Rf é constante para qualquer composto dado e correspondente a uma propriedade física. Apesar de ser muito útil, o valor de Rf deve ser tomado como guia, pois existem vários compostos com o mesmo Rf. A reprodutibilidade dos valores de Rf depende de uma série de fatores que devem ser informados junto com esse valor. Esses fatores são: solvente utilizado, fase estacionária usada, espessura da camada adsorvente e quantidade relativa de material. 2- Metodologia Na aula de hoje serão apresentadas as técnicas básicas para o desenvolvimento de cromatografia em camada delgada e cromatografia em coluna. Na cromatografia em camada delgada (CCD) serão analisados e identificados os componentes coloridos comparando-os com padrões. Ainda será estudado o efeito do solvente no valor do Rf. Na cromatografia em coluna (CC) serão separados os componentes de uma mistura colorida de azul de metileno e alaranjado de metila em duas colunas diferentes, uma contendo alumina como fase estacionária e a outra contendo sílica gel. 23 3 - Parte Experimental PROCEDIMENTO: Figura 08. Passo a passo para preparação de uma placa de CCD. 1. Preparação das amostras e placa. Faça pontos na placa cromatográfica utilizando um lápis / grafite para determinar onde serão aplicadas as amostras. Frascos com padrões (substância pura) e misturas estão disponibilizados para todos os grupos. Em cada frasco adicione aproximadamente 0,5mL de clorofórmioem cada frasco para diluir o material (adicione 1 gota de metanol se preciso). 2. Aplicação das amostras. Aplique as amostras diluídas na distância de 1,0 cm da base inferior da placa cromatográfica usando um microtubo capilar ou micropipeta; 3. Preparação da câmara cromatográfica. Colocar 3mL do eluente (solvente ou mistura de solventes) em um becker ou câmara cromatográfica e fechar com uma tampa de vidro. Adicione ao frasco um pedaço de papel de filtro para facilitar a vaporização/saturação (Ver Figura 06); 4. Eluição. Depois de preparado o frasco com eluente, use uma pinça para colocar a placa na câmara cromatográfica. Lembre-se de colocar os pontos de aplicação para baixo; 5. Obtenção do Ds. Monitore a ascensão do solvente na placa cromatográfica, interrompa a eluição antes que o solvente alcance o limite superior da camada de gel de sílica. Caso o solvente ultrapasse o limite você não terá o Ds correto. Atenção! 6. Obtenção do Dc. Com um lápis ou grafite marque até que o solvente alcançou na placa. Na sequência, observe a presença de manchas coloridas a olho nú e circule essas manchas também com lápis. Caso as manchas não apresentem coloração, faça a revelação com luz ultravioleta (254 e/ou 366 nm) e/ou em câmara de iodo, sempre circulando as manchas presentes imediatamente. 7. Revelação. Dentro da câmara escura com luz ultravioleta (UV) são revelados os compostos incolores que apresentam grupos cromóforos capazes de exibir fluorescência (cada mancha correspondente a uma substância e deve ser delineada com um lápis sob a luz UV, ainda na câmara); A outra opção é a revelação em câmara de iodo, onde o iodo forma um complexo com a substância orgânica e esse complexo se apresenta uma mancha marrom, violeta ou amarela (a placa é removida da câmara de iodo e o contorno é feito em seguida com lápis). 8. Determinação dos valores de Rf. Documentar todas as placas de CCD fazendo um desenho no caderno ou na apostila. Preserve o tamanho original da placa e anote as condições das análises como fase estacionária, composição do eluente, revelação. Depois calcule os valores de Rf (fator de retenção) para cada um dos componentes das misturas. Após calcular os valores de Rf compare e tente associar esses valores com a polaridade de cada substância. Qual composto é mais polar? Qual composto é menos polar? Quais os solventes que não retiraram as amostras da base? Quais os solventes que fazem as amostras subirem alto na CCD? Quais compostos precisam de revelador de Iodo? Porque? 24 Materiais utilizados. A. Placas de cromatografia de 7,5 x 2,5 cm Tipo 1: Gel de sílica G; Tipo 2: Gel de sílica GF 254. B. Solventes (polaridade crescente): Hexano> Clorofórmio> Acetato de etila> Acetona> Etanol> Metanol. C. Amostras (misturas de substâncias): C1. Vermelho de Metila (VM) e Fluoresceína (FLC). C2. Acetanilida (ACT) e m-Dinitrobenzeno (DNB). C3. Fluoresceína (FLC) e Dibenzalacetona (DBA). O D. Visualização das placas cromatográficas D1. Olho nu / Câmara de luz ultravioleta; D2. Câmara de luz ultravioleta; D3. Câmara de iodo (I2) / Câmara de luz ultravioleta. 4. Questionário 1. Cite os principais tipos de forças que fazem com que os componentes de uma mistura sejam adsorvidos pelas partículas de um sólido. 2. Cite as características que um solvente deve apresentar para lavar ou arrastar os compostos adsorvidos na coluna cromatográfica. 3. Por que se deve colocar papel filtro na parede da cuba cromatográfica? 4. Se os componentes de uma mistura, após a corrida cromatográfica, apresentam manchas incolores, qual o processo empregado para visualizar estas manchas na placa? 5. O que é e como é calculado o Rf? 6. O valor de Rf pode ser considerado absoluto na caracterização de uma amostra? 7. Quais os usos mais importantes da cromatografia de camada delgada (CCD)? 8. Quais compostos são os mais polares entre os pares C1, C2 e C3? 9. Nas análises de CCD deve-se buscar sempre que o Rf da amostra fique entre 0,45 e 0,55, ou seja, preferencialmente no meio da placa cromatográfica. Explique porque não é desejável que uma mancha fique muito próxima da base ou da Ds. 25 PRINCÍPIOS DE ANÁLISE ORGÂNICA OBJETIVOS Conhecer as propriedades físicas e químicas mais utilizadas na identificação/caracterização de substâncias orgânicas desconhecidas. Aprender a utilizar a tabela de classificação dos compostos orgânicos pela solubilidade; Utilizar ensaios químicos para caracterizar a presença grupos funcionais presentes em uma amostra desconhecidas; Utilizar métodos espectroscópicos para determinar a estrutura de uma substância orgânica. 1. Introdução A análise orgânica é a área da química que envolve a identificação de substâncias por meio de processos físicos e químicos. O trabalho em laboratório de química orgânica não consiste apenas de preparações sintéticas. Após a síntese de uma espécie química deve-se identificar o produto obtido através de suas características físicas e químicas. A identificação completa de uma substância inclui as seguintes etapas: 1. Análise imediata: Caracteriza a amostra como uma substância pura ou mistura. Posteriormente se realiza a separação e purificação se for o caso. 2. Identificação das propriedades físicas: estado físico (sólido, líquido, gasoso), cor, odor, índice de refração, densidade, rotação óptica, ponto de fusão, ponto de ebulição. 3. Determinação da solubilidade: Fornece indícios de quais grupos funcionais estão presentes em uma amostra desconhecida. 4. Testes para grupos funcionais: Reações químicas realizadas para caracterização/identificação de grupos funcionais presentes em uma substância. 5. Análise elementar: Determina qualitativa ou quantitativamente a presença dos elementos que compõem uma substância orgânica. 6. Preparo de derivados: Através do preparo de um ou mais derivados conhecidos da substância que se está analisando, pode-se chegar à conclusão sobre a identidade do composto em questão. 7. Análise instrumental: Métodos cromatográficos: cromatografia em fase gasosa (CG) e cromatografia líquida (CL). Métodos espectrométricos: ultravioleta (UV), infravermelho (IV), ressonância magnética nuclear (RMN), espectrometria de massas (EM). 2. Metodologia Na aula de hoje serão disponibilizadas duas amostras desconhecidas (um líquido e um sólido) para cada grupo. O objetivo é identificar a estrutura da substância contida em cada amostra. As etapas de identificação para as amostras desconhecidas serão: Determinação de propriedades físicas; Determinação da solubilidade das amostras; Testes de grupos funcionais; Análise de espectros de infravermelho (IV) previamente obtidos junto com a fórmula química das amostras desconhecidas (os dados serão disponibilizados ao final da aula). 26 3. Parte Experimental 3.1 Análise imediata Observar e anotar as principais características da amostra que será analisada (estado físico, cor e odor). 3.2 Determinação das propriedades físicas Determinar a temperatura de fusão (sólido) ou temperatura de ebulição (líquido). Determinar o índice de refração da amostra líquida. 3.3 Determinação da solubilidade Um composto será considerado solúvel se 0,2 mL (~5 gotas) de um líquido ou 0,1 g de um sólido dissolve-se completamente em 3 mL de um determinado solvente ou solução que deve ser adicionado em pequenas porções, com agitação e à temperatura ambiente. Testar e observar a solubilidade de cada amostra nos diversos solventes ou soluções, de acordo com o esquema sumário de classificação pela solubilidade. Em um tubo de ensaio seco e identificado (por exemplo, L1, água), adicionar 0,2 mL (~5 gotas) da amostra líquida ou 0,1 g da amostra sólida e 3 mL do solvente ou solução. Agitar vigorosamente, observar e anotar o resultado: se a amostra é solúvel ou insolúvel. Atenção: utilizar umtubo de ensaio para cada teste a ser realizado (solubilidade em água, em éter, em solução de HCl 5%, em solução de NaOH 5% etc.). A partir dos resultados obtidos, classificar a amostra de acordo com a solubilidade, anotar as prováveis classes de substâncias e prosseguir com os testes químicos para identificação da função orgânica. ESQUEMA SUMÁRIO DE CLASSIFICAÇÃO POR SOLUBILIDADE Atenção: utilizar um tubo de ensaio para cada teste a ser realizado. Éter S2S1 InsolúvelSolúvel Água HCl 10% NaOH 5%B InsolúvelSolúvel A2A1 InsolúvelSolúvel H2SO4 conc. IN InsolúvelSolúvel NaHCO3 5% Solúvel Insolúvel Amostra Solúvel Insolúvel 27 Tabela de grupos de solubilidade Grupo Solubilidade Classses de substâncias S1 Solúvel em água; Solúvel em éter. Membros inferiores de várias séries homólogas de substâncias contendo oxigênio e nitrogênio (até cinco átomos em cadeia normal): ácidos carboxílicos e derivados, aldeídos, cetonas, álcoois, aminas e nitrilas; fenóis. S2 Solúvel em água; Insolúvel em éter. Substâncias muito polares e iônicas ou facilmente ionizáveis: sais de ácidos orgânicos, sais de aminas (cloridratos); aminoácidos; hidroxiácidos; ácidos sulfônicos; substâncias polifuncionais (poliácidos, polióis, carboidratos, poliálcoois etc.). B Básicos Insolúvel em água; Solúvel em HCl 10%. Substâncias básicas: aminas alifáticas com seis ou mais átomos de carbono; aminas aromáticas (anilinas); hidrazinas. A1 Ácidos 1 Insolúvel em água; Solúvel em NaOH 5% e em NaHCO3 5%. Ácidos orgânicos fortes: ácidos carboxílicos ou mais; ácidos dicarboxílicos; fenóis com grupos eletrofílicos em posições orto e para; ácidos sulfônicos. A2 Ácidos 2 Insolúvel em água; Solúvel em NaOH 5% e insolúvel em NaHCO3 5%. Ácidos orgânicos fracos: fenois, enóis e mercaptanas com cinco átomos de carbono ou mais; imidas; sulfonamidas; nitrocompostos alifáticos; oximas; tiofenois. N Neutros Insolúvel em água, HCl 10% e NaOH 5%; Solúvel em H2SO4 conc. Álcoois; aldeídos; cetonas; cetonas cíclicas; derivados de ácidos carboxílicos (ésteres, amidas etc.); éteres; epóxidos; acetais; alcenos, alcinos, compostos aromáticos (com grupos ativantes). I Inertes Insolúvel em água, NaOH 5% e HCl 10%; Insolúvel em H2SO4 conc. Hidrocarbonetos saturados acíclicos e cíclicos; hidrocarnonetos aromáticos; haletos de alquila e haletos de arila. Obs.: Os haletos e anidridos orgânicos estão incluídos devido a alta reatividade. 3.4 Testes para grupos funcionais Testar e observar a reatividade de cada amostra por meio dos ensaios químicos sugeridos. Seguir o procedimento descrito para cada teste. Para cada teste químico, observar atentamente e registrar qualquer alteração: mudança de coloração, desaparecimento de coloração, desprendimento de gás, elevação ou abaixamento de temperatura, turvação, formação de precipitado, separação de fases etc. Anotar se o resultado é positivo ou negativo. Se necessário, fazer um ensaio controle negativo e/ou positivo. Fazer uma análise conclusiva dos resultados, indicar o grupo funcional presente na sua amostra e apresentar as reações correspondentes aos testes executados (testes positivos). 3.4.1 Teste com bromo em clorofórmio Em um tubo de ensaio seco, dissolver 0,1 g de amostra sólida (0,2 mL se for líquida), em 2 mL de clorofórmio e adicionar 3 gotas de uma solução de bromo 5% em clorofórmio. O descoramento da solução de bromo, sem desprendimento de vapores de ácido bromídrico é uma prova positiva para insaturação, indicando uma reação de adição. O desaparecimento da coloração do bromo, acompanhado pelo desprendimento de ácido bromídrico, indica uma reação de substituição que é característica de compostos portadores de hidrogênio ativo como: fenóis, enóis e cetonas. Aminas aromáticas também geram resultados positivos para este tipo de reação, mas logo em seguida reagem com o ácido bromídrico, transformando-se em sais. 28 3.4.2 Teste com permanganato de potássio (Teste de Bayer) Em um tubo de ensaio seco dissolver 0,1 g da amostra sólida (0,2 mL se for líquida), em 2 mL de água ou acetona e adicionar 4 gotas de solução aquosa de permanganato de potássio 2%. A mudança de coloração do reativo e o aparecimento de precipitado é indicativo da reação de permanganato de potássio com compostos insaturados ou portadores de grupos oxidáveis. Caso não haja mudança imediata de coloração, deixar o tubo em repouso durante 5 minutos, com agitação ocasional. Uma leve mudança na coloração do reativo pode ser atribuída à presença de impurezas. 3.4.3 Teste com anidrido crômico (Teste de Jones) Em um tubo de ensaio seco dissolva 0,1g da amostra sólida (ou 0,2 mL se for líquida), em 1 mL de acetona e junte 2 gotas do Reagente de Jones (solução aquosa de CrO3 em ácido sulfúrico). Álcoois primários e secundários reagem imediatamente com a formação de uma suspensão opaca de coloração azul-esverdeada. Os álcoois terciários não reagem rapidamente, dessa forma a coloração alaranjada do reativo será mantida. Despreze qualquer mudança de coloração após 10 segundos. 3.4.4 Teste com cloreto férrico (FeCl3) Em um tubo de ensaio seco dissolver 30 mg da amostra sólida (ou 3 gotas, se a amostra for líquida) em 2 mL de água destilada, adicionar 3 gotas da solução aquosa de cloreto férrico 5% (recentemente preparada!) e observar a coloração. Caso não seja insolúvel em água, dissolver a amostra em diclorometano ou metanol. Comparar a coloração do ensaio com a amostra com um teste de referência: um tubo contendo água destilada e 3 gotas da solução de cloreto férrico. Se necessário, fazer um teste positivo com uma amostra de referência. 29 O aparecimento imediato de coloração (azul, violeta, vermelho) é característico de fenóis e enóis. 3.4.5 Teste para haletos de alquila Ensaio de Beilstein Ajustar um fio de cobre fazendo um pequeno anel da extremidade e aquecer em um Bico de Busen. Verificar a cor da chama (não deve ser verde) e em seguida resfriar o fio de cobre em água destilada contida em béquer. Mergulhar o anel de cobre na amostra, aquecer no Bico de Busen e observar a coloração da chama. A coloração verde na chama indica a presença de halogênio. Reação com nitrato de prata Em um tubo de ensaio seco adicionar 2 mL de uma solução de nitrato de prata 2% em etanol e 3 gotas da substância em análise. Se não houver reação em 5 minutos, à temperatura ambiente, aquecer a solução à ebulição em banho maria. A formação de precipitado de AgX indica teste positivo. Interpretação do resultado: haleto de alquila: precipitação de sólido; haleto de acila: precipitação de sólido solúvel em HNO3 diluido; haleto de arila: não reage. 3.4.6 Teste com bicarbonato de sódio Ácidos carboxílicos podem ser detectados pela liberação de dióxido de carbono quando reagem com bicarbonato de sódio em solução aquosa 10%. Em um tubo de ensaio seco adicione 0,1 g (ou 0,2 mL) da amostra e 1mL da solução de bicarbonato de sódio. R OH R + R O R Na +NaHCO3 H2CO3 CO2 H2O H2O+ A solubilização da amostra associada à liberação de dióxido de carbono (bolhas) é indicativo de compostos ácidos. 30 3.4.7 Teste com a 2,4-dinitrofenil-hidrazina (2,4-DNFH) Aldeídos e cetonas reagem com hidrazinas formando as hidrazonas correspondentes, as quais são sólidos insolúveis. Em um tubo de ensaio seco dissolva 0,1 g (ou 4 gotas) da amostra em 1,0mL de etanol e adicione 1,5 mL da solução de 2,4-DNFH, recentemente preparada. Agite e deixe a solução em repouso por alguns minutos. O aparecimento de precipitado indica que houve reação. 3.4.8 Distinção entre aldeídos e cetonas (Teste de Tollens) Aldeídos e cetonas podem ser diferenciados pelo teste com o reativo de Tollens, que se baseia na formação de um precipitado escuro e um espelho de prata, após reação do aldeído com nitratode prata em meio amoniacal. Em um tubo de ensaio seco coloque 2,0mL do reativo de Tollens (recentemente preparado!) e 4 gotas da substância (líquida) em análise (ou 0,1 g do sólido). Não agitar. Se não ocorrer a formação do espelho de prata, ajustar o pH do meio, por adição de 1 gota da solução de hidróxido de sódio 10%. Se ainda assim a reação não ocorrer, aqueça levemente o tubo com a chama do bico de Bunsen. A formação do espelho de prata no tubo de ensaio indica teste positivo. Atenção! O reagente deve ser preparado no momento do uso. Preparo do reativo: Em tubo de ensaio colocar 2,0mL de uma solução aquosa de nitrato de prata 5% e adicionar 1 gota de solução de hidróxido de sódio 10%. Juntar gota a gota, uma solução de hidróxido de amônio 2%, agitando constantemente até a completa dissolução do precipitado de óxido de prata. 3.4.9 Teste do iodofórmio Metil-cetonas podem ser identificadas através do teste do iodofórmio. A formação de um precipitado amarelo (CHI3) indica que o teste foi positivo. Em um tubo de ensaio seco coloque 0,1 g (ou 4 gotas) da amostra e dissolva em 2 mL de dioxano. Adicione ao tubo 2,0 mL de solução NaOH 10%. Aqueça a 60 °C e adicione a solução de iodo em quatro porções de 1,0 mL. Aqueça, com agitação ocasional, até o desaparecimento da cor do iodo. Quando a coloração escura desaparecer adicione 6,0 mL de água e agite. Após repouso de 15 minutos, se houver formação de um sólido amarelo, confirma-se a presença de metilcetona. 31 3.4.10. Teste para ésteres Ésteres reagem com cloridrato de hidroxilamina, em meio básico, para dar o sal do ácido hidroxâmico. Este, se converte, em meio ácido, em ácido hidroxâmico que, por sua vez, reage com FeCl3, formando um complexo de coloração violeta. A cor varia de intensidade dependendo da estrutura do éster. Teste preliminar: Em um tubo de ensaio seco, dissolva 50 mg (ou 3 gotas) da amostra em 1 mL de etanol e adicionar 1 mL de ácido clorídrico 1 M. Adicione 3 gotas de solução aquosa de cloreto férrico 5% e observe o aparecimento de cor. Se houver a mudança de cor para vermelho, laranja, azul ou violeta o teste para a função éster não poderá ser utilizado. Havendo apenas uma coloração amarelada, o teste poderá ser realizado. Teste: Em um tubo de ensaio seco coloque 50 mg (ou 3 gotas) da amostra e adicionar 1 mL de solução 0,5 M de cloridrato de hidroxilamina e 0,2 mL de hidróxido de sódio 20%. Aqueça a mistura à ebulição e mantenha o aquecimento por 1 minuto. Resfrie o tubo em um banho de água e adicione 2 mL de ácido clorídrico 1 M. Se houver turvação adicionar 2 mL de etanol. Na sequência, adicione 3 gotas de solução aquosa de cloreto férrico 5% e observe o aparecimento de cor. Compare a cor do teste com a coloração do teste preliminar. A cor vinho ou violeta, comparada com uma coloração amarelada do teste preliminar, é indicativa da presença de grupo éster. 3.5 Identificação das amostras Com base na classificação da solubilidade, propriedades físicas, resultados dos testes químicos, análise do espectro de infravermelho e fórmula molecular fornecida, sugerir a provável estrutura da substância desconhecida. 32 5. Questionário 1. Indique as prováveis classes de solubilidade a que os compostos abaixo pertencem, baseando-se apenas em suas características estruturais e no Esquema Sumário de Classificação por Solubilidade (p. 45). a) 3-metoxifenol, ciclo-hexanona, propionato de sódio. b) 3-metil-heptanal, ácido oxálico, 2-bromooctano. 2. Um composto desconhecido é solúvel em água e em cloreto de metileno. O teste com papel de tornassol indicou coloração azul. Qual(is) do(s) composto(s) abaixo poderia ser o desconhecido? Quais seriam solúveis em H2SO4 98%? 2,3-dibromopentano; dietilamina; 3-etilfenol; 2,4-dimetiloctano; 4-etilanilina. 3. Se um composto desconhecido fosse insolúvel em água e HCI 5%, quais testes ainda seriam necessários para identificá-lo? Existe alguma substância da questão anterior (2) que apresentaria estas características de solubilidade? 4. Um estudante de química sintetizou uma molécula orgânica inédita no laboratório. Contudo, o composto é insolúvel em todos os solventes comerciais. Levando em conta que a molécula foi realmente formada, como poderíamos caracterizar esse material? Referências bibliográficas: 1; 2; 8; 9; 10; 13. 33 REAÇÃO DE ACILAÇÃO (I) OBJETIVOS Discutir o mecanismo de uma reação de acilação; Utilizar métodos de preparação, separação, purificação e caracterização da acetanilida; Aplicara técnica de recristalização para purificar um composto orgânico; Discutir métodos de caracterização para o produto preparado. 1.Introdução O termo "acilação" cobre todas as reações que resultam na introdução de um grupo acila em um composto orgânico. As reações de acilação de aminas e fenóis apresentam grande interesse nas áreas de síntese, analítica e biológica. Muitas amidas e ésteres preparados por esta reação possuem aplicações diretas como fármacos. O ácido acetilsalicílico, a fenacetina e o acetominofen (paracetamol) são exemplos de compostos utilizados em diversos fármacos com ação analgésica suave (aliviam a dor) e antipirética (reduzem a febre). As estruturas dessas moléculas são mostradas na Figura 6. Figura 9. Moléculas acetiladas com atividade biológica. Além disto, o grupo acila também pode ser utilizado com um grupo protetor em uma rota sintética. Essa proteção é necessária porque muitas reações não ocorrem com grupos aminas ou fenóis livres, mas ocorrem nos acil-derivados. O grupo protetor é definido como um grupo adicionado antes de uma reação e retirado após realizada a transformação. As reações de acilação mais comuns são a acetilação e benzoilação. Em análise orgânica, existe uma grande importância no preparo de derivados porque eles permitem a caracterização de algumas substâncias (confirmação da identidade). A reação de acetilação pode ser feita através de dois métodos: com cloreto de acetila ou anidrido acético produzindo derivados acetilados. Contudo, os cloretos de acetila são pouco utilizados devido ao seu alto custo e toxicidade. Nesse caso, o presente experimento realiza a reação de acetilação com o anidrido acético em água. Busca-se nesse experimento evitar o uso de substancias auxiliares como ácido acético, acetato de sódio etc. Esse protocolo foi escolhido por seguir o conceito de Química Verde (Green chemistry). A química verde é uma área de pesquisa que visa o desenvolvimento de tecnologias e materiais incapazes de causar poluição, ou que possam produzir menos resíduos. 2. Recristalização Grande parte das reações químicas realizadas em um laboratório necessita de etapas extras de separação e purificação. A purificação de compostos cristalinos impuros geralmente é feita por cristalização a partir de um solvente ou de misturas de solventes. Essa técnica é conhecida por recristalização, e baseia-se na diferença de solubilidade que pode existir entre um composto cristalino e as impurezas presentes no produto da reação. Um solvente apropriado para a recristalização de uma substância deve preencher os seguintes requisitos: 1. Apresentar alta solubilidade da substância a temperaturas elevadas; 2. Deve apresentar baixa solubilidade da substância a baixas temperaturas; 3. Ser quimicamente inerte; 34 4. Possuir uma temperatura de ebulição relativamente baixa, para que possa ser facilmente removido da substância recristalizada; 5. Solubilizar mais as impurezas que a substância a ser recristalizada. O resfriamento, durante o processo de recristalização, deve ser feito lentamente para que se permita a formação de cristais grandes e puros. 3. Parte Experimental 3.1. Preparação da acetanilida (Reação de N-acilação) Figura 10. Reação de acilação para a anilina. Em um Erlenmeyer de 250 mL adicionar 8
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