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2º Ano - Sociologia - 3º Período | 1 2º Ano - Sociologia - 3º Período | 2 www.educacao.ma.gov.br Sociologia Área de Ciências Humanas 3º Período 2º Ano - Sociologia - 3º Período | 3 www.educacao.ma.gov.br 3º Período Temática: Movimentos Sociais. Mundo do Trabalho. Conteúdos O que você vai estudar? O que você vai aprender? • Movimentos sociais (concei- tos; âmbitos: local, nacional e mundial). • Movimentos sociais na con- temporaneidade (novas for- mas de mobilização). • Movimentos sociais e ques- tões trabalhistas. • Trabalho e sociedade (Marx, Weber e Durkheim; Tayloris- mo, Fordismo e Toyotismo; novas formas de trabalho: flexibilização; trabalho aná- logo ao escravo). • Mercado de Trabalho. Esse período o curso de socio- logia tem por objetivo apresen- tar aos educandos as discus- sões sobre Movimentos Sociais e o Mundo do Trabalho, na so- ciedade do século XXI, com seus dilemas e perspectivas. Essas discussões são importantes para ampliar a visão de mun- do dos jovens, sendo mais um instrumento para auxiliá-los a compreender a realidade na qual estão inseridos, visto que as ciências sociais favorecem a compreensão da sociedade, tornando possível uma tomada de consciência para construção de um pensamento autônomo. • Relacionar identidades cole- tivas e movimentos sociais; • Analisar, em perspectiva histórica, os movimentos sociais baseados em classes sociais, como os operários e trabalhistas; • Compreender os movimen- tos sociais contemporâneos, tais como o feminista, indí- gena, ambientalista, militân- cia pela igualdade racial e pelos direitos dos homosse- xuais, entre outros; • Identificar processos de mo- dernização e transformações das relações de trabalho; • Compreender as transforma- ções do mundo do trabalho geradas por mudanças de or- dem econômica. 2º Ano - Sociologia - 3º Período | 4 2º Ano - Sociologia - 3º Período | 5 www.educacao.ma.gov.br Exercício da imaginação sociológica. O que observamos nas imagens abaixo? Você tem fome de quê? Movimentos sociais ampliaram canais de interlocução com o Estado. Os Movimentos Sociais 2º Ano - Sociologia - 3º Período | 6 www.educacao.ma.gov.br Atualmente, em diversas regiões do mundo os movimentos sociais estão presentes. Os movimentos sociais são a mola pulsora para o exercício da cidadania e da construção de uma Democracia. É importante ressaltar que nos dias de hoje quando se ouve falar em movimentos sociais, geralmente a mídia traz notícias quase sempre negativas ou condena- tórias das suas atividades, como por exemplo sobre os sem-terra, os sem-teto e as ONGs. O que são os Movimentos Sociais? Os movimentos sociais são ações coletivas com o objetivo de manter ou mudar uma si- tuação. Eles podem ser locais, regionais, nacionais e internacionais. Há vários movimentos sociais no nosso dia a dia: as greves trabalhistas, as lutas por melhores condições de vida (habitação, saúde, educação) e os movimentos feministas, negro e LGBT. Contexto Histórico: É necessário lembrar que nos séculos XIX e XX, a concreção da condição de indivíduo, como já trabalhamos, foi cada vez mais importante e completa. Mas também foram apare- cendo os movimentos sociais que reclamavam de problemáticas próprias de um coletivo ou grupo social. Alguns conseguiram o reconhecimento por ser um coletivo, e se movimentar como tal. Do grupo de direitos que estudamos só os direitos sociais foram pensados como coletivo, o resto foi formulado em uma perspectiva individual. O que pretendem? Assim, vemos que, com o crescimento dos movimentos sociais e a exigência de um Es- tado interventor que garanta determinadas leis e modificações a partir da participação dos movimentos, isto tem produzido a necessidade de gerar mecanismos para a participação destes movimentos. Assim foram criadas conferências, fóruns, encontros, jornadas, e muitas coisas mais, na perspectiva de conseguir um diálogo entre os atores socioeconômicos, gerando uma tensão entre a categoria de indivíduo como a célula básica do pensamento, estrutura política e de- mocrática e os novos movimentos sociais. 2º Ano - Sociologia - 3º Período | 7 www.educacao.ma.gov.br Movimentos Sociais no século XXI Refletindo sobre os movimentos sociais á luz de um olhar sobre a História das socie- dades, percebemos que eles não desapare- cem, mas sim dão lugar a novos movimentos, com características diferenciadas, de acordo com a realidade social, política, econômica e cultural de cada época. A cada dia sempre surgem e surgirão mais movimentos sociais, pois numa sociedade com muitas desigual- dades e com o Estado mostrando-se incapaz de satisfazer as necessidades dos diferentes grupos sociais, podemos afirmar que esses movimentos são quase que naturais em uma sociedade que cada dia se tornar mais com- plexa e desafiadora num mundo capitalista. Novos Movimentos sociais contemporâ- neos que ganham espaço na pauta mundial. • Movimento Ambiental. • Movimento Feminista. • Movimento LGBT. • Movimento Negro. • Movimento Indígena. Lideranças marcantes da história das Lu- tas Sociais no Mundo e Brasil. • Zumbi dos palmares. • Martin Luther. • Angela Davis. • Chico Mendes. • Raoni Metuktire. • Simone Beauvoir. • Malala Yousafzai. Por que eu tenho que estudar isso? Porque os movimentos sociais são de ex- trema importância para a formação de uma sociedade democrática ao tentarem possi- bilitar a inserção de cada vez mais pessoas na sociedade de direitos. Sendo assim, é de fundamental importância a participação dos Movimentos Sociais na política para o for- talecimento da democracia, no processo de inclusão social e na conquista de direitos, visando o bem comum. Cabe também aos movimentos sociais combater a corrupção na esfera pública, considerando que as con- sequências recaem para toda a sociedade e para as futuras gerações. 2º Ano - Sociologia - 3º Período | 8 www.educacao.ma.gov.br 1) (FGV 2016) Em junho de 2015, o Papa Fran- cisco tornou pública a encíclica Laudato sí (Louvado sejas), na qual trata do meio am- biente e da atual crise ecológica, conforme trecho a seguir. O ambiente humano e o ambiente natu- ral degradam-se em conjunto; e não pode- mos enfrentar adequadamente a degrada- ção ambiental, se não prestarmos atenção às causas que têm a ver com a degradação humana e social. De fato, a deterioração do meio ambiente e a da sociedade afetam de modo especial os mais frágeis do planeta: “Tanto a experiência comum da vida quo- tidiana como a investigação científica de- monstram que os efeitos mais graves de to- das as agressões ambientais recaem sobre as pessoas mais pobres”. Por exemplo (...), a poluição da água afeta particularmente os mais pobres que não têm possibilidades de comprar água engarrafada, e a elevação do nível do mar afeta principalmente as populações costeiras mais pobres que não têm para onde se transferir. O impacto dos desequilíbrios atuais manifesta-se também na morte prematura de muitos pobres, nos conflitos gerados pela falta de recursos e em muitos outros problemas que não têm espa- ço suficiente nas agendas mundiais. Apud. http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/encycli- cals/documents/papa-francesco_20150524_enciclica-lau- dato-si.html No trecho selecionado da encíclica, o papa estabelece: a) a relação entre a desigualdade social e a fragilidade do equilíbrio ecológico planetá- rio. Vamos praticar? b) o vínculo entre a responsabilidade huma- na no aquecimento global e a elevação do nível do mar. c) a interdependência entre o desenvolvi- mento tecnológico e o progresso material e moral. d) o papel da política internacional para o uso responsável das fontes hídricas. e) a importância de preservar o bem comum, sobretudo a água potável. 2) (UPE-SSA 2 2016) Observe a imagem a se- guir: O fenômeno nela apresentado é definido como uma a) ação de partidos políticos que possuem o objetivo de mudar uma determinada situa- ção em um país ou região. b) determinação socialde grupos minori- tários que reivindicam melhores situações para determinados indivíduos desprotegi- dos culturalmente. c) solução definitiva e tranquila de conflitos e desigualdades sociais impostas pelos gru- pos menos favorecidos aos grupos sociais considerados elitizados. d) ação coletiva com base em uma deter- minada visão de mundo, objetivando a mu- dança ou a manutenção das relações sociais numa dada sociedade. 2º Ano - Sociologia - 3º Período | 9 www.educacao.ma.gov.br e) norma de comportamento determinada pela sociedade para controlar manifesta- ções individuais ou grupais que contrariem os interesses do poder político do país. 3) (Unimontes) À medida que, a partir dos anos 70, amplia-se uma cultura democrática no Brasil, que os movimentos sociais, junto com outros setores democráticos, vão ar- rombando as portas da ditadura, o Estado torna-se lentamente permeável à participa- ção de novos atores sociais. O Estado bra- sileiro, tradicionalmente privatizado pelos seus vínculos com grupos oligárquicos, vai lentamente cedendo espaço, tornando-se mais permeável a uma sociedade civil que se organiza, que se articula, que constitui espaços públicos nos quais reivindica opinar e interferir sobre a política, sobre a gestão do destino comum da sociedade. A radicali- zação da democracia não significa apenas a construção de um regime político democrá- tico, mas também a democratização da so- ciedade e a construção de uma cultura de- mocrática. Esse é ainda um desafio. (Adaptado de CARVALHO, Maria do C.A.A. Participação so- cial no Brasil hoje. Disponível em <http://www.polis.org.br/ obras/arquivo_169.pdf> Acesso em maio 2011. Considerando o texto e essa conjuntura, analise as afirmativas, tendo em vista o sig- nificado da participação social: I. Participar da gestão dos interesses coleti- vos significa participar do governo da socie- dade, disputar espaço no Estado e no mer- cado, nos espaços de definição e execução das políticas públicas. II. Os movimentos sociais têm, apesar das limitações e precariedades, construído con- trapartidas que colocam num outro patamar de dignidade e respeito setores excluídos da sociedade, rompendo as fronteiras dos es- paços onde têm sido confinados. III. Ampliar a tolerância, o respeito democrá- tico pelo diferente, eliminar as segregações raciais, de gênero, de opção sexual, entre outras, é o resultado da incidência de prá- ticas participativas que constroem e modifi- cam os valores sociais. IV. Participar significa questionar o mono- pólio do Estado como gestor da coisa públi- ca, construir espaços públicos não estatais, abrir caminhos para o aprendizado da nego- ciação democrática e afirmar a importância do controle social sobre o Estado. Estão corretas as afirmativas a) II, III e IV, apenas. b) I, II e III, apenas. c) I, III e IV, apenas. d) I, II, III e IV. 4) (Enem 2015) A questão ambiental, uma das principais pautas contemporâneas, pos- sibilitou o surgimento de concepções po- líticas diversas, dentre as quais se destaca a preservação ambiental, que sugere uma ideia de intocabilidade da natureza e im- pede o seu aproveitamento econômico sob qualquer justificativa. PORTO-GONÇALVES, C. W. A globalização da natureza e a na- tureza da globalização. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006 (adaptado). Considerando as atuais concepções políti- cas sobre a questão ambiental, a dinâmica caracterizada no texto quanto à proteção do meio ambiente está baseada na a) prática econômica sustentável. b) contenção de impactos ambientais. c) utilização progressiva dos recursos natu- rais. 2º Ano - Sociologia - 3º Período | 10 www.educacao.ma.gov.br d) proibição permanente da exploração da natureza. e) definição de áreas prioritárias para a ex- ploração econômica. 5) (UCS 2012) Apesar de todas as mudanças sociais, culturais, econômicas, políticas, dos meios de comunicação e de valores ocorri- das no século XX, a discriminação da mulher é ainda um fato comum na sociedade atual. Considere as seguintes afirmações sobre o papel da mulher na sociedade brasileira: I. Getúlio Vargas, em 1934, promulgou uma Constituição que dava às mulheres o direito de voto e o direito de serem votadas. II. A participação feminina na população economicamente ativa, a partir da década de 60, teve um aumento significativo, devido à necessidade de as mulheres trabalharem fora de casa para ajudar no orçamento fa- miliar. III. As mulheres organizaram várias ONGs fe- ministas, na década de 80, para terem parti- cipação na vida social e política nacional, e nessa década foi criado o Conselho Nacional da Condição Feminina, ligado ao Ministério da Justiça. Das afirmações acima, a) apenas I está correta. b) apenas II está correta. c) apenas III está correta. d) apenas II e III estão corretas. e) I, II e III estão corretas. 6) (Unicentro 2012) A vida política não acon- tece apenas dentro do esquema ortodoxo dos partidos políticos, da votação e da re- presentação em organismos legislativos e governamentais. O que geralmente ocorre é que alguns grupos percebem que esse es- quema impossibilita a concretização de seus objetivos ou ideais, ou mesmo os bloqueia efetivamente. [...] Às vezes, a mudança polí- tica e social só pode ser realizada recorren- do-se a formas não ortodoxas de ação polí- tica. GIDDENS, A. Sociologia. 4. ed. Tradução Sandra Regina Netz. Porto Alegre : Artmed, 2008. Há um tipo comum de atividade política não ortodoxa, que busca promover um interesse comum ou assegurar uma meta comum atra- vés de ações fora das esferas institucionais, que se chama de a) interação social. b) mobilidade lateral. c) movimento social. d) princípio preventivo. e) movimento de acomodação urbana. 2º Ano - Sociologia - 3º Período | 11 2º Ano - Sociologia - 3º Período | 12 www.educacao.ma.gov.br De acordo com um dos “pais” da Sociologia, Karl Marx: (…) o trabalho revela o modo como o homem lida com a natureza, o processo de produ- ção pelo qual ele sustenta a sua vida e, assim, põe a nu o modo de formação de suas rela- ções sociais e das ideias que fluem destas. A Sociologia do Trabalho É um ramo da Sociologia voltado ao estudo das relações sociais no mundo do trabalho - a princípio, incluindo basicamente empresas e sindicatos - e às implicações sociais da re- lação entre trabalho e técnica. No universo das ciências sociais existe um campo importante conhecido por sociologia do trabalho. Ele compreende essa ação como sendo uma atividade exclusivamente huma- na, uma vez que é algo dotado de consciência, com propósitos explícitos que visam atingir determinados resultados, quer sejam de sobrevivência, quer sejam de ordem psíquica ou cultural. Vamos pensar um pouco sobre o mundo do trabalho e as desigualdades sociais. Exercício da imaginação sociológica. Vamos nessa aventura do Mundo do Trabalho. O Mundo do Trabalho 2º Ano - Sociologia - 3º Período | 13 www.educacao.ma.gov.br Assim, o trabalho é uma atividade huma- nizadora e integra o quadro que constitui o homo faber, o homem fabricante. Refletir a respeito do trabalho é neces- sariamente colocá-lo em uma perspectiva social. É no conjunto de várias atividades desenvolvidas pelas comunidades humanas que temos seu valor enquanto elemento de modificação das condições de vida, sejam materiais, sejam espirituais (entenda-se aqui “espirituais” como sendo morais, éticas ou transcendentes). Assim colocado, devemos pensar que, num conjunto social determinado, encon- tramos indivíduos que dispendem tempo e esforço na consecução de certa atividade de tal forma que, na globalidade dos seres que constituem este conjunto, tenhamos, como resultado de todo esforço, uma variedade de produtos, materiais ou imateriais, que aten- dam às necessidades da comunidade em questão. Em outras palavras, se há necessidade de alimentos variados, vestimentas, mora- dias, rituais religiosos, artigos oriundos da metalurgia etc., existem seres, indivíduos, que atuam cada qual em umaatividade para suprir tais necessidades da vida coletiva, o que significa dizer que só é possível pensar em trabalho individual se considerarmos o pertencimento dessa ação ao conjunto de atividades individuais necessário para uma vida comunitária. Contexto histórico da Sociologia do Tra- balho. Historicamente sabe-se que o trabalho já foi considerado uma atividade extrema- mente depreciável. Os gregos da antiguidade clássica consideravam que o ócio criativo era digno apenas de homens livres, e também somente esses homens livres estariam aptos para dedicar-se a vida pública e a erudição. De outro lado estavam os escravos, que se dedicavam as atividades cotidianas, aos cui- dados com afazeres domésticos, etc. Assim foi durante muito tempo, visto que se consi- derava a escravidão como a mais adequada relação laboral. As transformações pelas quais o mundo do trabalho vem passando desde então são importantíssimas para que se compreenda a organização atual dessas relações, bem como as preocupações dos sociólogos dessa área. Desde o escravismo antigo, passando pelo artesanato, servidão, e tantas outras formas de trabalho até chegarmos aos moldes do trabalho industrial no mundo moderno acar- retaram transformações que dizem respeito à própria vida em sociedade, organização desses sujeitos e relações de poder entre os proprietários dos meios de produção e aqueles que vendem sua força de trabalho. O impacto de novas tecnologias no mun- do do trabalho, novas formas de organiza- ção, obsolescência de diversas profissões, o aumento do mecanismo de exclusão, a exi- 2º Ano - Sociologia - 3º Período | 14 www.educacao.ma.gov.br gência de cada vez mais qualificação da mão de obra são fatores ainda presentes e que nos mostram o quanto o mundo do trabalho ainda encontra-se em contínuo processo de transformação. Contudo, o advento do capi- talismo e as bruscas transformações acarre- tadas pela revolução industrial são ainda o grande ponto de transformação da lógica do trabalho. A Sociologia do Trabalho e a alienação do trabalhador. Uma das grandes críticas que a Sociolo- gia do Trabalho tece ao mundo moderno e ao modo capitalista de produção é de fato a alienação do trabalhador em relação à sua atividade. Esse conceito de alienação do tra- balho mostra de fato como o trabalhador está posto como um mero vendedor de sua força de trabalho, estando muitas vezes co- locada à parte da função de sua atividade e do produto final de seu esforço. Mais do que isso, na esmagadora maioria das vezes a remuneração auferida por esse trabalhador não é suficiente para que ele possa ter igual acesso àquilo que produziu. Essa crítica refere-se a um sistema de produção fragmentado, onde cada vez mais o trabalhador encontra-se forçosamente distanciado do produto de seu trabalho. Dis- tancia-se por estar cada vez mais desenvol- vendo uma atividade mínima, especializada e repetitiva, onde muitas vezes desconhece o produto final do qual resulta a junção de tantas pequenas tarefas. E distancia-se tam- bém pelo fato de muitas vezes a remunera- ção por ele auferida ser insuficiente para ter acesso àquilo que é produto de seu próprio trabalho. O trabalhador, no capitalismo, é infini- tamente diferente do artesão. Enquanto o artesão tinha total domínio sobre seu local de trabalho, seus horários, atividades, ma- térias-primas e valor monetário de seu pro- duto, o trabalhador hoje se encontra sub- metido aos horários, condições e atividades prédeterminados pelo patrão, detentor dos meios de produção. As relações nesse siste- ma são fortemente marcadas pelo poder. Desta feita, a fim de complementar, o principal alvo da crítica da Sociologia do Trabalho deve-se ao fato de as transforma- ções no mundo do trabalho ter-nos levado a uma condição onde uns são tão poderosos e detém tanto capital que podem comprar os outros que estão submetidos a condições tão degradantes que necessitam vender-se sob condições muitas vezes questionáveis. Contribuição dos Clássicos da Sociolo- gia. Sociologia do Trabalho sofre importante influência de grandes nomes da Sociologia, como Marx, Durkheim e Weber que já pensa- vam as transformações nas relações de tra- balho, na luta de classes, na vida do traba- lhador e nas relações sociais compreendidas nesse universo. Por que devemos estudar o Mundo do Trabalho? Porque é do trabalho que o homem se desenvolve enquanto ser social com a sua cultura material e imaterial, transformando a natureza. Sendo assim, o Trabalho é objeto de estudo para a Sociologia, pois influencia na vida das pessoas em razão da grande par- 2º Ano - Sociologia - 3º Período | 15 www.educacao.ma.gov.br cela de tempo que estas dedicam-se a tal atividade, assim como as formas de desenvolvi- mento deste reflete na forma de vida e nas relações sociais das pessoas. Assim, podemos di- zer que a importância da Sociologia do Trabalho como ramo de estudo das Ciências Sociais, ocorre do fato de a mesma fazer parte da estrutura da vida social dos indivíduos. Vamos praticar? 1) (UPE) Leia o texto a seguir: (...) grandes mudanças que ocorreram na história da hu- manidade, aquelas que aconteceram no sé- culo XVIII — e que se estenderam no sécu- lo XIX — só foram superadas pelas grandes transformações do final do século XX. As mudanças provocadas pela revolução cien- tífico tecnológica, que denominamos Revo- lução Industrial, marcaram profundamente a organização social, alterando-a por com- pleto, criando novas formas de organização e causando modificações culturais duradou- ras, que perduram até os dias atuais. DIAS, Reinaldo. Introdução à sociologia. São Paulo: Persons Prentice Hall, 2004, p. 124. Percebe-se que as transformações ocorridas nas sociedades ocidentais permitiram a for- mação de relações sociais complexas. Nesse sentido, a Sociologia surgiu com o objetivo de compreender essas relações, explicando suas origens e consequências. Sobre o sur- gimento da Sociologia e das mudanças his- tóricas apontadas no texto, assinale a alter- nativa CORRETA: a) A grande mecanização das fábricas nas ci- dades possibilitou o desenvolvimento eco- nômico da população rural por meio do au- mento de empregos. b) A divisão social do trabalho foi minimi- zada com as novas tecnologias introduzidas pelas revoluções do século XVIII. c) A Sociologia foi uma resposta intelectual aos problemas sociais, que surgiram com a Revolução Industrial. d) O controle teológico da sociedade foi pos- sível com o emprego sistemático da razão e do livre exame da realidade. e) As atividades rurais do período histórico, tratado no texto, possibilitaram o desenvol- vimento do capitalismo. 2) O trabalho humano pode ser generica- mente definido como: a) o trabalho realizado em qualquer proces- so independente da finalidade. b) o trabalho que exprime uma tendência de personalidade. c) o trabalho pelo qual o homem transforma a natureza, transformando a si próprio e à sociedade em que vive. d) do objetivo último das sociedades indus- triais. e) qualquer atividade que tenha por fim um valor de uso. 3 -(UNCISAL 2015) Antes de tudo, o trabalho é um processo de que participam o homem e a natureza, processo em que o ser huma- no com sua própria ação impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a Natureza. Marx, Karl. O capital. São Paulo: Abril Cultural, 1983. v. I. p. 149. 2º Ano - Sociologia - 3º Período | 16 www.educacao.ma.gov.br Partindo das concepções marxistas sobre o trabalho, assinale a alternativa correta: a) Na luta pela sobrevivência ou na busca por controlar os recursos naturais, a histó- ria da humanidade sempre esteve ligada ao trabalho. b) Toda atividade relacionada com o traba- lho está desvinculada das relações de pro- dução e independe do desenvolvimento das forças produtivas. c) A concepção de trabalho coletivo, exte- rior ao ser humano, atividade criativa e auto criativa, que transforma o indivíduo e a na- tureza, no intuito de satisfazer asnecessida- des individuais e sociais, não pode ser vin- culado ao conceito de práxis concebido por Karl Marx. d) A sedentarização levou a primeira divisão do trabalho: a divisão técnica. Posteriormen- te, com o avanço das forças produtivas, ela foi substituída pela divisão sexual e, mais adiante, pela divisão social. e) Na visão marxiana, a luta de classes não se refere de nenhuma forma ou grau ao tra- balho enquanto atividade social que satis- faz as necessidades coletivas e socializa os indivíduos 4) (UENP) Cidadão Tá vendo aquele edifício, moço? Ajudei a levantar Foi um tempo de aflição Eram quatro condução Duas pra ir, duas pra voltar Hoje depois dele pronto Olho pra cima e fico tonto Mas me vem um cidadão E me diz desconfiado “Tu tá aí admirado Ou tá querendo roubar?” Meu domingo tá perdido Vou pra casa entristecido Dá vontade de beber E pra aumentar o meu tédio Eu nem posso olhar pro prédio Que eu ajudei a fazer. (Música “Cidadão”, escrita por Zé Geraldo em 1981.) Sobre a Mais-Valia, conceito de Karl Marx, o que é correto afirmar? a) Karl Marx não tematizou a mais-valia e, sim, afirmou que ela era própria do período medieval, quando as pessoas viviam nos feu- dos medievais. b) A mais-valia é o lucro que o burguês tem no final do mês, diferença entre receitas e despesas. c) A mais-valia depende da capacidade ad- ministrativa de um proletário, que adminis- tra as rendas obtidas através da exploração do seu empregado burguês. d) Karl Marx nunca falou em mais-valia e, sim, os marxistas que, equivocadamente, atribuem a Marx o termo. e) É a diferença entre o valor da força de tra- balho e o valor do produto do trabalho, sem a qual não existiria o capitalismo. 2º Ano - Sociologia - 3º Período | 17 www.educacao.ma.gov.br 5) (UEL) Leia os textos que seguem. O pri- meiro é de autoria do pensador alemão Karl Marx (1818-1883) e foi publicado pela pri- meira vez em 1867. O segundo integra um caderno especial sobre trabalho infantil, do jornal Folha de S. Paulo, publicado em1997. “(...) Tornando supérflua a força muscular, a maquinaria permite o emprego de traba- lhadores sem força muscular ou com de- senvolvimento físico incompleto, mas com membros mais flexíveis. Por isso, a primeira preocupação do capitalista, ao empregar a maquinaria, foi a de utilizar o trabalho das mulheres e das crianças. (...) [Entretanto,] a queda surpreendente e vertical no número de meninos [empregados nas fábricas] com menos de 13 anos [de idade], que freqüente- mente aparece nas estatísticas inglesas dos últimos 20 anos, foi, em grande parte, se- gundo o depoimento dos inspetores de fá- brica, resultante de atestados médicos que aumentavam a idade das crianças para sa- tisfazer a ânsia de exploração do capitalista e a necessidade de traficância dos pais.” (MARX, K. O Capital: crítica da economia política. 19. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. Livro I, v. 1, p. 451 e 454). “A Constituição brasileira de 1988 proíbe qualquer tipo de trabalho para menores de 14 anos. (...) Apesar da proibição constitu- cional, não existe até hoje uma punição cri- minal para quem desobedece à legislação. O empregador que contrata menores de 14 anos está sujeito apenas a multas. ‘As mul- tas são, na maioria das vezes, irrisórias, per- manecendo na casa dos R$ 500’, afirmou o Procurador do Trabalho Lélio Bentes Corrêa. Além de não sofrer sanção penal, os empre- gadores muitas vezes se livram das multas trabalhistas devido a uma brecha da própria Constituição. O artigo 7º, inciso XXXIII, proí- be ‘qualquer trabalho’ a menores de 14 anos, mas abre uma exceção – ‘salvo na condição de aprendiz’.” (Folha de S. Paulo, 1 maio 1997. Caderno Especial Infância Roubada – Trabalho Infantil.) Com base nos textos, é correto afirmar: a) Graças às críticas e aos embates questio- nando o trabalho infantil durante o século XIX, na Inglaterra, o Brasil pôde, no final do século XX, comemorar a erradicação do tra- balho infantil. b) Em decorrência do desenvolvimento da maquinaria, foi possível diminuir a quan- tidade de trabalho humano, dificultando o emprego do trabalho infantil nas indústrias desde o século XIX, na Inglaterra, e nos dias atuais, no Brasil. c) A legislação proibindo o trabalho infan- til na Inglaterra do século XIX e a legislação atual brasileira são instrumentos suficientes para proteger as crianças contra a ambição de lucro do capitalista. d) O trabalho infantil foi erradicado na Ingla- terra, no século XIX, através das ações de fis- calização dos inspetores nas fábricas, exem- 2º Ano - Sociologia - 3º Período | 18 www.educacao.ma.gov.br plo que foi seguido no Brasil do século XX. e) O desenvolvimento da maquinaria na pro- dução capitalista potencializou, no século XIX, o emprego do trabalho infantil. Naquele contexto, a legislação de proteção à criança pôde ser burlada, o que ainda se verifica, de certa maneira, no Brasil do final do século XX. 6) Todos os pontos abaixo podem ampliar a produtividade do trabalho, exceto: a) elevar a escolaridade do trabalhador. b) promover um sistema de gerenciamento adequado, internamente à empresa. c) alterar o instrumental ou o método de tra- balho ou ambos ao mesmo tempo. d) ampliar a jornada de trabalho. e) ampliar a divisão do trabalho 7) (UEL) “No tempo em que os sindicatos eram fortes, os trabalhadores podiam se queixar do excesso de velocidade na linha de produção e do índice de acidentes sem medo de serem despedidos. Agora, apenas um terço dos funcionários da IBP [empre- sa alimentícia norte-americana] pertence a algum sindicato. A maioria dos não sindi- calizados é imigrante recente; vários estão no país ilegalmente; e no geral podem ser despedidos sem aviso prévio por seja qual for o motivo. Não é um arranjo que encoraje ninguém a fazer queixa. [...] A velocidade das linhas de produção e o baixo custo traba- lhista das fábricas não sindicalizadas da IBP são agora o padrão de toda indústria.” (SCHLOSSER, Eric. País Fast-Food. São Paulo: Ática, 2002. p. 221.) No texto, o autor aborda a universalização, no campo industrial, dos empregos do tipo Mc- jobs “McEmprego”, comuns em empresas fas- t-food. Assinale a alternativa que apresenta somente características desse tipo de empre- go: a) Alta remuneração da força de trabalho ade- quada à especialização exigida pelo processo de produção automatizado. b) Alta informalidade relacionada a um am- biente de estabilidade e solidariedade no es- paço da empresa. c) Baixa automatização num sistema de gran- de responsabilidade e de pequena divisão do trabalho. d) Altas taxas de sindicalização entre os tra- balhadores aliadas a grandes oportunidades de avanço na carreira. e) Baixa qualificação do trabalhador acompa- nhada de má remuneração do trabalho e alta rotatividade. 8) Que horas ela volta? Foi a pergunta feita à empregada doméstica Val pelo filho dos pa- trões, Fabinho, na primeira sequência do fil- me homônimo. A mãe que trabalha fora deixa o filho pequeno aos cuidados de outra mãe, que, para assumir esse lugar, não cuida dos próprios filhos. Esse aspecto resume a per- versidade dos laços entre patrões e domés- ticas no Brasil. Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2015/09/ 1683170-a-indulgencia-do-filme-que-horas-ela-volta-de- -anna-muylaert.shtml | Publicado: 20-09-2015 | Acesso: 25/09/2016 2º Ano - Sociologia - 3º Período | 19 www.educacao.ma.gov.br As relações sociais de trabalho, que envolvem trabalhadores domésticos, são focadas no fil- me “Que horas ela volta?”, da cineasta Anna Muylaert. Acerca desse tema, a PEC das Domés- ticas, como ficou conhecida a legislação sancionada pela então Presidenta Dilma, em 2015: a) Delibera que o registro de todo e qualquer empregado doméstico, seja prestador de ser- viços gerais ou cuidador, é de âmbito particular e de livre escolha do empregador b) Considera a condição do trabalhador doméstico especial; portanto, é inviável delimitar horas máximas de trabalhodiário, ficando esse aspecto da relação limitado a interesses conjunturais. c) Prevê a extensão aos empregados domésticos da maioria dos direitos já previstos atual- mente aos demais trabalhadores registrados com carteira assinada (em regime CLT). d) Desobriga o empregador do recolhimento do FGTS, ficando seu depósito opcional, sendo que o não pagamento desse tributo pode ser revertido em salário a favor do empregado. e) Elimina o recolhimento do INSS pelo patrão, mas mantém o recolhimento destinado ao empregado, responsabilizando-o diretamente pelos fundos de sua aposentadoria futura. 2º Ano - Sociologia - 3º Período | 20 www.educacao.ma.gov.br Dicas de leituras e análises de músicas: Música Comportamento Geral, de Gonzaguinha (Autor e intérprete). Vírus Planetário- Movimentos Sociais: http://bit.ly/1gKwhso Filme: Gandhi (Reino Unido, 1982). Direção Richard Attenborough. Música: Capitão de indústria, Marcos e Paulo Sérgio da banda: Os Paralamas do Sucesso. Música: Trabalho de Legião Urbana. Música: Construção de Chico Buarque. Filme: Tempos Modernos (Estados Unidos 1936). Direção Charles Chaplin. Filme: Que horas ela Volta? (2015), Ana Muylaert. Documentário: Humano Uma Viagem pela Vida (2015), Yan Arthus Bertrand. Sociologia para Jovens do Século XXI: http:// on.fb.me//11FObf5 Blog: Café com Sociologia (www.cafecomsociologia.com). “MANGUESOCIOLÓGICO”: http://bit.ly1gKuxzl https://www.proenem.com.br/enem/sociologia/sociologia-urbana/ Vídeo de Sociologia Urbana: https://www.youtube.com/watch?v=MBPSPvDUZ9A MACHADO, IGOR José. AMORIM, Henrique. BARROs, Celso; Sociologia Hoje. 1º Ed- São Paulo Ática. Sociologia em Movimento. 2. Ed – São Paulo: Moderna, 2016. TOMAZI, Nelson Dácio. Sociologia para o Ensino Médio. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2010. Vídeo de Sociologia Meio Ambiente: https://www.youtube.com/watch?v=BMlxzFMP0Js 2º Ano - Sociologia - 3º Período | 21
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