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FUNDAMENTOS 
DO ENSINO RELIGIOSO
Isabel Cristina Piccinelli Dissenha
Sérgio Rogério Azevedo Junqueira
FUNDAMENTOS 
DO ENSINO RELIGIOSO
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Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-5020-8
9 7 8 8 5 3 8 7 5 0 2 0 8
FUNDAMENTOS DO 
ENSINO RELIGIOSO
Isabel Cristina Piccinelli Dissenha
Sérgio Rogério Azevedo Junqueira
IESDE BRASIL S/A
Curitiba
2015
© 2015 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização 
por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Produção
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
________________________________________________________________________
P489f
Fundamentos do Ensino Religioso / Isabel Cristina Piccinelli Dissenha ; Sérgio Rogério 
Azevedo Junqueira. - 1. ed. - Curitiba, PR : IESDE BRASIL S/A, 2015.
130 p. : il. ; 21 cm.
ISBN 978-85-387-5020-8
1. Bíblia - Estudo. 2. Ensino religioso. I. Dissenha, Isabel Cristina Piccinelli. II. Junqueira,
Sérgio Rogério Azevedo.
15-24077 CDD: 220.6
CDU: 27-276 
________________________________________________________________________
25/06/2015 26/06/2015
Capa: IESDE BRASIL S/A.
Imagem da capa: Shutterstock
Apresentação
Este Guia de Estudo traz a disciplina Fundamentos do Ensino Religioso, orga-
nizada para explicitar a construção histórica e legislativa do Ensino Religioso a 
partir de 1931. Assim, os interessados nesta temática poderão identificar o es-
tabelecimento dos parâmetros jurídicos, políticos, epistemológicos e didáticos 
deste componente curricular. 
Inicialmente, o Ensino Religioso foi introduzido nas escolas públicas brasilei-
ras como instrumento ideológico de uma instituição religiosa para, na segunda 
metade do século XX, dialogar sobre a formação da identidade cultural do povo 
brasileiro, valorizando a diversidade religiosa. Sob diferentes ângulos, será pos-
sível estabelecer referências e compreender como uma disciplina, presente no 
currículo da escola pública brasileira, poderá promover a formação básica do 
cidadão.
Sobre os autores 
Isabel Cristina Piccinelli Dissenha
Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). 
Especialista em Currículo e Prática Educativa pela Pontifícia Universidade Católica 
do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e em Psicopedagogia pelo Instituto Brasileiro De 
Pós-Graduação e Extensão (IBPEX). Graduada em Pedagogia pela Universidade 
Tuiuti do Paraná (UTP).
Sérgio Rogério Azevedo Junqueira
Livre Docente e Pós-Doutor em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade 
Católica de São Paulo (PUC-SP). Doutor e Mestre em Ciências da Educação pela 
Universitá Pontifícia Salesiana di Roma. Especialista em Metodologia do Ensino 
Religioso pela PUC-SP e em Metodologia do Ensino Superior pelo Centro de Estudos 
e Pesquisas Educacionais de Minas Gerais (CEPEMG). Graduado em Pedagogia pela 
Universidade de Uberaba (UNIUBE). Bacharel em Ciências Religiosas pelo Instituto 
Superior de Ciências Religiosas (ISCR). Professor Titular na Pontifícia Universidade 
Católica do Paraná (PUCPR). Professor do Programa de Strictu Sensu em Teologia na 
PUCPR. Líder do Grupo de Pesquisa Educação e Religião.
Sumário
Aula 01 OBJETIVO E LEGISLAÇÃO DO ENSINO RELIGIOSO 9
PARTE 01 | ENSINO RELIGIOSO NAS CONSTITUIÇÕES FEDERAIS E LDBs 11
PARTE 02 | ENSINO RELIGIOSO NOS DIFERENTES SISTEMAS DE ENSINO 18
PARTE 03 | PARÂMETRO CURRICULAR, DIRETRIZES E PROGRAMAS 23
Aula 02 O ENSINO RELIGIOSO COMO ÁREA DO CONHECIMENTO 29
PARTE 01 | O QUE É UMA ÁREA DO CONHECIMENTO? 31
PARTE 02 | ÁREA DO CONHECIMENTO PARA AS DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO BÁSICA E PARA O CNPQ 36
PARTE 03 | OBJETOS DO ENSINO RELIGIOSO 40
Aula 03 O FENÔMENO RELIGIOSO 45
PARTE 01 | CONCEITOS DE RELIGIÃO E SUA HISTÓRIA 47
PARTE 02 | FENÔMENO RELIGIOSO 51
PARTE 03 | FENÔMENO RELIGIOSO COMO OBJETO PARA O ENSINO RELIGIOSO 55
Aula 04 O ENSINO RELIGIOSO NO CONTEXTO ESCOLAR 59
PARTE 01 | ESCOLA E RELIGIÃO 61
PARTE 02 | ESCOLA, DIVERSIDADE CULTURAL E CIDADANIA 65
PARTE 03 | O ENSINO RELIGIOSO E A DIVERSIDADE RELIGIOSA 70
Aula 05 PRESSUPOSTOS PARA O ENSINO RELIGIOSO 73
PARTE 01 | PRESSUPOSTOS DA APRENDIZAGEM 75
PARTE 02 | PRESSUPOSTOS DO ENSINO – ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA 78
PARTE 03 | CONCEPÇÕES DO ENSINO RELIGIOSO 81
Sumário
Aula 06 EIXOS E CONTEÚDOS DO ENSINO RELIGIOSO 87
PARTE 01 | CURRÍCULO E SUA ESTRUTURA 89
PARTE 02 | IDENTIDADE E PERFIL DOS EIXOS 93
PARTE 03 | EIXOS DO ENSINO RELIGIOSO EM DIFERENTES REGIÕES 96
Aula 07 VISÃO METODOLÓGICA E DIDÁTICA DO ENSINO RELIGIOSO 101
PARTE 01 | PROJETO PEDAGÓGICO E O ENSINO RELIGIOSO 103
PARTE 02 | SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS PARA O ENSINO RELIGIOSO 107
PARTE 03 | ENSINO RELIGIOSO E OS TEMAS TRANSVERSAIS 112
Aula 08 FILOSOFIA E POLÍTICAS EDUCACIONAIS PARA O ENSINO RELIGIOSO 115
PARTE 01 | SISTEMA DE ENSINO E ENSINO RELIGIOSO 117
PARTE 02 | POLÍTICA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES 121
PARTE 03 | ESTUDOS REGIONAIS E SUA POLÍTICA DE ORGANIZAÇÃO CURRICULAR 126
Identificar a construção histórico-
-legislativa do Ensino Religioso no 
contexto republicano brasileiro.
OBJETIVO E LEGISLAÇÃO 
DO ENSINO RELIGIOSO
Aula 01
Objetivo:
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ENSINO RELIGIOSO NAS CONSTITUIÇÕES 
FEDERAIS E LDBs
O desafio de efetivar o Ensino Religioso durante o perío-
do republicano brasileiro é registrado pela tensão causada no 
processo de aprovação das Constituições, especialmente nas 
três mais recentes que explicitaram a separação entre Estado 
e Igrejas, mas validaram a possibilidade de liberdade religiosa, 
mesmo que concretamente sofram restrições.
Nesse sentido temos respectivamente Constituições da 
“Segunda República” (1946), do “Regime Militar” (1967) e a 
“Constituição Cidadã” (1988). Nos artigos referentes às ques-
tões religiosas dos trechos das três Constituições, depreende-se 
que o Brasil vem sistematicamente, em consequência de sua 
herança cultural, refletindo e orientando a questão religiosa no 
país numa perspectiva plural.
A introdução do Ensino Religioso (ER) nas escolas brasileiras 
a partir de 1931 foi justificada pelo então Ministro da Educação, 
Francisco Campos, com argumentos de caráter filosófico e pe-
dagógico. Contudo, existe um aspecto político evidente: trata-
va-se de obter o apoio da igreja ao novo governo, oriundo da 
Revolução de 1930.
Neste período, além do caráter político, o aparato legal 
para introdução do ER se mostrou carregado também de dimen-
são ideológica. A ligação entre formação moral e a educação 
religiosa e consequente transferência para a igreja católica da 
responsabilidade sobre esses aspectos, atendeu ao anseio de 
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educadores católicos, além de confirmar a concepção autoritá-
ria do governo, que se serviu disso para estabelecer diferentes 
mecanismos de reforço à disciplina e autoridade.
Apresentamos a seguir uma linha de tempo, a partir da dé-
cada de trinta, na qual o ER é situado com relação às diferentes 
legislações brasileiras:
1931 – Reforma Francisco Campos: Ensino Religioso facul-
tativo de acordo com a confissão e a opção familiar.
1934 – Constituição Federal: responsabilização do Estado 
quanto à educação para todos, com a consequente expansão 
da rede ensino. O ER foi mantido como facultativo. Havia forte 
influência eclesial no campo político.
1941 – Lei do Ensino Secundário de Gustavo Capanema: 
Incluída a Instrução Religiosa no currículo.
1946 – Constituição Brasileira: bastante polêmica com re-
lação ao ER. A ICAR1 propunhacatequese no ambiente escolar. 
Nessa época o ER era de matrícula facultativa, de acordo com 
a confissão do aluno. Nessa Constituição, no capítulo referente 
à Educação, foram reintroduzidos alguns princípios suprimidos 
na “Carta Ditatorial” (1937). Entre esses princípios, que figura-
vam, antes, na Constituição de 1934, estavam:
• direito de educação para todos;
• ensino primário obrigatório;
• assistência aos estudantes; e
• gratuidade do ensino oficial para todos no nível pri-
mário e, nos níveis ulteriores, para quantos provassem 
falta ou insuficiência de meios.
1 ICAR: Igreja Católica Apostólica Romana.
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1961 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 
4.024/61) – o ER continuou com matrícula facultativa, respei-
tando a confissão religiosa do aluno, sem ônus para estado. O 
registro de professores era realizado pela autoridade religiosa 
respectiva ao credo confessado pelo aluno. A disciplina era ope-
racionalizada de modo mais próximo do Ecumênico, também 
por influencia do Concílio Vaticano II2.
1964 – Golpe militar.
1971 – Diretrizes e Bases para o ensino de 1.º e 2.º graus 
(Lei 5.692/71): o ER mantido como propagador da fé sendo fa-
cultativo para os alunos.
1988 – Nova Constituição, antecedida por uma organização 
social pró-democracia. Nesse processo, o ER enquanto discipli-
na recebeu a segunda maior ementa, cujo apoio reuniu mais de 
70 mil assinaturas. No art. 210, Parágrafo 1.º é promulgado e 
garantido o ER, de matricula facultativa, como disciplina dos 
horários normais das escolas.
Década de 90 – houve um boom religioso no país.
1995 – foi solicitada alteração da LDB. Neste ano foi funda-
do o FONAPER – Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso.
1996 – Aprovação da nova Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional (Lei 9.394/96), em seu artigo 33 constava 
ER sem ônus para o estado:
Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, constitui 
disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino 
fundamental, sendo oferecido, sem ônus para os cofres públicos, 
de acordo com as preferências manifestadas pelos alunos ou por 
seus responsáveis, em caráter:
2 Série de conferências realizadas entre 1962 e 1965, consideradas o grande evento da Igreja Católica no século 20. Com 
o objetivo de modernizar a Igreja e atrair os cristãos afastados da religião, o papa João XXIII convidou bispos de todo o 
mundo para diversos encontros, debates e votações no Vaticano. (Disponível em: <http://mundoestranho.abril.com.br/
materia/o-que-foi-o-concilio-vaticano-ii>.)
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I - confessional, de acordo com a opção religiosa do aluno ou 
do seu responsável, ministrado por professores ou orientadores 
religiosos preparados e credenciados pelas respectivas igrejas ou 
entidades religiosas; ou
II - interconfessional, resultante de acordo entre as diversas en-
tidades religiosas, que se responsabilizarão pela elaboração do 
respectivo programa. (Revogado) (BRASIL, Lei 9.394/96)
1997 – Aprovada a revisão da LDB 9.394/96, com a lei 
9.475/97, que fez uma revisão no artigo relativo ao ensino 
religioso:
Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte in-
tegrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina 
dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, 
assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, 
vedadas quaisquer formas de proselitismo. (Redação dada pela 
Lei nº 9.475, de 22.7.1997)
§1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para 
a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as 
normas para a habilitação e admissão dos professores. (Incluído 
pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997)
§2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída 
pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos 
conteúdos do ensino religioso. (Incluído pela Lei nº 9.475, de 
22.7.1997). (BRASIL, Lei 9.394/1996)
Extra 
Para que você possa refletir com novos elementos sobre 
o tema, propomos a leitura do artigo da Revista NUMEN: Sem 
ônus para os cofres públicos: O estado sem autoridade para 
garantir a laicidade no ER, de Antonio Carlos Ribeiro. Numen, 
v. 17, n. 1, 69-87, 2014. Disponível em: <http://numen.ufjf.
emnuvens.com.br/numen/article/view/2829/2153>. Acesso em: 
27 maio 2015.
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Na Cartilha Diversidade religiosa e os direitos humanos 
publicada em 2004 e depois em 2013, pela Secretaria Especial 
dos Direitos Humanos (BRASIL, 2013, p. 23-24), encontramos a 
seguinte história de matriz africana:
[...] que no princípio havia uma única verdade no 
mundo. Entre o Orun (mundo invisível, espiritual) 
e o Aiyê (mundo natural) existia um grande espe-
lho. Assim tudo que estava no Orun se materia-
lizava e se mostrava no Aiyê. Ou seja, tudo que 
estava no mundo espiritual se refletia exatamente 
no mundo material. Ninguém tinha a menor dúvi-
da em considerar todos os acontecimentos como 
verdades. E todo cuidado era pouco para não se 
quebrar o espelho da Verdade, que ficava bem 
perto do Orun e bem perto do Aiyê. Neste tem-
po, vivia no Aiyê uma jovem chamada Mahura, que 
trabalhava muito, ajudando sua mãe. Ela passava 
dias inteiros a pilar inhame. Um dia, inadvertida-
mente, perdendo o controle do movimento ritma-
do que repetia sem parar, a mão do pilão tocou 
forte no espelho, que se espatifou pelo mundo. 
Mahura correu desesperada para se desculpar com 
Olorum (o Deus Supremo). Qual não foi a surpresa 
da jovem quando encontrou Olorum calmamente 
deitado à sombra de um iroko (planta sagrada, 
guardiã dos terreiros). Olorum ouviu as desculpas 
de Mahura com toda a atenção, e declarou que, 
devido à quebra do espelho, a partir daquele dia 
não existiria mais uma verdade única. E concluiu 
Olorum: “De hoje em diante, quem encontrar um 
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pedaço de espelho em qualquer parte do mundo já 
pode saber que está encontrando apenas uma par-
te da verdade, porque o espelho espelha sempre 
a imagem do lugar onde ele se encontra” (BRASIL, 
2013, p. 23-24).
Portanto, é preciso, antes de tudo, aceitar que somos to-
dos iguais, apesar de nossas diferenças. Também é necessário 
entender que a verdade não pertence a ninguém. Há um peda-
cinho dela em cada lugar, em cada crença, dentro de cada um 
de nós.
A partir da história da disciplina de Ensino Religioso, e do 
artigo 33, da estabelecida pela Lei 9.475/97, e ainda com um 
olhar sensível para o apresentado acima, construa um texto que 
comunique a importância do trabalho que contempla a diversi-
dade religiosa na formação dos estudantes.
Referências 
BRASIL. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. Rio de 
Janeiro, 1934. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao34.htm>. Acesso em: 29 maio 2015.
______. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. Promulgada 
em 18 de setembro de 1946. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicao46.htm>. Acesso em: 26 maio 2015.
______. Lei 4.024 de 20 de Dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional. Publicada no Diário Oficial da União, 27 dez. 1961 e 
retificado em 28 dez. 1961. Brasília: 1961. Disponível em: <www.planalto.gov.
br/ccivil_03/Leis/l4024.htm>. Acesso em: 26 maio 2015.
______. Lei 5.692 de 11 de Agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o 
ensino de 1.º e 2.º graus, e dá outras providências. Publicada no Diário Oficial 
da União 12 ago. 1971. Brasília: 1971. Disponível em: <www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Leis/l5692.htm>. Acesso em: 26maio 2015.
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______. Constituição da República Federativa do Brasil. Promulgada em 
5 de outubro de 1988. Publicada no Diário Oficial da União, n. 191-A, 5 
out. 1988. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 26 maio 2015.
______. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e 
bases da educação nacional. Publicado no Diário Oficial da União, 23 dez. 
1996. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>.
______.Lei 9.475/97, de 22 de julho de 1997. Dá Nova Redação ao Artigo 33 
da Lei 9.394/96 que estabelece as Diretrizes de Base da Educação Nacional. 
Publicada no Diário Oficial da União, Brasília, Congresso Nacional, 1997. 
Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l9475.htm>. Acesso em: 
26 maio 2015.
BRASIL. Presidência da República. Cartilha de diversidade religiosa e direitos 
humanos. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Brasília: 
2013, p. 23-24. Disponível em: <www.sdh.gov.br/assuntos/bibliotecavirtual/
promocao-e-defesa/publicacoes-2013/pdfs/diversidade-religiosa-e-direitos-
humanos>. Acesso em: 12 jun. 2015.
JUNQUEIRA, Sérgio Rogério Azevedo; CORRÊA, Rosa Lydia; HOLANDA, Ângela 
Maria. Ensino Religioso: aspectos legal e curricular. São Paulo: Paulinas, 2007.
JUNQUEIRA, Sérgio Rogério Azevedo; WAGNER, Raul (Org.). Ensino Religioso 
no Brasil. Curitiba: Champagnat, 2004.
Resolução da atividade
A legislação permitiu uma amplitude na atuação do Ensino 
Religioso como componente curricular. A atual redação do ar-
tigo na Lei de Diretrizes e Bases da Educação propõe que não 
exista proselitismo, o que exige uma proposta intercultural 
para o ER. Esta história publicada na Cartilha da Diversidade 
apresenta a existência de diferentes verdades religiosas, por 
este motivo não é possível ensinar uma única perspectiva. É o 
resultado da construção pedagógica do Ensino Religioso.
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ENSINO RELIGIOSO NOS DIFERENTES 
SISTEMAS DE ENSINO 
Cabe lembrar que o país, na perspectiva cutural-religiosa a 
partir da década de 1940, passou por um período desafiante de 
transição de uma economia agropastoril para uma realidade de 
rápida urbanização, ou seja, de uma sociedade aparentemente 
homogênea para a explicitação de sua realidade pluralista, pro-
gressivamente acompanhada pelo vislumbre das novas possibili-
dades de tecnologia que chega aos lares brasileiros. Além disso, 
nesse cenário, os movimentos migratórios tanto do campo para 
a cidade quanto intrarregiões certamente deram maior visibili-
dade a particularidades culturais regionais. 
Também é necessário relembrar as antigas configurações 
da disciplina: primeiro para a formação de membros da religião 
hegemônica e depois, a partir de 1961, aproximadamente, com 
um viés mais ecumênico. Então, a partir de 1996/1997 a visão 
passa a ser de uma disciplina que deve respeitar a diversidade 
cultural e religiosa brasileira.
Em 1997, a Lei 9.475/97 alterou o artigo 33 da LDB (Lei 
9.394/96), consolidando a regulamentação dos procedimentos 
para a definição dos conteúdos e o estabelecimento das nor-
mas para a habilitação e admissão dos professores do Ensino 
Religioso como de responsabilidade dos Sistemas de Ensino. 
Dessa forma, cada sistema estadual e municipal de ensino deve 
orientar o perfil organizacional para o Ensino Religioso, sendo, 
portanto, impossível identificar uma perspectiva única nas di-
ferentes realidades regionais. 
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Portanto, a partir do contexto escolar, é estabelecida a 
identificação do Ensino Religioso como um dos componentes do 
currículo do Ensino Fundamental para as escolas públicas brasi-
leiras e assumidas essa disciplina como elemento integrante de 
uma área maior da educação. 
Entendendo o ER enquanto componente curricular, faz-se 
necessário compreender teorias e doutrinas no campo da 
Educação, e ainda perceber que a disciplina não está ancorada 
no conhecimento construído na área de Teologia ou Ciências 
da Religião. Isto se reflete no fazer pedagógico por conta de 
os profissionais que nele atuam não deterem formação nessas 
áreas.
Novamente, dirigindo o olhar para a história, percebe-se 
que a produção de conhecimento POR e PARA essa disciplina 
escolar tem íntima ligação com o contexto social e, posterior-
mente, com o contexto escolar ocupado pelas igrejas cristãs. O 
que influenciou a formação pedagógica, a organização curricu-
lar e a metodologia desenvolvida no ER.
Diferentes denominações religiosas, em especial as cristãs 
no caso do Brasil, influenciaram as escolhas do conteúdo e da 
metodologia. De forma que “o que ensinar” (conteúdo) se ini-
ciou com a opção de conteúdo doutrinal, evoluindo para uma 
proposta ecumênica, traduzindo o momento de diálogo entre 
estas denominações, até alcançar a formatação de proposição 
inter-religiosa.
Outro aspecto é o “como ensinar” (metodologias) que so-
freu interferência direta das diferentes pedagogias desenvolvi-
das ao longo do século XX. Partindo do processo de instrução, 
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diferentes configurações foram testemunhadas até se perceber 
a ação dos estudantes de modo ativo e interacionista.
Os conteúdos, metodologias e técnicas traduzem a cons-
trução desse componente curricular, que demonstra na sua his-
tória e tem na atualidade a escola como local de produção de 
conhecimento, que deve levar em conta a cultura escolar, a 
cultura da sociedade e ainda a religiosa.
Por conta da diversidade brasileira, os contextos escolares 
– sempre no plural devido à pluralidade de suas configurações, 
devem manter em tela a regionalidade histórica e cultural de 
cada sistema e escola. Nos 26 estados brasileiros, existem dife-
rentes orientações sobre conteúdo e formação de professores, 
a fim de respeitar os diferentes contextos e, além disso, dar 
conta da formação desse cidadão considerando seu cotidiano e 
sua comunidade.
Extra 
Para que você possa compreender a discussão sobre a re-
gionalização do Ensino Religioso, propomos a leitura do arti-
go que reflete essa temática: A regionalização do estudo do 
ensino religioso brasileiro, de Sérgio Junqueira e Flávio Paes 
Carvalho. Publicado na Revista Ciências da Religião – História e 
Sociedade, v. 11, n, 1, 2013. Disponível em: <http://editorare 
vistas.mackenzie.br/index.php/cr/article/view/5724/4146>. 
Acesso em: 27 maio 2015. 
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Atividade
A maioria dos estados brasileiros possuem legislações pró-
prias sobre o Ensino Religioso. Pesquise a legislação do seu es-
tado ou de algum próximo ao seu e identifique as principais 
características dessa disciplina no texto da legislação em sua 
região. Você poderá localizar textos completos dos diversos es-
tados em: <www.gper.com.br/ensino_religioso.php?secaoId=6>. 
Acesso em: 27 maio 2015.
Referências 
BRASIL. Lei 9.394, de 20 de Dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e 
bases da educação nacional. Publicada no Diário Oficial da União, 23 dez. 
1996. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. 
______. Lei 9.475/97, de 22 de julho de 1997. Dá Nova Redação ao Artigo 33 
da Lei 9.394/96 que estabelece as Diretrizes de Base da Educação Nacional. 
Publicada no Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 
Congresso Nacional, 1997. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/
Leis/l9475.htm>. Acesso em: 26 maio 2015.
BRAUDEL, Fernand. Escritos sobre a história.3. ed. São Paulo: Perspectiva, 
2013.
CHERVEL, André. História das disciplinas escolares: reflexões sobre um 
campo de pesquisa. Teoria & Educação, Porto Alegre, n. 2, p. 177-229, 1990. 
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Resolução CNE/CEB n. 07/2010. Brasília: 
CNE, 2010. 
ERN, Edel; AIRES, Joanez. Contribuições da história das disciplinas 
escolares para a história do ensino de ciências. Educação e Realidade, n. 32, 
p. 91-108, jan./jun. 2007. Disponível em: <www.seer.ufrgs.br/index.php/
educacaoerealidade/article/viewFile/6662%20/3978>. Acesso em: 29 maio 
2015.
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FÓRUM NACIONAL PERMANENTE DO ENSINO RELIGIOSO. Parâmetro Curricular 
Nacional do Ensino Religioso. São Paulo: Ave Maria, 1997. 
FRACARO, Edile; GILZ, Claudino; JUNQUEIRA, Sérgio. Cultura material 
escolar e ensino religioso: um caminho para a formação do professor de 
ensino religioso. Diálogo Educacional, v. 9, n. 26, p. 181-195, jan./abr. 2009. 
JÚNIOR, Marcílio; GALVÃO, Ana Maria. História das disciplinas escolares e 
história da educação: algumas reflexões. Educação e Pesquisa, v. 31, n. 3, 
p. 391-408, set./dez. 2005. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/ep/v31n3/
a05v31n3.pdf>. Acesso em: 29 maio 2015.
JUNQUEIRA, Sérgio. (Org.). O sagrado: fundamentos e conteúdo do ensino 
religioso. Curitiba: Ibpex, 2009. 
JUNQUEIRA, Sérgio; WAGNER, Raul. O ensino religioso no Brasil. 2. ed. 
Curitiba: Champagnat, 2011. 
Resolução da atividade
Caberá a cada estado da federação definir o conteúdo e o 
perfil dos professores, portanto é importante localizar nas le-
gislações estaduais quais as orientações sobre esses dois aspec-
tos: o que será ministrado na disciplina e quem irá ministrar 
as aulas.
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PARÂMETRO CURRICULAR, 
DIRETRIZES E PROGRAMAS
O documento Parâmetros Curriculares Nacionais do 
Ensino Religioso (1996), produzido pelo FONAPER, foi oficiosa-
mente acolhido como norteador para a disciplina e estruturado 
segundo as orientações propostas para todos os componentes 
das áreas do conhecimento a serem trabalhadas efetivamente 
no cotidiano da escola. A atual legislação (a saber o artigo 33 da 
LDB 9.394/96, alterado pela Lei 9.475/97) sobre educação alte-
rou de fato o Ensino Religioso. Não se trata mais de apresentar 
religiões, mesmo que de forma compartilhada como no modelo 
inter-relacional (interconfessional e inter-religioso), mas con-
tribuir na formação básica do cidadão, procurando assegurar 
o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, além de 
vedar qualquer forma de proselitismo.
Um Parâmetro Curricular é estabelecido com base em no-
ções e conceitos essenciais sobre fenômenos, processos, siste-
mas e operações, para contribuir na constituição de saberes, 
conhecimentos, valores e práticas sociais indispensáveis ao 
exercício de uma vida de cidadania plena. Especificamente, o 
Ensino Religioso foi organizado segundo o pressuposto de que o 
fenômeno religioso é a resposta articulada culturalmente para 
afrontar a questões existenciais que demonstram a situação 
de finitude do ser humano. Basicamente essas questões foram 
explicitadas em quatro estruturas: ressureição, reencarnação, 
ancestralidade e o nada, que procuram dar sentido a uma vida 
além da morte.
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Em cada uma dessas respostas, é estabelecido um sistema 
de pensamento próprio, porém, com critérios comuns que tor-
nam visível o fenômeno religioso, ou seja, culturas e tradições, 
textos orais e escritos sagrados, as teologias, os ritos e o ethos. 
O primeiro critério, que trata das culturas e tradições, nos per-
mite compreender a ideia do transcendente e a evolução das 
estruturas que explicitam as concepções expostas nas respostas 
ao problema do pós-morte. As ciências que estudam a religião 
como filosofia, sociologia e psicologia tornaram possível esta 
formalização do conhecimento. 
Os outros quatro critérios/eixos (textos orais e escritos sa-
grados, as teologias, os ritos e o ethos) são a concretização da 
experiência das comunidades religiosas que incluem o cotidiano 
das tradições religiosas organizadas para fazer memória contí-
nua da finitude humana.
A sistemática de trabalho sobre esses aspectos é que as-
sume uma configuração religiosa, favorecendo a compreensão 
da cultura em que estamos envolvidos. As expressões religiosas 
estão no substrato cultural da sociedade e são de fundamental 
importância para o estabelecimento da identidade de uma na-
ção e dos cidadãos que dela fazem parte.
De tal forma que a compreensão de religio proposta por 
Cícero, em que a religião é uma releitura do cotidiano social, 
expresso por meio das respostas oferecidas aos questionamen-
tos que o ser humano faz a si mesmo, interfere nas relações que 
estabelece em um espaço e tempo concreto, como ser finito que 
busca fora de si o desconhecido, o mistério e o transcendente.
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Portanto, muito mais do que o estudo de curiosidades 
religiosas ou simplesmente o perfilar das religiões, o Ensino 
Religioso é desafiado a favorecer a reflexão sobre a identidade, 
por meio desses critérios que estruturam as tradições religiosas.
Os conhecimentos de caráter antropológico e sociológico, 
trabalhados sistematicamente no espaço formal da escola, de-
vem contribuir para o estudante recuperar as questões existen-
ciais que impulsionaram o ser humano a se confrontar consigo 
mesmo, com o outro e com seu ambiente.
Os conteúdos e objetivos do Ensino Religioso são estabe-
lecidos segundo critérios que tornam visível a possibilidade de 
responder questões existenciais do ser humano que busca o sen-
tido último da vida expresso de forma sociocultural, favorecen-
do a sensibilização dos estudantes que compreendam e respei-
tem a pluralidade religiosa presente no país, contribuindo para 
a formação da identidade do povo brasileiro.
Portanto, a disciplina objetiva valorizar a diversidade cul-
tural brasileira e, consequentemente, o pluralismo religioso, 
de forma a facilitar o entendimento a respeito das diferentes 
formas que exprimem o transcendente, que compõem cenários 
de forma diferente no processo histórico da sociedade humana.
Extra
Para que você possa compreender as concepções do Ensino 
Religioso, propomos a leitura e o estudo do seguinte artigo: 
Concepções do Ensino Religioso, de Sérgio Junqueira e Sérgio 
Nascimento. Publicado na Revista Numen, v. 16, n.1 , 2013. 
Disponível em: <http://numen.ufjf.emnuvens.com.br/numen/
article/view/2141/1978>. Acesso em: 27 maio 2015. 
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.Atividade
Assista à entrevista sobre Ensino Religioso nos estados bra-
sileiros e, com base nas informações apresentadas, explique 
como está o Ensino Religioso nas diferentes regiões do país. 
Organize um breve texto sobre esse mapa da disciplina no país. 
Vídeo disponível em: <www.youtube.com/watch?v=p-
5Nu9A4BXpc>. Acesso em: 12 jun. 2015.
Referências 
BRASIL. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e 
bases da educação nacional. Publicada no Diário Oficial da União, 23 dez. 
1996. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. 
Acesso em: 26 maio 2015.
______. Lei 9.475/97, de 22 de julho de 1997. Dá Nova Redação ao Artigo 33 
da Lei 9.394/96 que estabelece as Diretrizes de Base da Educação Nacional. 
Publicada no Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 
Congresso Nacional, 1997. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/
Leis/l9475.htm>. Acesso em: 26 maio 2015.
FONAPER.Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso (PCNER). 
São Paulo: Ave-Maria. 1996.
GIUMBELLI, Emerson. Mapeamento do Ensino Religioso no Brasil: definições 
normativas e conteúdos curriculares. Proposta para o programa de apoio a 
projetos em saúde, direitos sexuais e direitos reprodutivos (PROSARE Edital 
2007). Rio de Janeiro: ISER, 2007. 
JACOB, César Romero et al, A diversificação religiosa. Revista Estudos 
avançados, v. 18, n. 52, São Paulo, set.-dez. 2004, p.9-11. Disponível em: <www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142004000300002>.
Acesso em: 29 maio 2015.
JUNQUEIRA, S. O Ensino Religioso no Brasil: estudo do seu processo de 
escolarização. 2000. 238 f. Tese (doutorado em Ciências da Educação), 
Universidade Pontifícia Salesiana, Roma: Itália, 2000.
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JUNQUEIRA, S. Processo de escolarização do Ensino Religioso. Petrópolis: 
Vozes, 2002. JUNQUEIRA, S. WAGNER, R. O Ensino Religioso no Brasil. Curitiba: 
Champagnat, 2004.
JUNQUEIRA, Sérgio; CORRÊA, Rosa Lydia; HOLANDA, Ângela Ribeiro. Ensino 
Religioso: aspectos legal e curricular. São Paulo: Paulinas, 2007. 
JUNQUEIRA, Sérgio Rogério; HOLANDA, Angela Maria Ribeiro; CORRÊA, Rosa 
Lydia Teixeira. Aspectos legislativos do ensino religioso brasileiro: uma 
década de identidade. Religião & cultura: Departamento de Teologia e 
Ciências da Religião PUC-SP, São Paulo, v. VI, n. 11, p. 09-42, jan./jun. 2007. 
Disponível em: <www.gper.com.br/biblioteca_download.php?arquivoId=41>. 
Acesso em: 29 maio 2015.
Resolução da atividade
É fundamental compreender que mesmo existindo uma 
proposta nacional para o Ensino Religioso, como os Parâmetros 
Curriculares Nacionais, cada estado apresenta uma identidade, 
saber identificar essas diferenças pode garantir a compreensão 
de uma imensa diversidade nacional.
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Estabelecer a compreensão do Ensino 
Religioso como área do conhecimento.
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COMO ÁREA DO 
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Aula 02
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O QUE É UMA ÁREA DO CONHECIMENTO?
O Ensino Religioso pode ser tomado, entendido e respei-
tado como área de conhecimento segundo a Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação Brasileira do ano de 1996. De acordo com 
a Resolução CNE/CEB 04 de 2010, que traz orientações sobre a 
definição e organização curricular para a Educação Básica: 
Art. 14. A base nacional comum na Educação Básica 
constitui-se de conhecimentos, saberes e valores 
produzidos culturalmente, expressos nas políticas 
públicas e gerados nas instituições produtoras do 
conhecimento científico e tecnológico; no mundo 
do trabalho; no desenvolvimento das linguagens; 
nas atividades desportivas e corporais; na produ-
ção artística; nas formas diversas de exercício da 
cidadania; e nos movimentos sociais.
§1.º Integram a base nacional comum nacional: 
a) a Língua Portuguesa; 
b) a Matemática; 
c) o conhecimento do mundo físico, natural, da 
realidade social e política, especialmente do 
Brasil, incluindo-se o estudo da História e das 
Culturas Afro-Brasileira e Indígena, 
d) a Arte, em suas diferentes formas de expres-
são, incluindo-se a música; 
e) a Educação Física; 
f) o Ensino Religioso. 
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§2.º Tais componentes curriculares são organiza-
dos pelos sistemas educativos, em forma de áreas 
de conhecimento, disciplinas, eixos temáticos, 
preservando-se a especificidade dos diferentes 
campos do conhecimento, por meio dos quais se 
desenvolvem as habilidades indispensáveis ao 
exercício da cidadania, em ritmo compatível com 
as etapas do desenvolvimento integral do cida-
dão. (CNE/CEB 04/2010) 
Parte-se do entendimento que as áreas de conhecimento 
são “marcos estruturados de leitura e interpretação da reali-
dade” (JUNQUEIRA, 2003, p. 98), sendo essenciais para pos-
sibilitar a participação de cada cidadão de forma autônoma, 
de forma a compreender a sociedade e interferir no espaço e 
história que ocupam (ibidem).
O Ensino Religioso como área de conhecimento está fun-
damentado numa releitura religiosa do cotidiano, respaldado 
no estudo do ser humano em desenvolvimento, que sustenta 
a estrutura social das diferentes comunidades das quais parti-
cipa, inclusive no processo da construção de um cidadão que 
compreende a pluralidade da sociedade. Ressalva-se a clareza 
de que essa área do conhecimento exige ainda uma reflexão 
pedagógica profunda em sua estruturação, o que demanda o 
estabelecimento de fundamentos para sua estruturação, no 
mapeamento curricular nacional. 
Assim, poderá se difundir entre os alunos o sentimento de 
amor e respeito pelas diferentes tradições religiosas, bem como 
desenvolver capacidades de aplicação dos novos conhecimen-
tos, em confronto com as realidades atuais, além de contribuir 
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para o reconhecimento e aperfeiçoamento de uma educação 
significativa e efetivamente integral.
A atual concepção é resultado de um longo percurso na 
organização de disciplina, currículo e articulação dos elemen-
tos do processo de ensino-aprendizagem para compreender a 
elaboração do Ensino Religioso. Com base nesses pressupostos, 
o modelo para o Ensino Religioso é o referenciado na manifesta-
ção do sagrado no coletivo. A mudança se propõe no momento 
histórico em que a cultura brasileira se confronta com as conse-
quências políticas e sociais de uma economia neoliberal, de um 
subjetivismo cultural e de uma concepção religiosa pentecostal 
carismática. (JUNQUEIRA; ALVES, 2005)
A elaboração do trabalho a ser desenvolvido no Ensino 
Religioso, enquanto conteúdo, foi desafiador e mobilizador, 
contando ainda com inúmeras discussões. O conceito de cida-
dania, por exemplo, está sendo reelaborado e suas diversas 
dimensões assumem relevâncias diversificadas no decorrer do 
tempo, como consequência do desenrolar da história. Cada 
corrente filosófica percebe o conceito segundo seu ângulo de 
visão, não obstante o direito à educação, como exercício para 
a cidadania parecer indiscutível, pois constitui um instrumento 
de atuação social, possibilitando a releitura de seu contexto.
Diante desse quadro, o Ensino Religioso assume 
o papel de provocar, junto a cada um dos com-
ponentes da comunidade educativa, o questiona-
mento sobre a própria existência do ser humano, 
participante das intrincadas relações sociocultu-
rais, favorecendo-se o conhecimento das diversas 
tradições religiosas responsáveis pela construção 
cultural do nosso país. (JUNQUEIRA, 2008, p. 19)
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Extra 
Propomos a leitura do texto de Marlon Schock sobre objeto do 
Ensino Religioso: Objeto próprio do ensino religioso escolar: de 
Babel ao Mar Vermelho. Publicado na Revista Pistis & Praxis, v. 3, 
n. 1, 2011. Disponível em: <www2.pucpr.br/reol/pb/index.php/
pistis?dd1=4578&dd99=view&dd98=pb>. Acesso em: 28 maio 2015. 
Atividade
Convidamos você a assistir uma entrevista sobre a visão 
geral do Ensino religioso no Brasil. Com base nas informações 
apresentadas, responda à seguinte questão: O que é o ensino 
religioso no Brasil? Disponível em: <www.youtube.com/watch?-
v=0Ktmt7HQrj4&index=15&list=PL9tahgr-HimMSOco7djqNkf4lX-
flbtgjN>. Acesso em: 12 jun. 2015. 
Referências 
BRANDENBURG, Laude. A fenomenologia religiosa e os espaços educativos. 
In: BRANDENBURG, Laude. (Org.). Fenômeno religioso e metodologias: VI 
Simpósio de EnsinoReligioso. São Leopoldo: Sinodal; EST, 2009a. p. 67-74.
BRASIL. Lei 9.394, de 20 de Dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e 
bases da educação nacional. Publicada no Diário Oficial da União, 23 dez. 
1996. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. 
Acesso em: 26 maio 2015.
______.Lei 9.475/97, de 22 de julho de 1997. Dá Nova Redação ao Artigo 33 da 
Lei n. 9.394/96 que estabelece as Diretrizes de Base da Educação Nacional. 
Publicada no Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 
Congresso Nacional, 1997. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/
Leis/l9475.htm>. Acesso em: 26 maio 2015.
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JUNQUEIRA, Sérgio. O Ensino Religioso no Paraná: a partir da Deliberação 03/2002 
do Conselho Estadual de Educação. Revista Educação em Movimento, Curitiba, 
v.2, n.5, p. 97-106, (Supl.), maio/ago. 2003. Disponível em: <www.gper.com.br/
biblioteca_download.php?arquivoId=663>. Acesso em: 29 maio 2015.
JUNQUEIRA , Sérgio Rogério Azevedo; ALVES, Luiz Alberto Sousa. O contexto 
pluralista para a formação do professor de ensino religioso. Revista Diálogo 
Educacional, Curitiba, v. 5, n.16, p. 229-246, set./dez. 2005. Disponível em: 
<www2.pucpr.br/reol/index.php/dialogo?dd99=pdf&dd1=611>. Acesso em: 
12 jun. 2015. 
JUNQUEIRA, Sérgio Rogério. Ensino Religioso na Perspectiva do Espaço 
Escolar”. Revista Teoria e Prática da Educação, v.11, n.1, p.15-22, jan./abr. 
2008. Disponível em: <www.dtp.uem.br/rtpe/volumes/v11n1/002_Sergio_
Junqueira.pdf>. Acesso em: 29 maio 2015.
Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de 
Educação Básica. Resolução n. 4, de 13 de Julho de 2010. Define Diretrizes 
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Publicada no Diário 
Oficial da União, Brasília, 14 jul. 2010, Seção 1, p. 824. Disponível em: 
<http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_10.pdf>. Acesso em: 12 
jun. 2015. 
SCHOCK, Marlon. Educação e transcendência: dimensões contempláveis, 
aspectos edificáveis, categorias compartilháveis. Dissertação (Mestrado em 
Teologia) – Escola Superior de Teologia. Programa de Pós-Graduação, São 
Leopoldo, 2008.
Resolução da atividade
O Ensino Religioso é uma disciplina em construção, para 
tal, identificar o seu objeto de estudo, o seu contexto no ce-
nário do conhecimento é algo a ser amadurecido e articula-
do. Nessa entrevista são retomados diferentes aspectos dessa 
construção.
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ÁREA DO CONHECIMENTO PARA AS 
DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO BÁSICA E 
PARA O CNPQ 
A Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de 
Educação por meio da Resolução 07/2010 fixou as Diretrizes 
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) 
anos1 e traz o Ensino Religioso como componente da base cur-
ricular nacional, junto com outras disciplinas como Língua 
Portuguesa, Matemática, entre outras.
Além disso, dá instruções com relação ao Ensino Religioso, 
enquanto área de conhecimento, no § 6.º do artigo 15:
§6.º O Ensino Religioso, de matrícula facultativa 
ao aluno, é parte integrante da formação básica 
do cidadão e constitui componente curricular dos 
horários normais das escolas públicas de Ensino 
Fundamental, assegurado o respeito à diversidade 
cultural e religiosa do Brasil e vedadas quaisquer 
formas de proselitismo, conforme o art. 33 da Lei 
n.º 9.394/96. (CNE/CEB 07/2010).
Equiparável às outras disciplinas curriculares e considera-
da uma das grandes áreas de conhecimento, tem-se em vista a 
necessidade de deter-se sobre um objeto de estudo com con-
teúdos, tratamento didático e metodologias próprias, a fim de 
facilitar a construção de conhecimento específico da cultura 
religiosa. 
1 Em consonância com a Resolução CNE/CEB 04/2010: <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_10.pdf>.
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Mais do que uma educação para a fé, que é de caráter 
pessoal e temático sobre a qual se ocupam as religiões, é o co-
nhecimento dos fenômenos religiosos e suas inter-relações com 
o contexto social que é o campo de conhecimento do Ensino 
Religioso.
Dessa forma, essa disciplina do corpo curricular da educa-
ção brasileira pode propiciar um espaço e ambiente dialógico, 
em perspectiva inter, multi e transdisciplinar (Holanda, 2006), 
que instrumentalize os cidadãos para a convivência significativa 
em ambiente rico e plural como o brasileiro.
Extra 
Propomos a leitura do artigo Religião e educação, um diá-
logo emergente: do teórico ao prático para constituição de 
uma área de conhecimento, de Eulálio Figueira. Publicado na. 
Revista Pistis Praxis, v. 6, n. 2, 2014. Disponível em: <www2.
pucpr.br/reol/pb/index.php/pistis?dd1=12767&dd99=view&d-
d98=pb>. Acesso em: 28 maio 2015.
Atividade
O Ensino Religioso como elemento curricular teve sua ori-
gem quando o Estado assumiu o papel de organizar a escolariza-
ção. No primeiro momento, ocorreu a incorporação do modelo 
realizado nas comunidades religiosas no cotidiano escolar como 
consequência da forte influência das religiões sobre as socie-
dades. Entretanto, quando os países reconhecerem o direito à 
livre opção religiosa e filosófica, será necessário uma alteração 
nesse componente curricular, mesmo contrariando lideranças 
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de grupos religiosos que compreendem a escola como suplência 
das comunidades. Para essa atividade, assista ao filme: 
• Lutero (Luther) 
 Gênero: Drama 
 Ano de Lançamento: 2003
 Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=PlP-Xt4LLNg>. 
Acesso em: 28 maio 2015.
Com base na reflexão do filme sobre Lutero, propõe-se o 
aprofundamento da questão da inferência da religião sobre a 
educação no século XXI, e de que forma religião e sociedade se 
organizam. Elabore um texto deste seu estudo e reflexão.
Referências 
HOLANDA, Ângela Maria Ribeiro. Fenômeno Religioso e Religiosidade. Revista 
de Educação da Aec. Ano 35, janeiro/março 2006, n. 138, pp. 24–31. Disponível 
em: <www.gper.com.br/noticias/3cc27b5c178434f822421ce40a0d0592.pdf>. 
Acesso em: 30 maio 2015. 
JUNQUEIRA, Sérgio. História, Legislação e fundamentos do Ensino Religioso. 
Curitiba: Ibpex, 2008.
Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de 
Educação Básica. Resolução n. 4, de 13 de Julho de 2010. Define Diretrizes 
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Publicada no Diário 
Oficial da União, Brasília, 14 jul. 2010, Seção 1, p. 824. Disponível em: 
<http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_10.pdf>. Acesso em: 12 
jun. 2015. 
Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de 
Educação Básica. Resolução n. 7, de 14 de Dezembro de 2010. Fixa Diretrizes 
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Publicada 
no Diário Oficial da União, Brasília, 15 dez. 2010, Seção 1, p. 34. Disponível 
em: <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb007_10.pdf>. Acesso em: 
12 jun. 2015. 
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Resolução da atividade
Lutero foi um dos responsáveis pela mudança na concep-
ção de educação no mundo moderno. Ao questionar o papel do 
domínio religioso sobre a cultura alemã, esse monge interferiu 
na visão de mundo de colonos e nobres. O papel da religião na 
formação cultural religiosa de uma comunidade é um dos obje-
tivos propostos pelo modelo brasileiro de Ensino Religioso, mas 
que tem suas origens muito antes de 1997. Ao conhecer a histó-
ria de Lutero (em alemão: Martin Luther), você estará conhe-
cendo uma parte da revisão do papel religioso na sociedade.
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OBJETOS DO ENSINO RELIGIOSO
O primeiro princípio a ser considerado para operacionalizar 
os objetivos do Ensino Religioso é que ele é parte integrante da 
formação básica do cidadão. Assim essa disciplina se alicerça 
nos princípios da cidadania, do entendimento do outro e na 
formação integral do educando. 
O direito ao exercício da religiosidade é garantido por lei 
federal, na qual se engloba também a opção por não ser religio-
so. Ainda que essa opção seja exercida, a religião está para as 
pessoas como um dado antropológico e cultural perceptível em 
cada ajuntamento de pessoas, assim como a língua falada, as 
preferências alimentares, formas de vestir-se etc. No substrato 
de cada cultura, sempre está presente o religioso. 
Essa disciplina que trata do conhecimento religioso de for-
ma plural oportuniza que o estudante se desenvolva, enten-
dendo a si próprio e ao outro como pertencentes a um sistema 
complexo de relações culturais. Portanto, os saberes desen-
volvidos pela disciplina vão além da informação a respeito de 
conteúdos e fenômenos religiosos, conforme apresentado pelos 
Parâmetros Curriculares Nacionais.
Com base nesse componente curricular, busca-se ampliar 
as formas de convívio entre os estudantes, em que o respeito à 
sua própria tradição religiosa e à dos outros deve ser buscado 
diligentemente, proporcionando um espaço seguro para a liber-
dade de expressão, também dos caracteres religiosos de sua 
própria forma de crer ou da opção e opinião daqueles que não 
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crêem. Nesse ambiente escolar de respeito, deve-se cultivar 
o diálogo e a reverência aos diferentes modos e às múltiplas 
formas que o transcendente pode ser declarado, considerando 
a cultura que permeia cada crença.
Na perspectiva de disciplina escolar, o objeto a que se de-
bruça o Ensino Religioso é o fenômeno religioso, cujos conteú-
dos se traduzem no conhecimento das culturas e tradições reli-
giosas organizados em teologias, escrituras e tradições sagradas 
(orais e escritas), ritos e ethos, que encontram na pluralidade 
cultural e religiosa brasileira uma vastidão de elementos para o 
desenvolvimento dos estudantes. É importante ressaltar que o 
desenvolvimento do conteúdo deve respeitar as características 
etárias, emocionais e cognitivas de cada fase ou ano escolar.
O processo de aprendizagem no Ensino Religioso, como 
qualquer outra disciplina escolar, é permanente e evolutivo e, 
por isso, deve-se considerar o conhecimento prévio de cada 
estudante e propiciar uma continuidade progressiva, aprofun-
dando o entendimento do fenômeno religioso, isento de juízo 
de valor e afirmação de preconceitos. É espaço excelente para 
que a alteridade seja desenvolvida, de forma a reconhecer a 
importância e a validade da superação das diferenças. 
O conhecimento da forma como é operacionalizado no ER 
pode oportunizar a valorização da religiosidade particular e tam-
bém de diferentes agrupamentos humanos, promovendo uma 
convivência mais próxima do acolhimento e de posturas frater-
nas, pois enquanto vivencia momentos de aprendizagem a res-
peito da própria cultura e tradição religiosa, exercita a possibi-
lidade de respeitar as formas culturais e religiosas dos outros.
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Essa disciplina orienta para a sensibilidade ao mistério, 
na alteridade: este trata do conhecimento religioso que é ao 
mesmo tempo historicamente construído e revelado. Logo, os 
temas religiosos são complexos em si e muito mais em seu tra-
tamento na pluralidade e diversidade da sala de aula. Isso re-
quer do educador um aprofundamento mais apurado, pois é nas 
relações do conhecimento religioso próprio com o conhecimen-
to religioso do outro que o educando vai se sensibilizando para 
o mistério, compreendendo o sentido da vida e da vida além 
morte, elaborada pelas Tradições Religiosas.
O conhecimento a respeito do fenômeno religioso que se 
pretende construir de forma participativa e coletiva, mostra-se 
responsável por construir significados na medida em que pro-
move a informação, reflexão e a construção de um conheci-
mento novo significativo, de forma a entender outras respostas 
às questões humanas fundamentais de identidade e destino.
O desenvolvimento e planejamento das aulas dessa disci-
plina deve ser contextualizado e organizado, assim como as ou-
tras do ambiente escolar, tendo em vista: a caracterização do 
estudante, os objetivos a serem alcançados, os melhores meios 
e métodos necessários para possibilitar a construção do conhe-
cimento e ainda uma forma de aferir se os objetivos foram al-
cançados. Os Parâmetros Curriculares Nacionais do ER orientam 
que ensino e aprendizagem devem ser permeados de momentos 
críticos reflexivos pelo docente que pretenda estabelecer uma 
prática intencional, dialógica e cooperativa.
Ao olhar para os objetivos e para a aula desenvolvida, sur-
ge o importante processo de avaliação. Como um momento de 
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significar o tão subjetivo alcance das aulas de ER, faz-se mister 
entender a avaliação como uma engrenagem que realimenta a 
máquina, no caso a aprendizagem significativa. 
Ter em mente o contexto social, cultural e religioso dos 
estudantes é um dos pressupostos que devem ser considerados 
para cada conteúdo e momento com a turma. Além disso, o 
acompanhamento do desenvolvimento de posturas, ideias e ex-
pressões de cada um exige percepção, análise e reflexão para 
que seja possível aferir os resultados pretendidos.
Extra 
Propomos a leitura do seguinte artigo: Ensino Religioso: 
espaço dos catecismos, de Sérgio Junqueira. Publicado na 
Revista Horizonte. v. 12, n. 36, 2014. Disponível em: <http://
periodicos.pucminas.br/index.php/horizonte/article/view/P.
2175-5841.2014v12n36p1283/7529>. Acesso em: 28 maio 2015. 
.Atividade
Selecione quatro reportagens de jornais ou revistas de sua 
região que expressem a relação do universo religioso com o co-
tidiano social. Em seguida elabore um texto expressando a rela-
ção entre as reportagens e procure formular uma aula de Ensino 
Religioso com esse material. Nesse plano explicite o objetivo 
ou objetivos, as atividades e a avaliação. Indique para que ano 
escolar seria proposta essa aula. Com essa ação, procure verifi-
car sua sensibilidade para enxergar no cotidiano e na história os 
elementos para o Ensino Religioso no enfoque da diversidade.
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Referências 
BRASIL. Lei 9.394, de 20 de Dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e 
bases da educação nacional. Publicada no Diário Oficial da União, 23 dez. 
1996. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. 
Acesso em: 26 maio 2015.
______. Lei 9.475/97, de 22 de julho de 1997. Dá Nova Redação ao Artigo 33 
da Lei 9.394/96 que estabelece as Diretrizes de Base da Educação Nacional. 
Publicada no Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 
Congresso Nacional, 1997. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/
Leis/l9475.htm>. Acesso em: 26 maio 2015.
FÓRUM NACIONAL PERMANENTE DO ENSINO RELIGIOSO – FONAPER. Parâmetros 
Curriculares Nacionais do Ensino Religioso. São Paulo: Ave Maria, 1997.
Resolução da atividade
Por meio deste trabalho é possível verificar a relação en-
tre o cotidiano do religioso e a educação de posturas para o 
diálogo, um dos objetivos do Ensino Religioso.
Identificar o objeto do Ensino Religioso e 
sua relação com o estudo das Ciências da 
Religião por meio do fenômeno religioso.
O FENÔMENO 
RELIGIOSO
Aula 03
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CONCEITOS DE RELIGIÃO E SUA HISTÓRIA
A definição mais aceita pelos estudiosos, para 
efeitos de organização e análise, tem sido a se-
guinte: religião é um sistema comum de crenças e 
práticas relativas a seres sobrehumanos dentro de 
universos históricos e culturais específicos. (SILVA, 
2004, p. 4) 
O modelo de “Ensino Religioso fenomenológico assumiu 
como conceito de Religião (lat.) religio como (lat.) relegere 
(port.) “reler”, a definição de Cícero1.”(JUNQUEIRA, 2008, p. 
20). Segundo esse filósofo, conforme aponta Junqueira (2008), 
“religio” estaria ligado ao culto aos deuses, a costumes ances-
trais, e a religião mais antiga seria a melhor, por estar mais pró-
xima dos deuses. A religião seria própria de cada sociedade hu-
mana particular, sendo o conjunto de práticas e formas de crer, 
que busca honrar seus deuses, e por isso mesmo é apropriado 
receber respeito de outras comunidades. Na cultura do Império 
Romano, havia a demonstração desse princípio no reconhecimen-
to do direito ao culto monoteísta a Javé para o povo Judeu, de 
forma livre, por meio do estatudo religio licita, tendo em vista 
“a realização escrupulosa da observância cultual, no respeito e 
na piedade devidos aos poderes superiores” (JUNQUEIRA, 2008, 
p. 20), como prática fundamentada em uma tradição. 
É necessário lembrar que o termo foi aplicado de for-
ma ampliada, reconhecendo como religio sistemas e culturas 
que cultuavam divindade(s), mesmo que de maneiras diferen-
tes ao praticado pelo Império Romano. Para Émile Durkheim2, 
1 Conheça um pouco mais sobre Cícero: <http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%ADcero>.
2 Conheça um pouco mais sobre Durkheim: http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89mile_Durkheim
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sociólogo, psicólogo social e filósofo francês do início do Século 
XIX, a religião seria um “sistema solidário de crenças e práticas 
relativas a coisas sagradas” (Ibidem). 
A religião pode influenciar e definir as relações humanas, 
emprestando sentido, quando valida uma gama de informações, 
aferindo veracidade a elas. Além disso, serve de modelo en-
quanto baliza ações e responde questões cruciais para a vida, 
como aquelas ligadas à identidade (quem sou? Por que estou 
aqui?) e destino (de onde vim? para onde vou?), além daqueles 
questionamentos quanto às ameaças de sofrimento, ignorância 
e injustiça. 
Instintivamente, há uma tendência à busca de comporta-
mentos religiosos, independente da cultura a que pertença, por 
ser instrumento para o conhecimento e compreensão do mun-
do, de si e de ações e fenômenos incontroláveis, inexplicáveis 
e desconhecidos.
Assim, as aldeias humanas, independente de localização e 
época, vêm indicando e buscando significados para seu viver, 
e nisso se reconhece também a caracterização de religião, em 
que se constituem caminhos para dirigir-se àquilo que necessi-
tava ser reconectado.
Extra
Propomos a leitura do artigo que aborda sobre a construção 
conceitual do Ensino Religioso e as Ciências da Religião Dos con-
ceitos de Ciência de Religião e de Ensino Religioso: diálogos ne-
cessários, de Edivaldo Bortoleto e Rosa Gitana Krob Meneghetti. 
Publicação Numen: revista de estudos e pesquisa da religião, Juiz 
de Fora, v. 17, n. 1, p. 15-50. Disponível em: <http://numen.ufjf.
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emnuvens.com.br/numen/article/view/2828/2151>. Acesso em: 
2 jun. 2015. 
Atividade
Assista a entrevistas com três líderes de diferentes reli-
giões e procure identificar: o que é uma religião?
Seguem três sugestões: 
• Fé Baháí. Disponível em: <www.youtube.com/watch?-
v=fhuHI942-Q0>. Acesso em: 15 jun. 2015. 
• Cristãos ortodoxos. Disponível em: <www.youtube.
com/watch?v=9fjjpQjrLbs>. Acesso em: 15 jun. 2015. 
• Budismo Tibetano. Disponível em: <www.youtube.
com/watch?v=4f6iwrm-FR0>. Acesso em: 15 jun. 2015. 
Referências 
JUNQUEIRA, Sérgio Rogério Azevedo; CORRÊA, Rosa Lydia; HOLANDA, Ângela 
Maria. Ensino Religioso: aspectos legal e curricular. São Paulo: Paulinas, 2007.
JUNQUEIRA, Sérgio Rogério Azevedo; WAGNER, Raul (Org.). Ensino Religioso 
no Brasil. Curitiba: Champagnat, 2004.
JUNQUEIRA, Sérgio Rogério Azevedo. Ensino Religioso na Perspectiva do 
Espaço Escolar. Revista Teoria e Prática da Educação, v.11, n.1, p.15-22, 
jan./abr. 2008. Disponível em: <www.dtp.uem.br/rtpe/volumes/v11n1/002_
Sergio_Junqueira.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2015.
SILVA, Eliane Moura da. Religião, Diversidade e Valores Culturais: conceitos 
teóricos e a educação para a Cidadania. Revista de Estudos da Religião, n. 2 / 
2004 / pp. 1-14. Disponível em <www.pucsp.br/rever/rv2_2004/p_silva.pdf>. 
Acesso em: 7 jun. 2015.
Resolução da atividade
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O filósofo Cícero propõe que religião é a releitura do que 
transcende na sociedade. As entrevistas devem proporcionar 
condições de identificar o conceito do que é religião como uma 
marca distintiva humana, independente de qual ela seja.
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FENÔMENO RELIGIOSO 
O Conselho Nacional de Educação (CNE) contribuiu com 
orientações para a formatação das diretrizes curriculares para 
todas as disciplinas escolares. O Fenômeno Religioso foi o cami-
nho encontrado para a definição de objeto e objetivos para o 
Ensino Religioso (ER).
Essa escolha deu condições de ampliar o entendimento a 
respeito do ER enquanto disciplina escolar, ao considerar duas 
áreas específicas: educação-ensino e religião, ou seja, a di-
mensão escolar e aquela ligada a religiosidades. Ilimitadas pos-
sibilidades se abrem, tanto com relação à primeira como quan-
to à segunda.
Inicialmente, é determinante o fato desse estudo ocorrer 
no espaço da escola, exigindo a escolarização dos estudos sobre 
as manifestações religiosas, em que entrecruzam-se: 
• a sociedade local, global, plural e cultural, suas injus-
tiças e conquistas, conjunto que influencia a formação 
humana; 
• as diferentes visões de mundo e práticas de convivên-
cia recebidas do ambiente familiar de cada estudante; 
• o sistema escolar expresso nas diferentes prioridades 
econômicas, filosóficas e pedagógicas, que estrutu-
ram e influenciam uma gama de relações internas ho-
rizontais e verticais de poder;
• o corpo discente, ou estudantes, que com suas his-
tórias, gostos e escolhas pessoais, inter-relacionados 
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com diferentes fases etárias, de desenvolvimento cog-
nitivo e interpessoal, são influenciados pelo seu pro-
tagonismo (ou não) nos contextos sociais em que se 
inserem.
Algumas condições são necessárias para que se atinjam os 
objetivos da disciplina:
• instrumento metodológico isento de ideologias, in-
tenções preconcebidas, julgamento de valores (tanto 
quanto possível);
• análise da recorrência e constância de determinados 
aspectos (valores, credos etc.) ao longo do tempo;
• utilização de fontes primárias, ou seja, leituras inter-
culturais o mais próximo possível de suas raízes origi-
nais, descartada a prática de classificação (histórica, 
sociológica, ou qualquer outra), que evite apropriações 
de causa-efeito no afã de explicar o momento funda-
mental apresentado enquanto fenômeno religioso.
Fenômeno religioso pode ser comparado aos fenômenos 
sociais ou culturais, enquanto sistema de relações entre seres 
humanos, contudo seria possível restringir as relações do fenô-
meno religioso ao relacional entre seus pares? Com o que ou 
com quem estes se relacionam no âmbito religioso? 
Novamente é preciso pensarque essa relação religiosa 
está relacionada às questões cruciais para a vida de identidade 
(quem sou? Por que estou aqui?), destino (de onde vim? para 
onde vou?) e profundidade existencial. 
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Portanto não se tratam de questões levianas ou superfi-
ciais, já que envolve a pessoa em sua totalidade, oferecendo 
sentido, que por vezes se traduz como o sentido de ser, perma-
necer e fazer no mundo.
Extra
Propomos a leitura do artigo Fenômeno Religioso: uma 
buca pela verdade, de Yask Gondim da Silva. Publicação: 
Fragmentos de cultura, Goiânia, v. 22, n. 4, p. 345-353, out./
dez. 2012. Disponível em: <http://seer.ucg.br/index.php/frag- 
mentos/article/view/2550/1583>. Acesso em: 15 jun. 2015.
Atividades
Assista ao Programa Teodiversidade da PUC São Paulo - 
Programa Teodiversidade 3 – Panorama das Religiões no Brasil, 
que discute a diversidade religiosa no Brasil. Disponível em: 
<www.youtube.com/watch?v=9HbncepXhkQ>. Acesso em: 15 
jun. 2015.
Tomando como base esse vídeo, propomos que você produ-
za um breve texto respondendo à seguinte questão: Qual é o 
cenário religioso brasileiro?
Caso você queira aprofundar a questão da diversidade 
religiosa no Brasil, acesse a pesquisa sobre o Novo Mapa das 
Religiões. Disponível em: <www.cps.fgv.br/cps/religiao/>. 
Acesso em: 15 jun. 2015.
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Referências 
JUNQUEIRA, Sergio (Org.). O sagrado: fundamentos e conteúdo do ensino 
religioso. Curitiba: Ibpex, 2009. 
JUNQUEIRA, Sergio; WAGNER, Raul. O ensino religioso no Brasil. 2. ed. 
Curitiba: Champagnat, 2011. 
Resolução da atividade
Ao perceber a diversidade religiosa no cenário religioso 
brasileiro, é possível ampliar a visão do Ensino Religioso que 
deve apresentar o posicionamento de olhar para o fenômeno, 
ou seja, considerar a dimensão fenomenológica da disciplina.
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FENÔMENO RELIGIOSO COMO OBJETO PARA 
O ENSINO RELIGIOSO
Diante das bases filosóficas, sociológicas e legais a respeito 
do Ensino Religioso, e considerando a diversidade religiosa bra-
sileira, o fenômeno religioso, enquanto núcleo central, apre-
senta a releitura de diferentes contextos junto às concepções 
das diferentes religiões como o caminho para operacionalizar 
conteúdos para esse componente curricular. 
Mais do que apresentar esses conhecimentos, faz-se neces-
sária uma postura facilitadora da construção destes, de forma 
provocativa, a fim de que os estudantes se tornem protagonis-
tas da aprendizagem.
Como caminhada de crescimento cultural, o modelo feno-
menológico exige que se compreenda qual é a escola, o aluno e 
os contextos que estão envolvidos e, além disso, a proposta e a 
metodologia que se implementará nesta jornada. 
Neste percurso de formação cultural e, consequentemente, 
de preparação para atuação social e profissional, encontra-se 
a educação da consciência religiosa como um direito de cada 
pessoa. Como mais uma dimensão da cultura, torna-se possível 
discutir problemas da existência, entre outros fundamentais. 
Restringir o ensino a conteúdos vagos e neutros, que des-
prezam a reflexão quanto a modelos que transmitem a tradição 
e cultura de cada povo, é limitar o leque de conhecimentos que 
podem ser desenvolvidos e apropriados e que podem ser signi-
ficativos para as tomadas de decisão diante das opções de vida 
a serem enfrentadas. 
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É na escola, enquanto agência de educação para a vida em 
sociedade, que a operacionalização fenomenológica da discipli-
na pode influenciar a formação de seres que atuem de forma 
comprometida com o exercício da cidadania, com o mundo do 
trabalho, de seres que, de forma alteritária1, contribuem para 
uma vivência fundamentada na ética, na justiça, no respeito 
aos direitos humanos, efetivando uma formação integral.
Além das contribuições filosóficas, sociológicas, legais, pe-
dagógicas e a diversidade da nação brasileira, para a efetivação 
do Ensino Religioso, é preciso considerar também o ambiente 
educativo, aspecto valorizado na pedagogia contemporânea.
O Ensino Religioso se insere nesses ambientes enquanto 
processo educativo e deve considerar seus elementos coexis-
tentes (pessoas, relações, espaços e tempos destinados), po-
dendo favorecer ou não a formação humana. As condições de 
espaço, tempo e as relações humanas se influenciam mutua-
mente, de acordo com um programa na forma como é pensado 
e aceito pelos pares envolvidos. 
É a escola o cenário em que se desenvolve o crescimento 
cultural não só de cada sujeito, como de cada comunidade, e 
por isso mesmo, deve ser o lugar no qual as formulações de 
questões, e a busca pelas respostas e novas perguntas provem e 
ampliem a capacidade e possibilidade do exercício da inteligên-
cia, da razão, da reflexão científica e da sensibilidade artística. 
É lá onde se deve reunir as condições ideais para que todos os 
questionamentos e, em especial, os ligados ao senso da vida e 
valores existenciais se desenvolvam.
1 Relativo à alteridade.
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O Ensino Religioso, nesse aspecto, ocupa tempo e espaço 
privilegiados para uma formação que se pretende científica, pois 
propicia poder observar, analisar, rever, sintetizar e, em atitude 
de diálogo, conhecer o que de outra forma não seria possível.
Extras 
Propomos a leitura do artigo: Um espaço para compreender 
o sagrado: a escolarização do Ensino Religioso no Brasil. Sylvio 
Fausto Gil Filho e Sérgio Rogério Azevedo Junqueira. História: 
Questões & Debates, Curitiba, n. 43, p. 103-121, 2005. Editora 
UFPR. Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/
historia/article/view/7865/5546>. Acesso em: 2 jun. 2015. 
Para que você possa ir além na compreensão da questão diversi-
dade, propomos que acesse o site oficial do IBGE, em que encontra-se o 
artigo: Censo 2010: número de católicos cai e aumenta o de evangé-
licos, espíritas sem religião. Disponível em: <http://censo2010.ibge.
gov.br/pt/noticias=-censo?view=noticia&id1=&idnoticia2170=&t-
censo-2010-numero-catolicos-cai-aumenta-evangelicos-espiritas- 
sem-religiao>. Acesso em: 15 jun. 2015.
Atividade
Para discutir nas aulas de Ensino Religioso sobre a cons-
trução dos conceitos religiosos no país, é fundamental com-
preender a sua diversidade religiosa. Propomos que você ouça 
o demógrafo da religião, e com base na entrevista, responda 
à seguinte questão: Como estão distribuídas as religiões no 
Brasil?
Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=tmIEDltbfms>. 
Acesso em: 15 jun. 2015. 
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Referências 
JUNQUEIRA, S. (Org.). O sagrado: fundamentos e conteúdo do ensino religioso. 
Curitiba: Ibpex, 2009. 
JUNQUEIRA, S.; WAGNER, R. O ensino religioso no Brasil. 2. ed. Curitiba: 
Champagnat, 2011. 
Resolução da atividade
Compreender o Brasil como um país cuja diversidade se 
reflete em diferentes modos de vida, e em especial nos aspec-
tos religiosos. Propõe-se esse percurso como forma de correla-
cionar a necessidade do enfoque fenomenológico da disciplina 
como necessário e urgente para dar resposta à multicultural 
sociedade brasileira.
Análise da diversidade cultural religiosa e 
seu impacto nas aulas de Ensino Religioso.
O ENSINO RELIGIOSO 
NO CONTEXTO 
ESCOLAR 
Aula 04
Objetivo:
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O ENSINO RELIGIOSO NO CONTEXTO 
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ESCOLA E RELIGIÃO
Na educação realizam-se os aspectos do fazer da humani-
dade,bem como na religião se expressam aspectos constituti-
vos de cada povo, o que se reflete na atuação de cada indivíduo 
na sociedade onde vive. Sua atuação pode ou não transformar, 
manter ou desenvolver características que marcam e dão iden-
tidade à sua cultura, ocupando a posição de agente social, com 
força e influência na formação desta, como protagonistas de 
atos que mantém ou transformam hábitos, costumes, ideolo-
gias, moral.
Assim, tanto a educação quanto a religião, tendo em vista 
que são organizações socioculturais, desempenham uma espe-
cífica e determinada função social, que, ao longo do tempo, 
pode modificar aspectos sociais. Essas mudanças, via de regra, 
não se operacionalizam de forma homogênea e sem tensões, 
em especial quando a diversidade e a pluralidade enfrentam 
cenários também diversos e adversos na política e nas questões 
sociais, sendo possível aferir a diversidade também nos aspec-
tos culturais, morais e religiosos.
Historicamente, religião e educação são interdependentes 
em suas constituições, e elas se dedicam a questões cujos ele-
mentos históricos, culturais e concretos compõem o processo 
de construção – perpetuação – modificação da história da huma-
nidade. Interligadas historicamente, elas têm papel fundamen-
tal no desenvolvimento dos povos, sendo responsáveis e oca-
sionando tanto a delimitação quanto a expansão do processo 
evolutivo humano.
FUNDAMENTOS DO ENSINO RELIGIOSO62
O ENSINO RELIGIOSO NO CONTEXTO 
ESCOLAR
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Com funções sociais diferentes, a educação tem a função 
de oportunizar a ciência do conhecimento historicamente cons-
truído aos que a ela têm acesso. Já a religião tem a função de 
tornar acessível a dimensão simbólica, de aspectos do transcen-
dente, de crenças e convicções religiosas humanas. Em ambas, 
é possível que o sujeito entenda a sua própria constituição en-
quanto ser que tem aspirações e usar do conhecimento elabora-
do/transmitido nessas esferas para sua atuação em sociedade.
Com campos de atuação diferentes, o educacional e reli-
gioso encontram na disciplina do Ensino Religioso o espaço pro-
dutivo para entender a diversidade de forma a contribuir para 
a formação cidadã.
Essa cidadania, da qual a escola se ocupa em formar e se 
coloca como espaço fundamental para isso, também é tocada 
por aspectos religiosos. E na escola, em especial, pode ser de-
senvolvida a tão necessária acolhida àquilo ou àquele que é di-
ferente, de forma respeitosa, e que só pode se efetivar através 
do conhecimento sistematizado. 
No desenvolvimento da cidadania a religião colabora pro-
piciando fenômenos religiosos de diferentes sociedades, que 
configuram diferentes e densas articulações, mudanças, com-
binações e interpretações. 
Diante de todos estes aspectos, é desafiante a postura que 
se exige da disciplina e dos profissionais que trabalham com o 
ER, pois os elementos concretos de cada esfera (educacional e 
religiosa) tem epistemologia própria e especifica diferente de 
qualquer outra disciplina escolar.
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Extra
Propomos a seguinte leitura: Ensino Religioso e cidada-
nia na escola pública, de Elisa Rodrigues, publicado na Revista 
Numen, v. 16, n. 1, 2013. Disponível em: <http://numen.ufjf.
emnuvens.com.br/numen/article/view/2126/1935>. Acesso em: 
5 jun. 2015. 
Atividade
Converse com uma ou mais pessoas de seu convívio (adulta 
ou jovem) e tente resgatar de suas memórias alguns aspectos so-
bre atividades religiosas que eram realizadas no espaço escolar. 
Após a organização do quadro a seguir, responda à seguinte 
questão: como a religião se expressa na escola?
Escola pública Escola particular
Existia alguma imagem re-
ligiosa na escola? (Quadro/
estatueta/gravura...)
SIM NÃO SIM NÃO
Em algum momento, existiu a 
oportunidade de oração para 
os alunos?
SIM NÃO SIM NÃO
Era feita a distribuição de 
material religioso para alunos 
e/ou professores?
SIM NÃO SIM NÃO
Textos religiosos eram utiliza-
dos na escola? SIM NÃO SIM NÃO
Em algum momento aconte-
ciam celebrações religiosas? SIM NÃO SIM NÃO
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O ENSINO RELIGIOSO NO CONTEXTO 
ESCOLAR
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Referências 
SEVERINO, Antonio Joaquim. Educação, ideologia e contra-ideologia. São 
Paulo: EPU, 1986.
_____. Educação, trabalho e cidadania: a educação brasileira e o desafio da 
formação humana no atual cenário histórico. In: São Paulo em Perspectiva. 
São Paulo: Apr./June 2000. v. 14, n. 2. Disponível em: <www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392000000200010>. Acesso em: 16 jun. 
2015. 
WEILER, Lara. A educação e a sociedade atual frente às novas tecnologias. 
Disponível em: <http://jararaca.ufsm.br/websites/l&c/download/Artigos/
L&C_1S_06/LaraL&C2006.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2015. 
Resolução da atividade
A proposta é verificar a presença da religião na escola mes-
mo sem o Ensino Religioso, pois algumas vezes o tema religião 
surge no espaço escolar em decorrência de situações propostas 
por alunos e/ou professores, como: o tema da morte, questões 
morais como aborto, eutanásia e homoafetividade. Aqui vale 
lembrar que os princípios religiosos orientam o tema do diá-
logo. Para tal, é fundamental saber identificar e preparar-se 
para essas discussões.
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O ENSINO RELIGIOSO NO CONTEXTO 
ESCOLAR
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ESCOLA, DIVERSIDADE CULTURAL E 
CIDADANIA 
Diversidade tem sua raiz semântica (origem) na palavra 
latina diversitate e significa “diferença”, “dessemelhança”, 
“dissimilitude”. Por isso há o entendimento de que diversidade 
é palavra antônima à homogeneidade. 
Assim, diversidade cultural pode ser entendida como dife-
rença entre culturas, na forma em que concebe o mundo, entre 
outras diferenças. Por serem originais em diferentes aspectos, 
com histórias de formação, necessidades e características pe-
culiares entre si, exigem que o trato dos seus aspectos formati-
vos e constitutivos seja feito evitando a uniformização, discri-
minação e hierarquização de valores. É por isso também que a 
produção cultural que representa cada cultura deve ser tomada 
com postura respeitosa e alteritária. Essa produção cultural se 
expressa, entre outros aspectos, por meio de idioma, símbolos, 
tradições, ritos, alimentação, música, artes etc.
Geertz1 (1926-2006), antropólogo da Universidade 
Princeton, de Nova Jersey, apresentou a diversidade cultural 
como uma teia de significados construída por meio das vivên-
cias de cada um na sociedade em que se encontra. Por meio 
dessas vivências, são convencionadas significações, valores e 
regras que dão condição à comunicação e à vida entre os sujei-
tos e entre os diferentes grupos. Cultura, portanto, não é ca-
sual, mas resulta das relações historicamente construídas, por 
1 Para saber um pouco mais sobre Clifford Geertz, acesse: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Clifford_Geertz>.
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O ENSINO RELIGIOSO NO CONTEXTO 
ESCOLAR 
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gerações anteriores, e que condicionam a forma como se vive e 
como se traduz essa vida social. 
No primeiro artigo da Declaração Universal sobre 
Diversidade Cultural, consta que 
Artigo 1 – A diversidade cultural, patrimônio co-
mum da humanidade. A cultura adquire formas 
diversas através do tempo e do espaço. Essa di-
versidade se manifesta na originalidade e na 
pluralidade de identidades que caracterizam os 
grupos e as sociedades que compõem a humani-
dade. Fonte de intercâmbios, de inovação e de 
criatividade, a diversidade cultural é, para o gê-
nero humano, tão necessária como a diversidade 
biológica para a natureza. Nesse sentido, constitui 
o patrimônio comum da humanidade e deve ser 
reconhecida e consolidada em benefício das gera-
ções presentes e futuras. (UNESCO, 2002).
Portanto se entende