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“livro” — 2007/8/1 — 15:06 — page 14 — #24
14 Fı́sica Matemática Arfken •Weber
1.3.5 Um cano desce em diagonal pela parede sul de um edifı́cio, fazendo um ângulo de 45◦ com a
horizontal. Ao chegar a uma quina da parede, o cano muda de direção e continua descendo na
diagonal por uma parede leste, ainda fazendo um ângulo de 45◦ com a horizontal. Qual é o ângulo
entre as seções do cano da parede sul e da parede leste?
Resposta: 120◦.
Figura 1.11: Dois momentos dipolares.
1.3.6 Ache a distância mais curta entre um observador no ponto (2, 1, 3) e um foguete em vôo livre com
velocidade de (1, 2, 3) m/s. O foguete foi lançado do ponto (1, 1, 1) no tempo t = 0. As distâncias
estão expressas em quilômetros.
1.3.7 Prove a lei dos co-senos a partir do triângulo com vértices nos pontos C e A da Figura 1.10 e da
projeção do vetor B sobre o vetor A.
1.4 Produto de Vetores ou Produto Externo
Uma segunda forma de multiplicação de vetores emprega o seno do ângulo incluı́do em vez do co-seno. Por
exemplo, o momento angular de um corpo mostrado na ponta do vetor distância da Figura 1.12 é definido como
Figura 1.12: Momento angular.
momento angular = braço do raio×momento linear
= distância×momento linear× sen θ .
Por conveniência no tratamento de problemas relacionados a quantidades tais como momento angular, torque e
velocidade angular, definimos o produto vetorial ou produto externo como
C = A×B, com C = ABsen θ. (1.35)
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1. ANÁLISE VETORIAL 15
Diferente do caso anterior do produto escalar, C agora é um vetor e atribuı́mos a ele uma direção perpendicular ao
plano de A e B, tal que A,B e C formam um sistema do dextrogiro. Com essa escolha de direção temos
A×B = −B×A, anticomutação. (1.36a)
Por essa definição de produto externo, temos
x̂× x̂ = ŷ × ŷ = ẑ× ẑ = 0, (1.36b)
ao passo que
x̂× ŷ = ẑ, ŷ × ẑ = x̂, ẑ× x̂ = ŷ,
ŷ × x̂ = −ẑ, ẑ× ŷ = −x̂, x̂× ẑ = −ŷ. (1.36c)
Entre os exemplos de produtos externo na fı́sica matemática estão a relação entre o momento linear p e o
momento angular L, com L definido como
L = r× p,
relação entre velocidade linear v e velocidade angular ω,
v = ω × r.
Os vetores v e p descrevem propriedades da partı́cula ou sistema fı́sico. Contudo, o vetor posição r é determinado
pela escolha da origem das coordenadas. Isso significa que ω e L dependem da escolha da origem.
A familiar indução magnética B costuma ser definida pela equação do produto vetorial da força8
FM = qv ×B (unidades mks).
Aqui, v é a velocidade da carga elétrica q e FM é a força resultante sobre a carga em movimento.
O produto externo tem uma importante interpretação geométrica, que utilizaremos em seções subseqüentes. No
paralelogramo definido por A e B (Figura 1.13), Bsen θ é a altura se A for tomado como o comprimento da base.
Então |A × B| = ABsen θ é a área do paralelogramo. Como vetor, A × B é a área do paralelogramo definido
por A e B, com o vetor de área normal ao plano do paralelogramo. Isso sugere que a área (com sua orientação no
espaço) pode ser tratada como uma quantidade vetorial.
Figura 1.13: Representação em paralelogramo do produto vetorial.
Uma definição alternativa do produto vetorial pode ser derivada do caso especial dos vetores unitários
coordenados nas Equação (1.36c) junto com a linearidade do produto externo em ambos os argumentos vetoriais,
8Aqui, admite-se que o campo elétrico E é zero.
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16 Fı́sica Matemática Arfken •Weber
por analogia com as Equações (1.23) para o produto escalar.
A× (B + C) = A×B + A×C, (1.37a)
(A + B)×C = A×C + B×C, (1.37b)
A× (yB) = yA×B = (yA)×B, (1.37c)
em que y é, mais uma vez, um número. Usando a decomposição de A e B em suas componentes cartesianas de
acordo com a Equação (1.5), encontramos
A×B ≡ C = (Cx, Cy, Cz) = (Axx̂ +Ayŷ +Az ẑ)× (Bxx̂ +Byŷ +Bz ẑ)
= (AxBy −AyBx)x̂× ŷ + (AxBz −AzBx)x̂× ẑ
+ (AyBz −AzBy)ŷ × ẑ ,
aplicando as Equações (1.37a) e (1.37b) e substituindo as Equações (1.36a), (1.36b) e (1.36c), de modo que as
componentes cartesianas de A×B se tornam
Cx = AyBz −AzBy, Cy = AzBx −AxBz, Cz = AxBy −AyBx, (1.38)
ou
Ci = AjBk −AkBj , i, j, k todos diferentes, (1.39)
e com permutação cı́clica dos ı́ndices i, j e k correspondendo a x, y e z, respectivamente. O produto vetorial C
pode ser representado mnemonicamente por um determinante9
C =
∣∣∣∣∣∣
x̂ ŷ ẑ
Ax Ay Az
Bx By Bz
∣∣∣∣∣∣ ≡ x̂
∣∣∣∣ Ay Az
By Bz
∣∣∣∣− ŷ
∣∣∣∣ Ax Az
Bx Bz
∣∣∣∣+ ẑ
∣∣∣∣ Ax Ay
Bx By
∣∣∣∣ , (1.40)
que deve ser expandido pela linha superior para reproduzir as três componentes de C listadas nas Equações (1.38).
A Equação (1.35) poderia ser denominada definição geométrica do produto vetorial. Então as Equações (1.38)
seriam uma definição algébrica.
Para mostrar a equivalência entre a Equação (1.35) e a definição de componente, as Equações (1.38), vamos
formar os produtos A ·C e B ·C, usando as Equações (1.38). Temos
A ·C = A · (A×B)
= Ax(AyBz −AzBy) +Ay(AzBx −AxBz) +Az(AxBy −AyBx)
= 0. (1.41)
De modo semelhante,
B ·C = B · (A×B) = 0. (1.42)
As Equações (1.41) e (1.42) mostram que C é perpendicular a ambos, A e B (cos θ = 0, θ = ±90◦) e, portanto,
perpendicular ao plano que eles determinam. A direção positiva é determinada considerando casos especiais, tais
como os vetores unitários x̂× ŷ = ẑ (Cz = +AxBy).
O módulo é obtido por
(A×B) · (A×B) = A2B2 − (A ·B)2
= A2B2 −A2B2 cos2 θ
= A2B2sen2θ. (1.43)
Por conseguinte,
C = ABsen θ. (1.44)
9Veja a Seção 3.1 para um breve resumo de determinantes.
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1. ANÁLISE VETORIAL 17
A primeira etapa na Equação (1.43) pode ser verificada pela expansão na forma de componentes usando as
Equações (1.38) para A × B e a Equação (1.24) para o produto escalar. Pelas Equações (1.41), (1.42) e (1.44),
vemos a equivalência das Equações (1.35) e (1.38), as duas definições de produto vetorial.
Resta ainda o problema de verificar que C = A × B é, de fato, um vetor, isto é, obedece à Equação (1.15), a
lei de transformação vetorial. Iniciando em um sistema rotacionado (sistema “linha”),
C ′
i = A′jB
′
k −A′kB′
j , i, j, e k em ordem cı́clica,
=
∑
l
ajlAl
∑
m
akmBm −
∑
l
aklAl
∑
m
ajmBm
=
∑
l,m
(ajlakm − aklajm)AlBm. (1.45)
A combinação de co-senos diretores entre parênteses desaparece para m = l. Por conseguinte, temos j e k
assumindo valores fixos, dependendo da escolha de l e seis combinações de l e m. Se i = 3, então j = 1, k = 2,
(ordem cı́clica) e temos as seguintes combinações de co-senos diretores:10
a11a22 − a21a12 = a33,
a13a21 − a23a11 = a32,
a12a23 − a22a13 = a31
(1.46)
e seus negativos. As Equações (1.46) são identidades satisfeitas pelos co-senos diretores. Elas podem ser verificadas
com a utilização de determinantes e matrizes (veja Exercı́cio 3.3.3). Substituindo M na Equação (1.45),
C ′
3 = a33A1B2 + a32A3B1 + a31A2B3 − a33A2B1 − a32A1B3 − a31A3B2
= a31C1 + a32C2 + a33C3
=
∑
n
a3nCn. (1.47)
Permutando os ı́ndices para pegar C ′
1 e C ′
2, vemos que a Equação (1.15) é satisfeita, e C é, de fato, um vetor.
É preciso mencionar que essa natureza vetorial do produto externo é um acidente associado com a natureza
tridimensional do espaço ordinário.11 Veremos, no Capı́tulo 2, que o produto cruzado também pode ser tratado
como um tensor anti-simétrico de segunda ordem.
Se definirmos um vetor como uma trinca ordenada de números (ou funções), como na última parte da Seção
1.2, então não há problema algum em identificar o produto cruzado como um vetor. A operação de produto externo
mapeia as duas trincas A e B para uma terceira trinca, C, que é, por definição, um vetor.
Agora temos dois modos de multiplicar vetores: uma terceira forma aparece no Capı́tulo 2. Mas, e a divisão por
um vetor? Acontece que a razão B/A não é exclusivamente especificada (Exercı́cio 3.2.21),a menos que se exija
que A e B sejam também paralelos. Por conseguinte, a divisão de um vetor por outro não é definida.
Exercı́cios
1.4.1 Mostre que as medianas de um triângulo se interceptam no centro, que está a 2/3 do comprimento
da mediana a partir de cada vértice. Construa um exemplo numérico e represente-o em um gráfico.
1.4.2 Prove a lei dos co-senos partindo de A2 = (B−C)2.
1.4.3 Começando com C = A + B, mostre que C×C = 0 leva a
A×B = −B×A.
1.4.4 Mostre que
(a) (A−B) · (A + B) = A2 −B2
10As Equações (1.46) são válidas para rotações porque preservam volumes. Para uma transformação ortogonal mais geral, a do lado direito
das Equações (1.46) é multiplicada pelo determinante da matriz de transformação (veja Capı́tulo 3 para matrizes e determinantes).
11Especificamente, as Equações (1.46) são válidas apenas para o espaço tridimensional. Veja D. Hestenes e G. Sobczyk, Clifford Algebra to
Geometric Calculus (Dordrecht: Reidel, 1984) para uma generalização mais ampla do produto externo.
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18 Fı́sica Matemática Arfken •Weber
(b) (A−B)× (A + B) = 2A×B
As leis distributivas necessárias aqui,
A · (B + C) = A ·B + A ·C
e
A× (B + C) = A×B + A×C,
podem ser verificadas com facilidade (se desejado) por expansão em componentes cartesianas.
1.4.5 Dados os três vetores
P = 3x̂ + 2ŷ − ẑ,
Q = −6x̂− 4ŷ + 2ẑ,
R = x̂− 2ŷ − ẑ,
determine dois que são perpendiculares e dois que são paralelos ou antiparalelos.
1.4.6 Se P = x̂Px + ŷPy e Q = x̂Qx + ŷQy são dois vetores não-paralelos quaisquer (também não-
antiparalelos) no plano xy, mostre que P×Q está na direção z.
1.4.7 Prove que (A×B) · (A×B) = (AB)2 − (A ·B)2.
1.4.8 Usando os vetores
P = x̂ cos θ + ŷsen θ,
Q = x̂ cosϕ− ŷsen ϕ,
R = x̂ cosϕ+ ŷsen ϕ,
prove as familiares identidades trigonométricas
sen(θ + ϕ) = sen θ cosϕ+ cos θsen ϕ,
cos(θ + ϕ) = cos θ cosϕ− sen θsen ϕ.
1.4.9 (a) Ache um vetor A que é perpendicular a
U = 2x̂ + ŷ − ẑ,
V = x̂− ŷ + ẑ.
(b) O que é A se, além desse requisito, impusermos que ele tenha módulo unitário?
1.4.10 Se quatro vetores a,b, c e d estiverem todos no mesmo plano, mostre que
(a× b)× (c× d) = 0.
Sugestão: Considere as direções dos vetores do produto externo.
1.4.11 As coordenadas dos três vértices de um triângulo são (2, 1, 5), (5, 2, 8) e (4, 8, 2). Calcule sua área
por métodos vetoriais, seu centro e medianas. Comprimentos em centı́metros.
Sugestão: Veja o Exercı́cio 1.4.1.
1.4.12 Os vértices do paralelogramo ABCD são (1, 0, 0), (2,−1, 0), (0,−1, 1) e (−1, 0, 1) na ordem.
Calcule as áreas vetoriais do triângulo ABD e do triângulo BCD . As duas áreas vetoriais são
iguais?
Resposta: ÁreaABD = − 1
2 (x̂ + ŷ + 2ẑ).
1.4.13 A origem e os três vetores A, B e C (todos começando na origem) definem um tetraedro. Tomando
a direção para fora como positiva, calcule a área vetorial total das quatro superfı́cies tetraédricas.
Nota: Na Seção 1.11 esse resultado é generalizado para qualquer superfı́cie fechada.