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Prévia do material em texto

TRANSTORNOS
APRENDIZAGEM
DIFICULDADES DEE
Priscila Chupil
Transtornos e Dificuldades de Aprendizagem Priscila Chupil
ISBN 978-65-5821-111-2
9 786558 211112
Código Logístico
I000485
Transtornos e 
dificuldades de 
aprendizagem 
Priscila Chupil
IESDE BRASIL
2022
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2022 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. 
Imagem da capa: Rawpixel/Envato Elements/ VALUA STUDIO/Shutterstock
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
C487t
Chupil, Priscila
Transtornos e dificuldades de aprendizagem / Priscila Chupil. - 1. ed. - 
Curitiba [PR] : IESDE, 2022. 
94 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5821-111-2
1. Crianças - Desenvolvimento. 2. Crianças com distúrbios da aprendi-
zagem. 3. Distúrbios da aprendizagem - Diagnóstico. 4. Resposta à interven-
ção (Crianças com distúrbios da aprendizagem). I. Título.
22-75595 CDD: 618.9285889
CDU: 616.89-053.2
Priscila Chupil Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade 
Católica do Paraná (PUC-PR). Graduada em 
Pedagogia pela Universidade Federal do Paraná 
(UFPR). Especialista em Psicopedagogia pelo Centro 
Universitário Internacional (UNINTER). Especialista 
em Análise do Comportamento Aplicada ao TEA 
(CENSUPEG). Professora no ensino superior, atua 
também como psicopedagoga clínica e institucional. 
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
SUMÁRIO
1 Processos de aprendizagem 9
1.1 Definição de aprendizagem 10
1.2 O cérebro e a aprendizagem 13
1.3 Estímulos para a aprendizagem 17
1.4 Afetividade e aprendizagem 20
1.5 Estilos de aprendizagem 22
2 Dificuldades de aprendizagem 26
2.1 Dificuldades de aprendizagem: causas e tipos 26
2.2 Dislexia 30
2.3 Disgrafia 33
2.4 Disortografia 36
2.5 Discalculia 38
3 Transtornos de aprendizagem 43
3.1 Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) 43
3.2 Transtorno do espectro autista (TEA) 48
3.3 Síndrome de Asperger 51
3.4 Transtorno obsessivo compulsivo (TOC) 54
3.5 Transtorno desafiador opositor (TOD) 56
4 Fatores que interferem na aprendizagem 62
4.1 Fatores externos e internos que interferem na aprendizagem 62
4.2 Fatores afetivos 64
4.3 Fatores sociais 68
4.4 Fatores biológicos 71
5 Prevenção, diagnóstico e intervenção 75
5.1 Desenvolvimento das funções executivas 75
5.2 Prevenção às dificuldades de aprendizagem 79
5.3 Diagnóstico das dificuldades de aprendizagem 81
5.4 Intervenção aos problemas de aprendizagem 84
 Resolução das atividades 90
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Vídeos
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Nesta obra buscamos discutir como ocorre e quais são as 
principais dificuldades de aprendizagem, a origem e as possíveis 
intervenções para cada uma. Conhecer as causas dos insucessos 
no processo de aprendizagem propicia a reflexão sobre as 
práticas realizadas nas escolas e possibilita rever e superar as 
práticas que não contribuem para o sucesso dos alunos, pois 
cada um aprende de uma maneira e em tempos diferentes.
Nesse viés, no primeiro capítulo, trataremos sobre os 
processos de aprendizagem, ou seja, refletiremos sobre o ato 
de aprender de maneira geral, compreendendo inicialmente 
a definição de aprendizagem. É essencial, nesse momento, 
também saber a relação entre o cérebro e a aprendizagem e, com 
isso, reconhecer os estímulos necessários para que esta ocorra. 
Ainda no primeiro capítulo, refletiremos sobre a importância da 
afetividade e os diferentes estilos para que o ato de aprender 
aconteça.
No segundo capítulo, trataremos das principais dificuldades 
de aprendizagem, isto é, daquelas mais frequentes em sala 
de aula e que se tornam um desafio para o professor, como a 
dislexia, a disgrafia, a disortografia e a discalculia.
O terceiro capítulo propõe reflexões mais amplas, pois 
devemos ter o entendimento de que alguns transtornos e 
distúrbios também geram dificuldades de aprendizagem. Por 
isso, são relacionadas as causas e características do transtorno 
do deficit de atenção e hiperatividade (TDAH), do transtorno do 
espectro autista (TEA), da síndrome de Asperger, do transtorno 
obsessivo compulsivo (TOC) e do transtorno desafiador opositor 
(TOD).
Diante da amplitude de obstáculos frente à aprendizagem, 
e das características específicas de cada uma, é necessário, 
no quarto capítulo, analisar quais fatores contribuem para as 
dificuldades de aprendizagem e, dessa forma, refletir sobre 
fatores externos e internos que interferem na aprendizagem, 
bem como sobre os fatores afetivos, sociais e biológicos que 
estão relacionados a esse processo.
APRESENTAÇÃOVídeo
8 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
No quinto e último capítulo, analisaremos como prevenir, diagnosticar e 
intervir nos casos de transtornos e dificuldades de aprendizagem por meio 
do entendimento sobre a importância do desenvolvimento das funções 
executivas como base para todo o aprender. Consequentemente, a partir 
desse entendimento, veremos como agir de maneira preventiva com relação 
às dificuldades. Visto que essas questões precisam ser vistas e analisadas 
de modo responsável e por profissionais específicos, compreenderemos 
também como são feitos o diagnóstico e a intervenção adequados a cada um 
dos transtornos e dificuldades de aprendizagem. 
Com base nessas análises, o entendimento sobre como o ser humano 
aprende, a forma única de cada um ser e existir e os obstáculos que podem 
acontecer nesse caminho certamente será um grande diferencial para a 
atuação de todos aqueles que trabalham com a educação.
Bons estudos!
Processos de aprendizagem 9
1
Processos de aprendizagem
Você já parou para pensar como acontece a aprendizagem? Quais são 
os processos que a envolve? O que faz o ser humano realmente aprender 
e praticar seu conhecimento?
Parece algo automático, mas não é. Aprender é um processo comple-
xo que envolve diferentes fatores, e eles podem contribuir ou não para 
que a aprendizagem aconteça.
Todos os fatores ligados à aprendizagem estão relacionados inicial-
mente ao desenvolvimento do cérebro. É esse órgão que rege todas 
nossas funções e comanda nossa forma de pensar e agir. Conhecer seu 
funcionamento e compreender a importância da memória nos traz um 
grande diferencial diante do trabalho e da interação para favorecer a 
aprendizagem.
No processo de aprender, tanto os estímulos do ambiente quanto o 
vínculo afetivo são fundamentais para proporcionar ao cérebro diferentes 
vivências. São esses fatores que possibilitam torná-lo ainda mais capaz de 
assimilar conhecimento e de vivenciá-lo em forma de ações no dia a dia.
Durante o processo de assimilação do conhecimento, devemos ainda 
ter a certeza de que ele não ocorre da mesma maneira para todas as pes-
soas. Cada ser humano, a partir de seu desenvolvimento, seus estímulos 
e suas experiências vividas, possui seu próprio estilo de aprendizagem.
Por isso, neste primeiro capítulo vamos compreender a aprendiza-gem e como ela acontece, relacionando-a com o desenvolvimento ce-
rebral e os diferentes estímulos necessários para a progressão do ato 
de aprender. Em seguida, vamos refletir sobre como a afetividade faz 
parte do processo de aprendizagem e influencia sua forma de acon-
tecer. Por fim, vamos conhecer os diferentes estilos de aprendizagem 
que fazem com que nos tornemos tão únicos e especiais, cada um a 
seu modo, na forma de ser, agir, pensar e aprender.
1.1 Definição de aprendizagem 
Vídeo A aprendizagem é um processo muito especial. Ela pode ser vista 
e analisada por diferentes perspectivas, além de ser influenciada por 
diferentes situações e ambientes vivenciados durante o processo de 
desenvolvimento.
O ato de aprender estabelece uma relação do ser humano com o 
mundo, a fim de compreendê-lo e transformá-lo ao longo de sua vida. 
Dessa forma, a cada nova aprendizagem o ser humano se modifica e é 
capaz de modificar também seu meio.
Mas como podemos definir a aprendizagem?
Para compreendermos e analisarmos a aprendizagem, podemos 
interpretá-la por meio de dois conceitos principais, de diferentes teóri-
cos, que a estudam com com base em linhas distintas de pensamentos.
O primeiro conceito é o da visão comportamental, ou behaviorista. 
Essa abordagem considera a função de modelar e controlar as ações 
das pessoas como uma função dos estímulos do meio ambiente. De 
acordo com Portilho (2011), para os pesquisadores dessa corrente, o 
mais importante é o estudo daquilo que se pode constatar empirica-
mente, isto é, a consistência da pesquisa está na conduta observável e 
em suas consequências. Nessa corrente, podemos ter como referência 
Ivan Pavlov (1849-1936) e Burrhus F. Skinner (1904-1990).
 Na perspectiva comportamental, devemos considerar que todos 
os fatores ambientais, como a interação social e as experiências 
práticas, podem constituir e modificar o comportamento huma-
no. São esses os elementos responsáveis pelas experiências 
das transformações de nosso modo de ser e agir.
A outra concepção é a cognitivista, para 
a qual é atribuída a conduta dos seres 
humanos, não mais os aspectos ambien-
tais externos, mas sim certas estruturas 
Compreender a definição 
de aprendizagem humana.
Objetivo de aprendizagem
1010 Transtornos e dificuldades de aprendizagemTranstornos e dificuldades de aprendizagem
Liderina/Shutterstock
Processos de aprendizagem 11
mentais complexas e determinados mecanismos de caráter interno 
(PORTILHO, 2011).
Para os teóricos dessa corrente, o ser humano se desenvolve “de 
dentro para fora”; é seu desenvolvimento neurológico e biológico que 
possibilita as interações e a aprendizagem. Nessa concepção, podemos 
considerar autores como Lev Vygotsky (1896-1934), Jean Piaget (1896-
1980), entre outros.
Nos caminhos percorridos para o processo de aprender, muitas 
são as influências que o compõem, sendo elas internas ou externas. 
Nesse percurso, um fator importante é a contribuição da psicologia 
para a pedagogia. Ao pensarmos na aprendizagem escolar, essa contri-
buição veio para que houvesse uma modificação no ensino tradicional, 
uma vez que trouxe a ideia do aluno como agente de sua aprendiza-
gem, deixando, assim, de ser considerado como um ser passivo ao en-
sino do professor, modificando a fórmula: aluno aprende, professor 
ensina; com base na qual a educação se desenvolveu por muito tempo.
Seja em uma concepção comportamentalista, cognitivista ou, então, 
voltada para a contribuição da psicologia, podemos entender a apren-
dizagem como um processo complexo e repleto de possibilidades.
E quando a aprendizagem começa a acontecer?
Desde o desenvolvimento intrauterino, bilhões de células chamadas 
neurônios se desenvolvem e formam o sistema nervoso, o que torna 
possível todo o restante do desenvolvimento humano. Após o nasci-
mento, a criança começa a descobrir o mundo e, partindo disso, sur-
gem as primeiras representações de aprendizagem.
Das contribuições e dos autores citados, aquilo que mais nos dire-
ciona para a compreensão desse processo evolutivo são as fases do 
desenvolvimento apresentadas por Piaget (1999). Porém, devemos 
compreender que Piaget tratou de maneira distinta a aprendizagem e 
o desenvolvimento, pois são conceitos diferentes.
O desenvolvimento é algo mais complexo, não se trata somente 
de desenvolvimento físico, mas também do amadurecimento do sis-
12 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
tema nervoso e das funções mentais. Ao contrário da aprendizagem, 
que acontece por meio de uma mediação, o professor exerce a fun-
ção do mediador, o que amplia as possibilidades de aprendizagem 
desse ser humano.
Dessa forma, compreender as fases do desenvolvimento apre-
sentadas por Piaget nos leva a pensar sobre quais são as influências 
positivas que podem ser disponibilizadas em cada fase para que a 
aprendizagem ocorra. Cada uma delas representa um avanço, fazen-
do com que a criança desenvolva novas habilidades e possibilitando 
que ela evolua e aprenda mais.
Vamos conhecer, então, cada uma dessas fases? Estas são chama-
das também de estágio do desenvolvimento, segundo Piaget (1999), e 
possuem uma idade aproximada para que o desenvolvimento ocor-
ra. Temos, portanto, os seguintes estágios:
 • Sensório-motor: do nascimento aos 18 meses de idade.
 • Pré-operatório: dos 18 meses aos 6 anos de idade.
 • Das operações concretas: dos 6 aos 12 anos de idade.
 • Das operações formais: a partir dos 12 anos de idade.
O estágio sensório-motor refere-se ao momento que a criança 
mais necessita de contatos sensoriais que a apresentem ao mundo 
e proporcionem seu desenvolvimento motor. Nessa fase, inicia-se a 
capacidade de imitação, tão importante para os processos de apren-
der, uma vez que gera novos conhecimentos ao apresentar formas 
diferentes de agir e interagir.
No estágio pré-operatório a criança, agora em fase de educa-
ção infantil, tem a capacidade de reconhecer símbolos (base inicial 
para o processo de alfabetização) e interagir com eles. A representa-
ção da realidade e a aprendizagem são externalizadas por meio das 
brincadeiras de faz de conta e jogos realísticos. Começa nessa fase, 
também, a regulação das emoções.
O estágio das operações concretas é um marco nas questões 
da ampliação no processo de compreensão de regras e estratégias, 
que, em forma de brincadeiras, contribuem para sua estrutura de 
pensamento, que agora está cada vez menos egocêntrica e mais vol-
Processos de aprendizagem 13
tada para as interações sociais. A criança tem uma lógica indutiva 
que consegue relacionar sua experiência com outros fatores apren-
didos, por isso, nesse estágio, ocorre um grande amadurecimento 
no que se refere às estratégias para desenvolver a memória. Com o 
desenvolvimento desse estágio, a criança já possui base e condições 
para compreender e interagir com situações-problema e trabalhar 
com lógica. A maturidade do pensamento abre diversas possibilida-
des para a aprendizagem e para ingressar em um mundo adolescen-
te, com novos desafios.
Já o estágio das operações formais, corresponde ao momento em 
que todas essas fases já foram superadas e o sujeito possui condições 
de aprender e interagir com essa aprendizagem de diferentes formas 
na sua vida prática
Cada um desses estágios representa um marco no desenvolvi-
mento humano em ampliação de capacidades motoras, cognitivas e 
afetivas. Por isso, requer atenção especial nos momentos de estímu-
los a serem trabalhados, para levar a criança à evolução das fases.
Mas e quando esse desenvolvimento não ocorre dentro do espe-
rado? E quando aparecem lacunas ou dificuldades? Essas são ques-
tões que abordamos na sequência, buscando compreender esses 
obstáculos e saber como agir diante deles.
Para complementar as 
ideias apresentadas nesta 
seção, recomendamos a 
leitura do livro Como se 
aprende? Estratégias, estilos 
e metacognição, de Evelise 
Portilho. O livro tem como 
foco diferentes noções do 
entendimento do conceito 
de aprendizagem e suasdiferentes possibilidades.
PORTILHO, E. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Wak Editora, 2011.
Livro
1.2 O cérebro e a aprendizagem 
Vídeo Já sabemos que ao pensarmos em aprendizagem podemos imagi-
nar todos os fatores que estão envolvidos nesse processo. Esses fato-
res podem ser sociais, escolares, emocionais e de estímulos do meio. 
No entanto, para compreender como a aprendizagem ocorre, é neces-
sário discutirmos sobre o cérebro e o sistema nervoso central (SNC).
Podemos, inicialmente, relacionar a aprendizagem à memória, que 
é uma das principais habilidades proporcionadas pelo SNC. A partir do 
momento que o que foi vivenciado se torna parte da nossa memória, 
é possível considerarmos que ocorreu a aprendizagem. O aprender se 
torna significativo no momento em que se modificam os mecanismos 
do sistema nervoso central.
Relacionar a aprendiza-
gem com o desenvolvi-
mento cerebral.
Objetivo de aprendizagem
14 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Im
ag
eF
low
/S
hu
tte
rs
to
ck
Porém, a aprendizagem é determinada também pelo número 
de neurônios disponíveis. Todos somos capazes de aprender, e, no 
caso dos seres humanos, esse número é suficiente para permitir 
a formação de novas conexões que possibilitam a aprendizagem. 
A essas novas conexões damos o nome de sinapses. Desde o nasci-
mento e durante o processo de desenvolvimento humano muitas 
sinapses acontecem a favor da aprendizagem, principalmente nos 
primeiros anos de vida, quando a produção de neurônios é rápida 
e crescente. 
Do nascimento aos 2 anos de idade é o momento em que mais 
ocorre a produção de neurônios. Em outros termos, esse é o momento 
de maior facilidade para assimilação de novas experiências.
Esse desenvolvimento transcorre gradativamen-
te, e por volta dos 6 anos de idade o cérebro 
atinge seu tamanho final. A partir daí seu de-
senvolvimento vai ocorrendo de maneira 
mais lenta.
É por essa razão que é importante 
estimular a criança até essa faixa etária, 
por ser mais fácil de o cérebro se mo-
dificar. Sendo o SNC responsável pelo 
funcionamento cognitivo, os estímulos 
serão reflexos do desenvolvimento para 
a vida toda.
M
at
tL
ph
ot
og
ra
ph
y/
Sh
ut
te
rs
to
ck
Processos de aprendizagem 15
Por isso, é importante sabermos também que o funcionamento 
cognitivo se desenvolve no córtex, o qual possui zonas específicas, 
denominadas lobos, em cada um dos dois hemisférios cerebrais (Fi-
gura 1).
Figura 1
Desenvolvimento dos neurônios do nascimento até os 2 anos
Lobo 
frontal
Lobo 
parietal
Lobo 
occipital
Bi
gM
ou
se
/S
hu
tte
st
oc
k
Lobo 
temporal
Al
ex
 S
wi
m
/S
hu
tte
rs
to
k
Frontal: responsável pelo pensamento, planejamento, decisão, juízo, 
criatividade, resolução de problemas, comportamento, valores, hábitos.
Parietal: responsável pela informação sensorial (tato, dor, gustação, 
pressão, temperatura).
Temporal: responsável pela audição, linguagem, memória e emoção. 
Occipital: responsável pela informação visual.
Fonte: Elaborada pela autora.
O desenvolvimento dessas habilidades será por meio das experiên-
cias vividas e dos estímulos proporcionados para a criança ao longo de 
seu crescimento.
16 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
A modificação na função cerebral depende das experiências vividas e 
dos estímulos investidos na primeira infância. A atenção ao desenvolvi-
mento nesse momento é essencial para o amadurecimento do cérebro.
Se o cérebro determina a maneira e a qualidade da capacidade de 
aprendizagem de uma criança, ter o conhecimento de como essa apren-
dizagem pode ser otimizada, por meio de estratégias neuroeducativas, 
é uma ideia desejável (MAIA, 2011). Essa ideia justifica a aproximação 
da neurociência com a educação, a qual pode ser considerada algo re-
cente e que vem trazendo ótimas experiências para aqueles que traba-
lham com a aprendizagem.
De que se tratam essas estratégias neuroeducativas?
Inicialmente, trata-se de conhecermos as áreas de nosso cérebro 
responsáveis pela aprendizagem. Algumas delas são citadas por Levine 
(2003):
 • Controle da atenção: capacitar para a concentração de recursos 
mentais.
 • Controle da recepção: capacitar para retardar a recompensa e 
se tornar processador ativo da informação.
 • Controle da expressão: capacitar para pensar sobre alternativas.
 • Ordenação sequencial: capacitar para agir passo a passo.
 • Orientação espacial: capacitar para se engajar no pensamento 
não verbal produtivo.
 • Memória: capacitar para usar seus arquivos 1 de modo consciente.
 • Linguagem: capacitar para se tornar comunicador verbal 
eficiente.
 • Motricidade: capacitar para um nível satisfatório de eficiência 
motora.
 • Pensamento social: capacitar para compreender as habilidades 
interpessoais.
 • Pensamento superior: capacitar para se tornar analista concei-
tual, criativo, sistêmico e crítico.
Para ampliar e sistema-
tizar os conhecimentos 
desta seção, recomenda-
mos o vídeo Neurociência 
na aprendizagem escolar, 
do canal Gabriel Sathler, 
com a fala da Professora 
Marta Relvas.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=M5F2S5D5CDE. Acesso 
em: 21 set. 2021.
Vídeo
A palavra arquivos nesse 
contexto, se refere a 
todas as informações que 
o indivíduo vivenciou e 
guarda em sua memória. 
Um arquivo de suas recor-
dações e aprendizagens.
1
Para ampliar e sistematizar os conhecimentos dessa sessão, recomendamos o vídeo Neurociência na aprendizagem escolar, do canal Gabriel Sathler, com a fala da Professora Marta Relvas, intitulado.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=M5F2S5D5CDE. Acesso em: 10 set. de 2021.
Para ampliar e sistematizar os conhecimentos dessa sessão, recomendamos o vídeo Neurociência na aprendizagem escolar, do canal Gabriel Sathler, com a fala da Professora Marta Relvas, intitulado.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=M5F2S5D5CDE. Acesso em: 10 set. de 2021.
Para ampliar e sistematizar os conhecimentos dessa sessão, recomendamos o vídeo Neurociência na aprendizagem escolar, do canal Gabriel Sathler, com a fala da Professora Marta Relvas, intitulado.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=M5F2S5D5CDE. Acesso em: 10 set. de 2021.
Processos de aprendizagem 17
Jacob Lund/Shutterstock
Conhecer essas competências 
cognitivas e saber estimulá-las fará 
toda a diferença para a aprendi-
zagem; essa, vale ressaltar, é uma 
preocupação daqueles que tra-
balham com a aprendizagem. As 
competências cognitivas podem ser 
desenvolvidas por meio de estímu-
los que constituem o desenvolvi-
mento humano, conforme veremos 
no tópico a seguir.
1.3 Estímulos para a aprendizagem 
Vídeo Já sabemos da importância e da necessidade de desenvolver 
atenção, recepção, expressão, ordenação espacial e sequencial, 
memória, linguagem, motricidade e pensamento social e superior 
para que a aprendizagem aconteça.
Para isso, podemos entender os estímulos como um fator que 
impulsiona e incentiva o ser humano a aprender. Esses estímulos 
estão presentes no meio em que vivemos e podem ser experien-
ciados por meio de brincadeiras, jogos, trocas de afeto, conversas 
e outras situações que motivem a criança em todas as fases do de-
senvolvimento. Esses estímulos precisam estar presentes em todos 
os ambientes de convívio da criança, ou seja, tanto em casa, com a 
família, quanto na escola.
Situações educativas por meio desses momentos vão fazendo 
parte de um ambiente motivador e estimulante, que leve a criança 
a aprender de maneira tranquila, espontânea e contínua, e tam-
bém a armazenar e transformar o que vivenciou em seus momen-
tos de aprendizagem.
Por meio dos estímulos, desde o primeiro ano de vida, a criança 
passa a se identificar como ser ativo no ambiente e a identificar 
o outro. “É por meio dos primeiros cuidados que a criança per-
cebe seu próprio corpo como separado do outro, organiza suas 
emoções e amplia seus conhecimentos sobre o mundo” (BRASIL, 
1998, p. 15).
Reconhecer os diferentes 
estímulos de base para a 
aprendizagem.
Objetivo de aprendizagem18 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Zalena Photo/Shutterstock
Sabemos que esses primeiros cuidados podem ser trata-
dos como estímulos e que eles afetam diretamente a formação 
da personalidade da criança, bem como abre portas para sua 
predisposição ao aprender.
Nossas funções cerebrais estão abertas a esses estímulos, prin-
cipalmente na infância, fase em que os neurônios estão aguar-
dando por novas experiências e novos estímulos que os façam 
aprender e se desenvolver.
Porém, devemos ter ciência de que a quantidade de estímulos é 
adequada e dosada conforme o crescimento e o desenvolvimento 
da criança. O indicador da faixa etária traz diferentes possibilidades 
de trabalho; um exemplo é a fase até os 6 meses de idade, em que 
o toque é de grande importância. Uma possibilidade é trabalhar 
com brincadeiras que envolvam o corpo, como massagens suaves 
nos braços e pernas, e trabalhar estímulos auditivos por meio de 
chocalhos e outros brinquedos que proporcionem diferentes sons.
Aproximadamente a partir dos 6 meses a 1 ano de idade, a crian-
ça já pode ser estimulada a segurar objetos e sentir diferen-
tes texturas, sentar, engatinhar, andar com apoio, montar 
e desmontar cubos.
Do primeiro até aproximadamente o segundo ano 
de idade, a criança já começa a correr, subir e descer 
escadas, empilhar blocos, montar e desmontar. Per-
cebe-se até aqui que a aquisição de habilidades por 
meio dos estímulos é gradativa e depende da finalização 
da fase anterior para que a próxima venha a acontecer. O 
desenvolvimento motor se torna cada vez mais visível.
Dos 2 aos 3 anos de idade a criança já pedala, dança, rabisca linhas 
horizontais e tem capacidade de participar da organização de brinque-
dos. Esses estímulos são essenciais para a elaboração prévia de uma 
organização mental, que mais tarde refletirá em seus costumes na or-
ganização dos estudos e do planejamento de seu dia a dia.
Já dos 3 aos 4 anos de idade, a criança deve ser estimulada a pu-
lar com desenvoltura, desenhar pessoas (ainda incompletas) e come-
çar a copiar e se interessar por letras. O faz de conta de escrever traz 
a primeira expectativa em transformar suas mensagens em escrita. 
Nessa faixa etária, a criança também monta e desmonta pequenos 
quebra-cabeças.
Processos de aprendizagem 19
Do quarto ao sexto ano de idade, a criança tem a habilidade e pode 
ser estimulada a permanecer em um pé só, além de já desenhar pessoas 
completas, escrever letras e reconhecer diferentes pesos e tamanhos.
Essas simples habilidades, ao serem estimuladas na fase certa, trazem 
um grande diferencial para a concretização das bases para a aprendi-
zagem. No entanto, devemos ter a ciência de que esses estímulos são 
apenas alguns exemplos do que cada criança é capaz de desenvolver 
em cada fase, se estimulada. O ser humano é formado por elementos 
mais complexos, que necessitam de estímulos diferenciados para se 
desenvolver. 
Nessa perspectiva podemos considerar os seguintes estímulos:
Pu
ck
un
g/
Sh
utterstock
São aqueles relacionados ao desenvolvimento emocional da 
criança, a maneira como se sente e lida com as emoções durante 
sua interação, seus sentimentos, seus desejos e suas ansieda-
des. Os estímulos afetivos são importantes e necessários, uma 
vez que a criança precisa aprender a lidar com cada um deles.
Estímulos afetivos
Cu
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Coordenação motora, lateralidade e o psicomotor, estão voltados 
aos movimentos. Além de aprimorar o conhecimento do próprio 
corpo e o ritmo dele, auxilia na socialização e são pré-requisitos 
importantes para o desenvolvimento da escrita.
Estímulos físicos
 
Al
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Sh
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Compreendem a base para a aprendizagem: a atenção, a memó-
ria, a criatividade, a curiosidade, a linguagem, os pensamentos, 
a observação, a leitura e o raciocínio. O desenvolvimento desses 
fatores dá suporte para as ações de pensar, refletir, desenvolvi-
mento do senso crítico e enriquecimento de ideias.
Estímulos cognitivos
Su
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Trata-se do desenvolvimento dos sentidos auditivo, visual, olfati-
vo, tátil e gustativo. Esses estímulos aprimoram a leitura de mun-
do da criança, são base para a aprendizagem por contribuirem 
para a construção do conhecimento e da personalidade.
Estímulos sensoriais
Percebemos, assim, o quanto os estímulos são necessários e es-
senciais para desenvolver diferentes habilidades na criança, e que 
esse trabalho em cada fase cria uma base que sustentará toda a 
aprendizagem humana.
Com o filme Ao mestre, 
com carinho, você conhe-
cerá a história de Mark 
Thackeray, um engenheiro 
desempregado que resol-
ve dar aulas em Londres, 
para alunos brancos, em 
uma escola no bairro 
operário de East End. Os 
alunos são indisciplina-
dos, desordeiros e estão 
determinados a destruir 
suas aulas. Porém, 
Thackeray enfrenta o 
desafio e, ao receber um 
convite para voltar a atuar 
como engenheiro, precisa 
decidir se pretende seguir 
como mestre ou voltar ao 
antigo cargo. Podemos 
relacioná-lo com a habi-
lidade do professor de 
focar o estilo de cada um 
aprender a se desenvol-
ver e mudar suas formas 
de pensar e agir.
Direção: James Clavell. Inglaterra: 
Columbia British Productions, 1967.
Filme
20 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
E quando os estímulos são empregados de maneira inadequada? Ou, 
então, esses estímulos não ocorrem?
A falta de estímulo, seja por qualquer motivo, pode causar pre-
juízos para o desenvolvimento infantil, pois leva à perda de expe-
riências necessárias para cada idade. Por exemplo, a criança que em 
casa brinca pouco terá mais dificuldade para interagir com diferen-
tes objetos, socializar e até mesmo explorar diferentes formas de 
brincar na escola.
É por essa razão que ações voltadas aos estímulos afetivos, cogni-
tivos, físicos e sensoriais devem ser trabalhadas de modo integrado 
e contínuo ao longo do desenvolvimento da criança. Isso deve con-
tribuir para a formação de sua personalidade, para a construção do 
conhecimento e para torná-la mais ativa, motivada a realizar tarefas 
com autonomia e confiança em si. O desenvolvimento de apenas um 
estímulo e a defasagem de outros não garante a aprendizagem e o 
desenvolvimento de maneira efetiva.
1.4 Afetividade e aprendizagem 
Vídeo Os bons relacionamentos, a troca de ideias positivas, sentir-se aco-
lhido e parte de um meio social são sentimentos que fazem bem ao ser 
humano. Todas essas ações envolvem e podem ser representadas por 
uma palavra: afeto.
Você já parou para pensar qual o verdadeiro sentido da palavra afeto? E por que 
a afetividade está relacionada à aprendizagem?
Para Antunes (2008), o ser humano nasce extremamente imaturo 
o que afeta suas chances de sobrevivência, dessa forma, necessita da 
presença do outro, e essa necessidade chamamos de amor. O instinto 
de sobrevivência e a percepção da necessidade de proteção despertam 
esse sentimento na mãe e no pai, gerando a reciprocidade desse amor, 
e isso denominamos de afetividade. Esse sentimento implica viver em 
grupo, expandindo a afetividade de um para o outro.
Compreender a importân-
cia da afetividade para a 
aprendizagem.
Objetivo de aprendizagem
Processos de aprendizagem 21
Nesse sentido, podemos relacionar a palavra afeto ao ato de cuidar, 
afetar a ponto de interferir em seu processo de aprender e interagir. Es-
ses momentos, em que o ato de afetar se apresenta ao indivíduo, podem 
causar também sensações, as quais será necessário afetar a fim de ensi-
nar a lidar, por exemplo, ao se frustrar, contrariar para, então, consequen-
temente aprender a lidar com sentimentos negativos também. Dessa 
forma, a afetividade pode ser considerada uma dinâmica relacional, que 
proporciona crescimento e aprendizagem de diferentes situações.
A afetividade é algo extremamente relevante na vida das pessoas 
desde o nascimento, e deve ser considerada como fator importante na 
construção da autoestima, pois é por meio dela que adquirimos con-
fiançano modo de pensar e agir, na forma como resolvemos e enfren-
tamos problemas. A autoimagem bem construída leva à confiança de 
se relacionar e de aprender.
Assim, a escola constitui-se como um importante ambiente de tro-
cas e construção de afetividade. Sabemos que o professor, desde mui-
to cedo, representa uma referência para a criança e que uma relação 
positiva entre eles traz ao aluno a sensação de maior valor, confiança 
e aprovação para o que executa. Além disso, proporciona liberdade de 
interação, alegria e entusiasmo para buscar conhecimento. Esse é o 
verdadeiro sentido do ato de afetar. A afetividade está relacionada à 
preocupação com o próximo, com sua aprendizagem e bem-estar, além 
de tornar próximo e acessível esse momento de desenvolvimento.
De acordo com Antunes (2008), o professor muitas vezes é quem 
melhor pode ajudar o aluno a desenvolver e descobrir suas qualidades 
e seus talentos, surpreender-se com a responsabilidade, a disciplina e 
a felicidade. O papel da escola é fundamental no desenvolvimento so-
cioafetivo da criança, ela auxilia no estabelecimento da relação com o 
outro para o desenvolvimento da aprendizagem.
Nossa vida afetiva, desenvolvida em diferentes ambientes inclusive 
no escolar, faz-nos também assimilar valores ao longo da vida. Para 
Wallon (1978) –  um dos principais estudiosos sobre a afetividade –, é 
partindo de suas próprias experiências que a criança se torna capaz de 
distinguir e reconhecer aquilo que está ou não de acordo com suas ex-
pectativas e necessidades, levando, consequentemente, ao aprendizado.
Wallon (1978) ressalta a importância das experiências para a apren-
dizagem. Lidar com elas é uma construção que envolve afetividade, 
pois esta impulsiona a ação e leva à concepção da inteligência, além de 
O livro Afetividade e 
aprendizagem: contri-
buições de Henri Wallon 
discute a afetividade 
no cotidiano escolar, 
apresentando pesquisas 
que se apoiaram na teoria 
de desenvolvimento de 
Henri Wallon. Segundo 
os estudos destacados, 
em todos os níveis de 
ensino – do fundamental 
ao superior –, alunos e 
professores se expressam 
por inteiro com cognições, 
sentimentos e movimen-
tos. Assim, o processo de 
ensino-aprendizagem se 
enriquece à medida que 
considera a integração 
cognitiva-afetiva-motora.
ALMEIDA, L. R. A.; MAHONEY, A. A. 
São Paulo: Loyola, 2007.
Filme
22 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
possibilitar ao ser humano como identificar os desejos e sentimentos 
que o levarão ao sucesso diante de suas ações e decisões.
O sentimento de insucesso e reprovação de suas capacidades com-
promete o desempenho ao aprender, impossibilitando a espontanei-
dade e a forma de se desenvolver. Valorizar o desempenho da criança 
torna-se, assim, o papel principal do professor e de outros profissionais 
que a acompanham e da família, lembrando que cada um aprende e se 
desenvolve à sua maneira.
1.5 Estilos de aprendizagem 
Vídeo Cada ser humano é único em sua forma de ser, pensar, agir e aprender.
Você já parou para pensar qual é seu estilo de aprender? Como e por qual cami-
nho assimila melhor os conhecimentos?
Essas individualidades são percebidas desde a infância e se des-
tacam ainda mais à medida que o ser humano vai se desenvolvendo 
e passando por diferentes experiências que o aproximam das for-
mas que para ele são as mais fáceis de aprender, pois as diferenças 
pessoais se acentuam com o passar do tempo, sendo mais evidentes 
na vida adulta.
Essas diferenças são caracterizadas devido aos estímulos e ao desen-
volvimento pelo qual essa pessoa passou. Entendemos o termo estilos 
de aprendizagem – que ainda se apresenta como algo amplo – como um 
objeto de pesquisas e novas possibilidades a cada investigação.
De acordo com algumas teorias, existem pessoas que respondem 
melhor a alguns estímulos, ou seja, a maneira como elas compreen-
dem algo quando é ensinado se difere uma da outra.
Ao longo da vida, as pessoas estão em constante processo de 
aprendizagem. Para alguns, esse processo é mais fácil de ser assimi-
lado, para outros, nem tanto, ou pelo menos não encontraram sua 
forma específica de aprender.
Identificar os diferentes 
estilos de aprendizagem.
Objetivo de aprendizagem
Processos de aprendizagem 23
Considerando que a aprendizagem é um processo individual (cada 
ser humano aprende à sua maneira), por mais que ocorra com influên-
cia da coletividade, estabelece, com ela, conexões de maneira única e 
de acordo com seu próprio desenvolvimento.
Para compreendermos melhor esses estilos de aprendizagem, par-
tiremos dos conceitos originais dos estudos de Neil Fleming e Charles 
Bonwell (apud PORTILHO, 2011). Os estilos são divididos em quatro gru-
pos: visual, auditivo, leitura e escrita e cinestésico, descritos a seguir.
1. Visual: maior facilidade para aprender com estímulos visuais, por 
meio de gráficos, tabelas, mapas mentais, listas, que possibilitem 
a visualização e a assimilação da informação. Geralmente também 
expressam melhor o que sabem por meio de resoluções visuais.
2. Auditivo: ouvir vai de encontro a esse perfil. Como a leitura nem 
sempre pode ser suficiente, realizá-la em voz alta para estimular 
a sensibilidade auditiva para conseguir memorizar, contar sobre 
o que aprendeu e discutir sobre esses temas também são boas 
estratégias de aprendizagem.
3. Leitura e escrita: a escrita aparece como um fator em destaque. 
Esse estilo consegue representar com facilidade suas ideias na 
forma escrita, com textos e redações, por exemplo. Também 
conseguem assimilar com mais facilidade por meio de anotações 
escritas no momento de aprender.
4. Cinestésico: esse perfil precisa aprender na prática, com 
estímulos externos para compreender novas aprendizagens. 
As experiências concretas estão relacionadas a simulações, 
demonstrações e dinâmicas.
É importante ressaltarmos que essa teoria também considera que 
existem pessoas multimodais, ou seja, pessoas que, no momento da 
aprendizagem, se adaptam a qualquer um dos estilos que a elas pos-
sam ser oferecidos.
Outra teoria, também dividida em quatro grupos, é a de David Kolb 
(1984). Para o autor, esses estilos se dividem em adaptadores ou aco-
modadores, assimiladores, divergentes e convergentes; que podem ser 
representados por meio da Figura 3.
24 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Experiência 
concreta
Conceitualização 
abstrata
Conhecimento 
divergente
Conhecimento 
assimilador
Observação 
reflexiva
Experimentação 
ativa
Conhecimento 
adaptativo
Conhecimento 
convergente
ApreensãoApreensão
CompreensãoCompreensão
Ex
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ns
ão
Ex
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 Intenção
Intenção 
Figura 2
Formas de conheci-
mento dos estilos de 
aprendizagem
Fonte: Adaptada de Kolb, 1984.
Vamos compreendê-los de modo mais detalhado:
 • Adaptadores ou acomodadores: são pessoas que aprendem 
por meio de experiências de tentativa e erro. Utilizam mais a in-
tuição do que a lógica.
 • Assimiladores: preferem trabalhar com as teorias e não tanto 
com a prática. Possuem habilidades com ideias abstratas e núme-
ros. São menos sociáveis e preferem analisar e refletir sozinhos.
 • Divergentes: têm criatividade e imaginação, elaboram diferentes 
teorias com base em uma mesma situação. Trabalham bem em 
grupo e gostam de diferentes sensações e observações.
 • Convergentes: maior facilidade para praticar suas ideias, tomar 
decisões e resolver problemas.
Dentro desses diferentes estilos, tratados em diferentes teorias, 
cabe ressaltarmos que o trabalho com eles é sempre uma tarefa desa-
fiadora, uma vez que adaptações precisam ser realizadas para alcançar 
cada forma diferente de aprender.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vimos neste capítulo o quanto o processo de aprender é complexo 
e, ao mesmo tempo, tão especial. Ao envolvermos diferentes possi-
bilidades de aprendizagem, podemos relacioná-la com o desenvolvi-
Como momento de 
aprofundamento desta 
seção, convidamos você a 
analisar as características 
de sua forma de aprender 
assistindo ao vídeo Tiposde aprendizagem: que tipo 
de aluno você é?, do canal 
Professor Ricardo Alencar 
Matemática.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=pIyMc2yz1CM. Acesso 
em: 21 set. 2021.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=pIyMc2yz1CM
https://www.youtube.com/watch?v=pIyMc2yz1CM
https://www.youtube.com/watch?v=pIyMc2yz1CM
Processos de aprendizagem 25
mento do sistema nervoso central e a importância dos estímulos que 
tornam esse processo mais ativo, além da afetividade, a qual torna o 
indivíduo mais confiante e disposto a aprender. Devemos considerar 
o fato de lidar com os obstáculos que possam surgir e, com isso, tam-
bém conhecemos os estilos de aprendizagem, o quais nos tornam 
tão únicos e especiais ao seu modo de desenvolver a aprendizagem.
Compreender todos esses caminhos que levam à aprendizagem nos 
traz uma base para seguirmos em busca da compreensão dos fatores 
que apresentam as dificuldades e os obstáculos durante esse processo.
ATIVIDADES
Atividade 1
Discutimos, no início do capítulo, que existem duas concepções 
de aprendizagem: a comportamentalista e a cognitivista, que 
nos levaram a refletir sobre como acontece a aprendizagem. 
Vimos, ainda, que a psicologia trouxe grande contribuição para 
a aprendizagem escolar. Relate qual foi essa contribuição e 
exponha sua opinião sobre essa modificação.
Atividade 2
Conhecemos e analisamos as diferentes formas de estímulos 
necessárias para que o desenvolvimento humano e a aprendiza-
gem aconteçam. Escreva quais são essas formas de estímulos. 
Destaque e comente aquela que, pessoalmente, torna-se a mais 
relevante para o desenvolvimento da criança.
Atividade 3
Pudemos conhecer e refletir sobre a importância da afetividade para 
a aprendizagem. Dentre os aspectos que a compõem, conhecemos 
Wallon, um dos maiores estudiosos do tema. Conceitue o que é a 
afetividade para Wallon e relate uma experiência afetiva que marcou 
seu processo de aprendizagem ao longo de seu desenvolvimento.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, C. Como ensinar com afetividade. São Paulo: Ática, 2008.
BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: formação pessoal e social. 
Brasília, DF: MEC; SEF, 1998. v. 2. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/
pdf/volume2.pdf. Acesso em: 15 set. 2021.
KOLB, D. Experiential learning. Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall, 1984.
LEVINE, M. Educação Individualizada. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
MAIA, H. Funções cognitivas e aprendizagem escolar. In: MAIA, H. (org). Neurociência e 
desenvolvimento cognitivo. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011
PORTILHO, E. Como se aprende? Estratégias, Estilos e Metacognição. Rio de Janeiro: Wak 
Editora, 2011.
WALLON, H. Do ato ao pensamento. Lisboa: Moraes, 1978.
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume2.pdf
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume2.pdf
26 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
2
Dificuldades de aprendizagem
O processo de aprendizado leva tempo para ocorrer, mas e quando 
ele não acontece como esperado? Neste capítulo refletiremos sobre esses 
momentos de desenvolvimento.
Cada ser humano é único em sua forma de ser, agir, pensar e aprender. 
Essas diferenças são produtivas para a ampliação de conhecimento e socia-
lização. No entanto, algumas vezes, surgem no processo de aprendizagem 
em forma de obstáculos que precisam ser diagnosticados, vistos e orien-
tados de modo correto e significativo para a criança, fazendo com que ela 
aprenda e desenvolva-se normalmente.
 As dificuldades ou os transtornos de aprendizagem, como dislexia, 
discalculia, entre outros, surgem por fatores pedagógicos, sociais e cul-
turais. Ainda podem ser genéticos e neurológicos, ou seja, acompanham 
a pessoa desde o nascimento. É preciso que, independentemente de 
sua ordem, esses fatores sejam compreendidos por todos os envolvi-
dos com o trabalho na escola e fora dela. Em todas as situações que 
envolvam dificuldades é crucial contar com profissionais de apoio que 
auxiliem no convívio social, em adequações no ambiente e, em alguns 
casos, no mercado de trabalho.
Conheceremos a definição e os principais elementos que caracterizam 
a dislexia, a disortografia, a disgrafia e a discalculia e, dessa forma, busca-
remos, durante o estudo, fazer conexões com fatos ocorridos em sala de 
aula, de modo a auxiliar o trabalho do professor.
Analisaremos as principais dificuldades de aprendizagem, a fim de 
que você consiga ampliar o seu olhar para as pessoas que apresentam 
essas dificuldades.
2.1 Dificuldades de aprendizagem: causas e tipos 
Vídeo É de extrema importância que compreendamos a nomenclatura do 
que estamos estudando ao nos referirmos a dificuldades, transtornos 
ou distúrbios de aprendizagem.
As dificuldades de aprendizagem, tema deste capítulo, são 
aquelas que apresentam barreiras e defasagens para o desenvolvi-
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mento da aprendizagem. Surgem no percurso, devido ao fato de que 
algo ficou para trás na automatização e aquisição da aprendizagem.
Porém, segundo Fonseca (1995), a criança com dificuldade de 
aprendizagem não deve ser vista como deficiente, mas sim como uma 
criança como qualquer outra, que apresenta um ritmo diferente, uma 
defasagem ou algo diferenciado na forma de aprender.
Questões sociais, culturais, afetivas, de vínculo escolar e 
de adaptação a metodologias podem ter influência nas 
dificuldades e nos problemas ao aprender a ler, escre-
ver, calcular, falar, se organizar e até mesmo socializar.
Já os transtornos de aprendizagem ou distúr-
bios de aprendizagem têm origem genética ou 
neurológica, acompanhando o indivíduo por 
toda a vida.
Ao longo do desenvolvimento, característi-
cas consideradas diferentes, ou seja, que nem sempre estão de acordo 
com a faixa etária da criança, vão sendo percebidas, e a falta de manejo
1 desses distúrbios gera dificuldades de aprendizagem.
Vamos usar como exemplo uma criança disléxica. Na escola ela 
é obrigada a escrever muitas vezes as mesmas informações para 
superar seus erros. Ocorre que se a escola não possui o diagnósti-
co e não traça formas de trabalho adequadas, a criança irá escrever 
incessantemente, sem ter de fato alguma mudança em sua apren-
dizagem. Essa atitude, na verdade, causa cansaço e frustração, e a 
criança continuará cometendo erros, pois precisa de outro tipo de 
abordagem. Isso acaba gerando um constrangimento que, aliado aos 
demais sentimentos, não agrega à aprendizagem. É necessário co-
nhecer as características do sujeito disléxico e desenvolver práticas 
que realmente o auxiliem em sua caminhada escolar.
Reconhecer as causas e 
os tipos de dificuldades 
de aprendizagem.
Objetivo de aprendizagem
A falta de manejo 
refere-se às diferentes 
estratégias que podem 
ser utilizadas na escola, as 
quais buscam uma solu-
ção equivocada para pro-
blemas de aprendizagem.
1
Dificuldades de aprendizagemDificuldades de aprendizagem 2727
28 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Por isso, o diagnóstico e a intervenção precoces são o melhor ca-
minho para proporcionar um bom desenvolvimento a essas crianças. 
Para o diagnóstico, é necessária a avaliação psicopedagógica, que será 
o ponto de partida para a compreensão das características cogniti-
vas da criança. Assim que ocorre o diagnóstico, professores e famílias 
podem ser orientados para trabalhar adequadamente e proporcio-
nar, com base nas dificuldades desses alunos, o desenvolvimento e a 
aprendizagem. Uma criança com problemas atencionais, por exemplo, 
tem dificuldade em manter o foco por muito tempo em uma mesma 
tarefa, desse modo, a estratégia deve proporcionar atividades de curta 
duração para aproveitar melhor seu tempo de concentração.
De acordo com Morais (2006, p. 23), “deve ficar claro que a aprendi-
zagem da leitura e escrita é um processo complexo, que envolve vários 
sistemas e habilidades (linguísticas, perceptuais, motoras, cognitivas), e 
não se pode esperar, portanto, que um determinadofator seja o único 
responsável pela dificuldade de aprender”.
Nesse sentido, a criança com dislexia não deve ser vista apenas 
como aquela que possui um fator de desordem no seu desenvolvimen-
to, e sim como alguém que tem uma série de habilidades que apenas 
estão desalinhadas e devem ser acompanhadas e estimuladas para o 
processo de aprendizagem.
Por isso, após diagnosticados e identificados quais fatores sus-
tentam o desenvolvimento e quais estão impedindo a aprendizagem 
(motor, linguístico, afetivo, cognitivo ou perceptual), todo o trabalho di-
recionado a essa criança passa por uma reestruturação. Esse processo 
se dá na adequação escolar do currículo e de metodologias que otimi-
zem o desenvolvimento da aprendizagem e socialização.
Existem muitas dificuldades e transtornos que podem nascer com a 
criança ou surgir ao longo do seu desenvolvimento, como a dislexia, a 
discalculia, a disgrafia e a disortografia.
Além disso, a ausência de estímulos de habilidades básicas an-
tes do período de alfabetização pode ocasionar dificuldades para 
aprender, pois deixa de trazer bases importantes para que esse 
aprendizado aconteça. No quadro a seguir podemos verificar essas 
habilidades básicas.
Dificuldades de aprendizagem 29
Quadro 1
Habilidades básicas
Habilidade Definição Exemplo
Imagem corporal Consciência do próprio corpo e sua 
interação com o mundo
Relacionada à sua identificação do espaço (consigo 
pular? É alto para mim?).
Orientação espacial Distinção de sua posição no espaço 
e relações espaciais que ocupa
A organização dos próprios materiais e do local 
que ocupa tem relação com essa habilidade.
Orientação temporal Duração e sucessão
Reflete na organização com relação ao tempo (se 
consegue fazer as coisas no prazo de uma aula, 
por exemplo).
Ritmo Duração sonora
O ritmo de sons trabalhado desde os primeiros 
anos escolares auxilia mais tarde no ritmo de leitu-
ra e no reconhecimento dos sons das letras.
Memória visual Reter com exatidão a curto ou longo 
prazo o que foi visualizado
Olhar e reter a informação auxilia no reconheci-
mento da escrita das palavras (se é com s ou z, 
por exemplo).
Coordenação 
visomotora
Visão e movimentos do corpo 
integrados
A criança movimenta a cabeça para olhar para o 
quadro e copiar uma informação ao mesmo tem-
po sem perder a informação que leu.
Memória cinestésica Movimentos motores necessários 
para a escrita
Auxilia o engajamento da criança no manuseio de 
objetos menores, como o lápis na escrita.
Habilidades auditivas Condução das informações gráficas 
até o cérebro
Essa habilidade reflete a compreensão sonora das 
letras e auxilia na boa escrita ortográfica.
Linguagem oral Etapa anterior à linguagem escrita; 
desenvolvimento da fala
Falar com clareza e corretamente para conse-
quentemente escrever bem.
Fonte: Elaborado pela autora.
Um exemplo da utilização prática dessas habilidades é o que a 
criança precisa adquirir antes de aprender a ler e escrever. A falta de 
um desses elementos pode gerar problemas de aprendizagem. Para ler 
e escrever, a criança precisa:
Aprender a falar
Ol
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/Shutterstock
Desenvolver a noção 
espacial para o registro
Studio Rom
antic/Shutterstock
Diferenciar tamanhos
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dr
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opov/Shutterstock
Criar interesse pelo 
mundo letrado
Sharom
ka/Shutterstock
O livro Dificuldades de 
aprendizagem de A a Z: um 
guia completo para pais 
e educadores, de Corinne 
Smith e Lisa Strick, é uma 
ótima opção para ampliar 
seus conhecimentos 
sobre as dificuldades de 
aprendizagem. As autoras 
apresentam de maneira 
didática cada dificuldade, 
sua origem e possibilidades 
de adequação de trabalho 
para cada uma delas.
Porto Alegre: Artmed, 2012.
Livro
30 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Esses prerrequisitos são temas abordados na Educação Infantil e 
estendem-se por boa parte do Ensino Fundamental, por serem parte 
de um processo de desenvolvimento. São extremamente necessários 
para que outras aprendizagens ocorram e funcionam como base de 
sustentação para o ato de aprender.
Portanto, conhecer as diferentes dificuldades de aprendizagem e 
saber como lidar com cada uma delas é um desafio constante para o 
profissional que trabalha com a educação.
2.2 Dislexia 
Vídeo A dislexia é uma das dificuldades mais conhecidas, e somente no sé-
culo XX passou a ser vista com a abrangência que possui. Vinda do grego 
dislexia – dis (dificuldade) e lexia (linguagem) – significa falta de habilidade 
na linguagem, que se reflete na leitura e na escrita.
Desse modo, a dislexia não é considerada uma doença, e sim uma for-
ma diferente de o cérebro funcionar e compreender a linguagem. Trata-se 
de uma questão neurológica, visto que atualmente exames de diagnóstico 
de imagem do cérebro mostram o processamento de informação dos dis-
léxicos de uma maneira distinta, tornando possível sua forma de aprender 
diferente por meio de suas próprias habilidades.
Por isso, a dislexia é classificada 
como um distúrbio neurológico que 
não prejudica o potencial cognitivo 
da criança, apenas torna diferen-
te seu caminho de aprender a ler, 
escrever e decodificar a leitura e a 
escrita.
Por ser neurológica, a dislexia 
demonstra alguns sintomas (Fi-
gura 1) mesmo antes da fase de 
alfabetização, os quais devem ser 
observados pela família e escola.
Se uma dificuldade está direta-
mente ligada à leitura, à escrita e 
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Dificuldades de 
alfabetização
Problemas 
de orientação 
espacial
Dificuldade na 
coordenação 
motora fina
Lentidão acima do 
normal durante 
o processo de 
alfabetização
Problemas para 
ler e escrever
Figura 1
Sintomas da dislexia infantil
Conhecer as característi-
cas da dislexia.
Objetivo de aprendizagem
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à sua compreensão e se ela se manifesta em outras áreas da aprendi-
zagem essenciais para o desenvolvimento da criança, a dislexia passa a 
ser alvo de interesse de professores e todos os profissionais que traba-
lham e intervêm nessa área.
De acordo com Morais (2006, p. 41), “a dislexia é um termo que se 
refere às crianças que apresentam sérias dificuldades de leitura e, con-
sequentemente, de escrita, apesar do seu nível de inteligência ser nor-
mal, ou estar acima da média”.
Assim, em sala de aula ou em outros momentos de realização de 
leitura e escrita, o interesse dos profissionais justifica-se. Ao surgirem 
obstáculos, as atividades de leitura e escrita não devem ser entendi-
das como algo que o aluno não quer fazer, ou não se esforça, ou qual-
quer outro estereótipo que não contribui para o seu desenvolvimento.
Por outro lado, nem todas as dificuldades de leitura, escrita e 
interpretação devem ser entendidas como dislexia. A busca de um 
diagnóstico seguro, por meio de uma avaliação psicopedagógica, faz 
com que seja detectada a real origem dessa dificuldade e, conse-
quentemente, leva à maneira correta de intervir e orientar em sala 
de aula, realizando as adaptações necessárias, sejam curriculares, 
sejam metodológicas.
Diagnosticada por meio de uma avaliação psicopedagógica, a 
criança deve passar por um apoio externo ao ambiente escolar, com 
psicopedagogos, fonoaudiólogos e psicólogos, à medida que forem re-
comendados no seu diagnóstico.
No ambiente escolar esses profissionais, em trabalho conjunto 
com os professores, deverão traçar as melhores formas de avaliar 
a criança e intervir em sua aprendizagem. Com o diagnóstico feito 
(e as devidas adaptações realizadas), inicia-se o processo de com-
preensão e aprendizagem da leitura e escrita e adaptações dos alu-
nos com dislexia.
Compreender o mundo das letras, o som 
de cada uma delas e suas variações, bem 
como a consciência fonológica 2 , a jun-
ção de sílabas, frases e textos e, assim, 
sua interpretação, é um caminho a ser 
trilhado e orientado a cada passo.
Entendemos por 
consciência fonológica 
a capacidade de refletir 
sobre a estrutura de pala-
vras, sílabas e seus sons, 
conhecidos como fonemas, 
e compreendê-la.2
Dificuldades de aprendizagemDificuldades de aprendizagem 3131
32 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Esse caminho de compreensão se inicia na fase da alfabetização, e 
existe a necessidade de que o trabalho com a consciência fonológica 
seja intenso, pois a falta de seu reconhecimento é um dos principais 
fatores presentes na pessoa com dislexia.
Segundo Seabra e Capovilla (2004), a consciência fonológica envol-
ve a capacidade de identificar, isolar, manipular, combinar e segmen-
tar mentalmente e de modo deliberado os segmentos fonológicos da 
língua. Essa manipulação das palavras faz parte da alfabetização, que 
nem sempre é tão óbvia. Para as crianças que conseguem compreen-
der bem esse processo, geralmente ocorre um bom desenvolvimento 
da alfabetização no contato com a leitura, escrita e interpretação.
Figura 2
Reconhecimento dos sons das letras
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No entanto, quando ocorre o contrário, desde o início esse cami-
nho é difícil demais para a criança. É o momento de observar seu de-
sempenho e buscar recursos que possam a auxiliar ou a diagnosticar 
caso seja disléxica.
Dentro dos inúmeros fatores que contribuem, ou não, para o de-
senvolvimento da leitura e escrita, segundo Torres e Fernández (2002), 
podemos destacar alguns tipos de dislexia:
 • Dislexia visual: dificuldade na percepção visual e coordenação 
visomotora, não conseguindo visualizar o fonema com clareza.
 • Dislexia auditiva: dificuldade na percepção e memória auditiva, 
não conseguindo ouvir com clareza o fonema.
 • Dislexia disfonética: troca de sons diferentes, alterações na or-
dem das letras e sílabas, omissões e acréscimos e maior dificul-
dade na escrita do que na leitura.
Dificuldades de aprendizagem 33
 • Dislexia diseidética: dificuldade na leitura silábica, não conse-
guindo realizar a síntese das palavras, e maior dificuldade para a 
leitura do que para a escrita.
 • Dislexia mista: combinação de mais de um tipo de dislexia.
 • Dislexia fonológica: forma leve de dislexia, confusão na realiza-
ção da leitura, que apresenta pacientes que podem ler palavras 
muito bem mesmo sendo disléxicos.
Com base no diagnóstico, uma boa estratégia é buscar o que de 
melhor o disléxico apresenta para que, com base em suas habilidades, 
outras sejam aperfeiçoadas, levando, então, ao seu desenvolvimento.
De acordo com Gonçalves (2005 apud OLIVEIRA, 2011):
grande parte da intervenção psicopedagógica estará em buscar 
talentos do disléxico, afinal os fracassos, sem dúvida, ele já os co-
nhece bem. Outra tarefa da clínica psicopedagógica é ajudar essa 
pessoa a descobrir modos compensatórios de aprender. Jogos, 
leituras compartilhadas, atividades específicas para desenvolver 
a escrita e habilidades de memória e atenção fazem parte do 
processo de intervenção. À medida que o disléxico se percebe 
capaz de produzir poderá avançar no seu processo de aprendi-
zagem e iniciar o resgate de sua autoestima.
Sabendo que para o disléxico a recuperação da autoestima é um fa-
tor importante, em sala de aula, o professor deve buscar compreendê-lo, 
ouvi-lo e dar o suporte necessário para seu desenvolvimento.
Como complemento de 
nossas ideias, assista ao 
vídeo Mentes em pauta 
– dislexia, do canal Ana 
Beatriz Barbosa, sobre as 
características da dislexia.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=qvuSXtQtqv4. Acesso 
em: 1 dez. 2021.
Vídeo
2.3 Disgrafia 
Vídeo Já sabemos que a dislexia traz dificuldades específicas para a leitu-
ra, escrita e sua decodificação, além dos percalços causados por ela. 
Veremos agora outra dificuldade, a disgrafia, que é importante para a 
compreensão das dificuldades de aprendizagem.
A disgrafia abrange questões que também estão ligadas à escri-
ta, porém agora relacionadas ao traçado e à legibilidade. A criança 
que apresenta disgrafia produz uma escrita quase que ilegível, tanto 
para ela própria quanto para quem lê. No texto com disgrafia perce-
bemos que o traçado das letras possui irregularidades na sua forma 
e organização do espaço.
Identificar o que é disgrafia.
Objetivo de aprendizagem
https://www.youtube.com/watch?v=qvuSXtQtqv4
https://www.youtube.com/watch?v=qvuSXtQtqv4
https://www.youtube.com/watch?v=qvuSXtQtqv4
34 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Morais (2006) defende que a disgrafia é uma deficiência na qualidade 
do traçado gráfico, entretanto, não deve causar um déficit intelectual 
e/ou neurológico. Sabendo que não se trata disso, ao analisarmos suas 
causas, podemos pensar em algumas especificidades voltadas aos pri-
meiros anos de vida, por exemplo, o desenvolvimento da motricidade.
Partindo da ideia de que o desenvolvimento motor é necessário 
para que a criança desenvolva sua coordenação motora fina, é possível 
relacionar a disgrafia a problemas perceptivo-motores.
Para Pereira (2009), a disgrafia envolve:
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Coordenação geral: capacidade motora de usar 
o corpo de maneira eficiente.
Coordenação motora: capacidade de dominar o 
corpo e o espaço e controlar seus movimentos.
Motricidade ampla: compreende andar, saltar e 
mexer-se em diferentes direções.
Motricidade fina: maneira que usamos os braços, as mãos 
e os dedos, manipulando objetos de modo preciso.
Integração visomotora: coordenação entre a 
coordenação motora e a percepção visual.
Planejamento motor: capacidade de organizar, planejar 
e executar ações, como desenhar e pedalar.
Percepção visual: capacidade do cérebro de 
compreender, organizar e interpretar estímulos visuais.
Atenção sustentada: capacidade de concentrar-se em uma 
tarefa por determinado tempo sem se distrair.
Consciência sensorial dos dedos: habilidade consciente de 
uso e manuseio das mãos.
A coordenação motora 
fina dá-se por meio de 
músculos pequenos, 
como os das mãos e dos 
pés. Ela é utilizada para 
desenhar, pintar ou ma-
nusear pequenos objetos, 
realizando movimentos 
mais precisos e delicados.
Lembrete
Dificuldades de aprendizagem 35
Sabendo que essas bases são fundamentais para o bom traçado e 
desenvolvimento da escrita, é fundamental que o professor compreen-
da que a letra “feia” pode não estar relacionada ao desinteresse, mas 
sim à dificuldade ou inabilidade em algumas dessas áreas.
Dessa forma, na fase da alfabetização, quando é perceptível a difi-
culdade da criança em escrever, o professor precisa estar atento para 
realizar um trabalho direcionado, buscando melhorar essa questão.
É importante lembrar que o desenvolvimento da escrita não se trata 
de um processo linear. Pelo contrário, na maioria das escolas, a criança 
inicia o processo de alfabetização com a letra caixa-alta, também conhe-
cida como letra de forma, e faz a transição no ano seguinte para a letra 
cursiva. Essa mudança, após o amadurecimento dos primeiros contatos 
com as letras, deve ser gradativa e repleta de estímulos que 
direcionem a criança para o escrever correto e legí-
vel. Nesse momento, as dificuldades ou facilidades 
tornam-se muito pessoais entre os sujeitos, que 
devem ser orientados e auxiliados de acordo com 
a demanda que cada um apresenta.
Alguns fatores ainda podem contribuir forte-
mente para que a disgrafia ocorra ou se agrave, 
como:
 • Falta de organização da página: ligada à orientação espacial, 
apresenta margens malfeitas ou inexistentes e espaços inade-
quados entre as palavras.
 • Letras mal organizadas: a criança não consegue se adaptar a 
nenhum sistema caligráfico (pode ser no formato de letra de im-
prensa ou letra cursiva) e o traçado apresenta-se fora do padrão.
 • Erro de formas e proporções: quando a letra tem um formato 
grande ou pequeno demais.
Assim como as demais dificuldades e transtornos de aprendizagem, 
os fatores afetivo e emocional devem ser considerados. Essas crianças 
já sentem o peso de fazerem diferente dos demais e, muitas vezes, não 
alcançam o êxito, por isso, apoiar, acolher e orientar são necessidades 
constantes.Ser diferente em sala de aula é algo difícil para a criança, 
pois ela passa por comparações, sentindo-se atrasada em relação aos 
demais, e os fatores emocionais podem interromper a aprendizagem e 
a evolução desse indivíduo.
O livro Dificuldades específi-
cas de aprendizagem: ideias 
práticas para trabalhar 
com: dislexia, discalculia, 
disgrafia, dispraxia, TDAH, 
TEA, Síndrome de Asperger 
e TOC, de Diana Hudson, 
trata de todas as dificul-
dades e, em especial, traz 
um capítulo com um ótimo 
embasamento comple-
mentar sobre a disgrafia.
Petrópolis: Vozes, 2019.
Livro
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36 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
2.4 Disortografia 
Vídeo Além da dislexia e da disgrafia, outra dificuldade que pode surgir 
durante o desenvolvimento da leitura e escrita é a disortografia.
Caracterizada como uma dificuldade que afeta o domínio da 
escrita em questões tanto ortográficas quanto textuais, a disor-
tografia apresenta uma escrita que foge às regras ortográficas 
(PEREIRA, 2009).
De acordo com Pereira (2009, p. 9), a disortografia está relacio-
nada a uma “perturbação que afeta as aptidões da escrita e que se 
traduz por dificuldades persistentes e recorrentes na capacidade da 
criança produzir textos”. Já para Barbeiro (2007, p. 118), “a disorto-
grafia é a dificuldade de escrita que compromete a aprendizagem 
e a automatização dos processos responsáveis pela representação 
ortográfica apropriada”.
No início do processo de alfabetização, as trocas ortográficas es-
tão presentes pelo fato de a criança estar passando pelo reconheci-
mento do traçado e da sonoridade das letras e palavras, mas devem 
ser superadas com a prática e a apropriação do sistema ortográfico.
Essas trocas vão se amenizando à medida que a prática da escrita 
acontece. Quando elas persistem por muito tempo e mostram ca-
racterísticas específicas, podem revelar um quadro de disortografia.
Alguns exemplos de trocas são:
 • f/v: faca/vaca;
 • ch/j: chato/jato;
 • t/d: conte/conde;
 • p/b: pompa/pomba.
Podem ocorrer ainda na disortografia omissões de letras, inver-
sões e confusões entre sílabas. Torres e Fernández (2002) destacam 
sete tipos de disortografia:
Reconhecer as caracterís-
ticas da disortografia.
Objetivo de aprendizagem
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Temporal: incapacidade de ter uma visão clara 
dos aspectos fonéticos da fala.
Perceptivo-cinestésica: incapacidade para 
repetir os sons, verificando as substituições no 
modo de articular os fonemas.
Cinética: deficiência de ordenação e 
sequenciação dos elementos gráficos, gerando 
erros de união e separação.
Visuoespacial: alteração perceptiva da imagem dos 
grafemas.
Dinâmica: alteração na expressão escrita das 
ideias e na estrutura sintática das proposições.
Semântica: a análise é indispensável para o 
estabelecimento dos limites das palavras.
Cultural: dificuldade na aprendizagem da ortografia 
convencional.
Já caracterizados esses diferentes tipos de disortografia, pode-
mos ainda a dividir em três grupos: das trocas auditivas, das trocas 
visuais e das trocas mistas.
Quanto às trocas auditivas, caracterizam-se pela troca dos sons 
próximos, como f/v, t/d e c/g. Ao ouvir as palavras com essas le-
tras, são facilmente confundidas, como vaca e faca. Esse grupo 
caracteriza-se também pela dificuldade de guardar palavras ditadas 
ou elaboradas mentalmente, logo, ao escrever, surgem também as 
inversões.
38 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
As trocas visuais são aquelas que têm relação com a orientação 
espacial, como p, b, d, q, ou semelhança de detalhes, como t, f. Nas 
trocas visuais ocorrem também erros relacionados à sequência vi-
sual, como trem/temr ou moeda/muda. Aqui se justifica que, como 
prerrequisito à aprendizagem, a criança desenvolva a noção espacial 
e de lateralidade. Esses elementos, trabalhados ainda na Educação 
Infantil, fazem toda a diferença para a visualização e o posicionamen-
to correto das letras quando se inicia o processo de alfabetização.
Já as trocas mistas englobam as características do tipo visual e 
auditivo. Mesmo sendo mais raras, são casos considerados de longo 
prazo para que ocorra a reeducação.
Assim, a disortografia pode prejudicar o processo de escrita e 
compreensão da criança, por isso deve ser vista por meio de um 
trabalho atento do professor. Ao surgirem indícios dessa dificul-
dade, é necessário realizar o encaminhamento para um profissio-
nal responsável, o psicopedagogo, para que realize uma avaliação 
psicopedagógica.
2.5 Discalculia 
Vídeo Conhecemos até aqui as principais dificuldades de aprendiza-
gem presentes no desenvolvimento da leitura e escrita e de sua 
decodificação.
No entanto, o raciocínio lógico-matemático também pode apre-
sentar obstáculos significativos durante a aprendizagem.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtor-
nos Mentais – DSM 1 -5 (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014 
apud PIMENTEL; LARA, 2017, p. 5), a discalculia “envolve o senso nu-
mérico, memorização de fatos aritméticos, precisão ou fluência de 
cálculo e precisão no raciocínio matemático”. Além disso, esse é “um 
termo alternativo usado em referência a um padrão de dificuldades 
caracterizado por problemas no processamento de informações nu-
méricas, aprendizagem de fatos aritméticos e realização de cálculos 
precisos ou fluente”.
Ainda, de acordo com Morais (2006), a discalculia pode ser classi-
ficada em seis tipos:
Como complemento, 
assista ao vídeo 
Disortografia, do canal 
Nadia Bossa, que aborda 
as características da 
disortografia.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=pS5l1C2li3k. Acesso em: 
17 dez. 2021.
Vídeo
Compreender as caracte-
rísticas da discalculia.
Objetivo de aprendizagem
Manual de Diagnóstico e 
Estatístico de Transtornos 
Mentais 5.ª edição, ou 
DSM-5, é um manual 
diagnóstico elaborado 
pela Associação Ameri-
cana de Psiquiatria para 
definir como é feito o 
diagnóstico de transtor-
nos mentais.
1
https://www.youtube.com/watch?v=pS5l1C2li3k
https://www.youtube.com/watch?v=pS5l1C2li3k
https://www.youtube.com/watch?v=pS5l1C2li3k
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Practognóstica: dificuldades para enumerar, 
comparar e manipular objetos reais ou em imagens.
Ideognóstica: dificuldades em fazer operações 
mentais e compreender conceitos matemáticos.
Verbal: dificuldades em nomear quantidades 
matemáticas, números, termos e símbolos.
Léxica: dificuldades na leitura de símbolos 
matemáticos.
Operacional: dificuldades na execução de 
operações e cálculos numéricos.
Gráfica: dificuldades na escrita de símbolos 
matemáticos.
Muitas vezes, a discalculia vem de bases não estimuladas e não de-
senvolvidas, como as habilidades linguísticas, perceptivas, de atenção e 
matemáticas, as funções executivas prejudicadas e a baixa capacidade 
de atenção. Esses fatores resultam em déficits no senso numérico.
Conhecida como a dislexia dos números, o termo discalculia vem do 
grego dis, que significa dificuldade, e do latim calculia, que significa con-
tar, por isso a dificuldade para contar.
Figura 3
Forma do pensa-
mento matemático 
do discalcúlico
A organização espacial interfere no 
sucesso da aprendizagem matemática.
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40 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Com relação à compreensão dos números, a criança discalcúlica 
pode apresentar:
 • Falta de compreensão intuitiva dos números, como não saber 
qual é o maior ou menor.
 • Dificuldade de arredondar números.
 • Dificuldade de fazer estimativa.
 • Uso dos dedos constantemente para contar.
 • Confusão com números parecidos e inversões, por exemplo, 240 
por 204.
 • Extrema dificuldade de aprender tabuada.
 • Incapacidade de realizar cálculos mentais.
 • Dificuldade de lembrar de informações numéricas.
 • Incapacidadede realizar a reversibilidade, por exemplo, 2 + 3 é 
também 3 + 2.
 • Dificuldade em assimilar porcentagem, fração e casas decimais.
Além dessas questões, a criança apresenta com frequência dificul-
dades na memória a curto prazo, ou seja, lembrar de números durante 
os cálculos, de sequência numérica, de números de telefone ou de da-
dos bancários e pontuações de competições esportivas. Isso também é 
refletido na representação gráfica ou na compreensão e interpretação 
de gráficos e escalas em papel (a leitura é imprecisa).
Ainda questões de ordem pessoal costumam aparecer, como a di-
ficuldade com a pontualidade, uma vez que não saber ler as horas em 
um relógio se torna um problema. Esses episódios trazem constran-
gimento para a criança que ainda não assimilou essa aprendizagem. 
Consequentemente, sua organização diária pode sofrer prejuízos.
Sabendo dessas questões e que toda dificuldade para aprender 
remete a prejuízo na autoconfiança e autoestima, vale lembrar de 
algumas atitudes essenciais e necessárias para atender aos alunos 
com discalculia:
 • Tornar o ambiente seguro, no sentido de que o aluno pode pedir 
ajuda e obter suporte diante de suas dificuldades.
 • Manter esses alunos sentados próximos aos demais, para evitar 
constrangimento se não quiserem se expor diante de dúvidas.
Dificuldades de aprendizagem 41
 • Trabalhar com exemplos concretos, escritos, de modo que a 
criança possa visualizar o que está sendo falado.
 • Verificar se o aluno compreende o que é para ser feito e o ritmo 
em que ele está realizando determinada tarefa.
 • Disponibilizar tempo suficiente para que as atividades sejam 
concluídas.
Outro aspecto de cuidado é o da linguagem matemática. É necessá-
rio verificar se todos os termos necessariamente usados nas explica-
ções são de fácil acesso ao entendimento do aluno, pois o que muitas 
vezes é óbvio para quem fala não é para quem ouve.
Partindo do princípio de que o óbvio também precisa ser dito, as 
orientações adequadas ao discalcúlico são sempre necessárias.
Como complemen-
to, assista ao vídeo 
Discalculia, do canal Nadia 
Bossa, que demonstra na 
prática as dificuldades da 
criança discalcúlica.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=mfHXkM1ctD0. Acesso 
em: 17 dez. 2021.
Vídeo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conhecer as dificuldades e os transtornos de aprendizagem nos tor-
na profissionais diferenciados diante da individualidade do ser humano. 
O universo do aprender já é amplo, e quando esse caminho apresenta 
obstáculos, torna-se ainda maior, passando a ser um desafio constante.
Atualmente, e felizmente, é possível o diagnóstico precoce, o que faci-
lita e direciona o trabalho em sala de aula. A vantagem de conhecermos 
e identificarmos como trabalhar a dislexia (dificuldade ao ler, escrever 
e interpretar), a disortografia (dificuldades ortográficas), a disgrafia (di-
ficuldade no traçado das letras) e a discalculia (dificuldade no raciocí-
nio lógico-matemático), nos torna pessoas capazes de compreender e 
adaptar novas formas de aprendizagem.
ATIVIDADES
Atividade 1
Sobre as dificuldades de aprendizagem estudadas, escolha qua-
tro delas e descreva suas principais características. Em seguida, 
responda: como você avalia seu processo de aprendizagem com 
relação à leitura, à escrita, à interpretação, ao traçado, à ortogra-
fia e à matemática?
https://www.youtube.com/watch?v=mfHXkM1ctD0
https://www.youtube.com/watch?v=mfHXkM1ctD0
https://www.youtube.com/watch?v=mfHXkM1ctD0
42 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Atividade 2
Conhecer as características da dislexia e encaminhar a criança 
para uma avaliação psicopedagógica, bem como saber intervir 
nesses casos, é de extrema importância para o profissional da 
educação. Com base nessa premissa, cite as principais característi-
cas da criança disléxica.
Atividade 3
Dos tipos de discalculia estudados, escolha o que para você parece 
ser o mais comum e justifique sua resposta.
REFERÊNCIAS
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos 
mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
BARBEIRO, L. Aprendizagem da ortografia. Porto: Edições Asa, 2007.
FONSECA, V. da. Dificuldades de aprendizagem. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
GONÇALVES, A. M. S. A criança disléxica e a clínica psicopedagógica. Disponível em: http://
www.profala.com/artdislexia1.htm. Acesso em: 17 dez. 2021.
MORAIS. A. M. P. Distúrbios da aprendizagem: uma abordagem psicopedagógica. São 
Paulo: Edicon, 2006.
PEREIRA, R. S. Dislexia e disortografia: programa de intervenção e reeducação. Montijo: 
Humanity’s Friends Books, 2009.
SEABRA, A. G.; CAPOVILLA, F. C. Alfabetização: método fônico. 3. ed. São Paulo: Memnon, 2004.
TORRES, R. M. R.; FERNÁNDEZ, P. F. Dislexia, disortografia y disgrafia. Lisboa: McGraw Hill 
de Portugal, 2002.
Transtornos de aprendizagem 43
3
Transtornos de aprendizagem
3.1 Transtorno do déficit de atenção 
e hiperatividade (TDAH) Vídeo
Para compreendermos o TDAH devemos conhecer isoladamente os 
conceitos de atenção e hiperatividade.
A atenção é uma função essencial para a vida humana, uma vez 
que muitas de nossas ações dependem dela, por exemplo, atravessar a 
rua, cozinhar, compreender uma aula e aprender algo novo. Podemos 
entender a atenção também como um processo do desenvolvimento 
cognitivo em que, por meio de um estímulo externo, conseguimos dar 
uma resposta a ele. A atenção se desenvolve por meio de vivências co-
tidianas, como as brincadeiras na infância, as interações sociais e as 
atividades escolares rotineiras.
Nessas vivências a atenção pode ser aprimorada ou desenvolvida 
por meio de intervenções cognitivas, sendo assim, deve ser estimulada. 
Inicialmente, deve ocorrer mediante atividades direcionadas, que são 
aquelas proporcionadas pela escola, iniciando na Educação Infantil e se 
estendendo por todos os anos escolares.
Reconhecer o transtorno 
do déficit de atenção e 
hiperatividade e suas 
características.
Objetivo de aprendizagem
Conhecer as dificuldades que acometem a aprendizagem é algo bastante 
profundo, pois nos leva a conhecer também transtornos do desenvolvimento 
que interferem tanto na aprendizagem quanto em questões interpessoais. 
Estudaremos neste capítulo sobre o transtorno do espectro autista 
(TEA), o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), a síndro-
me de Asperger, o transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e o transtorno 
opositor desafiador (TOD). 
Esses transtornos se manifestam na infância e acompanham as fases 
do desenvolvimento humano. Compreender as características de cada 
um e intervir de maneira correta e no tempo certo faz parte do trabalho 
de todos aqueles envolvidos com a educação. Neste capítulo vamos co-
nhecer, analisar e refletir sobre cada um desses transtornos.
44 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Assim, como em todo o processo de desenvolvimento humano, a 
atenção é algo que difere em cada pessoa, seja no tempo, na forma 
de agir, de pensar e nas experiências já adquiridas, por isso podemos 
considerar alguns tipos de atenção a ser desenvolvida pelo ser huma-
no. Esses tipos de atenção (Quadro 1), quando trabalhados simultanea-
mente, facilitam o desenvolvimento e a aprendizagem.
Quadro 1
Tipos de atenção
Atenção seletiva
Habilidade para se centrar em um estímulo ou atividade 
na presença de outros estímulos que desviam a aten-
ção, por exemplo, fazer uma tarefa em sala de aula com 
pessoas conversando ao redor.
Atenção alternada
Habilidade para alterar a atenção focada entre dois estí-
mulos, em que se está atento, mas, por algum motivo rea-
liza outra atividade e depois volta ao foco em que estava.
Atenção dividida Habilidade em centrar ou prestar atenção a diferentes 
estímulos ao mesmo tempo.
Atenção focada Habilidade para focar a atenção em um estímulo, sem 
dispersar com estímulos externos.
Atenção constante Habilidade para se centrar em um estímulo ou atividade 
durante um longo período.
Fonte: Elaborado pela autoracom base em Atenção, 2021.
Dessa maneira, podemos depreender a complexidade da atenção, 
e os modos como ela se estrutura e faz a diferença nas nossas rotinas.
Agora que apreendemos a respeito da atenção e as maneiras que 
ela pode se manifestar em cada indivíduo, devemos, antes de estudar-
mos o TDAH, entender do que se trata a hiperatividade.
A hiperatividade é um distúrbio do neurodesenvolvimento que 
na grande maioria das vezes se manifesta durante a infância. Trata-
-se de uma condição neurológica que provoca prejuízos voltados ao 
desenvolvimento. 
Esses prejuízos acarretam consequências, como inquietação corpo-
ral, ansiedade, dificuldade de esperar ou manter-se calmo diante de 
situações diversas, irritabilidade, agressividade, impulsividade e falta 
de atenção. Em função disso, tais atitudes afetam também a aprendi-
zagem, pois a dificuldade de autocontrole prejudica sua capacidade de 
https://www.cognifit.com/br/habilidade-cognitiva/atencao-dividida
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interagir, socializar e realizar atividades até o fim, o tempo de concen-
tração acaba sendo reduzido.
As características da hiperatividade precisam ser verificadas e ana-
lisadas desde muito cedo para não serem confundidas com questões 
voltadas simplesmente a falta de limites ou falta de orientação fami-
liar. Por isso, o diagnóstico precoce é sempre o melhor caminho para 
verificar a forma de intervir e auxiliar. De modo geral, é a família ou o 
professor que inicialmente percebem os comportamentos constantes 
de inquietação e dispersão. Depois dessa percepção, a criança deve 
ser encaminhada para uma avaliação com neurologista, psicólogo e 
psicopedagogo.
Após o diagnóstico, o tratamento também envolve diferentes profis-
sionais, como psicopedagogo, psicólogo, neurologista, fonoaudiólogo e 
terapeuta ocupacional. O encaminhamento é direcionado para os pro-
fissionais que forem necessários de acordo com o grau de intensidade 
de cada caso. 
Compreendido o significado de atenção e de hiperatividade, vere-
mos agora o que chamamos de transtorno do déficit de atenção e hipe-
ratividade (TDAH), que é o que ocorre quando elas estão associadas.
Para entender como essa defasagem ocorre neurologicamente, 
podemos considerar que as pessoas com TDAH possuem diferenças 
cerebrais anatômicas, apresentando uma maturidade cerebral tardia, 
pois o desenvolvimento do autocontrole e da atenção demoram mais 
a acontecer.
As causas desse transtorno podem ocorrer 
desde um desenvolvimento intrauterino ina-
dequado, até o consumo de álcool e drogas na 
gestação ou, ainda, a partir de lesões geradas 
na cabeça (por exemplo, doenças no cérebro e 
traumatismos que possam prejudicar alguma 
área responsável pela aprendizagem, como o 
lobo frontal).
Figura 1
Impactos na aprendizagem
Fortes traumas na parte frontal do cérebro podem causar 
prejuízos no que se refere à elaboração do pensamento 
e planejamento, além da programação de necessidades 
individuais e emoções.
Transtornos de aprendizagemTranstornos de aprendizagem 45454545 Transtornos e dificuldades de aprendizagemTranstornos e dificuldades de aprendizagem
46 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
O TDAH é desenvolvido em virtude de uma questão genética ou neu-
rológica que precisa ser vista e atendida, pois acompanhará a criança 
para sempre. No entanto, em paralelo a esse transtorno e devido a ele, 
surgem também dificuldades e problemas para aprender, ocasionados 
pela forma diferente do processo de aprendizagem, de ter atenção e de 
desenvolver a memória do sujeito com TDAH.
O TDAH é caracterizado como a falta de capacidade de focar, de ter 
atenção e de controlar seu comportamento no geral, apresentando os 
sintomas que vimos anteriormente. De acordo com Döpfner, Frölich e 
Metternich (2016), o TDAH pode ser reconhecido por diferentes tipos:
 • TDAH com comportamentos combinados de desatenção e hipe-
ratividade-impulsividade (TDAH combinado);
 • TDAH assinalado principalmente pela deficiência de atenção, e 
menos pela hiperatividade-impulsividade (tipo predominante 
desatento);
 • TDAH reconhecido principalmente pela hiperatividade-impulsivi-
dade, e menos pela dificuldade de atenção (tipo com predomínio 
hiperativo/compulsivo).
Essas diferenças também podem ser explicadas pelos graus em que 
o TDAH se apresenta, sendo analisados e distintos em grau leve, mo-
derado e grave.
Conhecendo as principais características do TDAH, devemos ter de 
modo evidente que esses sintomas, isolados ou não, podem ser decor-
rentes de outros transtornos, ou ainda de situações cotidianas que, em 
um breve espaço de tempo, modificam o comportamento da criança. 
Mais um motivo para buscar o diagnóstico para que o entendimento da 
conduta dessa criança seja compreendido.
Algumas outras dificuldades que podem vir acompanhadas do 
TDAH são:
 • Deficiência intelectual: crianças com déficit cognitivo ou difi-
culdade para aprender. Geralmente apresentam dificuldade em 
manter a atenção e dificuldade em não se agitar, pois esses com-
portamentos podem ser um mecanismo de defesa e fuga do que 
no momento está sendo difícil ou incompreensível de ser feito. 
Por isso, ao ser diagnosticado o TDAH, faz-se necessário também 
verificar as condições cognitivas dessas crianças para direcionar 
o tratamento adequado.
Transtornos de aprendizagem 47
 • Exigências escolares acima do adequado: ocorre quando a 
criança é colocada à prova diante daquilo que sua capacidade 
cognitiva no momento o impede de realizar, por isso, antes de 
cogitar TDAH, é necessário verificar se a carga que está sendo 
colocada nas rotinas diárias e as exigências escolares são cabíveis 
a sua idade cronológica. Geralmente a criança cansada tende a 
reagir de maneira agitada e dispersa.
 • Exigências escolares baixas: da mesma forma que muitos estí-
mulos podem prejudicar o desenvolvimento, a falta deles pode 
ser um problema, pois podem ser a causa de sintomas de TDAH, 
como no caso de crianças com altas habilidades que podem se 
deparar com falta de estímulos, o que modifica seu comporta-
mento ou interesse ao realizar o que é proposto.
 • Sintomas de TDAH provocados por medicamentos: alguns me-
dicamentos podem desencadear alteração de comportamento e 
atenção. Nesse caso, se a criança faz uso de medicamentos con-
tínuos ou por curto prazo, ao surgirem alterações de humor, o 
pediatra ou neurologista devem ser consultados.
 • Condutas de oposição: crianças com transtorno de conduta, po-
dem ter sintomas parecidos com TDAH, pois têm dificuldade em 
seguir regras e são impulsivos.
 • Agitação e problemas de concentração relacionados ao medo: 
ao ser colocado diante de situações de medo, o comportamento 
da criança pode ser alterado. Esse medo pode estar relacionado 
a uma apresentação de trabalho, uma prova, ou qualquer coisa 
que a coloque em situações que não são confortáveis para ela.
 • Agitação e problemas de concentração devido a estresses 
emocionais: tais questões podem afetar diretamente a capaci-
dade de atenção e foco da criança, bem como mudar seu com-
portamento para uma forma apática e desinteressada.
Com isso, podemos entender o que pode ser uma criança com 
TDAH, e o que também pode não ser.
A sensibilidade do professor e do profissional da saúde que acom-
panham essa criança deve ser minuciosa, no sentido de se ter cuidado 
ao encaminhá-la a um tratamento e ao diagnosticá-la. É necessário o 
diagnóstico real diante de cada situação para que a intervenção seja 
também a mais apropriada.
Para aprofundar os 
conhecimentos sobre o 
tema, assista ao vídeo 
Transtorno do déficit de 
atenção com hiperatividade 
| Nuno Lobo Antunes, do 
canal Drauzio Varella. O 
vídeo é uma entrevista 
com o neuropediatra 
Nuno Lobo Antunes sobre 
o transtorno do déficit de 
atenção e hiperatividade 
(TDAH).
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=uSv7KSQTgJI. Acesso em: 
22 dez. 2021.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=uSv7KSQTgJI
https://www.youtube.com/watch?v=uSv7KSQTgJIhttps://www.youtube.com/watch?v=uSv7KSQTgJI
48 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
3.2 Transtorno do espectro autista (TEA) 
Vídeo Vamos conhecer agora o transtorno do espectro autista (TEA). O TEA 
é considerado um distúrbio do neurodesenvolvimento, em que o de-
senvolvimento da criança se torna atípico por meio do comportamen-
to, dos contatos, das interações sociais e da comunicação.
De acordo com Lowenthal (2021), existem três condições semelhan-
tes do TEA:
 • transtorno autista;
 • síndrome de Asperger;
 • transtorno invasivo do desenvolvimento sem outras especificações.
A diferença entre essas nomenclaturas é por tornarem o diagnósti-
co mais específico e, assim, sua gravidade ser definida de acordo com 
as características particulares da criança, bem como direcionar a me-
lhor forma de tratamento. Dessa forma, a criança pode ser diagnosti-
cada como grave inicialmente, e com o tratamento adequado melhorar 
e amenizar as condições.
Segundo o DSM-5 (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2015), a 
classificação do TEA se dá em três níveis:
 • nível 1 – leve;
 • nível 2 – moderado;
 • nível 3 – severo.
A gravidade é definida de acordo com a funcionalidade da pessoa e 
o quanto de apoio ela necessita para exercer suas funções diárias.
Lowenthal (2021) representa essa classificação, , quanto à interação 
e à comunicação social (Quadro 2) e quanto ao comportamento restri-
tivo/repetitivo (Quadro 3), da seguinte forma:
Identificar as causas e ca-
racterísticas do transtorno 
do espectro autista.
Objetivo de aprendizagem
Quadro 2
Necessidade de suporte quanto à interação e à comunicação social
Nível 1 Necessita de suporte
Prejuízo notado sem suporte; dificuldade em iniciar interações sociais; res-
postas atípicas ou não sucedidas para o social; interesse diminuído nas in-
terações sociais; dificuldade para manter uma conversa; tentativas de fazer 
amigos de maneira estranha e malsucedida.
Nível 2
Necessita de suporte
substancial
Déficits marcados na conversação; prejuízos aparentes mesmo com suporte; 
dificuldade nas interações sociais; resposta anormal.
Nível 3
Necessita de suporte
muito substancial
Prejuízos graves do funcionamento; interações sociais muito limitadas; res-
postas reduzidas às interações sociais.
Fonte: Adaptado de Lowenthal, 2021.
Transtornos de aprendizagem 49
Quadro 3
Necessidade de suporte quanto ao comportamento restritivo/repetitivo
Nível 1 Necessita de suporte
Comportamento interfere significativamente na função; dificuldade para tro-
car de atividades; independência limitada por problemas com organização e 
planejamento.
Nível 2
Necessita de suporte
substancial
Comportamentos suficientemente frequentes, sendo óbvios para observado-
res que não conhecem tanto a questão do TEA; comportamento interfere 
na função em grande variedade de ambientes; aflição e/ou dificuldade para 
mudar o foco na ação.
Nível 3
Necessita de suporte
muito substancial
Comportamento interfere marcadamente na função em todas as esferas; difi-
culdade externa ao lidar com mudanças; grande aflição/dificuldade de mudar 
o foco e a ação.
Fonte: Adaptado de Lowenthal, 2021.
Além das informações apresentadas nos quadros, é possível des-
tacar ainda que alguns casos demonstram comportamento com mo-
vimentos repetitivos e, muitas vezes, com preferências a temas ou 
atividades específicas.
Tais sintomas ou sinais do desenvolvimento podem ser percebidos 
desde muito cedo. Assim, como em outros transtornos ou dificuldades, 
cabe destacar que quanto mais cedo se tiver o diagnóstico, por meio de 
um profissional capacitado – sendo este um neuropediatra, psicólogo 
ou psicopedagogo –, mais cedo as possibilidades de intervenção serão 
possíveis para contribuir com um melhor desenvolvimento da criança 
com o espectro.
A avaliação deve ter um caráter multiprofissional, ou seja, com o 
parecer do psicopedagogo, da fonoaudióloga, do neuropediatra e do 
psicólogo, que juntos afirmarão, pelos conhecimentos de suas áreas, 
se a criança é portadora do espectro ou não, e o grau em que ela se 
encontra: leve, mediano ou severo.
Portanto, o diagnóstico é essencialmente clínico. Esses profissionais 
realizam observações da criança, entrevistas com os pais e aplicação de 
testes e instrumentos específicos de cada área.
As causas do TEA ainda são um desafio a ser investigado, no entan-
to, estudos apontam que fatores genéticos ou ambientais (exposição a 
agentes químicos, deficiência de vitamina D, idade parental avançada, 
prematuridade, baixo peso ao nascer) podem ser a causa desse trans-
torno, sendo de maior predominância os fatores genéticos.
Ao ter conhecimento do diagnóstico fechado, é necessário que os 
profissionais que trabalharão com essa criança, assim como a famí-
lia, tenham uma linha de ação comum a todos, traçando objetivos e 
determinando as áreas a serem estimuladas, assim como os obstá-
culos a serem superados, um de cada vez, de acordo com a comple-
xidade de cada caso.
Essa individualidade na forma de tratar cada criança portadora 
do transtorno do espectro autista, e em perceber com um olhar sen-
sível suas particularidades, vem com a justificativa de compreender-
mos algumas questões, como:
 • Muitos autistas pensam visualmente, ou seja, aprendem me-
lhor com informações, desenhos e códigos visuais.
 • As expressões faladas precisam ser mostradas, por exemplo: 
ao passar a informação de um trem andando no trilho, mostrar 
a imagem do que se trata. Esse pode ser um caminho também 
para a aprendizagem de conteúdos escolares.
 • A comunicação com autistas deve ser objetiva, evitando frases 
longas e com mais de um comando de uma só vez. Lembrando 
que investimento na clareza das infor-
mações possibilita à criança conseguir 
aprender e executar o que é proposto, 
o que consequentemente a levará a de-
senvolver autonomia.
A partir do momento que diferentes 
habilidades vão sendo desenvolvidas na 
criança com autismo, elas refletirão em 
todos os seus saberes, sendo eles esco-
lares ou sociais.
Essas habilidades precisam ser esti-
muladas e desenvolvidas, pois a criança 
com TEA pode apresentar também:
 • Dificuldade motora: a criança conse-
gue se alfabetizar, mas a escrita é um 
desafio, pois seu traçado nem sempre 
é legível.
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5050 Transtornos e dificuldades de aprendizagemTranstornos e dificuldades de aprendizagem
Transtornos de aprendizagem 51
 • Ecolalia: a criança possui o hábito de repetir palavras ou sílabas, 
demorando mais para estruturar sozinha uma frase.
 • Sensibilidade a sons e luzes: sons altos ou com sonoridades 
específicas, assim como luz forte demais ou falta de luz, podem 
gerar incômodo na criança.
 • Comportamento hiperativo: o comportamento agitado, ou 
ainda a inquietação, deve ser observado a fim de analisar qual o 
motivo dessa reação, buscando compreender a necessidade do 
momento e evitar que essas crises ocorram.
Conhecendo as características apresentadas da criança com TEA, é 
necessário também relacioná-las com a permanência desse aluno na 
escola para saber quais os desafios a serem superados frente a esse 
trabalho.
Nesse aspecto, por meio dessa análise, podemos ver que uma das 
principais questões é reconhecer a individualidade de cada caso, ter 
contato com os profissionais que atuam com essa criança e traçar li-
nhas exclusivas de métodos para cada um.
3.3 Síndrome de Asperger 
Vídeo Similar ao TEA, a síndrome de Asperger também é um transtorno 
neurobiológico. De acordo com o DSM-5, trata-se de um transtorno do 
neurodesenvolvimento e é parte do transtorno do espectro autista, po-
rém essa síndrome possui algumas particularidades que a fazem ser 
vista com características diferenciadas dentro do espectro autista.
Uma das principais similaridades com o autismo são os prejuízos 
na capacidade de socialização, de se comunicar com as pessoas e de 
interpretar o mundo, porém apresenta uma melhor adaptação social 
do que as crianças com autismo. Diz respeito a uma formadiferente de 
ver e interagir com o mundo.
Sabemos que com relação aos prejuízos na interação social, a sín-
drome de Asperger é similar ao autismo, também no que se refere ao 
interesse voltado a determinados temas. A diferença está na aquisição 
Compreender as 
características da síndro-
me de Asperger.
Objetivo de aprendizagem
52 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
da linguagem e comunicação, nas quais não são verificadas dificulda-
des, assim como nas habilidades cognitivas.
Outro fator relevante é o das características físicas das pessoas com 
Asperger, pois geralmente são visíveis, como obstáculos na expressão 
motora, tendo muitas vezes movimentos considerados desajeitados.
No que se refere à capacidade cognitiva, as pessoas com síndrome 
de Asperger podem apresentar inteligência média ou acima da média, 
geralmente não expressando dificuldades de aprendizagem. Essas 
crianças possuem menos problemas na fala que os autistas, mesmo 
que ela não seja compreendida por eles com clareza logo.
Segundo Mello, Miranda e Muszak (2005, p. 53)
a síndrome de Asperger pode ser caracterizada por coeficiente 
de inteligência (QI) de normal até as faixas mais altas, com habili-
dades especiais. Na escola, apesar da inteligência normal, podem 
apresentar dificuldades em compreender conceitos abstratos, 
como os usados em metáforas e alegorias, dificultando o apren-
dizado acadêmico.
Assim como no autismo, as crianças com síndrome de Asperger 
precisam de apoio de profissionais como psicólogos, psicopedagogos, 
fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais, os quais devem ser indica-
dos a partir do momento em que o diagnóstico por um profissional 
habilitado for feito, sendo este um neurologista, um psicólogo e um 
psicopedagogo, que juntos, por meio de seus instrumentos de avalia-
ção, determinarão um diagnóstico seguro.
Os sintomas da síndrome de Asperger variam muito de pessoa para 
pessoa. Os primeiros sinais devem ser observados e, se 
persistirem, a criança deve ser encaminhada 
para avaliação junto a um profissional.
Alguns desses sinais podem ser visíveis, 
como:
 • Dificuldades persistentes com comu-
nicação social.
 • Dificuldade na interação social.
 • Padrões restritos e repetitivos de 
comportamentos.
 • Os mesmos interesses em atividades 
desde a primeira infância.
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Transtornos de aprendizagem 53
 • Dificuldade em interpretar linguagem 
verbal e não verbal, como gestos ou 
tom de voz.
 • Compreensão literal da linguagem; não 
conseguem compreender quando as 
pessoas utilizam uma palavra com du-
plo sentido.
Esses padrões podem ser considerados 
danosos, pois limitam ou prejudicam a ro-
tina. Se estes estão causando prejuízo ao 
desenvolvimento da criança, uma avaliação 
com especialistas deve ser realizada.
As pessoas com síndrome de Asperger geralmente têm boas habilida-
des linguísticas, porém acham difícil entender as expectativas dos outros 
dentro de conversas. Por isso, é importante falar de modo claro e consis-
tente e dar tempo às pessoas para processar o que lhes foi dito.
Por apresentar essas características, o trabalho escolar com crian-
ças com essa síndrome requer alguns cuidados específicos e que po-
dem facilitar o trabalho e a comunicação no dia a dia:
 • Mediar as interações sociais, orientando e intervindo quando 
necessário.
 • Destacar as principais habilidades escolares na criança para 
encorajá-la.
 • Conhecer os interesses da criança e poder trabalhar por meio deles.
 • Trabalhar com rotinas diárias.
 • Orientar a turma quanto ao respeito mútuo pelas diferenças.
 • Não subestimar o desenvolvimento da criança e sempre incenti-
vá-la a atingir um comportamento melhor.
Tais sugestões demonstram que o melhor meio de acompanha-
mento e de aprendizagem é a sensibilização quanto a reconhecer as 
características únicas dessas crianças, que as fazem pensar e agir de 
um modo diferente do habitual, mas que em nenhum momento as im-
pede de aprender.
A fim de ampliar os 
conhecimentos sobre o 
tema, assista ao vídeo Co-
nheça a menina Laura, que 
tem síndrome de Asperger 
« Programa Especial, do 
canal TV Brasil, que mos-
tra um caso real de uma 
menina com síndrome de 
Asperger e um pouco do 
seu dia a dia.
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=gGXoEyd_
OPU. Acesso em: 22 dez. 2021.
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54 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
3.4 Transtorno obsessivo compulsivo (TOC) 
Vídeo Todos nós possuímos hábitos ou mantemos com frequência roti-
nas que nos fazem bem e organizam nossas vidas. Mas e quando esse 
tipo de atitude passa dos limites e se transforma em dependência ou 
sofrimento? Nesse caso, podemos associar essa situação ao transtorno 
obsessivo compulsivo (TOC).
O TOC está associado à ansiedade, pois em muitos casos apresenta 
crises de obsessão e compulsão diante de determinadas situações. Mas 
o que entendemos como obsessão?
A obsessão pode se manifestar em diferentes meios, como nos pen-
samentos, ideias e imagens que invadem a mente da pessoa insistente-
mente, de modo que ela não pode controlar. Esses pensamentos levam 
o indivíduo a criar uma rotina, regida por regras e etapas que ele mesmo 
se auto estabelece e precisa cumpri-las diariamente.
Essas rotinas são tão sérias para o portador de TOC que chegam a 
acreditar que algo ruim pode acontecer se não as cumprirem como o 
habitual. Tais práticas podem ser danosas às pessoas, uma vez que se, 
por exemplo, ocorre uma obsessão por verificar várias vezes uma porta 
para saber se está realmente trancada, essa atitude pode causar atrasos 
para o trabalho, escola ou outras situações.
Essas obsessões geralmente vêm acompanhadas de um sentimen-
to de medo e culpa, por serem inapropriadas, pois a pessoa possui 
consciência de seus atos, mas não consegue deixar de praticá-los. Os 
tipos mais comuns de obsessões estão relacionadas a:
 • Limpeza e higiene realizadas muitas vezes ao dia.
 • Simetria com objetos, não podendo ver quadros tortos, por 
exemplo.
 • Autoimagem, buscando a perfeição.
 • Acumulação, guardando coisas incessantemente, mesmo sem 
utilidade.
 • Lavar as mãos várias vezes em um curto período.
 • Repetir rituais de andar na rua, por exemplo, evitando pisar em 
rachaduras ou andando sempre do mesmo lado.
 • Checar muitas vezes se a porta está trancada antes de sair de casa.
Identificar as caracte-
rísticas do transtorno 
obsessivo compulsivo 
(TOC).
Objetivo de aprendizagem
Transtornos de aprendizagem 55
O TOC, de acordo com Bruna (2021), pode ser classificado em dois 
tipos:
 • Transtorno obsessivo-compulsivo subclínico: as obsessões e ri-
tuais se repetem com frequência, mas não atrapalham a vida da 
pessoa, podendo conviver com ela ou até mesmo se autocorrigir.
 • Transtorno obsessivo-compulsivo propriamente dito: as 
obsessões persistem até o exercício da compulsão que alivia a an-
siedade. Nesse tipo, a pessoa pode deixar de realizar coisas ou se 
atrasar para um compromisso, por exemplo, apenas para voltar e 
verificar se a porta está realmente trancada.
Para ser considerado TOC, os casos devem ser recorrentes, atrapalhar 
a vida diária e, principalmente, ser diagnosticado por um especialista.
Até o momento, as causas conhecidas do TOC referem-se a diferen-
tes fatores que podem causar essa desordem. Alguns estudos destacam a 
existência de alterações na comunicação entre determinadas zonas cere-
brais que utilizam a serotonina 2 (conhecida como o hormônio da felicida-
de) – entre suas funções estão a regulagem do ritmo cardíaco, do sono, do 
apetite, do humor, da memória. Fatores psicológicos e histórico familiar 
também estão entre as possíveis causas desse distúrbio de ansiedade.
Ao analisarmos nossa rotina diária, em diferentes situações, pode-
mos manifestar rituais compulsivos, mas que não caracterizamo TOC. 
Tais rituais podem causar ansiedade e outros prejuízos à saúde, como no 
caso de evoluir para um quadro depressivo. De maneira geral, o TOC é 
diagnosticado na fase adulta, na qual realmente se consolidam essas roti-
nas que interferem no dia a dia.
Na infância o distúrbio é mais frequente nos meninos, contudo, no 
final da adolescência, podemos dizer que o número de casos é igual nos 
dois sexos. 
O tratamento de TOC pode ocorrer por meio de medicamentos ou 
não. Se medicado, o indivíduo fará um tratamento com medicamentos 
similares a antidepressivos e remédios que baixem a ansiedade.
O indicado é que juntamente à medicação seja feito um acompanha-
mento terapêutico, que auxiliará o indivíduo a lidar com suas obsessões 
e compulsões. Uma das linhas de terapia indicada é a terapia cognitivo 
comportamental (TCC), que apresenta ótimo resultados para esses casos.
É a substância química 
que faz com que os 
neurônios passem sinais 
entre si.
2
56 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Quando manifestada na infância, cabe ressaltar que em sala de aula 
essas compulsões podem prejudicar a aprendizagem e a rotina escolar, 
por isso o professor e a escola devem estar a par do diagnóstico e do 
tratamento a que a criança está sendo submetida.
Para interagir no trabalho escolar com crianças que apresentam esse 
transtorno, é sempre importante ter claro alguns conceitos, para desen-
volver um trabalho em conjunto com a família. De acordo com Bruna 
(2021):
 • Na escola as rotinas fazem parte das aulas, por isso as crianças 
podem obedecer a certos rituais, o que é absolutamente normal. 
No entanto, o que deve chamar a atenção dos pais é a intensida-
de e a frequência desses episódios, e qual a flexibilidade com que 
se consegue lidar com eles. O limite entre normalidade e TOC é 
muito tênue.
 • A escola e os pais não devem colaborar com as manias e os rituais 
das crianças quando estes são descabidos ao momento, mas sim 
ajudá-las a enfrentar os pensamentos obsessivos e a lidar com a 
compulsão que alivia a ansiedade.
 • A tolerância aos rituais do portador de TOC pode interferir na di-
nâmica da família e das aulas. Logo, é importante estabelecer o 
diagnóstico de certeza e encaminhar a pessoa para tratamento.
 • Não se deve esconder os sintomas por vergonha ou insegurança. 
Quanto mais se adia o tratamento, mais grave fica a doença.
Analisado cada ponto específico do que se trata os sintomas do TOC, 
vale a pena reafirmar que todos nós em algum momento nos pegamos 
repetindo hábitos ou manias, e que estes não devem ser considerados 
TOC sem que seja realizado um diagnóstico preciso.
3.5 Transtorno desafiador opositor (TOD) 
Vídeo Outro transtorno muito frequente é o transtorno desafiador opositor 
(TOD). O TOD é um transtorno infantil caracterizado por comportamento 
desafiador e desobediente a figuras de autoridade ou regras.
Ao tratarmos de comportamentos opositivos podemos considerar 
que eles se manifestam de diversas formas, podendo ser, de acordo com 
Caballo e Simón (2015):
Assista ao vídeo TOC 
(Transtorno obsessivo-com-
pulsivo), do canal Drauzio 
Varella, para aprofundar 
os conhecimentos sobre 
esse transtorno.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=fBAgNhXEFfo. Acesso em: 
22 dez. 2021.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=fBAgNhXEFfo
https://www.youtube.com/watch?v=fBAgNhXEFfo
https://www.youtube.com/watch?v=fBAgNhXEFfo
Transtornos de aprendizagem 57
 • Passivos: quando uma criança não responde a um dado estímulo, 
permanecendo inativa e acomodada.
 • Desafiadores: com verbalizações negativas, comportamentos hos-
tis e resistência física que incidiriam junto com a desobediência.
A causa do transtorno desafiador opositor é desconhecida, mas 
assim como os demais transtornos, esta pode envolver uma combinação 
de fatores genéticos e ambientais.
Os sintomas, na grande maioria, começam antes de a criança com-
pletar oito anos de idade, apresentando humor irritável, comportamen-
to argumentativo e desafiador, agressividade e característica vingativa. 
Quando esses comportamentos duram mais de 6 meses e causam pro-
blemas significativos em casa ou na escola, a criança deve ser enca-
minhada para a avaliação e o acompanhamento com um especialista, 
sendo este um neurologista, psicólogo e psicopedagogo.
No geral, o comportamento dessas crianças é extremamente desa-
fiador, apresentam crises de teimosia ou são respondonas. É necessário 
não confundir essas características a condutas de personalidade, para 
que o tratamento adequado ocorra quando o diagnóstico for fechado.
Como o TOD levanta muitas dúvidas e preocupações sobre o com-
portamento das crianças, abala o funcionamento familiar e escolar, é 
fundamental buscar ajuda de especialistas para não se tirar conclusões 
diferentes do que o momento realmente representa, e a criança possa 
ser auxiliada a lidar com suas emoções e impulsos de maneira mais 
controlada.
Por meio do diagnóstico, a criança passa a não ser considerada uma 
versão menos intensa do transtorno de conduta, pois existem diferen-
ças entre TOD e o transtorno de conduta. Os portadores de transtorno 
de conduta não têm consciência do que fizeram, e não sentem empatia 
pelo próximo.
Ao contrário, as crianças com TOD são conscientes de seus atos, sen-
tem remorso, reagem com emoção, choram, se irritam e fazem birra 
facilmente quando são contrariadas. Tais condutas inevitavelmente in-
terferem nas relações sociais, na vida escolar e familiar e no seu desem-
penho acadêmico.
Reconhecer as caracterís-
ticas do transtorno desa-
fiador opositor (TOD).
Objetivo de aprendizagem
58 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Dentre algumas questões apresentadas no ambiente escolar, está a 
de que, por conta desse comportamento explosivo, essas crianças po-
dem sofrer bullying com mais frequência, pois são discriminadas por seu 
jeito de ser, perdem oportunidades de aprendizagem em sala e de con-
vívio social e não conseguem manter amizades.
A criança portadora de TOD tem dificuldades para compreender re-
gras e opiniões de terceiros, não lida bem com a frustração e expressa 
o seu desconforto de modo agressivo. É evidente a ausência de controle 
emocional. Outras características do TOD são:
 • discutir com adultos;
 • perder a calma com facilidade;
 • desafiar regras e instruções;
 • importunar outras pessoas;
 • provocar adultos e outras crianças;
 • reagir a repreensões ou regras com agressividade ou manha 
exagerada;
 • não saber expressar emoções intensas sem gritar;
 • responder à frustração com choro, birra ou agressividade;
 • transferir a culpa de seus atos para terceiros;
 • brigar com colegas na escola;
 • ficar ressentido com facilidade;
 • ser cruel ou vingativo ocasionalmente;
 • sentir-se culpado e chorar após ter uma atitude ruim. (PIMENTA, 
2021)
Diante da análise das condutas dessas crianças, notamos que elas 
advêm de diferentes ambientes e situações, e que a qualidade do am-
biente familiar possui grande influência no comportamento das crianças 
com transtorno desafiador opositor.
As causas da origem do TOD ainda são desconhecidas, porém possuem 
a particularidade de aparecer em lares em que a predominância é de com-
portamento agressivo. Por isso, o tratamento envolve não somente a te-
rapia individual como também a familiar, em que os conflitos devem ser 
resolvidos com base na comunicação positiva, saudável, na compreensão 
dos sentimentos, no acolhimento e na resolução de conflitos.
Para ser diagnosticado, o transtorno precisa ser observado e analisado 
por volta de 6 meses, período em que tais comportamento se repetem. 
Essa análise pode ser realizada pelo psicopedagogo, psicólogo ou médico, 
que investigará a conduta da criança à procura de sintomas de depres-
Transtornos de aprendizagem 59
são, ansiedade ou TDAH, pois possuem uma similaridade com o TOD, por 
exemplo, a irritabilidade é muito presente em crianças opositoras.
O tratamento do TOD é feito de modo multidisciplinar, incluindo tera-pia comportamental, medicamentos e suporte escolar, além do trabalho 
em conjunto com a família, que é de extrema importância, pois é lá onde 
a criança deve perceber que sua mudança de conduta também deve 
acontecer. De dentre de casa para fora.
Entre as intervenções recomendadas para a criança com TOD, 
assim como no TOC e TDAH, está a terapia cognitivo comportamen-
tal (TCC), que é centrada em mudanças de comportamento, logo é a 
mais eficiente para modificar como a criança administra e expressa 
as suas emoções.
Nesse contexto, o ideal é que a criança passe a frequentar terapias 
comportamentais que promovam o autocontrole, o planejamento de 
suas ações e o controle das emoções, além de reforçar as condutas 
desejadas para cada situação social, até que esse comportamento se 
transforme em um novo hábito. Desse modo, normalmente os pais são 
instruídos nessas técnicas de reforço, para que em todos os ambientes 
que cercam a criança a linguagem seja a mesma, pois sabe-se que a for-
ma com que a criança é tratada, ou como agem com ela, influencia em 
suas reações e comportamento.
Os medicamentos psiquiátricos são recomendados, porém é 
essencial analisar o grau de intensidade em que o transtorno se mani-
festa, verificando sempre a real necessidade, pois em muitos casos o 
tratamento terapêutico, a mudança de atitudes na família e na escola, 
contribuem para uma evolução na forma de ser e agir da criança.
No ambiente escolar, a criança que apresenta todas essas questões 
deve passar por uma adequação da equipe pedagógica, agindo em con-
junto com os profissionais que a acompanham, para que assim suas vi-
vências no ambiente escolar não sejam afetadas.
Durante o tratamento, a reinserção da criança nos ambientes em 
que frequenta é essencial para que ela aprenda novas formas de pensar, 
controlar impulsos e ser aceita pelo grupo. Se o TOD tiver ligação com o 
TDAH, os pais devem buscar orientação de um psicopedagogo. Ele rein-
tegra a relação dos pacientes com a aprendizagem e trata os sintomas 
por meio de ferramentas e testes específicos.
60 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Considerando o auxílio da reabilitação da criança em conduzi-la a 
mudança de conduta, alguns procedimentos são essenciais para o su-
cesso dessa fase:
 • Diálogo: é uma das táticas que podem ser utilizadas para ensinar 
a criança a ter uma conduta adequada, sempre de maneira tran-
quila, olhando para a criança e criando um momento especial para 
essas conversas.
 • Estímulos positivos: comportamentos adequados devem ser elo-
giados de maneira expressiva para que a criança compreenda que 
tipo de comportamento é adequado e que ela consegue atenção e 
sucesso por meio deles.
 • Controle de emoções: identificar o sentimento, respirar fundo e 
saber lidar com esses sentimentos são orientações constantes que 
auxiliam nesse processo. Podem ser utilizadas técnicas de respira-
ção ou ainda perguntar para a criança de que forma ela se sente 
bem e mais calma. Nos momentos de crise, utilizar essa técnica e 
orientá-la para que isso aconteça.
 Dessa maneira, podemos entender que o acolhimento leva a um pro-
gresso do comportamento e bem-estar da criança com TOD, pois essas 
ações contribuem para seu autoconhecimento e, consequentemente, 
para que tenha uma vida mais tranquila e integrada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento humano é cercado de delicadas etapas e grandes 
desafios. Conhecer cada fase, cada obstáculo, enriquece a forma com que 
tratamos o outro e percebemos os processos de aprendizagem.
Quando se trata dos transtornos estudados, percebemos o quanto a 
conduta social pode interferir na aprendizagem e no ambiente escolar.
Por isso, a melhor maneira é sempre termos a sensibilidade de olhar 
para a criança individualmente e saber o momento correto de, em parceria 
com a família, encaminhar para uma avaliação em busca de um diagnóstico.
O diagnóstico e a intervenção precoce são sempre o melhor caminho 
para conduzir a criança a estabilidade e a saber lidar com seus desafios, 
sendo na escola ou no âmbito social.
Para aprofundar os 
conhecimentos sobre o 
TOD, leia o livro Crianças 
Desafiadoras, do Dr. 
Clay Brites e Luciana 
Brites. Além de conceitos 
teóricos, esse livro traz 
exemplos práticos e até 
mesmo técnicas para lidar 
com crianças com TOD 
no dia a dia. É uma leitura 
objetiva e dinâmica, com 
informações diretas e 
claras.
São Paulo: Gente, 2019.
Livro
Transtornos de aprendizagem 61
ATIVIDADES
Atividade 1
Vimos em nossos estudos que a atenção pode ser aprimorada ou 
desenvolvida por meio de intervenções cognitivas, e que é algo 
que difere em cada pessoa. Por isso, podemos considerar alguns 
tipos de atenção. Escolha um dos tipos de atenção estudados, 
escreva sua definição, e comente sua importância para o processo 
de aprendizagem.
Atividade 2
Vimos que a síndrome de Asperger é um transtorno neurobio-
lógico, dentro do DSM-5 caracterizado como um transtorno do 
neurodesenvolvimento, parte do transtorno do espectro autista. 
Escreva quais as características que são similares entre o TEA e o 
Asperger.
Atividade 3
Sabemos que o TOC (transtorno obsessivo compulsivo) pode se 
manifestar já na infância, trazendo prejuízos ao desenvolvimento. 
Descreva os dois tipos de TOC estudados e quais prejuízos você 
acredita que cada um pode trazer?
REFERÊNCIAS
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos 
mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegra: Artmed, 2015.
ATENÇÃO. Cognifit, 2021. Disponível em: https://www.cognifit.com/br/atencao. Acesso em: 
23 dez. 2021.
BRUNA, M. H. V. Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Drauzio, 2021. Disponível em: 
https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/transtorno-obsessivo-compulsivo-
toc/. Acesso em: 22 dez. 2021.
CABALLO, V. E.; SIMÓN, M. Á. Manual de psicologia clínica infantil e do adolescente: 
transtornos específicos. 1. ed. São Paulo: Santos, 2015.
DÖPFNER, M. FRÖLICH, J. METTERNICH, T. W. Como lidar com o TDAH? São Paulo: Hogrefe. 
2016.
LOWENTHAL, R. Como lidar com autismo. São Paulo: Hogrefe, 2021.
MELLO, C. B.; MIRANDA, M. C.; MUSZKAT, M. Neuropsicologia do desenvolvimento: conceitos 
e abordagens. São Paulo: Memnon, 2005.
PIMENTA, T. TOD: entenda o que é o transtorno opositivo-desafiador. Vittude, 15 mar. 2021. 
Disponível em: https://www.vittude.com/blog/tod-transtorno-desafiador-de-oposicao/. 
Acesso em: 22 dez. 2021.
62 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
4
Fatores que interferem 
na aprendizagem
Sabemos que o desenvolvimento humano passa por várias fases, a 
infância, a pré-adolescência, a adolescência, a fase adulta e a terceira ida-
de, bem como que cada fase e cada experiência vivida moldam a forma de 
ser e de agir de todos nós.
Da mesma maneira que essa construção é gradativa e acrescenta no-
vos conhecimentos para a formação humana, ela também contribui para 
o modo como iremos lidar ou assimilar a aprendizagem – ou seja, interfe-
re na nossa cognição.
Por isso, devemos conhecer os fatores que contribuem positiva e ne-
gativamente no processo de aprender do ser humano, analisando cada 
um deles e considerando os aspectos emocionais, ambientais, econômi-
cos, sociais, psicológicos, afetivos e familiares.
4.1 Fatores externos e internos que 
interferem na aprendizagem Vídeo
Ao pensarmos no desenvolvimento humano e no desenvolvimento 
da aprendizagem, muitas questões, durante todo esse processo, de-
vem ser consideradas, afinal são eles que refletirão na forma de ser e 
de aprender de cada indivíduo.
O modo como a gestação é vivenciada, por exemplo, refletirá no 
desenvolvimento humano, com relação a fatores emocionais e biológi-
cos e à aprendizagem. Dessa forma, os fatores internos fazem parte 
da constituição do indivíduo e devem ser considerados no decorrer 
do processo de aprendizagem. Esses fatores são aqueles que fazem 
parte do plano emocional, psicológico, afetivo e neurológico e que, 
em algum momento do desenvolvimento e da aprendizagem, podem 
causarobstáculos.
Identificar fatores 
que podem interferir 
nas dificuldades de 
aprendizagem.
Objetivo de aprendizagem
Fatores que interferem na aprendizagem 63
As emoções acarretam consequências durante o ato de aprender, ou 
seja, o estado emocional da criança interfere diretamente no seu 
nível de atenção, motivação e predisposição para a realização 
de atividades em sala de aula. Por isso, estar atento à oscilação 
de humor da criança e se dispor a auxiliá-la faz parte de um 
olhar sensível que o professor deve ter diante dessas situações.
Além de fatores emocionais e psicológicos, as questões de 
ordem neurológica também são consideradas um fator 
interno. Elas afetam o funcionamento do indivíduo e a 
sua forma de aprender, como no caso dos distúrbios 
ou transtornos.
Já os fatores externos são aqueles relacionados ao 
ambiente em que a criança está inserida, podendo este ser 
o familiar, o escolar ou o social.
Ferreira e Barreira (2010, p. 2) colocam que “de acordo com 
Martini (1995, apud Marturano, 1998), as crianças melhoram o desempe-
nho quando os adultos em casa são mais unidos, cooperativos e cordiais”.
O ambiente familiar possui um peso indiscutível no desenvolvimento 
da aprendizagem infantil; a família é a base inicial que motiva, valoriza 
e incentiva as conquistas da criança. Já o ambiente escolar apresenta 
diferentes fatores que podem influenciar a aprendizagem, como:
 • A relação entre professor e aluno: a afetividade é uma das 
grandes bases para aprender. Tratando-se de crianças, esse 
vínculo é ainda mais forte, pois a criança inicialmente aprende 
para ver o reflexo de suas conquistas nos adultos que a cercam, 
isto é, os pais ou os professores. Por isso, o professor deve 
investir em momentos em que o aluno realmente se sinta afe-
tado por ele, no sentido de que se sinta acolhido, seguro e livre 
para expressar suas dificuldades e suas facilidades.
 • A metodologia da escola: nem toda metodologia é adequada 
para todas as crianças – isso relacionado ao projeto institucional, 
ou seja, à filosofia da escola, como também aos métodos utili-
zados em sala de aula. Para cada dificuldade ou característica, 
podem ser recomendadas diferentes estratégias. Nesse sentido, 
a variação com metodologias que abranjam as diferentes formas 
de aprender é o mais recomendado.
Evgeny Atamanenko/Shutterstock
64 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
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Cabe ressaltar que, de acordo com Taylor e Vlastos (1983), a escola:
se constitui em uma vibrante interação entre aluno, professor, 
currículo, ambiente, família e comunidade. Ela pode ser vista 
como um microcosmo do universo: o espaço físico delimita 
o mundo; o sistema escolar e sua organização revelam a so-
ciedade; as pessoas envolvidas na experiência de aprendizado 
formam a população.
Dessa forma, considerando os fatores internos e externos, para 
ampliar e aprofundar esta discussão, dividiremos esses fatores em três 
etapas de análise: os fatores afetivos, os fatores sociais e os fatores 
biológicos que interferem na aprendizagem.
4.2 Fatores afetivos 
Vídeo
Ao iniciar as reflexões sobre os fatores afetivos que influenciam a 
aprendizagem, devemos ter claro, inicialmente, que a aprendizagem 
e a afetividade são questões indissociáveis, ou seja, caminham juntas, 
pois não existe aprendizagem sem afetividade.
A afetividade é o sentimento mais profundo de que o ser humano 
pode participar, pois ela é a mistura de outros sentimentos, como:
 • amor;
 • motivação;
Como complemento a 
essa discussão, faça a 
leitura do livro Educação, 
recursos, cotidiano escolar 
e pesquisa: processos e 
aprendizagem. Ele apre-
senta, de modo amplo, a 
reflexão sobre os fatores 
que contribuem para a 
aprendizagem.
MACHADO, A. de B. Curitiba: 
Bagai, 2021.
Livro
Fatores que interferem na aprendizagem 65
 • ciúme;
 • raiva.
Aprender a cuidar adequadamente de todos esses sentimentos, 
sabendo como interpretá-los, de modo que eles resultem em emo-
ções positivas, é o que vai proporcionar ao sujeito uma vida emocional 
plena e equilibrada.
O indivíduo nasce com recursos biológicos que lhe dão a capacidade 
de se desenvolver, no entanto, é no meio em que vive que as potenciali-
dades orgânicas se desenvolverão.
Por isso, devemos compreender do que se trata a palavra afetividade. Na 
psicologia, o afeto representa um agente modificador do comportamento. 
Ou seja, considerando que a afetividade e, consequentemente, o vínculo 
que se estabelece com as pessoas e os lugares modificam o comporta-
mento do indivíduo, e que, por sua vez, a aprendizagem é um processo 
de modificação do comportamento, entende-se que eles se encontram.
Quem já observou aquele aluno que não tinha um bom vínculo com 
o professor em um ano escolar e se saía mal nas matérias, mas que no 
ano seguinte possuía ótimo vínculo com o docente e a sua aprendiza-
gem se desenvolvia melhor?
O processo de educação significa a constituição de um sujeito, isto 
é, a criança, em qualquer que seja seu ambiente, em casa ou na escola, 
está se construindo como ser humano, por meio de suas experiências 
com o outro, naquele lugar e naquele momento. A construção do real 
acontece pela interação com o mundo, mas o aspecto afetivo nessa 
construção contínua sempre permanece muito presente.
No processo de ensino-aprendizagem, o professor, como agente 
fundamental na construção da afetividade, deve passar aos alunos 
metas claras e realistas, levando estes a perceberem as vantagens de 
realizar atividades, de modo a motivá-los. Portanto, os alunos precisam 
sentir vontade de aprender, e o docente é quem pode despertar essa 
vontade neles.
Por esse motivo, a afetividade constitui um importante campo 
de conhecimento que deve ser explorado pelos professores, uma 
vez que, por meio dela, é possível compreender a razão de alguns 
comportamentos, pois a afetividade e a aprendizagem são elementos 
que caminham juntos.
Reconhecer os fatores 
afetivos e a sua influência 
na aprendizagem.
Objetivo de aprendizagem
66 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
É inegável que para aprendermos precisamos ser afetados, no 
sentido de afetar positiva ou negativamente o aluno. Se o professor afe-
ta o estudante positivamente e o ambiente o acolhe positivamente, o 
emocional fica em ordem e a aprendizagem acontece. Para nós adultos 
essa máxima também é verdadeira. Você não se identifica mais com as 
matérias nas quais o professor demonstra empatia e motivação?
Para Oliveira e Rego (2003), Vygotsky, em sua teoria, elaborou uma 
nova concepção na relação entre mente e corpo e entre cognição e 
afeto. Ele enfatiza, em suas obras, a necessidade de superar essa vi-
são que fragmenta esses dois aspectos e, dessa forma, busca reuni-los, 
para compreender o ser psicológico completo. Isso porque esse ser psi-
cológico completo precisa de todos os aparatos necessários para que a 
aprendizagem ocorra, e o afeto é um desses elementos principais – ele 
não é o único, mas é um dos mais importantes.
Segundo Souza (2003), Piaget também rompe com a forma iso-
lada de se pensar em inteligência e afetividade e apresenta o de-
senvolvimento psicológico nas dimensões afetiva e cognitiva. Piaget 
defende, também, a relação entre as construções cognitivas e afe-
tivas ao longo do desenvolvimento humano. Para ele, a inteligência 
e a afetividade são dimensões indissociáveis e integradas, portanto 
não é possível a sua separação. Sem afeto, não existe interesse nem 
necessidade e motivação.
Ainda, para Souza (2003), as considerações sobre as relações entre 
afetividade e cognição no desenvolvimento da criança partem dos se-
guintes pressupostos:
 • a inteligência e a afetividade, por mais que sejam de naturezas 
distintas, são indissociáveis na conduta da criança;
 • a afetividade interfere constantemente no funcionamento da inte-
ligência, estimulando ou perturbando, acelerando ou retardando;
 • a afetividade é o elemento energético das condutas.
Outroautor que colabora de maneira bastante significativa no papel 
da afetividade na aprendizagem é Wallon. Para Nunes e Silveira (2009), 
Wallon relata que a escola tem de cuidar das emoções dos alunos, 
ensinando-os a lidar com as situações de frustração e ansiedade e não 
os estimulando negativamente, porque isso pode prejudicar o funciona-
mento cognitivo da criança durante o processo de aprendizagem.
Ainda, para Wallon, a afetividade é expressa de três formas:
 • Emoção: é considerada a primeira expressão da afetividade e, 
normalmente, não é controlada pela razão. É quando temos o 
impulso de pensar em bater em alguém que nos ofende, mesmo 
sabendo não ser a melhor atitude.
 • Sentimento: é a forma de expressão que já tem ligação com o 
cognitivo, ou seja, o indivíduo consegue aprender com aquilo 
que o afeta.
 • Paixão: tem como principal característica o autocontrole. Nela, 
em vez de bater em alguém que o ofende, o indivíduo consegue 
se controlar.
Assim, o professor precisa ter cuidado, também, com suas próprias 
reações emocionais e com a forma como ele as demonstra para o alu-
no. O docente, como exemplo de atitudes, deve compreender que o 
desenvolvimento humano passa por momentos conflituosos de altera-
ções emocionais e, portanto, deve agir sem se deixar ser influenciado 
por essas situações conflituosas, buscando sempre manter o equilíbrio 
e utilizar a razão, pois a boa relação entre professor e aluno é um fator 
imprescindível para a aprendizagem.
Assim, deve-se ter um ambiente em que professor e aluno se sintam 
bem e lidem com suas emoções de maneira coerente; isso faz com que 
esse local se torne um ambiente acolhedor, que proporcionará ótimos 
momentos de produtividade e conhecimento.
Fatores que interferem na aprendizagemFatores que interferem na aprendizagem 6767
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neschke/Shutterstock
Outro fator que envolve as questões emocionais é a motivação. Mo-
tivar significa dispor o indivíduo a um comportamento desejado para 
aquele momento, de modo que ele esteja disposto a realizar algo. O alu-
no motivado pelo professor, pelo ambiente e pelo processo de aprender, 
de resolver problemas e de se entregar terá melhores resultados e será 
cada vez mais impulsionado a novas descobertas e possibilidades.
Dessa forma, uma vez que o fator emocional contribui para a 
aprendizagem, a motivação deve estar entre as preocupações do pro-
fessor em sala de aula.
4.3 Fatores sociais 
Vídeo Ao tratarmos de condições sociais que interferem na aprendizagem, 
devemos ter em mente todas aquelas que envolvem condições econômi-
cas e culturais, as quais geram má alimentação, vestimenta, qualidade de 
vida, de saúde, escolar e lazer e outras questões que, de alguma forma, 
interferem na dinâmica de desenvolvimento e aprendizagem da criança.
Entre essas condições está, também, a organização familiar, que 
possui grande destaque, no que se refere ao seu modo de exercer roti-
nas, de acompanhar as dificuldades que as crianças enfrentam e até 
mesmo de promover um tempo de qualidade juntos – fator relevante 
para o desenvolvimento infantil.
O meio no qual a criança está inserida contribui para o seu rendi-
mento. Além disso, é nele que, muitas vezes, a criança irá presenciar 
aspectos voltados à violência – por exemplo, a violência doméstica – 
e, inclusive, comportamentos inadequados (utilização de drogas) por 
parte dos adultos com quem convive.
A violência doméstica deixa muitas 
marcas em suas vítimas, no entanto, nem 
sempre essas marcas são visíveis a um 
primeiro olhar. A criança e o adolescente 
que sofrem a violência doméstica deixam 
transparecer alguns sinais que servem de 
alerta. Azevedo e Guerra (2000, p. 5) apre-
sentam alguns deles:
 • desconfiança exagerada, medo e cho-
ro excessivo;
Como complemento às 
nossas discussões, assista 
ao vídeo Aprendizagem X 
afetividade, do canal Sala 
dos Professores, em que 
a professora Izabel Paro-
lin fala sobre afetividade 
e aprendizagem.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=T8XaWEDWURQ. Acesso 
em: 23 dez. 2021.
Vídeo
Conhecer fatores sociais 
que devem ser conside-
rados nas dificuldades de 
aprendizagem.
Objetivo de aprendizagem
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6868 Transtornos e dificuldades de aprendizagemTranstornos e dificuldades de aprendizagem
https://www.youtube.com/watch?v=T8XaWEDWURQ
https://www.youtube.com/watch?v=T8XaWEDWURQ
https://www.youtube.com/watch?v=T8XaWEDWURQ
Fatores que interferem na aprendizagem 69
 • mudanças abruptas e frequentes de humor;
 • comportamento agressivo, destrutivo, passivo ou submisso;
 • problemas de relacionamento com colegas;
 • tentativa de suicídio, depressão, pesadelos e sono perturbado;
 • mau desempenho escolar e dificuldades de aprendizagem não 
atribuída a problemas físicos.
Sendo assim, a maneira como a criança é tratada e a forma 
como ela se vê e se sente irão influir em muito no que ela faz 
durante seu processo de aprendizagem (POPPOVIC, 1980).
Outro fator social é o desemprego, que gera, várias vezes, 
a impossibilidade de estudar, pois questões financeiras po-
dem gerar evasão, reprovação e desistência dos estudos, até 
porque muitas dessas crianças acabam indo trabalhar para 
ajudar no orçamento familiar.
O gráfico a seguir demonstra alguns desses fatores que 
ocasionam a saída da criança e do adolescente da escola.
 
Figura 1
Questões sociais que ocasionam a saída do jovem da escola
Por que jovens de 15 a 17 anos não estudam – em %
Meninos
5,93
3,95
6,03 7,24
0,3
6,9 7,28 5,67
24,75 24,02
8,36
25,5
39,73
-
Meninas
45
36
27
18
9
0
Falta de escola/
vaga/distância
Falta de 
dinheiro 
para pagar 
despesas 
escolares
Cuidados 
domésticos
Problema 
de saúde ou 
deficiência 
Gravidez ou 
cuidar de 
criança
Trabalha 
ou procura 
emprego
Não tem 
interesse
Fonte: Azevedo; Guerra, 1994. 
Freedomz/Shutterstock
Os fatores sociais apresentados no gráfico da Figura 1 podem ser de 
ordem familiar e econômica. Porém, podemos considerar, ainda, o am-
biente escolar como o responsável pelo sucesso ou não da aprendizagem.
Sendo a família o primeiro contato da criança com o mundo em 
sociedade, a escola passa a ser esse segundo meio de convívio, onde 
o indivíduo irá adquirir experiências e vivências que contribuem para a
sua aprendizagem. É importante que a organização dos espaços dentro
da escola favoreça o acolhimento, a socialização e o desenvolvimento
das habilidades da criança.
Dessa forma, podemos considerar alguns aspectos que favorecem 
essa estrutura escolar:
• ter uma estrutura física apropriada, com mobiliários adequados
para a faixa etária;
• estabelecer quando, como e onde cada espaço da escola é orga-
nizado para favorecer a aprendizagem e a socialização;
• promover um espaço que favoreça o contato e as relações so-
ciais, pois elas contribuem para a aprendizagem e aproximam
professores e alunos.
Importante compreendermos que o meio social, sendo ele familiar 
ou escolar, influencia o desenvolvimento e a aprendizagem infantil. 
Tudo o que somos vem de uma história de vida, das nossas expe-
riências positivas e negativas que nos constituem como pessoa.
Para ampliar nossa 
reflexão sobre os fatores 
sociais que interferem 
na aprendizagem, assista 
ao vídeo Verbete de “Desi-
gualdade Educacional”, do 
canal Observatório das 
desigualdades UFRN. O 
vídeo mostra pesquisas 
feitas no Brasil sobre a 
realidade das crianças e 
a sua aprendizagem em 
diferentes classes sociais.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=Rh3m8CGV14s&t=146s. 
Acesso em: 23 dez. 2021.
Vídeo
7070 Transtornos e dificuldades de aprendizagemTranstornos e dificuldades de aprendizagem
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https://www.youtube.com/watch?v=Rh3m8CGV14s&t=146s.
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https://www.youtube.com/watch?v=Rh3m8CGV14s&t=146s.
Fatores que interferem na aprendizagem 71
Sabendo disso, proporcionar às crianças uma boa base de desen-
volvimento, em um ambiente social adequado, faz parte de todosque 
trabalham pela educação e por um desenvolvimento integral, onde o so-
cial, o afetivo e o biológico possam se desenvolver de maneira saudável.
4.4 Fatores biológicos 
Vídeo
Os fatores biológicos que interferem na aprendizagem são aqueles 
que nascem com a criança ou são adquiridos ao longo da vida, como no 
caso de uma lesão cerebral.
Ao pensarmos no período de gestação, devemos saber que o siste-
ma nervoso do bebê se desenvolve por etapas, e esse desenvolvimento 
continua após o seu nascimento. Durante esse processo, quando, por 
alguma razão, esse desenvolvimento é alterado, pode-se gerar uma di-
ficuldade de aprendizagem.
A falta de equilíbrio químico pode, ainda, causar dificuldades de 
aprendizagem, pois os neurotransmissores fazem a comunicação entre 
as células cerebrais. As alterações químicas podem fazer com que 
essa comunicação não ocorra da forma adequada e, assim, contribuir 
para dificuldades de aprendizagem ou para transtornos de atenção 
e hiperatividade.
Outro fator pode ter a sua causa hereditária: a hereditariedade 
pode determinar o desenvolvimento de dificuldade de aprendiza-
gem, como a hiperatividade, que leva à falta de concentração, à difi-
culdade para seguir instruções, à imaturidade social, à inflexibilidade, 
à dificuldade com habilidades organizacionais, à distração, à falta de 
destreza e ao controle inibitório. A dislexia e o autismo também são 
exemplos de dificuldades que podem ter a sua causa na hereditariedade.
Sabe-se que memória, linguagem e atenção são as funções execu-
tivas de base para a aprendizagem. Elas são desenvolvidas no nosso 
encéfalo e ampliadas a cada ano de existência. Além disso, são fato-
res que partem de um desenvolvimento biológico e cerebral, mas, 
para que se ampliem, contam os estímulos do cotidiano. Se algo não se 
desenvolveu nessas áreas, podem surgir problemas de aprendizagem.
O cérebro é o órgão da aprendizagem; ele é composto de bilhões 
de neurônios. Esses neurônios são as células nervosas, que interagem 
entre si e com outras células, formando redes neurais. Por meio dessas 
redes neurais, podemos aprender.
Reconhecer fatores bioló-
gicos que interferem na 
aprendizagem.
Objetivo de aprendizagem
72 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Os neurônios são células estimuláveis que se comunicam entre si 
ou com outras células. O nosso comportamento depende do número 
de neurônios envolvido nessa rede de comunicação neural e dos seus 
neurotransmissores. Os neurotransmissores são substâncias químicas 
que modulam a atividade celular, estimulando ou não a comunicação 
entre os neurônios. Nesse sentido, o nosso desenvolvimento e a nossa 
aprendizagem dependem do bom funcionamento dessas células.
Essas células, quando em equilíbrio e trabalhando juntas, favorecem o 
bom funcionamento das cinco partes do nosso cérebro chamadas lobos:
 • o lobo frontal é responsável pela tomada de decisão, pelo julga-
mento, pela memória recente, pela crítica e pelo raciocínio;
 • o lobo parietal está relacionado às sensações, à interpretação das 
sensações e ao senso de localização do corpo e do meio ambiente;
 • o lobo occipital se ocupa basicamente com a visão;
 • o lobo temporal se ocupa basicamente com a audição;
 • o lobo insular está relacionado a processos emocionais forte-
mente influenciados pelos órgãos dos sentidos.
Ao saber como cada uma das áreas do nosso cérebro funciona 
e como elas devem ser estimuladas, espera-se, então, que a escola, 
frente à sua contribuição a esse desenvolvimento biológico, possa mol-
dar e modificar cada área.
As metodologias utilizadas por professores são estímulos que produ-
zem a reorganização desse sistema nervoso em desenvolvimento, o que 
resulta, consequentemente, em mudanças comportamentais e cognitivas.
Como complemento e 
aprofundamento das 
nossas discussões sobre 
os fatores biológicos que 
interferem na aprendiza-
gem, sugerimos a leitura 
do livro Neurociência 
e educação: como o 
cérebro aprende. O livro 
mostra como ocorre 
o funcionamento do 
cérebro, para que a 
aprendizagem ocorra, e 
nos leva a compreender 
melhor cada um dos 
aspectos que interferem 
de maneira orgânica na 
aprendizagem. 
COSENZA, R. M.; GUERRA, L. B. Porto 
Alegre: Artmed, 2014.
Livro
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Fatores que interferem na aprendizagem 73
Esse processo ocorre devido à neuroplasticidade cerebral, que é a 
capacidade de se reorganizar frente a novos estímulos, sejam eles po-
sitivos ou negativos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento humano é muito mais complexo do que parece. 
Devemos considerar todos os fatores que englobam a evolução da criança, 
levando em conta cada uma de suas fases, para então compreender como 
a aprendizagem acontece e assim poder agir de maneira adequada a cada 
caso.
Sendo os fatores afetivos, sociais ou biológicos os principais a serem 
considerados para a aprendizagem, eles devem ser vistos pela escola, 
pelo professor e por todos os envolvidos na aprendizagem da criança. 
Dessa forma, podem ocorrer melhores resultados tanto para a socializa-
ção da criança quanto para o seu aprendizado.
ATIVIDADES
Atividade 1
 Escreva como Piaget entende a relação entre afetividade e apren-
dizagem e apresente um exemplo prático sobre isso.
Atividade 2
Cite quais são as questões voltadas ao ambiente escolar que 
podem interferir no desempenho escolar do aluno.
Atividade 3
Com relação aos fatores biológicos que interferem na aprendiza-
gem, descreva o processo que acontece no encéfalo para que a 
aprendizagem ocorra.
74 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
REFERÊNCIAS
FERREIRA, S. H. de A.; BARRERA, S. D. Ambiente familiar e aprendizagem escolar em 
alunos da educação infantil. Core, 2021. Disponível em: https://core.ac.uk/download/
pdf/25529929.pdf. Acesso em: 13 dez. 2021.
MARTURANO, E. M. Ambiente familiar e aprendizagem escolar. In: FUNAYAMA, C. A. R. 
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https://core.ac.uk/download/pdf/25529929.pdf
Prevenção, diagnóstico e intervenção 75
5
Prevenção, diagnóstico 
e intervenção
As dificuldades e os transtornos de aprendizagem são fatores que po-
dem ocorrer durante o desenvolvimento humano por diferentes aspectos 
e motivos, sendo eles: o biológico, quando relacionado a fatores de ordem 
genética; o afetivo, relativo às questões emocionais e motivacionais; o so-
cial, que diz respeito às condições culturais e econômicas; ou o cognitivo, 
que se refere à forma com que se assimila a aprendizagem.
Essas dificuldades e transtornos devem ser diagnosticados precoce-
mente para que seja dado à criança e à família todo o amparo durante 
seu desenvolvimento, ou até mesmo para que algumas ações possam ser 
realizadas de maneira preventiva a fim de que a dificuldade em si seja 
minimizada. Após a realização desse diagnóstico, a intervenção – ou seja, 
o caminho a ser seguido no auxílio para a criança – deve ser trilhada em 
conjunto com os terapeutas responsáveis, a família e a escola. 
Porém, o caminho que antecede tudo isso é a prevenção. É importante 
sabermos que existem formas de prevenir esses transtornos e dificulda-
des e, porisso, conhecê-los também é parte do trabalho do professor.
5.1 Desenvolvimento das funções executivas 
Vídeo Os estímulos ao desenvolvimento das funções executivas podem ser 
um primeiro caminho de prevenção às dificuldades de aprendizagem, 
pois é por meio deles que toda a cognição e a interação com o mundo 
ocorrem. No entanto, do que se trata o termo funções executivas?
Podemos compreender as funções executivas como aquelas que 
realizam a execução, ou seja, que fazem com que tudo aconteça no 
nosso corpo com relação à aprendizagem, ao conhecimento e à intera-
ção com o mundo. 
As funções executivas não possuem um consenso sobre a sua con-
ceituação, sendo geralmente definidas, de acordo com Garon, Bryson e 
Smith (2008) e Lezak (1995), como o conjunto de habilidades e capaci-
Conhecer as funções exe-
cutivas como base para a 
aprendizagem.
Objetivo de aprendizagem
76 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
dades que nos permitem executar as ações necessárias para atingir um 
objetivo. Elas trabalham de modo integrado para que isso ocorra, au-
torregulando o comportamento humano. 
As funções executivas permitem o planejamento de ações cotidia-
nas, bem como a sua manutenção e continuidade. Para Fonseca 
(2014), elas são as habilidades cognitivas necessárias para re-
gular nossos pensamentos, emoções e ações, e que, portanto, 
possuem um papel e um impacto na vida social, afetiva e inte-
lectual por toda a nossa existência, exercendo grande influência 
desde a infância.
Vejamos, no quadro a seguir, o que podemos considerar como fun-
ções executivas.
Quadro 1
Funções executivas
Atenção
É a capacidade de sustentação, foco, fixação, seleção de dados 
relevantes e irrelevantes, de saber lidar com momentos de 
distração que acabam desviando a atenção. 
Percepção
É a capacidade de perceber e receber os estímulos vindos do 
ambiente por meio dos órgãos sensoriais e atribuir sentido à 
mensagem que eles trazem.
Memória de 
trabalho
É desenvolver a capacidade de retenção e de operação, ou seja, 
de localização, recuperação, manipulação, julgamento e utiliza-
ção das informações relevantes.
Controle
É saber agir com persistência, esforço, inibição, regulação e 
autoavaliação de tarefas realizadas, a fim de buscar formas 
corretas de trabalho.
Ideação
É conseguir trabalhar com o improviso, raciocínio indutivo e 
dedutivo, precisão e conclusão de tarefas no tempo planejado e 
disponível para o momento.
Planificação e 
a antecipação
É trabalhar com prioridades, organização, hierarquização e predi-
ção de tarefas visando atingir fins, objetivos e resultados.
Flexibilização
É saber realizar autocrítica realizando a alteração de condutas, 
mudando estratégias, detectando erros e obstáculos, buscando 
intencionalmente soluções sempre que necessário.
Metacognição
É desenvolver a capacidade de auto-organização, sistematiza-
ção, controle, revisão de resultados e supervisão da sua própria 
aprendizagem.
Decisão É conseguir aplicar diferentes resoluções de problemas, saber 
realizar a gestão do próprio tempo.
Execução É executar e finalizar determinada atividade realizando a revisão 
dos resultados e retomando o que for necessário. 
Fonte: Elaborado pela autora com base em Fonseca, 2014.
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Prevenção, diagnóstico e intervenção 77
Já para Barkley (1997), a autorregulação é o componente-chave das 
funções executivas, pois leva ao comportamento orientado, à utilização 
de regras e falas reguladas, assim como ao controle dos impulsos. 
O modelo de funções executivas proposto por Barkley (1997) inclui, 
ainda, quatro domínios principais:
11
22
33
44
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Memória de trabalho
Autorregulação do afeto, da motivação e da 
estimulação
Internalização da fala
Reconstituição (análise e síntese do comportamento)
Segundo Barkley (1997), o primeiro domínio apresenta a capacidade 
de manter e manipular uma informação na mente, ter noção de tem-
po, autoconsciência e funções retrospectiva e prospectiva. O segundo 
domínio trata da capacidade de as pessoas se motivarem ou se envol-
verem afetivamente para um fim específico. 
Uma forma de reflexão, autoquestionamento e monitoramento an-
tes de agir, o que auxilia o indivíduo a manter o curso dos planos e 
objetivos, é o que apresenta o terceiro domínio. Finalmente, o último 
domínio representa as atividades relacionadas à análise e à síntese. A 
primeira fragmenta comportamentos ou situações em partes, e a se-
gunda pode recombiná-las em novas formas criativas de sequências de 
comportamento (verbal ou não verbal).
Devemos compreender que o desenvolvimento das funções execu-
tivas depende tanto de um bom desenvolvimento neuronal quanto de 
treino e estímulos para que cada uma delas trabalhe de modo interli-
gado, otimizando a aprendizagem.
Assim, durante a infância, e em especial na escola, existem estímulos, 
apresentados por Fonseca (2014), que fazem com que a criança desen-
volva essas habilidades. Vejamos, a seguir, quais são eles.
78 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Estabelecer os objetivos de cada tarefa a ser realizada.
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Planificar, gerir e antecipar tarefas, textos e trabalhos, buscando 
organizar as demandas de tarefas.
Ordenar e priorizar tarefas no espaço e no tempo adequado para 
concluí-las.
Organizar diferentes fontes de informação e de estudo que possam 
auxiliar na aprendizagem.
Separar ideias e conceitos gerais de detalhes e pormenores, sabendo 
separar o que é essencial do que é complemento.
Pensar, manipular, memorizar e resumir dados ao mesmo tempo que 
se realizam leituras e estudos.
Considerando um panorama de regularidade, ou seja, quando as 
estruturas cognitivas da criança se apresentam preservadas, essas são 
as funções executivas e algumas formas de estimulá-las. 
Mas e quando essas estruturas não estão em condições de serem 
estimuladas e de interagirem entre si? 
Uma das causas de as funções executivas não interagirem entre si 
e não gerarem aprendizagem são as lesões nas estruturas pré-frontais 
do cérebro. Elas podem causar, entre outros problemas, situações 
como o déficit de autoconsciência, a falta de motivação, a dificuldade 
para seguir ações, controlar as emoções e, ainda, desenvolver uma rigi-
dez cognitiva que impede a aprendizagem em alguns aspectos.
Para ampliar seus conhe-
cimentos sobre funções 
executivas, assista ao 
vídeo Funções Executivas: 
habilidades para a vida e 
a aprendizagem. O vídeo 
demonstra o desenvolvi-
mento e estímulos dessas 
funções desde a primeira 
infância. 
Disponível em: https://www.fmcsv.
org.br/pt-BR/biblioteca/funcao-
executiva---habilidade-para-a-
vida-e-aprendizagem/. Acesso em: 
14 jan. 2022.
Vídeo
https://www.fmcsv.org.br/pt-BR/biblioteca/funcao-executiva---habilidade-para-a-vida-e-aprendizagem/
https://www.fmcsv.org.br/pt-BR/biblioteca/funcao-executiva---habilidade-para-a-vida-e-aprendizagem/
https://www.fmcsv.org.br/pt-BR/biblioteca/funcao-executiva---habilidade-para-a-vida-e-aprendizagem/
https://www.fmcsv.org.br/pt-BR/biblioteca/funcao-executiva---habilidade-para-a-vida-e-aprendizagem/
Prevenção, diagnóstico e intervenção 79
Desse modo, problemas com o desenvolvimento das funções exe-
cutivas podem alterar os processos cognitivos, como também a realiza-
ção de tarefas cotidianas.
Um desses problemas associados à deficiência nas funções executi-
vas é a síndrome desexecutiva, ou síndrome frontal, associada à lesão 
do lobo frontal do cérebro. 
Essa síndrome atinge diversas habilidades cognitivas, como a moti-
vação, a flexibilidade de pensamento e a autorregulação, o que, conse-
quentemente, leva a problemas no ato de planejar e tomar decisões. 
Juntos, esses fatores causam uma conduta desorganizada e podem 
provocar mudanças de personalidade e até mesmo variações de hu-
mor. Essa lesão que acarreta a síndrome desexecutiva pode ocorrer 
devido a uma lesão cerebral, seja ocasionada pormeio de um derrame, 
tumores ou doenças neurodegenerativas.
5.2 Prevenção às dificuldades de aprendizagem 
Vídeo Ao tratarmos de prevenções referentes às dificuldades de apren-
dizagem, devemos ter claro que essas são basicamente estímulos e 
cuidados que devem monitorar o desenvolvimento desde a infância, 
visando proporcionar um bom desenvolvimento das funções executi-
vas e de outros aspectos que influenciam na aprendizagem, como os 
fatores afetivos, biológicos e sociais. 
O ato de prever algo está relacionado à visão de que se tem totalidade, 
visualizando os objetivos, os caminhos a seguir e os resultados espe-
rados. Se dentro dessas expectativas algo não acontece em um ritmo 
adequado, essa situação deve ser revista. 
É importante ressaltar que, no processo de desenvolvimento e de 
aprendizagem, cada criança se desenvolve conforme o repertório e a 
capacidade que ela possui, por isso, antes de apontar características 
como dificuldades, é necessária uma observação precisa de como essa 
criança pensa e age. É por essa razão que o 
trabalho em sala de aula é algo tão minu-
cioso e de extrema importância.
Relacionar trabalhos 
preventivos de problemas 
de aprendizagem.
Objetivo de aprendizagem
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80 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Com relação ao trabalho em sala de aula, algumas concepções po-
dem ser alteradas para que a aprendizagem se torne mais prazerosa, 
leve e com um caráter preventivo diante de dificuldades. 
A prevenção é a visão que o professor tem sobre os erros come-
tidos, pois eles podem ser vistos como uma chance de verificar a 
forma como o aluno pensa, age e processa a informação que lhe foi 
passada, bem como a maneira que ele compreendeu determinado 
contexto.
 Assim, a reflexão sobre o erro acarreta, consequentemente, uma 
reformulação das práticas docentes, sendo essa uma forma preven-
tiva de agir, pois, a partir do momento em que essas dificuldades 
podem ser percebidas, são sanadas antes de se tornarem proble-
mas maiores. 
Se durante o percurso de aprendizagem o aluno não aprendeu, 
por exemplo, na matemática, a formação dos números (que 8 pode 
ser 4+4, ou 5+3, ou 2+6...), sua flexibilidade de pensamento para as-
similar o processo das quatro operações (adição, subtração, divisão 
e multiplicação) será mais difícil. É necessário, inicialmente, com-
preender essa constituição de números para que o professor possa 
manuseá-los de diferentes formas nos conteúdos seguintes. 
Dessa forma, se o professor percebeu que o aluno não compreen-
deu a base da atividade, de nada adianta evoluir para algo mais com-
plexo, pois esse conhecimento fará falta na sequência. Logo, a forma 
preventiva é retomar e se assegurar de que o aluno assimilou o que 
lhe foi transmitido. 
Outro fator importante é a estrutura curricular da escola, ou seja, 
o que é ensinado, quando e de que forma. Trata-se de um meio de 
reflexão para a prevenção das dificuldades de aprendizagem, uma 
vez que é necessário revisar constantemente se ela está de acordo 
com a estrutura cognitiva, afetiva e social do aluno, equilibrando es-
sas estruturas.
Sabe-se que a organização curricular depende não somente de 
meios burocráticos, mas deve levar em consideração também a rea-
lidade social e a demanda que a turma apresenta naquele momento. 
Não se trata de um documento fechado, mas sim flexível, no qual 
a retomada de conceitos e a reformulação de estratégias caminha 
junto com a resposta que os alunos dão à aprendizagem. Outro fator 
Ay
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Ha
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Para aprofundar seus 
conhecimentos, recomen-
damos a leitura do livro 
Prevenção das dificuldades 
de aprendizagem na Edu-
cação Infantil. O material 
apresenta dicas de obser-
vação para o professor, 
voltado a todo o processo 
de desenvolvimento de 
aprendizagem da criança, 
para que ele possa, assim, 
interferir nesse processo 
de modo preventivo 
e com a estimulação 
adequada. 
GASS. E. L.; STAMPA. M. Rio de 
Janeiro: Wak, 2018.
Livro
Prevenção, diagnóstico e intervenção 81
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relevante para a prevenção das dificulda-
des de aprendizagem é a forma como o 
professor se comunica com o aluno.
A clareza da comunicação é um 
fator fundamental. Deve-se ter claro, 
a princípio, que o que é obvio para 
um pode não ser para o outro. Para 
se expressar adequadamente com o 
grupo com que se fala, é necessário 
levar em conta alguns aspectos: faixa 
etária (no caso de crianças, utilizar um 
vocabulário que corresponda ao seu reper-
tório de conhecimento); classe social e cultural, considerando que 
cada termo novo que contribua para a ampliação do vocabulário seja 
explicado e tenha sentido; e também o fator regional, pois dentro do 
nosso país a variação linguística é muito diferente se compararmos 
as regiões Sul e Nordeste, por exemplo. Assim, a forma de acolher, 
comunicar e se fazer entender é muito importante em sala de aula. 
Nenhum ponto deve ser esquecido. 
Dessa forma, considerar cada um desses fatores de maneira sen-
sível a cada situação traz uma ótima perspectiva de prevenção. Essa 
sensibilização com relação aos cuidados e detalhes do ato de apren-
der deve ser iniciada desde os primeiros anos da criança na escola, 
pois, a cada fase do desenvolvimento infantil, novas expectativas e 
possibilidades surgem para a sua aprendizagem e desenvolvimento.
5.3 Diagnóstico das dificuldades 
de aprendizagem Vídeo
As dificuldades de aprendizagem surgem, em sua grande maioria, a 
partir do momento em que a criança ingressa na escola e é descoberta 
por meio do seu desempenho e dos resultados que apresenta. Nesse 
momento, suas habilidades são colocadas à prova e surgem as caracte-
rísticas específicas de cada criança.
Desse modo, é importante que o professor saiba identificar os 
possíveis problemas para encaminhar o aluno a uma avaliação 
Reconhecer como é 
realizado o diagnóstico 
dos problemas de 
aprendizagem.
Objetivo de aprendizagem
https://blog.trivium.com.br/inovacao-na-educacao-tecnologias-que-tem-ajudado-a-aprendizagem/
82 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
diagnóstica o quanto antes a fim de que o diagnóstico seja feito e 
possíveis soluções possam ser aplicadas em sala de aula.
No entanto, é necessário destacar que não há a necessidade de 
encaminhar todas as dificuldades para a avaliação de profissionais 
externos. Muitas delas podem ser momentâneas, causadas por falta 
de entendimento de um conteúdo específico, podendo ser resolvidas 
com uma intervenção extra do professor, uma aula de reforço ou uma 
dinâmica diferenciada em sala de aula. 
Nesses casos, percebemos que o problema é resolvido em sala de 
aula mesmo, com o trabalho do professor, mas, em algumas situações, 
essa dificuldade persiste. Essa persistência se dá pela falta de enten-
dimento, de atenção e de memorização, que, apresentados de modo 
constante, precisam ser avaliados por um profissional externo à escola 
(psicopedagogo, psicólogo ou neurologista). O professor, antes de so-
licitar tal avaliação, precisa observar e verificar diferentes pontos para 
ter certeza de que o caso se refere a questões de ordem pedagógica, 
que podem ser vistas na escola, ou se a criança precisa realmente ser 
encaminhada a um profissional externo.
A observação do comportamento e das atitudes do aluno em sala de 
aula pode ser considerada um primeiro passo para essa verificação da 
real dificuldade que se apresenta no momento. Por meio do comporta-
mento do aluno, o professor pode analisar se ele se mostra desatento, 
se demora para realizar as atividades além do tempo esperado, se ele 
consegue manter a concentração pelo tempo necessário, se retém a 
informação que lhe foi passada, bem como observar o comportamento 
desse aluno diante de desafios e trabalhos em grupo. 
Outro fator que deve ser analisado refere-se à qualidade, o que se 
dá na verificação das atividades e provas realizadas, por meio de um 
olhar minucioso, que resultana possível percepção sobre quais são os 
obstáculos enfrentados pelo aluno, sejam eles relativos à interpretação 
do que deve ser feito ou aos conteúdos em si. 
Paralela a essa verificação das atividades e provas, ocorre também 
a visualização da qualidade da escrita do aluno, pois por meio dela é 
possível compreender como estão o rendimento e o desenvolvimento 
do estudante e se ele apresenta dificuldades específicas, como de tro-
cas ortográficas constantes, de produção textual, de interpretação e 
leitura, que podem significar algum distúrbio.
Prevenção, diagnóstico e intervenção 83
A observação minuciosa, em sala de aula, dos alunos que apresen-
tam dificuldades de aprendizagem é uma ferramenta importante, uma 
vez que por meio dela é possível encontrar diversas possibilidades de 
auxílio ou mesmo verificar a necessidade de um encaminhamento para 
os profissionais externos à escola. 
Quando o caso é encaminhado para a avaliação externa com pro-
fissionais específicos, eles realizarão, em ambiente clínico, uma bateria 
de testes que trarão as repostas sobre em qual fase da aprendizagem 
a criança se encontra ou, ainda, se ela não está ocorrendo devido a 
fatores emocionais, biológicos ou sociais. 
Terminado esse processo de avaliação e, em seguida, dado o 
diagnóstico quanto ao problema de aprendizagem, a escola e a família 
serão orientadas sobre como proceder com essa criança para que a 
aprendizagem e/ou socialização ocorra de maneira satisfatória. Esses 
problemas podem ser:
 • dislexia;
 • disgrafia;
 • disortografia;
 • discalculia;
 • TDAH (transtorno do déficit de atenção e hiperatividade);
 • TOD (transtorno desafiador opositor);
 • TOC (transtorno obsessivo compulsivo);
 • fatores pedagógicos, relacionados à escola em si e aos apoios que 
podem ser viabilizados e solucionados nesse mesmo ambiente. 
Dessa forma, o diagnóstico é um elemento muito importante para 
traçarmos o caminho a ser seguido – considerando, aqui, o processo 
para se chegar ao diagnóstico, que se inicia pela visão do professor em 
sala de aula e prossegue por meio do encaminhamento a profissionais 
especializados. 
Ao final de todo o processo de avaliação, quando se chega ao 
diagnóstico, surgem novas possibilidade de repensar a prática docen-
te – e, se necessário, também a estrutura curricular – e de realizar um 
trabalho integrado com diferentes profissionais.
Por meio do diagnóstico, é possível começar a pensar sobre a di-
ficuldade de aprendizagem sob outro olhar, como o de perceber, 
Como complemento para 
os seus estudos, suge-
rimos a leitura do livro 
Diagnóstico e tratamento 
dos problemas de apren-
dizagem, de Sara Paín. O 
material apresenta subsí-
dios históricos e práticos 
do diagnóstico. 
PAÍN, S. Porto Alegre: Penso, 1985.
Livro
84 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
inicialmente, os acertos dos alunos, o quanto eles evoluem dentro da 
sua capacidade e o valor de cada uma das suas conquistas ao longo do 
processo de ensino-aprendizagem. Esse olhar leva ao entendimento de 
que o tempo e o momento de cada um podem variar, e saber acolher 
em cada uma dessas ocasiões faz parte do trabalho docente.
5.4 Intervenção aos problemas de aprendizagem 
Vídeo
Após discutirmos sobre o olhar minucioso e entender como funcio-
na o processo de prevenção, avaliação e diagnóstico dos problemas de 
aprendizagem, refletiremos agora sobre as formas de intervir e auxiliar 
na superação ou, então, em como abrir os caminhos para que a crian-
ça aprenda a lidar com cada um desses problemas ou distúrbios de 
aprendizagem. 
A ação de intervir pode estar relacionada ao ato de agir a favor de 
alguma coisa, ou seja, auxiliar para que determinada situação venha a 
acontecer, mediar ou ajudar. No caso das dificuldades de aprendiza-
gem, o processo de intervenção surge como o caminho, o qual, após 
o diagnóstico, deve ser percorrido para que o indivíduo aprenda e se 
desenvolva bem. 
O processo de intervenção deve ocorrer, a princípio, em dois âmbi-
tos: na escola e com o psicopedagogo, que é o profissional que trabalha 
diretamente com os problemas de aprendizagem. Ambos os ambien-
tes devem estar em contato e consonância com a família, para que seja 
trabalhada uma mesma linha de auxílio a essas crianças e jovens.
No âmbito das intervenções que acontecem na escola, é necessário, 
inicialmente, reconhecer que não se trata de uma tarefa fácil lidar com 
essa diversidade em sala de aula. 
A escola deve superar a repetência como solução dos problemas, 
bem como a visão de que determinado aluno não tem mais como 
melhorar, aumentando, assim, os prejuízos à sua aprendizagem e 
formação. Intervir significa auxiliar a criança na superação dos seus 
obstáculos.
Alguns processos simples realizados no ambiente escolar podem 
auxiliar as crianças com dificuldades de aprendizagem e devem ser 
considerados, como se segue:
Identificar como ocorrem 
as intervenções relacio-
nadas aos problemas de 
aprendizagem.
Objetivo de aprendizagem
Prevenção, diagnóstico e intervenção 85
O primeiro passo é ter clareza sobre o diagnóstico. A partir do 
momento em que a escola tem certeza de quais obstáculos essa 
criança possui, todos os envolvidos no trabalho com ela devem estar 
cientes sobre suas limitações e devem agir por um mesmo caminho 
para auxiliá-la. M
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É necessário saber que as intervenções devem ser pontuais, ou seja, 
o professor deve agir no mesmo momento em que percebe que 
algo não está claro para a criança. Enquanto alguns alunos da sala 
trabalham com autonomia, o professor pode atender aqueles com mais 
dificuldade e auxiliar nas questões que para eles parecem mais difíceis 
naquele momento. 
Algumas escolas mantêm um professor tutor ou auxiliar que possa 
fazer os ajustes de aprendizagem ao lado da criança durante a aula, 
disponibilizando uma atenção diferenciada àquela criança específica 
que apresenta dificuldade. 
As salas específicas de apoio pedagógico também constituem uma boa 
solução de acompanhamento dos problemas de aprendizagem. Nessas 
salas, a orientação pode ocorrer tanto para o aluno quanto para aquele 
professor que não sabe exatamente como adequar sua aula ou lidar 
com o aluno que está na escola com um determinado laudo. 
O contato direto com a família é essencial. A escola precisa mantê-la 
informada sobre os encaminhamentos que estão sendo realizados 
com a criança, bem como orientar sobre quais tipos de auxílio ela pode 
fornecer em casa como complemento do trabalho escolar. 
O contato com os profissionais externos que atendem a criança 
também é necessário, de modo que seja realizado um trabalho em 
conjunto e eles possam acompanhar a evolução e os obstáculos que 
ainda precisam ser trabalhados.
A escola e os professores precisam ter um plano de trabalho e 
objetivos claros individualizados para cada criança que apresenta uma 
dificuldade ou transtorno específico. 
Como complemento e auxílio a esses processos, a escola deve contar 
com profissionais externos que trabalhem em conjunto, orientem e 
86 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
auxiliem nas estratégias que direcionam o trabalho com essas crianças 
com dificuldades de aprendizagem – o psicopedagogo, por exemplo.
Já no que se trata do atendimento psicopedagógico clínico, Weiss 
(2000) define a prática psicopedagógica como aquela que deve consi-
derar a criança como um ser global, composto pelos aspectos biológico, 
cognitivo, afetivo, social e pedagógico, aspectos esses considerados des-
de o processo de avaliação das dificuldades do aluno, como visto ante-
riormente, e que devem se estender durante o processo de intervenção. 
No que se refere à construção biológica do ser humano, sua relação 
com a dificuldade de aprendizagem está na causa orgânica, que diz 
respeito àquela relacionada ao corpo, ao cérebro e ao seu desenvolvi-
mento em si. 
Quanto ao aspecto cognitivo, os problemas de aprendizagem são 
vistos com base nas estruturas do pensamento, ou seja,na capacidade 
do potencial cognitivo desenvolvido de acordo com as expectativas de 
cada fase do desenvolvimento, pois a criança apresenta, a cada ano, 
diferentes habilidades a serem desenvolvidas. 
O aspecto afetivo está relacionado à forma como o aprender se 
manifesta, uma vez que o indivíduo pode não conseguir estabelecer 
um vínculo positivo com a aprendizagem, o que acarreta dificuldades 
posteriores. Estar à vontade com o ambiente de aprendizagem, com 
quem medeia a aprendizagem e confiante de sua capacidade faz parte 
de um processo emocional/afetivo que contribui para a aprendizagem.
O aspecto social se refere à relação do sujeito com a família, com a 
sociedade, com seu contexto social e cultural, visto que o aluno pode 
não aprender por apresentar limitações culturais relacionadas aos sa-
beres escolares, por não contar com o apoio e suporte da família. Sa-
bemos que, até boa parte da infância, esses elementos são essenciais 
para que a aprendizagem ocorra.
Não podemos deixar de citar também o aspecto pedagógico, que 
diz respeito à forma como a escola organiza o seu trabalho, ou seja, o 
método, a avaliação, os conteúdos, a forma de ministrar a aula, entre 
outros. Devemos lembrar que, após passar pelo processo de avaliação, 
pode ser constatado que a criança não tem nenhum problema especí-
fico, síndrome ou transtorno, mas sim uma “despedagogia”, ou seja, a 
falta de pré-requisitos para a aprendizagem ou a falta de entendimen-
to dos saberes que deveria dominar naquele momento e que, nesse 
Prevenção, diagnóstico e intervenção 87
caso, devem ser revistos e acompanhados pela própria escola e pelo 
professor. 
Weiss (2000) afirma, ainda, que a aprendizagem é a constante inte-
ração do sujeito com o meio. Dessa forma, é também a interação de 
todos os outros aspectos, assim como o não funcionamento ou o fun-
cionamento insatisfatório de um dos aspectos apresentados, podendo 
gerar problemas de aprendizagem. 
Tendo refletido sobre cada um desses aspectos, basta agora estabe-
lecer o caminho do auxílio que será prestado a essa criança ou jovem. 
O atendimento psicopedagógico clínico varia muito conforme a de-
manda e a necessidade apontada. Em casos simples, o aluno pode fre-
quentar o consultório uma a duas vezes por semana para ser realizado 
um trabalho de ressignificação do aprender. Casos mais específicos, 
como o TEA (transtorno do espectro autista), por exemplo, dependendo 
do seu grau, podem requerer atendimentos de três a quatro vezes por 
semana e com diferentes profissionais além da escola. 
Assim, o enfoque psicopedagógico na dificuldade de aprendizagem 
compreende como parte do trabalho com o desenvolvimento mais do 
que a dificuldade, considerando, também, os diferentes caminhos que 
podem ser abertos para que a aprendizagem ocorra. 
O olhar psicopedagógico entende o aluno como um ser interdisci-
plinar e busca apoio em diferentes áreas do conhecimento, além de 
analisar a aprendizagem no contexto escolar e familiar.
O trabalho no consultório é individualizado, pois, mesmo que apre-
sente a mesma síndrome, transtorno ou dificuldade, cada ser humano 
reage de uma forma diferente às intervenções, possui caminhos diver-
sos de desenvolvimento e compreensão. Por isso, o tempo de interven-
ção é algo amplo e que dependerá da evolução de cada situação. De 
qualquer modo, o trabalho comprometido e direcionado, em parceria 
com a escola e a família, é o melhor caminho para que a superação de 
obstáculos aconteça.
Recomendamos a leitura 
do livro Dificuldades 
de aprendizagem: uma 
proposta pedagógica para 
alunos disléxicos. O livro 
traz um bom exemplo 
de intervenção como 
complemento aos nossos 
estudos, em específico 
para alunos disléxicos. 
FERREIRA, S. M. D. São Paulo: 
Nelpa, 2019.
Livro
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A complexidade do desenvolvimento humano, em todos os seus âm-
bitos – neurológico, biológico, social e afetivo –, demonstra a riqueza da 
individualidade e peculiaridades de cada um, seja na forma de ser, agir, 
interagir com o mundo e nas diferentes formas de aprender. 
88 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Entender essa complexidade está relacionado a um estudo constante 
sobre essa compreensão, que nos leva a novas descobertas, novas formas 
de diagnosticar e intervir nos problemas e transtornos de aprendizagem. 
A ciência evolui, e com ela novas descobertas nos deixam em constan-
te movimento com relação às dificuldades de aprendizagem, esclarecen-
do por que elas surgem e como podemos intervir para auxiliar quem as 
possui. 
Somos parte de um grupo de pessoas que estuda sobre essas 
questões e que pode fazer a diferença na vida de muitos por meio de um 
olhar diferenciado quanto às suas dificuldades e limitações. Esse olhar 
abre caminhos e traz perspectivas diferentes de vida, de interação e de 
aprendizagem.
ATIVIDADES
Atividade 1
Sabemos que, para que a aprendizagem aconteça, as funções 
executivas devem estar em consonância. Entre as funções execu-
tivas estudadas está a atenção. Quais são os aspectos relaciona-
dos ao desenvolvimento da atenção? Qual exemplo prático se 
pode dar sobre essas questões? 
Atividade 2
Fonseca (2014) ressalta algumas estratégias que auxiliam no 
desenvolvimento das funções executivas. Escolha uma dessas 
sugestões e relacione-a a um exemplo prático. 
Atividade 3
Como prevenção às dificuldades de aprendizagem, é necessário 
que o professor tenha um entendimento diferenciado sobre o 
erro. Como seria esse entendimento?
REFERÊNCIAS
BARKLEY, R. A. Behavioral inhibition, sustained attention, and executive functions: constructing 
a unifying theory of ADHD. Psychological Bulletin, v. 121, n. 1, p. 65-94, 1997.
FONSECA, V. Cognição, neuropsicologia e aprendizagem: abordagem neuropsicológica e 
psicopedagógica. 6. ed. São Paulo: Vozes, 2014.
GARON, N.; BRYSON, S. E.; SMITH, I. M. Executive function in preschoolers: a review using an 
integrative framework. Psychological Bulletin, v. 134, n. 1, p. 31-60, 2008.
LEZAK, M. D. Neuropsychological assessment. 3. ed. New York: Oxford University Press, 1995.
WEISS, M. L. Reflexões sobre o diagnóstico psicopedagógico. In: BOSSA, N. A. Psicopedagogia 
no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2000.
Resolução das atividades
1 Processos de aprendizagem
1. Discutimos, no início do capítulo, que existem duas concepções 
de aprendizagem: a comportamentalista e a cognitivista, que 
nos levaram a refletir sobre como acontece a aprendizagem. 
Vimos, ainda, que a psicologia trouxe grande contribuição para a 
aprendizagem escolar. Relate qual foi essa contribuição e exponha 
sua opinião sobre essa modificação.
A psicologia trouxe para a educação escolar grande contribuição no 
sentido de compreender que cada pessoa é alguém que pensa e 
aprende de maneira diferente e individual e que, por isso, não faz 
sentido todos serem submetidos a uma aprendizagem em que o aluno 
somente se submete aos conhecimentos do professor, mas sim que 
seja um ser ativo e responsável pelo seu modo de aprender. Em seu 
relato, reflita sobre os benefícios de uma educação não tradicional 
para a aprendizagem dele.
2. Conhecemos e analisamos as diferentes formas de estímulos 
necessárias para que o desenvolvimento humano e a aprendizagem 
aconteçam. Escreva quais são essas formas de estímulos. Destaque 
e comente aquela que, pessoalmente, torna-se a mais relevante 
para o desenvolvimento da criança.
Os estímulos são os afetivos, físicos, cognitivos e sensoriais. Todos 
são importantes e devem ser trabalhados de maneira integrada para 
que o desenvolvimento humano ocorra de modo amplo. É importante 
que você relate essa necessidade, mas que também aponte qual a 
sua importância.
3. Pudemos conhecer e refletir sobre a importância da afetividade para 
a aprendizagem. Dentre os aspectos que a compõem, conhecemos 
Wallon, um dos maiores estudiosos do tema. Conceitue o que é a 
afetividade para Wallon e relate uma experiência afetiva que marcou 
seu processo de aprendizagem ao longo de seu desenvolvimento.Para Wallon, é com base nas próprias experiências, repetições e 
diferenças que a criança se torna capaz de distinguir e reconhecer 
o que está de acordo ou não com suas necessidades, o que 
consequentemente a leva ao aprendizado. O estudioso ressalta 
Resolução das atividades 89
a importância das experiências afetivas para a aprendizagem. 
É interessante você refletir sobre seu histórico de aprendizagem 
e relacioná-lo com uma prática afetiva que o influenciou, como a 
relação com algum professor, ou algum apoio quando precisou.
2 Dificuldades de aprendizagem
1. Sobre as dificuldades de aprendizagem estudadas, escolha quatro 
delas e descreva suas principais características. Em seguida, 
responda: como você avalia seu processo de aprendizagem com 
relação à leitura, à escrita, à interpretação, ao traçado, à ortografia 
e à matemática?
Esta é uma resposta pessoal, entretanto, você deve escolher quatro 
dificuldades de aprendizagem e descrevê-las de acordo com o 
que foi estudado no capítulo. Ao refletir sobre o seu processo de 
aprendizagem, busque pensar nas seguintes questões: em qual área 
tenho mais dificuldade? Como foi meu processo de aprendizagem? 
Poderia ter ocorrido de maneira melhor? Essas questões são cruciais 
para a autorreflexão.
2. Conhecer as características da dislexia e encaminhar a criança para 
uma avaliação psicopedagógica, bem como saber intervir nesses 
casos, é de extrema importância para o profissional da educação. 
Com base nessa premissa, cite as principais características da 
criança disléxica.
A criança disléxica apresenta dificuldades na alfabetização, 
como problemas de leitura e escrita, de orientação espacial, de 
compreensão de textos e de falta de atenção em sala de aula.
3. Dos tipos de discalculia estudados, escolha o que para você parece 
ser o mais comum e justifique sua resposta.
Para responder a esta questão, é necessário escolher entre os 
seguintes tipos de discalculia:
• Practognóstica: dificuldades em enumerar, comparar e manipular 
objetos reais ou em imagens.
• Ideognóstica: dificuldades em fazer operações mentais e 
compreender conceitos matemáticos.
• Verbal: dificuldades em nomear quantidades matemáticas, 
números, termos e símbolos.
• Léxica: dificuldades na leitura de símbolos matemáticos.
• Operacional: dificuldade na execução de operações e cálculos 
numéricos.
90 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
• Gráfica: dificuldades na escrita de símbolos matemáticos.
Além disso, é importante refletir sobre as que você considera 
mais comuns. Em sua resposta, busque pensar em suas próprias 
experiências, relatos de amigos, colegas, familiares e professores.
3 Transtornos de aprendizagem
1. Vimos em nossos estudos que a atenção pode ser aprimorada ou 
desenvolvida por meio de intervenções cognitivas, e que é algo que 
difere em cada pessoa. Por isso, podemos considerar alguns tipos 
de atenção. Escolha um dos tipos de atenção estudados, escreva 
sua definição e comente da sua importância para o processo de 
aprendizagem.
- Atenção seletiva: habilidade para se centrar em um estímulo ou 
atividade na presença de outros estímulos que desviam a atenção.
- Atenção alternada: habilidade para alterar a atenção focada entre 
dois estímulos.
- Atenção dividida: é possível se centrar ou prestar atenção a 
diferentes estímulos ao mesmo tempo.
- Atenção focada: habilidade para focar a atenção em um estímulo, 
sem dispersar com estímulos externos.
- Atenção constante: a habilidade para se centrar em um estímulo 
ou atividade durante um longo período.
Após escolhido o tipo de atenção e escrito sobre ela, cabe ressaltar 
que todas têm a importância de constituir o processo de atenção do 
ser humano e que precisam ser estimuladas.
2. Vimos que a Síndrome de Asperger é um transtorno neurobiológico, 
dentro do DSM-5 é caracterizado como um transtorno do 
neurodesenvolvimento, parte do transtorno do espectro autista. 
Escreva quais as características que são similares entre o TEA e o 
Asperger.
Assim como no autismo, a síndrome de Asperger traz prejuízos 
na capacidade de socializar, de se comunicar com as pessoas e de 
interpretar o mundo, porém apresenta uma melhor adaptação social 
do que as crianças com autismo. Trata-se de uma forma diferente de 
ver e interagir com o mundo.
3. Sabemos que o TOC (transtorno obsessivo compulsivo) pode se 
manifestar já na infância, trazendo prejuízos ao desenvolvimento. 
Resolução das atividades 91
https://www.cognifit.com/br/habilidade-cognitiva/atencao-dividida
Descreva os dois tipos de TOC estudados e quais prejuízos você 
acredita que cada um pode trazer?
Transtorno obsessivo-compulsivo subclínico – as obsessões e 
rituais se repetem com frequência, mas não atrapalham a vida da 
pessoa.
Transtorno obsessivo-compulsivo propriamente dito – as 
obsessões persistem até o exercício da compulsão que alivia a 
ansiedade. Tal transtorno acarreta prejuízos para a criança durante a 
vida escolar, pois tais hábitos podem tirar a atenção de aula, ocasionar 
a saída de sala muitas vezes para lavar as mãos, por exemplo. Como 
o transtorno está relacionado à ansiedade, esta pode prejudicar seu 
tempo e qualidade das produções na escola.
4 Fatores que interferem na aprendizagem
1. Vimos que a afetividade é um fator importante para a 
aprendizagem, e que alguns autores concordam com esse fato, 
trazendo considerações importantes sobre ele. Escreva como 
Piaget entende a relação entre afetividade e aprendizagem e 
apresente um exemplo prático sobre isso.
Piaget defende a relação entre as construções cognitivas e as afetivas ao 
longo da existência humana. Ele destaca que inteligência e afetividade 
são dimensões indissociáveis e integradas ao desenvolvimento 
psicológico, portanto não é possível a sua separação. Sem afeto, não 
existe interesse nem necessidade e motivação. Um exemplo prático 
seria um aluno que não possui vínculo com o professor e com o 
ambiente da escola, pois ele dificilmente terá bom rendimento escolar.
2. Entre os fatores sociais que interferem na aprendizagem, vimos 
que a escola é uma grande responsável por essa questão. Cite 
quais são as questões voltadas ao ambiente escolar que podem 
interferir no desempenho escolar do aluno.
Algumas questões são: possuir estrutura física apropriada, com 
mobiliários adequados para a faixa etária; saber determinar quando, 
como e onde cada espaço escolar é organizado para favorecer a 
aprendizagem e a socialização; e promover um espaço que favoreça 
o contato e as relações também sociais, pois elas contribuem para a 
aprendizagem e aproximam professores e alunos.
92 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
3. Com relação aos fatores biológicos que interferem na 
aprendizagem, descreva o processo que acontece no encéfalo para 
que a aprendizagem ocorra.
O cérebro é o órgão da aprendizagem; ele é composto de bilhões de 
neurônios, que são as células nervosas, as quais interagem entre si 
e com outras células, formando redes neurais para que possamos 
aprender o que é significativo e relevante para a vida.
5 Prevenção, diagnóstico e intervenção
1. Sabemos que, para que a aprendizagem aconteça, as funções 
executivas devem estar em consonância. Entre as funções 
executivas estudadas está a atenção. Quais são os aspectos 
relacionados ao desenvolvimento da atenção? Qual exemplo 
prático se pode dar sobre essas questões? 
A atenção está relacionada a sustentação, foco, fixação, seleção de 
dados relevantes e irrelevantes e evitar distratores. Um exemplo 
prático de como a atenção acontece é a capacidade de manter o foco 
e não se distrair em sala de aula com conversas paralelas de colegas.
2. Fonseca (2014) ressalta algumas estratégias que auxiliam no 
desenvolvimento das funções executivas. Escolha uma dessas 
sugestões e relacione-a a um exemplo prático. 
Entre as sugestões de Fonseca (2014), podemos ter o de estabelecer 
objetivos com os alunos; antecipar tarefas, textos e trabalhos para 
melhor organização; priorizar e ordenar tarefasno espaço e no tempo 
para concluir projetos e realizar testes; organizar e hierarquizar dados, 
gráficos, mapas e fontes variadas de informação e de estudos; pensar, 
reter, manipular, memorizar e resumir dados ao mesmo tempo em 
que se lê.
3. Como prevenção às dificuldades de aprendizagem, é necessário 
que o professor tenha um entendimento diferenciado sobre o erro. 
Como seria esse entendimento?
O erro deve ser visto como instrumento de análise para o professor 
compreender o momento em que aluno se encontra e como ele 
entendeu o que foi ensinado, refletindo sobre possíveis reformulações 
em sua prática e, assim, trabalhando de maneira preventiva a partir 
do momento em que essas dificuldades sejam percebidas, o que 
pode acontecer precocemente.
Resolução das atividades 93
TRANSTORNOS
APRENDIZAGEM
DIFICULDADES DEE
Priscila Chupil
Transtornos e Dificuldades de Aprendizagem Priscila Chupil
ISBN 978-65-5821-111-2
9 786558 211112
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