Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL 
 
 
 
 
VENDA NOVA DO IMIGRANTE – ES 
 
 
 
 
Sumário 
 
1 A EVOLUÇÃO HISTÓRIA E TEÓRICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL (EA) .......... 3 
1.1 O Capítulo 36 da Agenda 21 ......................................................................... 5 
2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO CRÍTICA AO DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL: NOTAS SOBRE O MÉTODO .......................................................... 8 
2.1 Construindo Consenso Sobre a EA (Educação Ambiental) Associada ao 
Desenvolvimento Sustentável ................................................................................... 10 
3 ALIANÇA MUNDIAL PELA SUSTENTABILIDADE ............................................... 10 
3.1 A Década no Contexto da Globalização...................................................... 11 
3.2 Uma Grande Oportunidade para os Sistemas de Ensino............................ 11 
4 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, SIGNIFICADOS E 
INTERPRETAÇÕES ................................................................................................. 12 
4.1 Críticas e Objeções ao Desenvolvimento Sustentável ................................ 13 
4.2 Educação e sustentabilidade ...................................................................... 15 
5 SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NO BRASI L ................................................ 17 
5.1 O Nível Genético ......................................................................................... 18 
5.2 Nível De Espécies ....................................................................................... 19 
5.3 Estado da Conservação da Flora e da Fauna ............................................. 21 
5.4 Os Principais Ecossistemas Brasileiros ...................................................... 22 
6 ENERGIA SUSTENTÁVEL ................................................................................... 47 
6.1 Fontes renováveis de energia elétrica ........................................................ 49 
7 O PRINCÍPIO DOS TRÊS ERRES (3R’S) NA LEI Nº 12.305/2010: REDUZIR, 
REUTILIZAR E RECICLAR ....................................................................................... 55 
7.1 A participação popular................................................................................. 57 
7.2 Educação ambiental e sua importância para a implementação da lei nº 
12.305/2010................................................................................................................58 
8 RESÍDUOS SÓLIDOS E RECURSOS HÍDRICOS ............................................... 59 
 
 
 
8.1 Soluções Utilizadas para a Questão Hídrica ............................................... 62 
8.2 Gestão de resíduos sólidos......................................................................... 66 
8.3 Classificação dos resíduos sólidos ............................................................. 67 
8.4 Outros tipos de resíduos sólidos ................................................................. 74 
8.5 Resíduos industriais .................................................................................... 74 
8.6 Impactos Causados pela Disposição Inadequada dos Resíduos Sólidos ... 76 
8.7 Doenças Causadas Devido à Disposição Inadequada dos Resíduos 
Sólidos........................................................................................................................77 
8.8 Reciclagem: a indústria do presente ........................................................... 78 
8.9 Para onde vai o lixo? .................................................................................. 79 
9 CULTURA E SUSTENTABILIDADE EM FOCO: A CULTURA DA 
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL .......................................................................... 85 
9.1 Ambiente, Cultura e Sustentabilidade ......................................................... 86 
9.2 Cultura, produto do desenvolvimento do homem ........................................ 87 
9.3 A Cultura da Sustentabilidade Ambiental .................................................... 87 
9.4 Técnicas para Elaboração e Avaliação de Projetos Sustentáveis .............. 88 
10 O MEIO AMBIENTE E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL ...................... 91 
10.1 As Diferentes Concepções de Educação e de Educação Ambiental ........ 92 
10.2 Olhares e Práticas diferenciadas na Educação Ambiental........................ 92 
10.3 A construção do campo educativo-ambiental e o compromisso com a 
sociedade...................................................................................................................93 
10.4 Educação Ambiental Popular .................................................................... 95 
10.5 Educação Ambiental Crítica ...................................................................... 97 
10.6 A Metodologia Participativa como Ferramenta para a Educação Ambiental 
Crítica.........................................................................................................................99 
10.7 O Saber Ambiental .................................................................................. 100 
11 BIBLIOGRafia BÁSICA ..................................................................................... 102 
 
3 
 
 
1 A EVOLUÇÃO HISTÓRIA E TEÓRICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL (EA) 
O conceito de Educação Ambiental é mais antigo que o conceito de Educação 
para o Desenvolvimento Sustentável e, nos últimos anos, tem havido muita discussão 
sobre as inter-relações entre estes dois conceitos. O conceito de EA surgiu com a 
própria UNESCO, em 1946, mas foi reforçado em 1975, na Carta de Belgrado 
(UNESCO, 1975). Nessa Carta, afirmava-se que a meta da EA é formar uma 
população consciente e preocupada com o ambiente e com os problemas a ele 
associados e que seja capaz de trabalhar para resolver os problemas existentes e 
para evitar que surjam outros (LEITE & DOURADO,2015). 
Nos finais da década de 1980 e inícios da década de 1990 começou a emergir 
uma nova concepção de Educação que viria a designar-se como Educação para o 
Desenvolvimento Sustentável (EDS). 
Em 1997, a Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade, em 
Tessalónica, Grécia, considerou que os resultados da implementação das diversas 
orientações sobre EA tinham sido insuficientes e realçou a necessidade de uma 
educação voltada ao Desenvolvimento Sustentável (LEITE & DOURADO,2015). 
No Brasil, a Política Nacional de Educação Ambiental - Lei nº 9795/1999, em seu 
Artigo 1º estabelece que "entendem-se por educação ambiental os processos por 
meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, 
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, 
bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua 
sustentabilidade"(IATO, et al, 2014) . 
As Conferências de Estocolmo, em 1972, Belgrado (1975), Tbilisi (1977), 
Moscou (1987), Rio de Janeiro (1992), Tessalônica (1997), Rio+20 (2012) trouxeram 
em pauta a discussão da educação ambiental como um processo dialético de 
reconhecimento de valores e clarificação de conceitos, na busca de adoção de novos 
padrões de atitudes. 
 
 
 
 
 
4 
 
 
Imagem: Conferência de estolcomo 
 
 
Fonte: www.profes.com.br 
A Assembleia Geral das Nações Unidas com base na resolução n° 57/254 
instituiu a “Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento 
Sustentável” (2005-2014) com o propósito de estimular estratégias articuladas que 
permitissem à educação respostas às crises ambiental, social e econômica. Criaram-se assim condições que encorajaram os Estados-membros da ONU (entre eles o 
Brasil) a promoverem a integração dos valores do desenvolvimento sustentável em 
todas as formas de aprendizagem, abrindo perspectivas de diálogo entre os parceiros 
empenhados e com responsabilidades na construção de sociedades mais 
equilibradas ambiental, social e economicamente (IATO, et al, 2014). 
Segundo Barreto, & Vilaça, (2018), atualmente a educação ambiental é 
frequentemente complementada com ‘para a sustentabilidade’, sendo um tema 
relevante e prioritário nas discussões de diversas instituições governamentais e não 
governamentais. Assim a Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS) traz 
consigo elementos complementares àquela visão de EA apenas sob a vertente 
ambiente, aproximando da discussão elementos como sociedade e economia. 
Neste contexto, a disciplina de Educação e Desenvolvimento Sustentável 
pretende preparar o futuro Técnico Superior de Educação para o diagnóstico de 
 
5 
 
problemas econômicos sociais e ambientais, bem como para a análise de ações 
educativas capazes de minorá-los e ou evitá-los, de uma forma sustentada (LEITE & 
DOURADO,2015). 
Para dar cumprimento a esse propósito, um dos objetivos do programa da 
disciplina requer a análise das diversas perspectivas sobre EA e EDS, bem como a 
análise dos significados desses conceitos e das suas inter-relações, uma vez que, 
como já mencionado, não existe consenso absoluto sobre esse assunto. 
1.1 O Capítulo 36 da Agenda 21 
A Agenda 21 entendeu a "Promoção do treinamento" como um dos instrumentos 
mais importantes para desenvolver recursos humanos e facilitar a transição para um 
mundo mais sustentável, devendo ser dirigido a profissões determinadas e visar 
preencher lacunas no conhecimento e nas habilidades que ajudarão os indivíduos a 
achar emprego e a participar de atividades de meio ambiente e desenvolvimento. 
Segundo a Agenda 21, ao mesmo tempo, os programas de treinamento devem 
promover uma consciência maior das questões de meio ambiente e desenvolvimento 
como um processo de aprendizagem de duas mãos. A "Promoção de treinamento" 
tem os seguintes objetivos: 
 
1) estabelecer ou fortalecer programas de treinamento vocacional que atendam 
às necessidades de meio ambiente e desenvolvimento com acesso assegurado a 
oportunidades de treinamento, independentemente de condição social, idade, sexo, 
raça ou religião; 
 
2) promover uma força de trabalho flexível e adaptável, de várias idades, que 
possa enfrentar os problemas crescentes de meio ambiente e desenvolvimento e as 
mudanças ocasionadas pela transição para uma sociedade sustentável; 
 
3) fortalecer a capacidade nacional, particularmente no ensino e treinamento 
científicos, para permitir que Governos, patrões e trabalhadores alcancem seus 
objetivos de meio ambiente e desenvolvimento e facilitar a transferência e assimilação 
de novas tecnologias e conhecimentos técnicos ambientalmente saudáveis e 
socialmente aceitáveis; 
 
6 
 
4) assegurar que as considerações ambientais e de ecologia humana sejam 
integradas a todos os níveis administrativos e todos os níveis de manejo funcional, 
tais como marketing, produção e finanças. 
 
A partir da publicação do relatório Nosso futuro comum, produzido pela 
Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cmmad), a expressão 
desenvolvimento sustentável passou a ser difundida e tornou-se popular, com a 
Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Meio Ambiente (Cnumad), 
realizada no Rio de Janeiro, em 1992 (BARBIERI e SILVA, 2011). 
A Agenda 21, documento aprovado durante a Conferência do Rio de Janeiro, é 
um programa de ação abrangente para guiar a humanidade em direção a um 
desenvolvimento que seja ao mesmo tempo socialmente justo e ambientalmente 
sustentável. Ela é constituída por 40 capítulos, dedicados: às diversas questões 
sociais e ambientais de caráter planetário (erradicação da pobreza, proteção da 
atmosfera, conservação da biodiversidade etc.); ao fortalecimento dos principais 
grupos de parceiros para implantar as ações recomendadas (ONGs, governos locais, 
comunidade científica e tecnológica, sindicatos, indústria e comércio etc.); e aos meios 
de implementação, como mecanismos financeiros, desenvolvimento científico e 
tecnológico, cooperação internacional e a promoção do ensino (BARBIERI e SILVA, 
2011). 
Após a Eco-92, merecem menção, na discussão das ideias da educação 
ambiental, o "Congresso Mundial para Educação e Comunicação sobre Meio 
Ambiente e Desenvolvimento", Toronto, Canadá (1992) e o "I Congresso Ibero-
americano de Educação Ambiental: uma estratégia para o futuro", Guadalajara, 
México (1992), que se manifestaria em sequência, nos seguintes eventos: "II 
Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental: em busca das marcas de Tbilisi", 
Guadalajara, México (1997); "III Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental: 
povos e caminhos para o desenvolvimento sustentável", Caracas, Venezuela (2000); 
"IV Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental: um mundo melhor é 
possível", Havana, Cuba (2003) e "V Congresso Iberoamericano de Educação 
Ambiental", Joinville, Brasil (2006). 
A promoção do ensino está presente em praticamente todas as áreas e os 
programas da Agenda 21. Além disso, o Capítulo 36 é inteiramente dedicado à 
promoção do ensino, da conscientização pública e do treinamento. Embora conste em 
 
7 
 
seu preâmbulo que as recomendações da Conferência de Tbilisi ofereceram os 
princípios fundamentais desse capítulo, uma análise de seu texto mostra que ele foi 
muito mais influenciado pela Conferência Mundial do Ensino para Todos para a 
Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizado, realizada em Jomtien, 
Indonésia, em 1990. Com efeito, apenas uma única menção foi feita à EA em todo o 
texto do Capítulo 36. Esse fato mostra uma mudança de trajetória no âmbito das 
conferências intergovernamentais promovidas pela ONU e nos documentos 
produzidos por elas. A Declaração de Jomtien reafirma a ideia da educação como um 
direito fundamental de todos, mulheres e homens, de todas as idades, no mundo 
inteiro, e que pode contribuir para conquistar um mundo mais seguro, mais sadio, mais 
próspero e ambientalmente mais puro, ao mesmo tempo que favoreça o progresso 
social, econômico e cultural, a tolerância e a cooperação internacional. A Declaração 
reconhece que uma educação básica adequada é fundamental para fortalecer os 
níveis superiores de ensino, a formação científica e tecnológica e, por conseguinte, 
para alcançar um desenvolvimento autônomo. A educação básica é considerada, de 
modo amplo, como satisfação das necessidades de aprendizagem ao longo de toda 
a vida para todos (UNESCO, 1990). 
A Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS) foi criada em 1992 para 
acompanhar e avaliar a implantação das áreas de programas e atividades 
recomendadas pela Agenda 21 e a cooperação internacional relacionada com elas. A 
coordenação das atividades do Capítulo 36 da Agenda ficou a cargo da Unesco, que 
promoveu uma iniciativa internacional denominada Educação para o Futuro 
Sustentável (EPS), em 1994, com o propósito de reforçar os objetivos, as propostas e 
as recomendações constantes nesse capítulo e nas conferências mencionadas 
(BARBIERI e SILVA, 2011). 
Essa mudança de prioridade modificaria a atuação da Unesco e do Pnuma em 
relação à EA. Tal mudança foi precedida pelo encerramento, em 1995, das atividades 
do Piea, que havia sido criado como resultado da Conferência de Estocolmo, como já 
mencionado. Em 1997, a Assembleia Geral da ONU, com base nessa avaliação da 
CDS, adotou um programa para implantar a Agenda21, na qual os temas do Capítulo 
36 passaram a ter as prioridades citadas. Esse programa usa as expressões 
educação para a sustentabilidade e educação para o futuro sustentável, cujos temas 
centrais incluem, entre outros, a educação permanente, a educação interdisciplinar e 
a educação multicultural (BARBIERI e SILVA, 2011). 
 
8 
 
2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO CRÍTICA AO DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL: NOTAS SOBRE O MÉTODO 
Segundo Leher (2016), a matriz discursiva dessa orientação é o 
desenvolvimento sustentável que, a rigor, não é um conceito científico, mas, 
sobretudo, uma ideologia penetrante e indispensável ao capital, em um contexto em 
que os problemas socioambientais alcançam perigosa escala planetária e as 
resistências se ampliam. Está fora de questão que a eficiência energética e o controle 
dos resíduos avançaram de modo extraordinário nas últimas décadas, repercutindo 
de modo positivo em determinados indicadores ambientais e em certos territórios. 
Entretanto, é a lógica destrutiva do capital – materializada no desenvolvimento 
desigual do capital nos territórios – que calibra a forma de consumo de energia, o 
custo possível das mercadorias e define a escala de circulação das mesmas em 
âmbito planetário. 
A opção por um método que converte o Estado em unidade de análise bastante 
em si inevitavelmente leva à reiteração da ordem e ao reforço da institucionalidade 
vigente. Muitos estudos e pesquisas, ao focalizarem a análise interna desses 
documentos, concluem que existe uma polarização nas concepções sobre a 
problemática ambiental, como se houvesse um corte epistemológico entre o culto à 
vida silvestre e o eco cientificismo. A rigor, os dois enfoques possuem pressupostos 
comuns, conforme argumento adiante, ao examinar o Instituto (LEHER, 2016). 
 
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA. 
Antes de seguir a análise, uma rápida explicitação dos termos é necessária: 
 Culto à vida silvestre, orientação que busca se referenciar na ecologia – 
políticas que em geral resultam na delimitação de parques e áreas de 
preservação ambiental e da biodiversidade. Muitas dessas medidas são 
patrocinadas por organizações não governamentais de âmbito mundial, 
financiadas por corporações e, muito frequentemente, buscam regulamentar as 
reservas a despeito de conflitos com os povos que nelas vivem. 
 Proposições ecocientificistas que argumentam que é possível corrigir o padrão 
de acumulação do capital, melhorando a eficiência do uso dos recursos 
naturais e aperfeiçoando os mecanismos técnicos de controle da 
 
9 
 
contaminação. Se valem de proposições como desenvolvimento sustentável, 
modernização ecológica e indústrias verdes, validadas por selos de 
sustentabilidade ambiental. Essas proposições poderiam ser implementadas, 
na prática, por meio de impostos que levassem em consideração a variável 
ambiental, o uso de mercados de permissão de emissões e pelo 
desenvolvimento de tecnologias que economizassem energia e recursos 
naturais, por meio de formas mais eficientes e complexas de reciclagem: a ideia 
chave é a mitigação dos efeitos socioambientais da produção capitalista. 
 
A matriz discursiva dessa orientação é o desenvolvimento sustentável que, a 
rigor, não é um conceito científico, mas, sobretudo, uma ideologia penetrante e 
indispensável ao capital, em um contexto em que os problemas socioambientais 
alcançam perigosa escala planetária e as resistências se ampliam. Está fora de 
questão que a eficiência energética e o controle dos resíduos avançaram de modo 
extraordinário nas últimas décadas, repercutindo de modo positivo em determinados 
indicadores ambientais e em certos territórios. Entretanto, é a lógica destrutiva do 
capital – materializada no desenvolvimento desigual do capital nos territórios – que 
calibra a forma de consumo de energia, o custo possível das mercadorias e define a 
escala de circulação das mesmas em âmbito planetário. O exemplo da Articulação 
Internacional dos Atingidos pela Val é significativo. A coordenadora de iniciativas 
populares existe, justamente, em virtude dos efeitos devastadores provocados pela 
mineração da Vale em distintas partes do planeta. Produtos sofisticados, 
ambientalmente certificados, estão inseridos em cadeias produtivas globais, que 
contém nódulos que requerem despojo de populações e elevado custo 
socioambiental. O pensamento ambiental eurocêntrico ignora isso (LEHER, 2016). 
O desenvolvimento desigual do capitalismo, a circulação ampliada do capital e 
os processos contra tendenciais* frente à queda da taxa média de lucros explicam o 
motivo porque, a despeito dos avanços tecnológicos do pós-II Guerra, os problemas 
socioambientais agravaram-se de tal modo que a vida no planeta está sob ameaça, 
conforme os relatórios e pesquisas realizadas no âmbito do Painel Intergovernamental 
para a Mudança Climática - IPCC, na sigla em inglês, e sobretudo pela Conferência 
Mundial dos Povos sobre o Cambio Climático e os Direitos da Mãe Terra, realizado 
na Bolívia, em 2010 (LEHER, 2016). 
 
10 
 
2.1 Construindo Consenso Sobre a EA (Educação Ambiental) Associada ao 
Desenvolvimento Sustentável 
Após a Conferência de Estocolmo de 1972, a EA (Educação Ambiental) passou 
a receber atenção especial em praticamente todos os fóruns relacionados com a 
temática do desenvolvimento e do meio ambiente. Dela resultou a criação do 
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que viria a dividir com 
a Unesco as questões relativas à EA no âmbito das Nações Unidas. 
Foi estabelecido um plano de trabalho com 110 resoluções, e uma delas se 
refere à necessidade de implantar a EA de caráter interdisciplinar com o objetivo de 
preparar o ser humano para viver em harmonia com o meio ambiente (Resolução nº 
96). Para cumprir essa resolução, a Unesco e o Pnuma criaram o Programa 
Internacional de Educação Ambiental (Piea), com o objetivo de promover o 
intercâmbio de ideias, informações e experiências em EA entre as nações de todo o 
mundo, fomentar o desenvolvimento de atividades de pesquisa que melhorem a 
compreensão e a implantação da EA, promover o desenvolvimento e a avaliação de 
materiais didáticos, currículos, programas e instrumentos de ensino, favorecer o 
treinamento de pessoal para o desenvolvimento da EA e dar assistência aos Estados 
membros com relação à implantação de políticas e programas de EA (BARBIERI e 
SILVA, 2011). 
 
3 ALIANÇA MUNDIAL PELA SUSTENTABILIDADE 
Em 2006, a Unesco criou um grupo de referência para subsidiar a Secretaria da 
Década com insumos conceituais e estratégias. A Secretaria da Unesco para a 
Década, com base em estudos e pesquisas sobre a educação para o desenvolvimento 
sustentável (EDS), está produzindo materiais educativos para a formação necessária 
para facilitar a emergência de uma reforma educacional que inclua a sustentabilidade 
como princípio e diretriz e que nos conduza a uma nova qualidade do ensino-
aprendizagem. O Grupo de Referência da Década da Unesco tem como orientação 
básica cinco estratégias: 
 
 
11 
 
 estabelecer os princípios para uma grande aliança mundial pela 
sustentabilidade, governamental e não governamental; 
 concretamente, iniciar pela criação e acompanhamento dos trabalhos das 
comissões nacionais da Década; 
 criar centros de referência em diferentes partes do mundo para fomentar a 
discussão, a pesquisa e a intervenção na EDS; 
 estabelecer estreita ligação com outras iniciativas e décadas da ONU, tais 
como: Década da Alfabetização, Educação para Todos, HIV/Aids e os 
Objetivos do Milênio; 
 estabelecer uma estratégia de comunicação e informação fortemente 
ancoradanas novas tecnologias e, particularmente, na internet. 
3.1 A Década no Contexto da Globalização 
A globalização, impulsionada pela tecnologia, parece determinar cada vez mais 
nossas vidas. As decisões sobre o que nos acontece no dia-a-dia parecem nos 
escapar, por serem tomadas muito distante de nós, comprometendo nosso papel de 
sujeitos na história. Mas não é bem assim. Como fenômeno, como processo, a 
globalização é irreversível. Mas não esse tipo de globalização, esse modelo de 
globalização, o “globalista” (Ianni, 1996) ao qual estamos submetidos hoje: a 
globalização capitalista. Seus efeitos mais imediatos são o desemprego, o 
aprofundamento das diferenças entre os poucos que têm muito e os muitos que têm 
pouco, a perda de poder e de autonomia de muitos estados e nações. Há, pois, que 
distinguir os países que hoje comandam a globalização – os globalizadores (países 
ricos) – dos países que sofrem a globalização – os globalizados (pobres) 
(GADOTTI,2008). 
Dentro deste complexo fenômeno, pode-se distinguir também a globalização 
econômica, realizada pelas transnacionais, da globalização da cidadania. Ambas se 
utilizam da mesma base tecnológica, mas com lógicas opostas. 
3.2 Uma Grande Oportunidade para os Sistemas de Ensino 
A Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável se constitui numa 
grande oportunidade para a renovação dos currículos dos sistemas formais de 
 
12 
 
educação. O apelo do documento das Nações Unidas é, sobretudo, para os “Estados 
membros”. O documento resgata a história de lutas por uma cultura da 
sustentabilidade, desde Estocolmo (1972), passando pelo Nosso Futuro Comum 
(1987), pela Rio-92, pelo Fórum de Educação de Dakar (2000) e pelos Objetivos do 
Milênio (2002). 
A Década representa um meio de implementação do capítulo 36 da Agenda 21, 
buscando reorientar e potencializar políticas e programas educativos já existentes 
como o da educação ambiental e iniciativas como a da Carta da Terra. O capítulo 36 
da Agenda 21 enfatiza que a educação é um “fator crítico” para promover o 
desenvolvimento sustentável e para desenvolver a capacidade das pessoas no que 
se refere às questões do meio ambiente e do desenvolvimento. O mesmo capítulo 
identifica quatro desafios básicos para implementar uma EDS: melhorar a educação 
básica, reorientar a educação existente para alcançar o desenvolvimento sustentável, 
desenvolver a compreensão pública, o conhecimento e a formação (GADOTTI,2008). 
A educação para o desenvolvimento sustentável, apesar de sua ambiguidade, é 
uma visão positiva do futuro da humanidade, um consenso apoiado por uma grande 
maioria. Com o aquecimento global, a Década tornou-se ainda mais atual, e pode 
contribuir para a compreensão das grandes crises atuais (água, alimento, energia 
etc.). 
 
4 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, SIGNIFICADOS E 
INTERPRETAÇÕES 
O termo “desenvolvimento sustentável” surgiu a partir de estudos da 
Organização das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas, como uma resposta 
para a humanidade perante a crise social e ambiental pela qual o mundo passava a 
partir da segunda metade do século XX. Na Comissão Mundial para o Meio Ambiente 
e o desenvolvimento (CMMAD), também conhecida como Comissão de Brundtland, 
presidida pela norueguesa Gro Haalen Brundtland, no processo preparatório a 
Conferência das Nações Unidas – também chamada de “Rio 92” foi desenvolvido um 
relatório que ficou conhecido como “Nosso Futuro Comum”. Tal relatório contém 
informações colhidas pela comissão ao longo de três anos de pesquisa e análise, 
 
13 
 
destacando-se as questões sociais, principalmente no que se refere ao uso da terra, 
sua ocupação, suprimento de água, abrigo e serviços sociais, educativos e sanitários, 
além de administração do crescimento urbano (BARBOSA, 2008). 
O relatório Brundland considera que a pobreza generalizada não é mais 
inevitável e que o desenvolvimento de uma cidade deve privilegiar o atendimento das 
necessidades básicas de todos e oferecer oportunidades de melhoria de qualidade de 
vida para a população. Um dos principais conceitos debatidos pelo relatório foi o de 
“equidade” como condição para que haja a participação efetiva da sociedade na 
tomada de decisões, através de processos democráticos, para o desenvolvimento 
urbano (BARBOSA, 2008). 
Não é esperado que toda uma Nação se conscientize de seu papel essencial 
no quadro ambiental e social mundial. Apesar disso, as diversas discussões sobre o 
termo “desenvolvimento sustentável” abrem à questão de que é possível desenvolver 
sem destruir o meio ambiente. 
O Direito Ambiental deve ser firmado em princípios e normas específicas, que 
têm como premissa buscar uma relação equilibrada entre o homem e a natureza ao 
regular todas as atividades que possam afetar o meio ambiente. O fato de que o 
desenvolvimento sustentável tenha respaldo na comunidade brasileira e poder, 
através do Direito Ambiental, fazer parte de uma disciplina jurídica, torna o termo 
capaz de definir um novo modelo de desenvolvimento para o país (BARBOSA, 2008). 
4.1 Críticas e Objeções ao Desenvolvimento Sustentável 
A expressão “desenvolvimento sustentável” se tornou popular após a 
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada 
no Rio de Janeiro, em 1992, embora já estivesse presente, com diferentes 
denominações, desde a Conferência de Estocolmo, de 1972. 
A definição de desenvolvimento sustentável da Comissão Brundtand, de 1987, 
passou a ser citada em praticamente todos os documentos oficiais da ONU e suas 
agências, como a Unesco, Pnuma, Pnud, Unido e Unctad, em documentos oficiais de 
entidades intergovernamentais, como OMC, OMS e Banco Mundial, em leis nacionais 
e subnacionais, em documentos de empresas e ONGs, e já faz parte do repertório de 
pessoas mais esclarecidas do público em geral. Hoje, é crescente o número de 
empresas que a colocam em suas missões e declarações. A adesão foi tanta e tão 
 
14 
 
rápida que não é exagero afirmar que se trata de verdadeiro sucesso em termos de 
popularidade. Mas também não são poucos os que se manifestaram contrários à ideia 
de desenvolvimento sustentável. 
Com efeito, nas medidas de mitigação dos problemas socioambientais, as ações 
de educação ambiental são convocadas para provocar o encontro harmonioso entre 
os “cidadãos” expropriados e os grandes empreendimentos econômicos. As 
resistências verificadas no IBAMA e no ICMBio são trincheiras e ações localizadas 
que provocam correções, ajustes, revisões, mudanças de rota de gasodutos, 
indenização a pescadores e outros atingidos. Entretanto, as medidas de educação 
ambiental exigidas pelo órgão fiscalizador, ainda que a favor das populações afetadas, 
são efetivadas, via de regra, por parcerias público-privadas com organizações que, 
contraditoriamente, dependem do financiamento da empresa que o órgão público está 
interpelando. As tensões são inevitáveis, visto que o setor público exige a mitigação 
dos efeitos das ações provocadas pela empresa que financiará o programa de 
educação ambiental. É uma relação que, a despeito da correção, ética e disposição 
crítica da ONG (ou mesmo do grupo universitário), torna o futuro do trabalho crítico 
incerto e vulnerável às pressões mais ou menos sutis das empresas. Ademais, como 
é possível constatar nos grandes empreendimentos, essas medidas corretivas são 
rapidamente internalizadas nos custos dos produtos e serviços ou, então, têm seus 
cursos absorvidos pelo Estado, em nome da preservação ambiental. No cômputo 
geral, é um ambiente inóspito para vicejar o pensamento crítico, passível de ser 
adensado teoricamente e sistematizado (LEHER, 2016). 
De fato, aeducação ambiental crítica não pode ser nutrida teórica e 
politicamente, de modo endógeno, no âmbito do Estado. 
Se a educação ambiental crítica encontra dificuldade de se desenvolver, teórica 
e praticamente, nos conflitos advindos do processo de licenciamento de grandes 
empreendimentos, é necessário indagar se nas escolas públicas está sendo possível 
tal adensamento teórico-prático. Um exame dos programas governamentais, 
parcerias com empresas, experiências escolares e de formação docente, confirma 
que a perspectiva crítica se desenvolve em um ambiente educacional francamente 
hostil. Com efeito, a incorporação, nas diversas esferas do Estado, da agenda 
empresarial veiculada pelo Todos pela Educação, pela coalizão ultraconservadora 
Escola Sem Partido, pelas entidades sindicais patronais (Sistema S), pelas 
corporações (Vale S.A., Gerdau...) e pelas entidades empresariais do agronegócio 
 
15 
 
(Associação Brasileira do Agronegócio), torna quase que estéril o solo para vicejar a 
educação ambiental inscrita na perspectiva histórico-crítica e libertária. O controle do 
capital sobre a educação básica busca pasteurizar, por meio de seu moinho triturador, 
todas as práticas educativas críticas nas escolas (LEHER, 2016). 
Ademais, em virtude da presença de movimentos sociais que reivindicam a 
perspectiva crítica, os intelectuais do capital chegam a se valer até mesmo do léxico 
pós-moderno para assimilar e esvaziar as proposições emancipatórias de seus 
sentidos anticapitalistas produzidos nas lutas de classes. É necessário, por 
conseguinte, dialogar com a produção do conhecimento decorrente das lutas contra o 
despojo e de seus nexos com espaços de produção de conhecimento científico 
referenciado em uma ética pública. 
A retomada do crescimento com um objetivo do desenvolvimento sustentável 
tanto suscita críticas e desconfianças por diversas razões quanto aplausos e 
regozijos. No entanto, foi a menção à retomada do crescimento que trouxe 
popularidade ao desenvolvimento sustentável entre os políticos profissionais de modo 
geral, pois o crescimento econômico sempre foi bandeira fácil de carregar e de render 
votos. 
Para os governantes, o crescimento econômico gera impostos e uma gestão 
mais tranquila, pois aumenta a possibilidade de atender às demandas de diversos 
setores da sociedade, além do fato de que uma economia em crescimento gera menos 
greves e necessidades de recursos para atender desempregados. Um político que 
propõe em sua plataforma reduzir o crescimento econômico certamente teria uma vida 
política curta. (BARBIERI e SILVA, 2011). 
4.2 Educação e sustentabilidade 
A forma de educação que, em nível mundial, está sendo preconizada para 
enfrentar o desafio de construção de sociedades sustentáveis é a Educação para o 
Desenvolvimento Sustentável (EDS) ou a Educação para a Sustentabilidade (EpS). 
 
16 
 
 
Fonte: www.ver.pt 
Essa forma de educação passou a ser preconizada internacionalmente pela 
Organização das Nações Unidas (ONU) a partir de 2002 e tem como meta beneficiar 
as pessoas com uma educação em que seus valores e comportamentos possam gerar 
e gerir sociedades sustentáveis. 
À medida que os debates a respeito da sustentabilidade se aprofundam e 
envolvem cada vez mais pessoas, instituições e organizações da sociedade civil, 
compreendemos que a solução dos problemas ecológicos é complexa. Aos poucos, 
percebemos que sem uma mudança de paradigma certamente não seremos capazes 
de encontrar alternativas razoáveis aos grandes desafios que a crise ecológica impõe 
à sociedade global (TROMBETTA, 2014). 
Essa abordagem de desenvolvimento sustentável discute as desigualdades 
econômicas e sociais entre os diferentes países como uma das causas da degradação 
ambiental e propõe políticas para o enfrentamento desses problemas. No entanto, 
podemos observar que as estratégias propostas para substituir os atuais processos 
de crescimento econômico pelo desenvolvimento sustentável dizem respeito a 
modificações nas políticas de desenvolvimento, a mudanças nos processos de 
desenvolvimento econômico da sociedade atual. Em nenhum momento questiona-se 
o modelo de desenvolvimento em si, mas suas estratégias. Assim, desenvolvimento 
sustentável diz respeito a uma forma de crescimento econômico das nações que 
levam em conta o comprometimento dos recursos naturais para as futuras gerações. 
A nova ordem internacional a que ele se refere seria controlar a exploração dos 
 
17 
 
recursos naturais em níveis suportáveis em todo mundo. Em resumo, a proposta de 
desenvolvimento sustentável é de crescimento econômico com controle ambiental. A 
desigualdade é tratada como um desajuste a ser superado pela universalização do 
desenvolvimento econômico, porém com sustentabilidade (DE CAMPOS TOZONI-
REIS, 2011). 
Apesar desse aspecto, a influência do conceito de desenvolvimento sustentável 
manteve-se amparada principalmente no âmbito das políticas nacionais e 
internacionais. O Banco Mundial lançou em 1992 um relatório sobre desenvolvimento 
e meio ambiente, em que deixou clara sua postura neomalthusiana, afirmando que, 
apesar dos conflitos entre crescimento econômico e qualidade ambiental, é possível 
encontrar caminhos para adequar o modelo de crescimento econômico ao bem 
comum. 
 
5 SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NO BRASI L1 
Conhecer a biodiversidade brasileira é uma condição fundamental para a 
elaboração e o aperfeiçoamento de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento 
sustentável de nosso país. Ao se abordar a temática da biodiversidade, faz-se 
necessária uma breve definição do termo. 
 
 
Fonte: www.luciacangussu.bio.br 
 
1 Texto extraído do site: 
http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/livros/livros/livro07_sustentabilidadeambienta.pdf 
 
18 
 
A relevância desse tema se traduz na decisão, pela Assembleia-Geral da 
Organização das Nações Unidas (ONU), de declarar 2010 como o Ano Internacional 
da Biodiversidade, com o objetivo precípuo de aumentar a consciência sobre a 
importância da preservação da biodiversidade em todo o mundo, assim como destacar 
sua influência na qualidade de vida humana e dinamizar iniciativas de redução da sua 
perda (CARDOSO JR, 2010). 
A diversidade dentro de espécies abrange toda a variação de indivíduos de uma 
população, bem como entre populações distintas de uma mesma espécie. Embora 
essa definição pudesse incluir outros aspectos, tais como diversidade morfológica e 
comportamental, entre outras, na prática, vem sendo tratada como equivalente à 
diversidade genética. 
A diversidade entre espécies, por sua vez, refere-se usualmente ao número de 
espécies (riqueza) presentes em determinado tipo de ambiente ou região de interesse 
– por exemplo, o Brasil. Ainda como apontado por esses autores, a diversidade de 
ecossistemas é mais ambígua que as outras categorias relacionadas na CDB e, em 
termos práticos, vem sendo abordada como a diversidade de fisionomias de 
vegetação, de paisagens ou de biomas (CARDOSO JR, 2010). 
5.1 O Nível Genético 
A diversidade genética está na base dos processos ecológico-evolutivos, que 
determinam, em última instância, a constituição dos níveis superiores (espécies e 
ecossistemas). A manutenção da composição intraespecífica de alelos (diferentes 
versões de um mesmo gene) é tão importante quanto a conservação de espécies ou 
ecossistemas. Essa composição pode variar muito entre os indivíduos de uma mesma 
população ou entre populações diferentes de uma mesma espécie. Isso significa que 
em uma população com 100 irmãos ou primos espera-se encontrar menos 
biodiversidade do que em uma com indivíduosnão aparentados. 
Conservar a variabilidade intraespecífica é importante dos pontos de vista ético 
e estético, mas também por motivos mais pragmáticos. 
A baixa diversidade genética compromete a viabilidade de populações em longo 
prazo, pois diminui sua capacidade de adaptação a mudanças ambientais e sua 
resiliência a estresses bióticos ou abióticos – como ataques de patógenos ou períodos 
muito quentes. Uma população geneticamente homogênea, ainda que grande, 
 
19 
 
sempre possui maior risco de extinção, pois pode ter todos os seus indivíduos 
dizimados por uma mesma doença, por exemplo. 
Uma vez que a perda de hábitats e a fragmentação são as maiores responsáveis 
pela redução da diversidade genética, investir no desenvolvimento de técnicas de 
manejo em paisagens fragmentadas reveste-se de uma importância evidente. Sabe-
se, por exemplo, que a persistência de populações em paisagens fragmentadas é 
criticamente dependente da manutenção da conectividade entre fragmentos, o que 
diminui o isolamento (CARDOSO JR, 2010). 
Pesquisas sobre a ecologia e a genética de populações mostram-se 
fundamentais, pois o desconhecimento do poder de dispersão das espécies de 
interesse, assim como da sua estrutura genética populacional antes da fragmentação, 
pode ser um sério empecilho à sua conservação. Estudos com anfíbios e aves 
mostram que a erosão genética não ocorre imediatamente após o processo de 
fragmentação. Assim, a preservação de fragmentos onde a deriva genética e a 
endogamia ainda não são pronunciadas pode ser crítica para a manutenção da 
diversidade genética e viabilidade das populações em uma determinada região. 
Apesar de poucos projetos terem abordado efeitos temporais da fragmentação, os 
resultados indicam que diferentes estratégias devem ser adotadas de acordo com a 
idade dos fragmentos (CARDOSO JR, 2010). 
5.2 Nível De Espécies 
A diversidade é um dos aspectos mais fascinantes do mundo vivo. Nos últimos 
300 anos, a partir das viagens de exploração – a mais célebre certamente foi a de 
Darwin a bordo do Beagle – o conhecimento sobre a diversidade da vida cresceu 
exponencialmente. Fundamentais à sua consolidação foram as teorias sobre a 
definição biológica de espécie. Ainda que não seja um consenso, já que atualmente 
há diversas definições para a espécie, o conceito proposto por Mayr (1999) 
fundamenta-se em três premissas: 
 
 A espécie é um grupo de populações naturais reprodutivamente isolado de 
outros grupos semelhantes; 
 
20 
 
 Considerando seu isolamento reprodutivo, todos os processos evolutivos que 
ocorram em uma determinada espécie restringem-se a ela e a seus 
descendentes: a espécie seria a moeda da evolução biológica; e 
 A espécie é também a unidade básica em ecologia e nenhum ecossistema será 
compreendido de forma plena sem que se conheçam as espécies que o 
integram e suas respectivas interações. Dessa maneira, a diversidade – ou 
riqueza – de espécies traduz-se em inestimável patrimônio sob os pontos de 
vista evolutivo, ecológico e econômico (CARDOSO JR, 2010). 
 
A tarefa de apresentar um diagnóstico do estado da biodiversidade brasileira em 
nível de espécies é gigantesca, considerando sua acentuada riqueza e, ao mesmo 
tempo, a magnitude daquilo que ainda falta ser conhecido. O estudo mais abrangente 
até o momento, no que se refere à síntese do conhecimento atual, foi realizado no 
âmbito do projeto Estratégia Nacional da Biodiversidade, do MMA. A partir de 
informações obtidas de especialistas nos grupos taxonômicos mais bem conhecidos 
e catalogados, estimou-se que o país teria, em média, cerca de 13% do total mundial 
desses grupos, algo entre 168.640 e 212.650 espécies. 
Enquanto para organismos maiores da biota vegetal e animal a aplicação dos 
métodos tradicionais de classificação possibilita a identificação da espécie, para os 
microrganismos é comum que a caracterização taxonômica seja feita apenas em nível 
de gênero, o que traz restrições às estimativas de riqueza de espécies para a 
microbiota. Sob o aspecto de estudo da diversidade, há ainda limitações associadas 
à grande variabilidade genética registrada em microrganismos em ambiente natural 
(não cultivados em laboratório). Dessa maneira, antes da abordagem sobre o estado 
de conhecimento da flora e da fauna, apresentam-se aspectos singulares acerca da 
diversidade e da conservação da microbiota (CARDOSO JR, 2010). 
Microrganismos são seres vivos unicelulares microscópicos, incluindo bactérias, 
arqueas, fungos, protozoários e vírus. Sua importância ecológica e econômica é 
fundamental: toda a cadeia da vida no planeta, assim como parte significativa das 
atividades econômicas, depende dos processos por eles realizados, destacando-se 
atividades de fotossíntese, ciclagem de nutrientes, manutenção da fertilidade e 
estrutura de solos e processos industriais em diversos setores, destacando-se os de 
química, papel e celulose, alimentos e bebidas. Além disso, microrganismos 
desempenham papel fundamental no tratamento de efluentes industriais, esgotos e 
 
21 
 
resíduos sólidos. O isolamento e o cultivo de microrganismos em laboratório 
respondem também por considerável parcela das inovações nas áreas médica, 
biotecnológica e ambiental. A despeito de sua importância, há uma significativa 
defasagem no conhecimento de sua diversidade em relação a outros grupos, tais 
como animais e plantas superiores. Em nível mundial, estima-se que tenham sido 
descritos cerca de 5% das espécies estimadas de fungos, 0,1% a 12% dos procariotos 
(arqueas e bactérias), 31% dos protozoários e 4% dos vírus. Como o conhecimento 
sobre a diversidade desses grupos no Brasil é ainda incipiente, presume-se que 
também há um vasto campo propício à descoberta de novas espécies (CARDOSO 
JR, 2010). 
Os invertebrados respondem por 95% das espécies animais hoje viventes e o 
número de espécimes tombados em coleção brasileira é quase oito vezes maior que 
o total de vertebrados. Ainda que a maioria dos filos seja total ou parcialmente 
marinha, os invertebrados terrestres destacam-se pela sua riqueza e suas 
importâncias ecológica e econômica. Há filos numerosos, como o Arthropoda,9 que 
inclui aproximadamente 1,5 milhão de espécies já descritas e estudos recentes 
estimam que esse total pode alcançar até quarenta vezes o número atualmente 
conhecido. 
Avaliado de forma resumida o estado de conhecimento da biodiversidade, 
busca-se a seguir apresentar o nível de proteção – e por consequência de ameaça – 
a que estão sujeitas as espécies brasileiras. 
5.3 Estado da Conservação da Flora e da Fauna 
A primeira lista oficial brasileira das espécies de plantas ameaçadas de extinção 
data de 1968, tendo sido identificadas 13 espécies de plantas, sendo que metade era 
de orquídeas. Em 1980, houve a segunda atualização, com o acréscimo de apenas 
uma espécie. A terceira atualização veio após 12 anos, em janeiro de 1992; poucos 
meses depois, em abril, ocorreu a quarta atualização, com o acréscimo de apenas 
uma planta. A partir daquele ano, incluíram-se nessa lista espécies de biomas 
diversos à Mata Atlântica, refletindo o processo de ocupação dos estados da 
Amazônia e dos cerrados do Centro-Oeste. Desde então, a quantidade de espécies 
ameaçadas praticamente aumentou dez vezes. Apenas recentemente, em 2008, a 
 
22 
 
lista de plantas superiores foi novamente atualizada, listando 472 espécies 
ameaçadas de extinção e 1.079 com deficiência de dados. 
5.4 Os Principais Ecossistemas Brasileiros 
O Brasil possui uma grande diversidade de ecossistemas. Quase todo o seu 
território está situado na zona tropical. Por isso, nosso país recebe grande quantidade 
de calor durantetodo o ano, o que favorece essa grande diversidade. Veja, no mapa 
a seguir, exemplos dos principais ecossistemas encontrados no Brasil. 
 
 
Fonte: www.estudokids.com.br 
 Floresta Amazônica 
Estende-se além do território nacional, com chuvas frequentes e abundantes. 
Apresenta flora exuberante, com espécies, como a seringueira, o guaraná, a vitória-
régia, e é habitada por inúmeras espécies de animais, como o peixe-boi, o boto, o 
 
23 
 
pirarucu, a arara. Para termos uma ideia da riqueza da biodiversidade desses 
ecossistemas, ele apresenta, até o momento, 1,5 milhão de espécies de vegetais 
identificadas por cientistas. 
 
 
Fonte: www.fatosdesconhecidos.com.br 
Com uma área de aproximadamente 5,5 milhões de km², a Floresta 
Amazônica é a principal cobertura vegetal do Brasil, ocupando 45% do nosso 
território, além de espaços de mais nove países, sendo também a maior floresta 
tropical do mundo. É chamada de Floresta latifoliada equatorial. 
A Floresta Amazônica caracteriza-se por ser heterogênea, havendo um elevado 
quantitativo de espécies, com cerca de 2500 tipos de árvores e mais de 30 mil tipos 
de plantas. Além disso, ela é perene, ou seja, permanece verde durante todo o ano, 
não perdendo as suas folhas no outono. Apresenta uma densidade elevada, o que é 
propício ao grande número de árvores por m². 
Costuma-se classificar essa floresta conforme a proximidade dos cursos d’água. 
Dessa forma, existem três subtipos principais: mata de igapó, mata de várzea e mata 
de terra firme. 
 
 
 
24 
 
 Mata de Igapó 
Também chamada de floresta alagada, a mata de igapó caracteriza-se por se 
localizar muito próxima aos rios, estando permanentemente inundada. Apresenta 
plantas de pequeno porte em comparação ao restante da vegetação da Amazônia e 
que costumam ser hidrófilas, ou seja, adaptadas à umidade. Possui, em geral, raízes 
elevadas que acompanham os troncos. 
 
 
Fonte: www.infoescola.com 
 Mata de Várzea 
Assim como a mata de igapó, a várzea também sofre com as inundações, porém 
apenas no período das cheias dos grandes rios, por se encontrar em áreas um pouco 
mais elevadas. 
 
25 
 
 
Fonte: meioambiente.culturamix.com 
É uma mata muito fechada, com elevada densidade, árvores altas (em média 
20m de altura) e, em geral, com galhos espinhosos, o que dificulta o seu acesso. As 
espécies mais conhecidas são o Jatobá e a Seringueira, essa última muito usada na 
extração de látex, a matéria-prima da borracha. 
 
 Mata de Terra Firme 
Também chamada de caetê, a mata de terra firme caracteriza-se por se 
encontrar relativamente distante dos grandes cursos d’água, localizando-se em 
planaltos sedimentares. Em razão disso, não costuma ser alvo de inundações, 
recobrindo a maior parte da floresta e apresentando as maiores médias de altura 
(algumas árvores chegam a alcançar os 60m). 
 
 
26 
 
 
Fonte: cristalinolodge.com.br 
A importância da Floresta Amazônica reside, principalmente, em sua função 
ambiental. No entanto, ao contrário do que muitos pensam, ela não é o “pulmão do 
mundo”, pois o oxigênio por ela produzido é consumido pela própria floresta. Sua 
importância ambiental reside no controle das temperaturas, graças ao aumento da 
umidade, que é resultado da constante evapotranspiração da floresta, produzindo 
massas de ar úmido para todo o continente sul-americano, os chamados Rios 
Voadores. 
É importante não confundir o Bioma Amazônia com a Floresta Amazônica. O 
primeiro termo refere-se às características gerais que envolvem a mata, os animais, 
os rios, os solos e a flora, o segundo limita-se às características da floresta. 
 
27 
 
Fonte: www.sobiologia.com.brp 
 
 Mata de Cocais 
A mata de cocais situa-se entre a floresta amazônica e a caatinga. São matas 
de carnaúba, babaçu, buriti e outras palmeiras. Vários tipos de animais habitam esse 
ecossistema, como a arara canga e o macaco cuxiú. 
A Mata dos Cocais é um tipo de cobertura vegetal situada entre as florestas 
úmidas da região Norte e as terras semiáridas do Nordeste do Brasil, sendo uma zona 
de transição entre os biomas Caatinga, Floresta Amazônica e Cerrado. Abrange 
predominantemente o Meio-Norte (sub-região formada pelos estados do Maranhão e 
Piauí), mas também se estende pelos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e 
Tocantins. 
Influenciado pela sua localização, esse bioma possui três tipos de 
climas: equatorial úmido - quente e chuvoso, predominando em menos de 20% do 
bioma; tropical semiúmido - predomina em mais de 65%, com estações secas e 
úmidas bem definidas e temperaturas médias elevadas; tropical semiárido – quente e 
seco, com chuvas escassas e irregulares, predomina em 15% do bioma. 
A Mata dos Cocais se formou ocupando lacunas de outras formações vegetais 
(cerrados e florestas amazonenses), que foram desmatadas para criação de pasto e 
exploração de madeira. Seu solo é rico em minérios como: ferro, ouro, 
diamante, bauxita, alumínio e níquel. Uma característica interessante é que o solo, na 
 
28 
 
região dos cocais, possui um lençol freático pouco profundo, permanecendo úmido o 
ano inteiro. 
 
 
Fonte: educacao.uol.com.br 
A vegetação da Mata dos Cocais é dominada pela palmeira babaçu (sendo a 
mais importante a Orbignya speciosa), que predomina nos locais mais úmidos como 
o Maranhão, norte do Tocantins e oeste do Piauí. Na área menos úmida, que abrange 
o leste do Piauí e litorais do Ceará e Rio Grande do Norte, predomina a palmeira 
carnaúba (Copernicia cerifera). As outras principais palmeiras são o buriti (Mauritia 
flexuosa) e a oiticica (Licania rigida). Uma grande quantidade de arbustos e 
vegetações de pequeno porte também são encontradas nos locais de menores 
altitudes. 
O babaçu chega a atingir 20 metros de altura e uma árvore pode produzir até 
2.000 frutos (cocos) por ano. Dentro dos frutos existem as amêndoas, das quais é 
extraído um óleo muito utilizado em diversas indústrias (alimentícias, farmacêuticas, 
químicas, etc.). Outras partes do coco também são aproveitadas, como o epicarpo 
(camada externa), que é utilizado na produção de estofados, embalagens, vasos, 
placas, etc. 
A carnaúba também é utilizada de várias formas. O uso mais importante é a 
extração da cera de suas folhas, que é utilizada na fabricação de diversos produtos. 
 
29 
 
Assim, a Mata dos Cocais representa uma importante fonte de renda para a população 
local. (CARDOSO JR, 2009). 
A fauna nesse bioma é muito diversa, destacando-se a arara-vermelha, gavião-
real, jaguatirica, lobo-guará, macaco cuxiú (endêmico do Brasil) e outras muitas 
espécies de mamíferos, aves, répteis e anfíbios. Nos rios vivem a ariranha, o boto, o 
acará-bandeira (peixe), entre outros. 
A Mata dos Cocais está sendo prejudicada pelo desmatamento desordenado 
para desenvolvimento da pecuária e cultura de soja. Além disso, a extração de 
minerais que ocorre nesse ambiente acaba por fragilizá-lo ainda mais. 
 
 Mata Atlântica 
Com uma área de 1.110.182 km2, o bioma Mata Atlântica10 é um complexo 
ambiental que incorpora cadeias de montanhas, platôs, vales e planícies ao longo de 
toda a faixa continental atlântica brasileira, avançando em direção ao interior do Brasil 
nas regiões sudeste e sul (CARDOSO JR, 2009). 
Essa enorme biodiversidade é resultado, em grande parte, da ampla gama de 
latitudes pela qual a Mata Atlântica se distribui (27º de 3ºS a 30ºS), das grandes 
variações em altitude (desde o nível do mar até 2.700 m, nas montanhas da 
Mantiqueira e Caparaó, nos estados de São Paulo, Minas Gerais, do Rio de Janeiro e 
do Espírito Santo) e dos regimes climáticosdiversos presentes ao longo de sua 
extensão – desde regimes subúmidos e estações secas no Nordeste até áreas que 
atingem 4 mil mm/ano de pluviosidade, nas montanhas da Serra do Mar. 
A cobertura vegetal da Mata Atlântica começou a ser mapeada utilizando-se a 
análise de imagens de satélite no início da década de 1990, em um trabalho conjunto 
entre a organização não governamental SOS Mata Atlântica e o Inpe. Desde então, 
as duas instituições têm publicado regularmente um atlas contendo informações sobre 
a dinâmica da vegetação da Mata Atlântica – desmatamentos, fragmentação e, mais 
recentemente, regeneração. A quinta e última edição, correspondente ao período 
2005-2008, foi lançada em 2009 (CARDOSO JR, 2009). 
Unidades de conservação podem ser consideradas como fragmentos de habitat 
natural em um bioma altamente modificado pela ação humana, como é o caso da Mata 
Atlântica – mas também de outros biomas já bastante desflorestados e alterados, 
como a Caatinga e o Cerrado. A descontinuidade que existe entre as UCs, preenchida 
 
30 
 
por uma paisagem antropizada constituída por áreas urbanas, industriais e rurais, 
áreas degradadas e em regeneração, bem como as características dos 
remanescentes da paisagem natural (por exemplo, tamanho, perímetro e grau de 
isolamento – distância – em relação a fragmentos adjacentes) têm implicações 
importantes em relação à capacidade desses fragmentos conservarem a 
biodiversidade 
 
 Pantanal 
Com uma área total de 150.355 km2, o bioma Pantanal está inserido na Bacia 
do Alto Paraguai e abrange no Brasil parte dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso 
do Sul. Seus limites coincidem com a chamada “Planície do Pantanal” ou “Pantanal 
Mato-grossense”, que representa a parte mais baixa da bacia hidrográfica e é também 
a maior superfície interiorana inundável do mundo (IBGE, 2004a). 
Considerando-se sua reduzida área em relação aos demais biomas brasileiros, 
a riqueza de espécies do Pantanal pode ser considerada elevada, embora haja na 
região um baixo número de endemismos. 
A principal atividade econômica no Pantanal é a pecuária bovina de corte, 
realizada de forma extensiva em pastagens naturais. O gado foi introduzido em 
fazendas no Pantanal a partir de 1740, o que foi favorecido por extensas áreas de 
campo nativo. Porém, foi somente a partir de 1914, com a criação da Estrada de Ferro 
Noroeste do Brasil – de Bauru a Corumbá –, que a pecuária entrou no circuito 
nacional. 
Por se tratar de um bioma altamente influenciado pelo regime hídrico, qualquer 
intervenção humana que altere os ciclos hidrológicos naturais poderá colocar em risco 
a biodiversidade, as populações humanas e as atividades econômicas estabelecidas 
na região. Nesse sentido, as maiores ameaças ao bioma referem-se à execução de 
dragagens, à construção de diques e barragens ao longo da planície do Pantanal, ou 
mesmo no planalto adjacente, pertencente à Bacia do Alto Paraguai, onde estão 
localizadas as cabeceiras de diversos rios que compõem a bacia pantaneira. 
 
31 
 
 
Fonte: www.vix.com 
O bioma Pantanal conta com apenas cinco UCs, o menor número e o que 
proporcionalmente tem a menor cobertura por UCs entre os biomas continentais 
brasileiros. São duas UCs federais e três estaduais, todas de proteção integral, cuja 
área total soma aproximadamente 440 mil ha, o que corresponde a 2,9% da área do 
bioma. As duas UCs federais, o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense 
(135.600 ha) e a Estação Ecológica do Taiamã (14.300 ha), foram criadas em 1981. 
Em 2000 o Mato Grosso do Sul criou o Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro 
(77 mil ha) e na década atual o Mato Grosso constituiu suas duas unidades, o Parque 
Estadual do Guirá (103 mil ha) e o Monumento Natural Estadual Morro de Santo 
Antônio (258 ha). 
 
 Campos Sulinos 
No Brasil, o bioma Campos Sulinos abrange parte do território do Rio Grande do 
Sul. São cerca de 170 mil Km2. Além das fronteiras do país, ele se estende por terras 
do Uruguai e da Argentina. 
Os campos sulinos são também conhecidos como pampas, palavra de origem 
indígena que quer dizer “região plana”. Na verdade, os pampas são apenas um 
 
32 
 
pedaço das terras dos campos sulinos. O bioma engloba também campos mais altos 
e algumas áreas semelhantes a savanas. 
Nos campos do Sul já foram encontradas 102 espécies de mamíferos, 476 de 
aves e 50 de peixes. 
Para que você possa imaginar como é a fauna deste bioma, vamos citar alguns 
de seus integrantes. No grupo dos mamíferos, podemos citar o tatu, o guaxinim, o 
zorrilho, o graxaim (Pseudalopex gymnocercus) e outras duas espécies em risco de 
extinção: o gato-dos-pampas ou gato palheiro (Leopardus pajeros) e a preguiça-de-
coleira. 
 
 
Fonte: www.emaze.com 
Entre as aves mais comuns estão o cisne-de-pescoço-preto, o marreco, a perdiz, 
o quero-quero, o pica-pau do campo e a coruja-buraqueira, que ganhou este nome 
por fazer seus ninhos em buracos cavados no solo. 
Fazem parte das 50 espécies de peixes catalogadas o lambari-listrado, o 
lambari-azul, o tambuatá, o surubim e o cação-anjo. 
E por lá existem também répteis e insetos. No primeiro grupo está a tartaruga-
verde-e-amarela, a jararaca-do-banhado, a cobra-cipó e o cágado-de-barbicha. Entre 
 
33 
 
os insetos, podemos destacar a vespa da madeira e o conhecido bicho-da-maçã, 
também chamado traça-das-frutas. 
São chamados de pampas os campos mais planos que estão localizados ao sul 
do estado do Rio Grande do Sul. Neles existe uma vegetação campestre, que parece 
um imenso tapete verde. Nos pampas predominam espécies que medem até um 
metro de altura. São comuns as gramíneas, que às vezes transformam os campos em 
grandes capinzais. 
Nos pampas a vegetação pode, então, ser considerada rala e pobre em 
espécies. Ela vai se tornando mais rica nas proximidades de áreas mais altas. Nas 
encostas de planaltos, existem matas com grandes pinheiros e outras árvores, como 
a Cabreúva, a grápia, a caroba, o angico-vermelho e o cedro. Nestas regiões, 
chamadas de campos altos, é encontrada a Mata de Araucária, onde a espécie vegetal 
predominante é o pinheiro-do-paraná. 
Próximo ao litoral, a paisagem é marcada pela presença de banhados, 
ambientes alagados onde aparecem juncos, gravatás e aguapés. O mais conhecido 
banhado é o de Taim, onde foi criada, em 1998, uma estação ecológica administrada 
pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis) para preservação de tão importante ecossistema. 
Na região dos pampas o solo é fértil. Por isso, estes campos são normalmente 
procurados para desenvolvimento de atividades agrícolas. 
Ainda mais férteis são as áreas com solo do tipo "terra roxa", batizado assim 
devido ao nome que receberam dos italianos que vieram para o Brasil trabalhar na 
lavoura. Por causa de sua cor avermelhada, eles chamavam o solo de terra 
rossa, pois em italiano, rosso é vermelho. Só que quem começou a chamar de terra 
roxa não sabia italiano e acabou confundindo rosso com roxo por conta do som da 
palavra. 
Em áreas de planalto os solos são também avermelhados, mas não possuem a 
fertilidade da terra roxa. Na planície litorânea o solo é bastante arenoso. 
Algumas áreas dos pampas estão sofrendo processo de desertificação, devido 
à retirada da vegetação nativa e sua substituição por monoculturas ou pastos. 
O relevo nos campos sulinos é suavemente ondulado. Predominam planícies, 
mas podem ser encontradas algumas colinas, na região conhecidas como “coxilhas”. 
 
34 
 
Além das coxilhas existem também alguns planaltos. Cavernas e grutas são 
comuns. A pedra do Segredo, em Caçapava do Sul, tem 160 metros de alturae três 
cavernas em seu interior. 
Destacam-se como rios importantes deste bioma o Santa Maria, o Uruguai, o 
Jacuí, o Ibicuí e o Vacacaí. Estes e outros da região se dividem em duas bacias 
hidrográficas: a Costeira do Sul e a do rio da Prata. Tratam-se de rios que apresentam 
boas condições para navegação, constituindo verdadeiras hidrovias na região. 
Próximo ao litoral existem muitos lagos e lagoas. A Lagoa dos Patos, localizada 
no município de São Lourenço do Sul, é a maior laguna do Brasil e a segunda maior 
da América Latina, com 265 km de comprimento. 
O clima da região é o subtropical úmido. O que isso significa? Bom, isso quer 
dizer que, nos campos sulinos, os verões são quentes, os invernos são frios e chove 
regularmente durante todo o ano. 
Quando falamos em invernos frios, estamos falando de temperaturas que podem 
registrar menos que 0º C, ou seja, que podem ser negativas. Quando falamos de 
verões quentes, estamos falando de temperaturas que podem chegar a 35º C. É a 
região com a maior amplitude térmica do país, isto é, onde há maior variação de 
temperatura. 
 
 Caatinga 
A caatinga, palavra originária do tupi-guarani, que significa “mata branca”, é o 
único sistema ambiental exclusivamente brasileiro. Possui extensão territorial de 
734.478 km², correspondendo a cerca de 10% do território nacional. Ela está presente 
nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, 
Bahia, Piauí e norte de Minas Gerais. 
 
35 
 
 
Fonte: www.ecoprimos.com.br 
As temperaturas médias anuais são elevadas, oscilam entre 25°C e 29°C. O 
clima é semiárido; e o solo, raso e pedregoso, é composto por vários tipos diferentes 
de rochas. 
A ação do homem já alterou 80% da cobertura original da caatinga, que 
atualmente tem menos de 1% de sua área protegida em 36 unidades de conservação, 
que não permitem a exploração de recursos naturais. 
As secas são cíclicas e prolongadas, interferindo de maneira direta na vida de 
uma população de, aproximadamente, 25 milhões de habitantes. 
As chuvas ocorrem no início do ano e o poder de recuperação do bioma é muito 
rápido, surgem pequenas plantas e as árvores ficam cobertas de folhas. 
A região enfrenta também graves problemas sociais, entre eles os baixos níveis 
de renda e de escolaridade, a falta de saneamento ambiental e os altos índices de 
mortalidade infantil. 
Desde o período imperial, tenta-se promover o desenvolvimento econômico na 
caatinga, porém, a dificuldade é imensa em razão da aridez da terra e da instabilidade 
das precipitações pluviométricas. A principal atividade econômica desenvolvida na 
caatinga é a agropecuária. A agricultura destaca-se na região através da irrigação 
 
36 
 
artificial, possibilitada pela construção de canais e açudes. Alguns projetos de 
irrigação para a agricultura comercial são desenvolvidos no médio vale do São 
Francisco, o principal rio da região, juntamente ao Parnaíba. 
 
Vegetação – As plantas da caatinga são xerófilas, ou seja, adaptadas ao clima 
seco e à pouca quantidade de água. Algumas armazenam água, outras possuem 
raízes superficiais para captar o máximo de água da chuva. E há as que contam com 
recursos para diminuir a transpiração, como espinhos e poucas folhas. A vegetação é 
formada por três estratos: o arbóreo, com árvores de 8 a 12 metros de altura; o 
arbustivo, com vegetação de 2 a 5 metros; e o herbáceo, abaixo de 2 metros. Entre 
as espécies mais comuns estão a amburana, o umbuzeiro e o mandacaru. Algumas 
dessas plantas podem produzir cera, fibra, óleo vegetal e, principalmente, frutas. 
Fauna – A fauna da caatinga é bem diversificada, composta por répteis 
(principalmente lagartos e cobras), roedores, insetos, aracnídeos, cachorro-do-mato, 
arara-azul (ameaçada de extinção), sapo-cururu, asa branca, cutia, gambá, preá, 
veado-catingueiro, tatupeba, sagui-do-nordeste, entre outros animais. 
 
A primeira área protegida criada no bioma foi a Floresta Nacional do 
AraripeApodi, no estado do Ceará, em 1946. A década de 1990 foi a que apresentou 
o maior incremento em área de UCs, mas esse incremento se deveu praticamente à 
criação de apenas três APAs: dunas e veredas do baixo-médio São Francisco (1 
milhão de ha), pelo governo do estado da Bahia e Chapada do Araripe (0,9 milhão de 
ha) e Serra do Ibiapaba (1,6 milhão de ha), pelo governo federal. Na atual década a 
Bahia criou mais uma APA de grande extensão, a do Lago de Sobradinho (1,2 milhão 
de ha) (gráfico 3). A maior unidade de conservação de proteção integral do bioma 
Caatinga é o Parque Nacional da Chapada Diamantina, no estado da Bahia, com 
cerca de 150 mil ha. Das 67 UCs do bioma, 20 têm área entre 10.001 e 100.000 ha, 
21 têm área entre 1.001 e 10.000 ha e 19 têm área menor do que 1.000 ha. 
 
 Zona Costeira 
Conforme mencionado, a Zona Costeira e Marinha tem sido tratada como um 
“sétimo bioma” brasileiro no âmbito das políticas governamentais, especialmente as 
ambientais, embora a definição oficial de bioma, baseada na distribuição contígua da 
 
37 
 
vegetação, não lhe seja aplicável. A Zona Costeira e Marinha é a fusão de conceitos, 
ações e políticas relacionadas à gestão e do ordenamento territorial, e ao 
reconhecimento da soberania nacional sobre recursos econômicos marinhos 
(CARDOSO JR, 2010). 
A Zona Costeira e Marinha (ZCM) acompanha os mais de 8 mil quilômetros da 
costa brasileira e abriga uma grande diversidade de ambientes, como estuários, 
praias, dunas, os únicos recifes de coral de todo o Atlântico Sul e a maior extensão 
contínua de manguezais do planeta. Cinco dos seis biomas continentais brasileiros 
possuem interface com a ZCM (BRASIL, 2008). Considerando aspectos físicos e 
biológicos, estima-se que existam entre três e nove grandes regiões marinhas no 
Brasil. 
A biodiversidade marinha da costa brasileira é ainda relativamente pouco 
conhecida. No caso de invertebrados bentônicos, já foram registradas pouco mais de 
1.300 espécies na costa sudeste do Brasil, com elevado grau de endemismo, mas 
muitas regiões e ambientes ainda precisam ser adequadamente inventariados. Para 
grupos mais bem conhecidos, os peixes somam aproximadamente 750 espécies, cuja 
diversidade é relativamente uniforme ao longo da costa e de baixo grau de endemismo 
(CARDOSO JR, 2010). 
 
 
Fonte: www.inctambtropic.org 
 
38 
 
O nível de proteção do ambiente marinho por UCs é o mais baixo comparado 
aos biomas continentais brasileiros. Apenas 1,5% da zona marinha é coberta por UCs 
e esta porcentagem cai para meros 0,3% caso a área de APAs não seja contabilizada. 
São ao todo 40 UCs, 22 federais e 18 estaduais, que somam 5,4 milhões de ha. 
Entretanto, excluindo-se as APAs – que representam 89,4% da área de UCs de uso 
sustentável –, a área protegida por UCs é de um milhão de ha (CARDOSO JR, 2010). 
Com área de 35 mil ha, a unidade de conservação mais antiga da zona costeira 
é a Reserva Biológica do Atol das Rocas, no litoral do Rio Grande do Norte, de 1979. 
Em 1980 foi criado também o Parque Nacional de Cabo Orange, no extremo norte do 
Amapá – bioma Amazônia –, com uma área de pouco mais de 600 mil ha, dos quais 
aproximadamente 200 mil ha correspondem a ambientes marinhos, trecho que 
constitui a maior área contínua de unidade de conservação de proteção integral 
existente na zona marinha. Na década seguinte, mais cinco UCs federais de proteção 
integral exclusivas à zona marinha foram criadas, com destaque para as duas 
maiores, o Parque Nacional Marinho de Abrolhos (aproximadamente 90 mil ha) e o de 
Fernando de Noronha (aproximadamente 11mil ha). A maior UC estadual de proteção 
integral é o Parque do Parcel de Manuel Luiz,no Maranhão, criado em 1991, com 50 
mil ha. Nas últimas duas décadas, apenas duas pequenas UCs de proteção integral 
foram criadas, ambas pelo estado de São Paulo, cobrindo uma área de pouco mais 
de 5 mil ha. Assim como nos biomas terrestres, a ênfase tem sido dada à criação de 
unidades de proteção de uso sustentável, que totalizam 11 APAs (2,5 milhões de ha) 
e nove reservas extrativistas marinhas (500 mil ha) (CARDOSO JR, 2010). 
 
 Restinga 
A restinga é uma planície arenosa costeira, de origem marinha, incluindo a praia, 
cordões arenosos, depressões entre cordões, dunas e margem de lagunas, com 
vegetação adaptada às condições ambientais”. 
 
39 
 
 
Fonte: www.overmundo.com.br 
Sobre a restinga é possível se encontrar a vegetação de restinga, que é um 
conjunto das comunidades vegetais, fisionomicamente distintas, sob influência 
marinha e fluviomarinha, que ocorrem distribuídas em mosaico e em áreas de grande 
diversidade ecológica, sendo consideradas comunidades edáficas, por dependerem 
mais da natureza do substrato que do clima. 
 A cobertura vegetal nas restingas pode ser encontrada em praias e dunas, sobre 
cordões arenosos, e associadas a depressões. Na restinga os estágios sucessionais 
diferem das formações ombrófilas e estacionais, ocorrendo notadamente de forma 
mais lenta, em função do substrato que não favorece o estabelecimento inicial da 
vegetação, principalmente por dissecação e ausência de nutrientes. 
O corte da vegetação ocasiona uma reposição lenta, geralmente de porte e 
diversidade menores, onde algumas espécies passam a predominar. Os diferentes 
tipos de vegetação ocorrentes nas restingas brasileiras variam desde formações 
herbáceas, passando por formações arbustivas, abertas ou fechadas, chegando a 
florestas cujo dossel varia em altura, geralmente não ultrapassando os 20m. São em 
geral caracterizada por comunidade com pouca riqueza, quando comparada a outras 
comunidades vegetais, sendo protegidas por lei devido à sua fragilidade. 
Em muitas áreas de restinga no Brasil, especialmente no sul e sudeste, ocorrem 
períodos mais ou menos prolongados de inundação do solo, fator que tem grande 
 
40 
 
influência na distribuição de algumas formações vegetacionais. A periodicidade com 
que ocorre o encharcamento e a sua respectiva duração são decorrentes 
principalmente da topografia do terreno, da profundidade do lençol freático e da 
proximidade de corpos d’água (rios ou lagoas), produzindo em muitos casos um 
mosaico de formações inundáveis e não inundáveis, com fisionomias variadas, o que 
até certo ponto justifica o nome de “complexo” que é empregado para designar as 
restingas. 
As formações herbáceas ocorrem principalmente nas faixas de praia e ante 
dunas, em locais que eventualmente podem ser atingidos pelas marés mais altas, ou 
então em depressões alagáveis. Nas zonas de praia, dunas frontais e dunas mais 
próximas ao mar, predominam espécies herbáceas, em alguns casos com pequenos 
arbustos e árvores, que ocorrem tanto de forma isolada e pouco expressiva, como 
formando agrupamentos mais densos, com variações nas suas respectivas 
fisionomias, composições e graus de cobertura. A vegetação das praias e dunas tem 
ocorrência praticamente ao longo de toda a costa brasileira, mas a sua exata 
circunscrição e os termos empregados para designá-la variam muito. As pressões 
antrópicas no sentido de ocupação e urbanização da zona costeira já suprimiram 
muitas áreas representativas desta formação em vários pontos no litoral brasileiro. 
As formações arbustivas das planícies litorâneas, que para muitos autores 
constituem a restinga propriamente dita são os tipos vegetacionais que mais chamam 
a atenção no litoral brasileiro, tanto pelo seu aspecto peculiar, com fisionomia variando 
desde densos emaranhados de arbustos junto a trepadeiras, bromélias terrícolas e 
cactáceas, até moitas com extensão e altura variáveis, intercaladas por áreas abertas 
que em muitas locais expõem diretamente a areia, principal constituinte do substrato 
nestas formações. Os termos “scrub”, “thicket”, “escrube” e “fruticeto” já foram 
empregados para designar comunidades e/ou formações desta natureza, 
notadamente na região litorânea. 
As formações florestais que ocorrem na planície litorânea brasileira variam 
bastante ao longo da costa, sendo essas variações geralmente atribuídas às 
influências das formações vegetacionais adjacentes e às características do substrato, 
principalmente sua origem, composição e condições de drenagem. 
Estas florestas variam desde formações com altura do estrato superior a partir 
de 5m, em geral livres de inundações periódicas decorrentes da ascensão do lençol 
freático durante os períodos mais chuvosos, até formações mais desenvolvidas, com 
 
41 
 
alturas em torno de 15-20m, muitas vezes associadas a solos hidro mórficos e/ou 
orgânicos. 
Estes dois tipos de florestas em geral acompanham as variações topográficas 
decorrentes da justaposição dos cordões litorâneos, ao menos onde tais feições são 
bem definidas. Em locais situados mais para o interior da planície costeira, geralmente 
em terrenos mais deprimidos onde tais alinhamentos não são claramente definidos e 
os solos são saturados hidricamente e têm uma espessa camada orgânica superficial, 
ocorrem florestas mais desenvolvidas semelhantes florística e estruturalmente 
àquelas situadas nas depressões entre os cordões. 
A fauna ocorrente nas restingas brasileiras está relativamente menos estudada 
quando comparada com os conhecimentos que já se acumulam sobre a composição 
e estrutura dos seus diferentes tipos vegetacionais. Dentre os estudos tratando de 
grupos de animais invertebrados, podem ser mencionados os realizados com os 
artrópodos, notadamente com diferentes grupos de insetos, estes constituindo a 
maioria dos relatos encontrados. A fauna de vertebrados ocorrente nas restingas 
brasileiras também é relativamente pouco pesquisada, com destaque para os 
trabalhos realizados no litoral do Rio de Janeiro, principalmente com pequenos 
mamíferos e répteis. 
 Manguezal: Os mangues ou manguezais são um ecossistema típico de áreas 
litorâneas, alagadas, onde há o encontro da água do mar com a dos rios dando um 
aspecto salobro à água dessas regiões. É de sua característica a transição entre 
aspectos marinhos e terrestres e sua presença em locais com clima tropical ou 
subtropical. Sua vegetação é composta por três tipos de árvores que podem atingir 
até 20 metros de altura em certos pontos do país: Rhizophora mangle (mangue-bravo 
ou vermelho), Laguncularia racemosa (mangue-branco) e Avicena 
schaueriana (mangue-seriba ou seriúba). 
Os mangues estão presentes em diversas partes do mundo como Oceania, 
África, Ásia, alguns países da América e Brasil. No Brasil esse ecossistema pode ser 
encontrado no nordeste do país em Cabo Orange no estado do Amapá até a região 
sul em Laguna em Santa Catarina compreendendo um total de 20 mil quilômetros 
quadrados, 15 % do total em todo o mundo. 
Este é um ecossistema rico em diversas espécies de animais como peixe-boi-
marinho, caranguejo, lontra, jacaré, cobras, mexilhão, aranhas, craca, lagartos, 
tartaruga, crocodilos entre outros. 
 
42 
 
 Esse tipo de ecossistema possui o solo extremamente rico em nutrientes e 
matéria orgânica, raízes e material vegetal em decomposição. 
 As raízes aéreas são uma de suas características mais marcantes, e têm como 
principal função proporcionar a respiração das plantas já que o solo é pobre em 
oxigênio e elas obtêm o mesmo fora dele. 
 O cheiro dos mangues também é um aspecto bem característico, isso ocorre 
devido à presença de água salobra e matérias vegetaisem estado de 
decomposição. 
 Suas sementes são geralmente compridas, finas e pontudas para garantir a 
reprodução ao se fixarem melhor ao caírem no solo úmido. 
 A caça e comércio do caranguejo, espécie com grande população nos 
mangues, é o que garante o sustento de diversas famílias que vivem na região. 
 
Uma das principais ameaças a esse ecossistema é a exploração, (como a caça 
do caranguejo) que teve início com fins comerciais em países da Ásia ganhando 
expansão rápida para demais países detentores de mangues. O uso desordenado e 
de maneira não sustentável de seus recursos causa uma depredação quase que 
irrefreável, em países como Tailândia e Filipinas a área de manguezal teve grande 
parte dizimada por conta da super-exploração, chegando a ser reduzida em 110.000 
hectares da área original de 448.000 nas Filipinas. 
No Brasil não é diferente, porém algumas leis foram estabelecidas com o intuito 
de promover a preservação dos manguezais. A lei de número 4.771 de 15 de setembro 
de 1965 define os mangues como APPs (Área de Preservação Permanente), e a 
Resolução da CONAMA de número 369 de março de 2006 estabelece a proibição da 
supressão de vegetação ou qualquer outro tipo de intervenção, salvo apenas em 
casos de utilidade pública para as áreas de mangues. Ainda assim esse ecossistema 
é o mais ameaçado dentre todos nos Brasil. 
A poluição também é outra grande inimiga dos manguezais. A poluição 
proveniente das cidades costeiras e de indústrias instaladas na região como o 
depósito de lixo nos mares e rios, derramamentos de petróleo, são fatores que 
contribuem para a degradação do ecossistema. 
 
 
 
 
43 
 
 Cerrado 
A primeira unidade de conservação do bioma foi a Floresta Estadual Bebedouro, 
criada pelo estado de São Paulo em 1937. Na década de 1940 foram criadas mais 
duas UCs, a Floresta Estadual de Avaré, também pelo estado de São Paulo e a 
Floresta Nacional de Silvânia, pelo governo federal, no estado de Goiás. Até 1960 
nove UCs existiam no bioma, sendo sete de uso sustentável e duas de proteção 
integral. A maior destas, criada em 1959, era o Parque Nacional do Araguaia, que 
abrangia toda a Ilha do Bananal – aproximadamente 2 milhões de ha. 
 
 
Fonte: www.revistaplaneta.com.br 
Em 1971 os limites foram redefinidos, devido à criação da Terra Indígena do 
Parque do Araguaia. Mais recentemente, a criação da Terra Indígena Inãwébohona 
se sobrepôs em 377.113 ha à área remanescente do Parque Nacional do Araguaia, 
que é de cerca de 550 mil ha. Ao mesmo tempo, o Decreto de 18 de abril de 2006, 
que homologou a demarcação administrativa desta terra indígena, estabeleceu o 
Parque Nacional do Araguaia como bem público da União submetido a regime jurídico 
de dupla afetação, destinado à preservação do meio ambiente e à realização dos 
direitos constitucionais dos índios, passando este a ser administrado em conjunto pela 
 
44 
 
Fundação Nacional do Índio (Funai), pelo Ibama9 e pelas Comunidades Indígenas 
Javaé, Karajá e Avá-Canoeiro. Outra unidade de conservação do Cerrado que teve 
os limites drasticamente reduzidos foi o Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, em 
Goiás. Criado originalmente em 1961 como Parque Nacional do Tocantins, com 
aproximadamente 600 mil ha, hoje o parque conta com aproximadamente 10% da 
área original. 
É a segunda maior formação vegetal brasileira. Estendia-se originalmente por 
uma área de 2 milhões de km², abrangendo dez estados do Brasil Central. Hoje, 
restam apenas 20% desse total. Típico de regiões tropicais, o cerrado apresenta duas 
estações bem marcadas: inverno seco e verão chuvoso. Com solo de savana tropical, 
deficiente em nutrientes e rico em ferro e alumínio, abriga plantas de aparência seca, 
entre arbustos esparsos e gramíneas, e o cerradão, um tipo mais denso de vegetação, 
de formação florestal. A presença de três das maiores bacias hidrográficas da América 
do Sul (Tocantins-Araguaia, São Francisco e Prata) na região favorece sua 
biodiversidade. 
Estima-se que 10 mil espécies de vegetais, 837 de aves e 161 de mamíferos 
vivam ali. Essa riqueza biológica, porém, é seriamente afetada pela caça e pelo 
comércio ilegal. O cerrado é o sistema ambiental brasileiro que mais sofreu alteração 
com a ocupação humana. Atualmente, vivem ali cerca de 20 milhões de pessoas. 
Essa população é majoritariamente urbana e enfrenta problemas como desemprego, 
falta de habitação e poluição, entre outros. A atividade garimpeira, por exemplo, 
intensa na região, contaminou os rios de mercúrio e contribuiu para seu 
assoreamento. A mineração favoreceu o desgaste e a erosão dos solos. Na economia, 
também se destaca a agricultura mecanizada de soja, milho e algodão, que começa 
a se expandir principalmente a partir da década de 80. Nos últimos 30 anos, a pecuária 
extensiva, as monoculturas e a abertura de estradas destruíram boa parte do cerrado. 
Hoje, menos de 2% está protegido em parques ou reservas. 
Pequenas árvores de troncos torcidos e recurvados e de folhas grossas, 
esparsas em meio a uma vegetação rala e rasteira, misturando-se, às vezes, com 
campos limpos ou matas de árvores não muito altas – esses são os Cerrados, uma 
extensa área de cerca de 200 milhões de hectares, equivalente, em tamanho, a toda 
a Europa Ocidental. A paisagem é agressiva, e por isso, durante muito tempo, foi 
considerada uma área perdida para a economia do país. 
 
45 
 
Os Cerrados apresentam relevos variados, embora predominem os amplos 
planaltos. Metade do Cerrado situa-se entre 300 e 600m acima do nível do mar, e 
apenas 5,5% atingem uma altitude acima de 900m. Em pelo menos 2/3 da região o 
inverno é demarcado por um período de seca que se prolonga por cinco a seis meses. 
Seu solo esconde um grande manancial de água, que alimenta seus rios. 
Entre as espécies vegetais que caracterizam o Cerrado estão o barbatimão, o 
pau-santo, a gabiroba, o pequizeiro, o araçá, a sucupira, o pau-terra, a catuaba e o 
indaiá. Debaixo dessas árvores crescem diferentes tipos de capim, como o capim-
flecha, que pode atingir uma altura de 2,5m. Onde corre um rio ou córrego, encontram-
se as matas ciliares, ou matas de galeria, que são densas florestas estreitas, de 
árvores maiores, que margeiam os cursos d’água. Nos brejos, próximos às nascentes 
de água, o buriti domina a paisagem e forma as veredas de buriti. 
A presença humana na região data de pelo menos 12 mil anos, com o 
aparecimento de grupos de caçadores e coletores de frutos e outros alimentos 
naturais. Só recentemente, há cerca de 40 anos, é que começou a ser mais 
densamente povoada. 
A província do cerrado, como denominada por EITEN, englobando 1/3 da biota 
brasileira e 5% da flora e fauna mundiais. É caracterizada por uma vegetação 
savanícola tropical composta, principalmente de gramíneas, arbustos e árvores 
esparsas, que dão origem a variados tipos fisionômicos, caracterizados pela 
heterogeneidade de sua distribuição. 
Muitos autores aceitam a hipótese do oligotrofismo distrófico para formação do 
Cerrado, sua vegetação com marcantes característica adaptativas a ambientes áridos, 
folhas largas, espessas e pilosas, caule extremamente suberizado, etc. Contudo 
apesar de sua aparência xeromórfica, a vegetação do cerrado situa-se em regiões 
com precipitação média anula de 1500 mm, estações bem definidas, em média com 
6 meses de seca, solos extremamente ácidos, profundos, com deficiência nutricional 
e alto teor de alumínio. 
Segundo EITEN os tipos fisionômicos do cerrado (latu sensu) se distribuem de 
acordo com três aspectos do substrato onde se desenvolvem: a fertilidade e o teor de 
alumínio disponível; a profundidade; e o grau de saturação hídricada camada 
superficial e subsurpeficial. Os principais tipos de vegetação são: 
Cerrado (strictu sensu) - é a vegetação característica do cerrado, composta por 
exemplares arbustivo-arbóreos, de caules e galhos grossos e retorcidos, distribuídos 
 
46 
 
de forma ligeiramente esparsa, intercalados por uma cobertura de ervas, gramíneas 
e espécies semi-arbustivas. 
 Floresta mesofítica de interflúvio (cerradão) - este tipo de vegetação cresce sob 
solos bem drenados e relativamente ricos em nutrientes, as copas das árvores, que 
medem em média de 8-10 metros de altura, tocam-se o que denota um aspecto 
fechado a esta vegetação. 
 Campo rupestre - encontrado em áreas de contato do cerrado com o caatinga e 
floresta atlântica, os solos deste tipo fisionômico são quase sempre rasos e sofrem 
bruscas variações em relação a profundidade, drenagem e conteúdo nutricional. É 
caracteristicamente, composto por uma vegetação arbustiva de distribuição aberta ou 
fechada. 
Campos litossólicos miscelâneos - são caracterizados pela presença de um 
substrato duro, rocha mãe, e a quase inexistência de solo macio, este quando 
presente não ocupa mais que poucos centímetros de profundidade até se deparar 
com a camada rochosa pela qual não passam nem umidade nem raízes. Sua flora é 
caracterizada por um tapete de ervas latifoliadas ou de gramíneas curtas, havendo 
em geral a ausências de exemplares arbustivos, ou a presença de raríssimos 
espécimes lenhosos, neste caso enraizados em frestas da camada rochosa. 
Vegetação de afloramento de rocha maciça - representada por cactos, liquens, 
musgos, bromélias, ervas e raríssimas árvores e arbustos, cresce sob penhascos e 
morros rochosos. 
 
 Pampa 
Com uma área de 176.496 km2, o bioma Pampa está presente no Brasil14 
somente na porção sul do Rio Grande do Sul (abaixo do paralelo 30º), onde ocupa 
53% do estado (IBGE, 2004a). A área corresponde aos campos da metade sul e das 
missões do Rio Grande do Sul, enquanto o restante do estado é ocupado pelo bioma 
Mata Atlântica, localizado ao norte. 
Quando comparado aos demais biomas continentais brasileiros, há 
relativamente poucos dados disponíveis sobre o bioma Pampa, utilizando-se o recorte 
definido pelo IBGE (2004a). Uma das razões é que, sob o ponto de vista da pesquisa 
biológica, este geralmente é tratado como parte de uma área mais abrangente de 
vegetação campestre do sul do Brasil, os chamados “Campos Sulinos”. Além de todo 
 
47 
 
o bioma Pampa, os Campos Sulinos incluem também áreas localizadas no Planalto 
Sul-Brasileiro, os quais formam mosaicos com as florestas na metade norte do Rio 
Grande do Sul e nos estados de Santa Catarina e Paraná. Estes campos do Planalto 
Sul-Brasileiro, porém, estão inseridos no bioma Mata Atlântica, na definição do IBGE 
(2004a) (CARDOSO JR, 2010). 
Assim como os demais biomas, o Pampa teve sua vegetação mapeada em 
escala 1:250.000, utilizando a interpretação de imagens de satélite Landsat obtidas 
em 2002.15 As imagens foram interpretadas buscando-se identificar categorias que 
indicassem um domínio fisionômico florestal ou campestre e que dessem ideia do grau 
de pressão antrópica sobre a formação (CARDOSO JR, 2010). 
 
6 ENERGIA SUSTENTÁVEL 
A definição do tipo de energia utilizada em um dado pais ou região e decorrente 
da necessidade de se atender a demanda doméstica e de aumentar o nível de 
inserção no mercado econômico internacional. As políticas públicas, ao apoiarem a 
produção de bens, o desenvolvimento regional, o atendimento das famílias, os 
cuidados ambientais; e ao estimularem a geração de energia da fonte A ou B, são 
vetores importantes no desenho do modelo energético. Nesse sentido o Brasil tem 
sido exemplo mundial no uso de energias renováveis ao manter, desde os anos 1970 
até 2009, matriz energética que oscila entre 61% (1971) e 41% (2002) originada de 
fontes renováveis. 
Pode-se afirmar, por conseguinte, que toda redução de custo que puder ser 
alcançada deve fazer parte das estratégias das empresas. Fazer uma análise do custo 
de energia elétrica pode ser complexo, mas percebe-se que identificar melhorias para 
uma organização, no que se refere à utilização desta energia, traz uma redução no 
consumo da eletricidade, que pode refletir diretamente no preço do produto, pois reduz 
os custos de produção (KLAUS e SHERER, 2017) 
A tabela abaixo mostra a participação das principais fontes de geração utilizadas 
no cenário energético do setor elétrico brasileiro, destacando os empreendimentos 
que estão operando, assim como aqueles que estão em construção ou foram 
concedidos – licitação – ou autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica 
(Aneel). Observar que a potência apresentada em MW mostra o perfil da capacidade 
 
48 
 
instalada do parque gerador nacional e não a energia produzida ou consumida por 
hora. 
 
 
 
De acordo com a acima, na primeira grande coluna é mostrado o conjunto de 
usinas. Em operação, ou seja, aquelas que já estão gerando energia, seja para o 
serviço público, autoprodução – uso exclusivo –, seja para a produção independente. 
Já na segunda coluna denominada Em construção está disposto o contingente de 
usinas que estão sendo construídas, bem como aquelas que foram recentemente 
licitadas ou autorizadas pelo órgão regulador, mas que ainda não iniciaram sua 
construção (CARDOSO JR, 2010). 
O interesse comum da sociedade vem impulsionando a comunidade científica a 
pesquisar e desenvolver estratégias para o aproveitamento de fontes alternativas de 
energia, menos poluentes, renováveis, e que provoquem reduzido impacto ambiental. 
Esta tendência tem se verificado na prática por meio de uma maior contribuição das 
fontes renováveis na matriz energética mundial, conforme ilustra a Figura abaixo, na 
qual destaca-se ainda a grande dependência mundial energia elétrica proveniente de 
fontes térmicas a carvão e similares. Comparativamente, também cabe chamar a 
 
49 
 
atenção para a grande diferença entre as dependências das energias térmica e 
hidráulica entre o Brasil e o mundo (DUPONT; GRASSI, e ROMITTI, 2015). 
 
 
6.1 Fontes renováveis de energia elétrica 
O uso de fontes renováveis de energia não é um assunto novo. De fato, os 
primeiros aproveitamentos datam de muitos séculos atrás, fazendo parte da própria 
história da humanidade. Mais recentemente, o aproveitamento destas fontes recebeu 
incontáveis melhorias tecnológicas e a crescente demanda por alternativas 
energéticas, e principalmente sustentáveis, fez que com essas antigas tecnologias 
fossem revisitadas e adaptadas. De maneira geral, as fontes de energia renovável 
fornecem apenas uma fração da energia se comparado com as grandes centrais. Essa 
característica permite duas categorias de fornecimento de energia para as cargas 
(DUPONT; GRASSI, e ROMITTI, 2015). 
 
 Energia Eólica 
 
Os primeiros indícios da utilização da energia eólica para a realização de 
trabalho mecânico são controversos, mas credita-se algumas das primeiras máquinas 
a Heron de Alexandria, há cerca de dois mil anos (PINTO, 2012). Posteriormente, a 
energia eólica foi amplamente utilizada em moinhos, substituindo a tração animal. 
 
50 
 
Contudo, foi apenas nos últimos anos que a energia eólica se tornou uma peça 
fundamental na geração de energia, principalmente elétrica, período em que houve 
uma grande expansão na pesquisa e no desenvolvimento para transformar a energia 
fornecida pelo vento. 
 
 
Fonte: www.canalbioenergia.com.br 
A captação da energia cinética do vento pode ser feita basicamente por duas 
formas distintas: as turbinas de eixo vertical e as de eixo horizontal. No primeiro caso,engrenagem e gerador são colocados ao nível do solo e a turbina é movida por forças 
de arraste ou sustentação (FARRET, 2014). 
 
 Energia Solar Fotovoltaica 
 
Entre as fontes renováveis, a energia solar fotovoltaica é uma das mais 
abundantes em toda a superfície terrestre e é inesgotável na escala de tempo 
humano. Por esta razão é uma das alternativas mais promissoras para a composição 
de uma nova matriz energética mundial e seu aproveitamento tem se consolidado em 
muitos países (VERMA; MIDTGARD; SATRE, 2011). É esperado que até 2040 esta 
seja a fonte renovável de energia mais importante e significativa para o planeta 
(BRITO et al., 2011) 
 
 
51 
 
 
Fonte: diarioms.com.br 
As células fotovoltaicas são dispositivos mais recentes, quando em comparação 
das primeiras tecnologias de aerogeradores, datando de 1839 quando Antoine Henri 
Becquerel conduziu os primeiros estudos sobre o efeito fotovoltaico. Contudo, foi na 
década de 1950 que as aplicações de células fotovoltaicas começaram a ter maior 
atenção nos programas espaciais. 
 
 Energia Hídrica ou Hidroelétrica 
 
Por sua vez, a energia hidroelétrica utiliza-se do movimento das águas dos rios 
para a produção de eletricidade. Em países como Brasil, Rússia, China e Estados 
Unidos, ela é bastante aproveitada pelas usinas que transformam a energia hidráulica 
e cinética em eletricidade. 
 
 
 
 
 
 
 
52 
 
Figura: Usina hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior do mundo 
 
 
Fonte: brasilescola.uol.com.br 
 
Como é necessário o estabelecimento de uma área de inundação no ambiente 
em que se instala uma usina hidrelétrica, a sua construção é recomendada em áreas 
de planalto, onde o terreno é mais íngreme e acidentado, pois rios de planície 
necessitam de mais espaço para represamento da água, o que gera mais impactos 
ambientais. 
Por um lado, as hidroelétricas trazem vários prejuízos ambientais, não só pela 
inundação de áreas naturais e desvio de leitos de rios, como também pelo dióxido de 
carbono emitido pela decomposição da matéria orgânica que se forma nas áreas 
alagadas. Por outro lado, essa é considerada uma eficiente forma de geração de 
eletricidade, além de ser menos poluente, por exemplo, que as termoelétricas movidas 
a combustíveis fósseis. 
 
 Energia da Biomassa 
 
A biomassa corresponde a toda e qualquer matéria orgânica não fóssil. Assim, 
pode-se utilizar esse material para a queima e produção de energia, por isso ela é 
 
53 
 
considerada uma fonte renovável. Sua importância está no aproveitamento de 
materiais que, em tese, seriam descartáveis, como restos agrícolas (principalmente o 
bagaço da cana-de-açúcar), e também na possibilidade de cultivo. 
 
Figura: A biomassa é utilizada como fonte de eletricidade e também como 
biocombustível 
 
 
Fonte: brasilescola.uol.com.br 
 
Existem três tipos de biomassa utilizados como fonte de energia: os sólidos, os 
líquidos e os gasosos. 
Combustíveis sólidos: podemos citar a madeira, o carvão vegetal e os restos 
orgânicos vegetais e animais. 
Combustíveis líquidos: o etanol, o biodiesel e qualquer outro líquido obtido 
pela transformação do material orgânico por processos químicos ou biológicos. 
Combustíveis gasosos: aqueles que são obtidos pela transformação industrial 
ou até natural de restos orgânicos, como o biogás e o gás metano coletado em áreas 
de aterros sanitários. 
 
 
 
 
54 
 
 Energia Geotérmica 
 
A energia geotérmica corresponde ao calor interno da Terra. Em casos em que 
esse calor se manifesta em áreas próximas à superfície, as elevadas temperaturas do 
subsolo são utilizadas para a produção de eletricidade. 
 
Figura: Usina de energia geotérmica 
 
 
Fonte: brasilescola.uol.com.br 
 
Basicamente, as usinas geotérmicas injetam água no subsolo por meio de dutos 
especificamente elaborados para esse fim. Essa água evapora e é conduzida pelos 
mesmos tubos até as turbinas, que se movimentam e acionam o gerador de 
eletricidade. Para o reaproveitamento da água, o vapor é novamente transportado 
para áreas em que retorna à sua forma líquida, reiniciando o processo. 
O principal problema da energia geotérmica é o seu impacto ambiental através 
de eventuais emissões de poluentes, além da poluição química dos solos em alguns 
casos. Somam-se a isso os elevados custos de implantação e manutenção. 
 
 
 
55 
 
 Energia das Ondas e das Marés 
 
É possível utilizar a água do mar para a produção de eletricidade tanto pelo 
aproveitamento das ondas quanto pela utilização da energia das marés. 
 
 
Fonte: www.portal-energia.com 
No primeiro caso, utiliza-se a movimentação das ondas em ambientes onde elas 
são mais intensas para a geração de energia. Já no segundo caso, o funcionamento 
lembra o de uma hidrelétrica, pois cria-se uma barragem que capta a água das marés 
durante as suas cheias, e essa água é liberada quando as marés diminuem. Durante 
essa liberação, a água gira as turbinas que ativam os geradores. 
 
7 O PRINCÍPIO DOS TRÊS ERRES (3R’S) NA LEI Nº 12.305/2010: REDUZIR, 
REUTILIZAR E RECICLAR 
Entende-se que, com a inclusão dos conceitos de redução, reutilização e 
reciclagem na Lei, pretende-se diminuir o uso de matéria-prima e retardar a disposição 
dos rejeitos, que é a última etapa da gestão sustentável dos resíduos sólidos, 
conforme prescrito no Título I, Cap. II, art. 3º, XV, da referida Lei. A sua efetivação 
 
56 
 
permitirá o aumento do tempo dos recursos naturais no ciclo produtivo, em como avida 
útil dos aterros sanitários. A coleta seletiva, necessária ao retorno dos resíduos sólidos 
ao processo de produção, de acordo com a citada Lei, consiste na “coleta de resíduos 
sólidos previamente segregados, conforme sua constituição ou composição” (Lei nº 
12.305, Título I, Cap. II, art. 3º, V). 
 
 
Fonte: meubolsofeliz.com.br 
 
57 
 
A reciclagem, conforme o Título I, Cap. II, art. 3º, XIV, da Lei nº 12.305/2010, 
consiste no processo de transformação dos resíduos sólidos, que envolve a alteração 
de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à 
transformação em insumos ou novos produtos, observadas as condições e os padrões 
estabelecidos pelos órgãos competentes do Sistema Nacional do Meio Ambiente 
(SISNAMA) e, se couber, do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) e do 
Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA) (REIS e LOPES, 
2018). 
A redução está em consonância com o descrito no Título I, Cap. II, art. 3º, XIII, 
que define os padrões sustentáveis de produção e consumo, estando alinhados com 
o combate ao desperdício: padrões sustentáveis de produção e consumo; produção 
e consumo de bens e serviços de forma a atender as necessidades das atuais 
gerações e permitir melhores condições de vida, sem comprometer a qualidade 
ambiental e o atendimento das necessidades das gerações futuras (REIS e LOPES, 
2018). 
Já os rejeitos definem-se como resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas 
as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis 
e economicamente viáveis, não apresentam outra possibilidade que não a disposição 
final ambientalmente adequada (REIS e LOPES, 2018). 
7.1 A participação popular 
A gestão integrada dos resíduos sólidos urbanos deve ser planejada, 
implementada e fiscalizada pelo poder público em conjunto com a população. A 
população, neste caso, possui um papel fundamental, pois além de ser responsável 
pela correta destinação dos seus resíduos pós-consumo, atua como fiscalizadora das 
ações sustentáveis de gerenciamentodos resíduos. 
A atuação consciente do cidadão, no que tange à destinação seletiva de seu 
resíduo, separando na fonte o que for resíduo orgânico do resíduo inorgânico, 
possibilita tornar o processo economicamente mais barato, por subtrair uma etapa de 
triagem da reciclagem, além de refletir diretamente na qualidade de vida coletiva, pela 
destinação correta, longe de rios, vias públicas, terrenos etc (REIS e LOPES, 2018). 
Evita-se, com o engajamento da população, o aumento dos impostos 
concernentes ao saneamento básico, ao passo que também diminui a oneração sobre 
 
58 
 
o valor dos produtos que deverão contemplar em seu custo os gastos com o 
recolhimento destes pelas empresas, visando à reutilização, reciclagem ou descarte 
final, conforme o caso. 
A Lei também institui o princípio do “poluidor-pagador” e do “protetor-recebedor”. 
No que se refere ao papel do cidadão, não está estabelecido em termos práticos como 
será beneficiado aquele que contribui, ou como aquele que fere os preceitos legais 
será punido. 
 A simples homologação da Lei não significa cumprimento, especialmente no 
caso do Brasil, visto que, de acordo com Da Matta (1986), existe uma resistência 
cultural em cumprir as determinações legais, o que condiz com o “jeitinho brasileiro”. 
Em seu art. 8º, VIII, a educação ambiental é postulada como um dos instrumentos da 
Política Nacional de Resíduos Sólidos, o que é certamente mais eficaz para a gestão 
integrada e sustentável dos resíduos sólidos, por significar uma conscientização, 
quando o indivíduo age independente de fiscalização (REIS e LOPES, 2018). 
7.2 Educação ambiental e sua importância para a implementação da lei nº 
12.305/2010 
A gestão integrada e sustentável dos resíduos sólidos, prevista na Lei nº 
12.305/2010, como analisado anteriormente, tem como um de seus pilares a 
participação colaborativa de empresas, indústrias, comércios e cidadãos. A exigência 
de um novo comportamento, que contribua para o paradigma da sustentabilidade, 
impõe-se. 
As estratégias de prevenção da poluição devem considerar a hierarquia a ser 
adotada no gerenciamento ambiental, com a introdução do conceito de Prevenção da 
Poluição: prevenção e redução, reciclagem e reuso, tratamento e disposição. 
Esquema da gestão integrada e sustentável dos resíduos sólidos, com inclusão 
da etapa de educação ambiental para desenvolver hábitos e atitudes visando à coleta 
seletiva e redução de resíduos sólidos: 
 
 
 
 
 
 
59 
 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
CONSUMO CONSCIENTE 
 
NÃO GERAÇÃO, REDUÇÃO¹ NA FONTE 
 
REDUÇÃO² DE MATÉRIA-PRIMA JÁ EXTRAÍDA DO MEIO AMBIENTE 
 
REUTILIZAÇÃO RECICLAGEM 
 
TRATAMENTO QUÍMICO E BIOLÓGICO 
 
DISPOSIÇÃO FINAL AMBIENTALMENTE ADEQUADA DOS REJEITOS 
 
 
Redução 1: ocorre quando o indivíduo deixa de consumir em sintonia com os 
padrões sustentáveis de produção e consumo, o que vai de encontro ao consumismo 
e desperdício. 
Redução 2: ocorre após o consumo, quando o produto volta ao ciclo produtivo 
pela reutilização ou reciclagem, possibilitadas pela atitude de triagem dos resíduos 
sólidos nas fontes geradoras. 
 
8 RESÍDUOS SÓLIDOS E RECURSOS HÍDRICOS 
Países em desenvolvimento, como o Brasil, revelam uma situação preocupante, 
pois, embora existam serviços de limpeza urbana, estes não são capazes de coletar 
toda a produção de resíduos sólidos. O resultado disto é a deposição de resíduos 
sólidos em passeios públicos, terrenos baldios e, muitas vezes, próximos ou dentro 
dos cursos d’água. Os sistemas de drenagem urbana, já comprometidos pela falta de 
capacidade de condução para a urbanização atual, tornam-se agentes de transporte 
dos resíduos sólidos que obstruem o fluxo (NEVES & TUCCI, 2011; BLUMENSAAT 
et al., 2012). 
 
60 
 
O gerenciamento de resíduos sólidos urbanos - RSU é uma atividade que deve 
ser processada de forma integrada, porém, para ser colocada em prática, é necessária 
a cooperação do poder público, disponibilizando recursos financeiros para a 
implementação e melhor qualidade na disposição final destes resíduos. 
 
 
Fonte: www.abras.com.br 
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – 
IBGE (2010) comprovou que a população brasileira corresponde a cerca de 190 
milhões de habitantes, produzindo, diariamente, 250 mil toneladas de resíduos 
sólidos. Com relação à situação da disposição final dos resíduos, observa-se que em 
2000, dos municípios brasileiros, 86% encaminhavam seus resíduos para lixões e 
aterros controlados e, somente 14% destinavam em aterros sanitários. Em 2008, 
apesar do aumento ocorrido no número de municípios, ainda 29% faz a disposição 
final em aterros sanitários e que, a maioria, 71% dispõe seus resíduos em lixões e 
aterros controlados (IBGE, 2010). A cidade de Marechal Deodoro se enquadra neste 
cenário de má qualidade de limpeza urbana, tendo como destinação final o lixão a céu 
aberto, localizado, no município, na Fazenda Suíça (SILVA e OLIVEIRA, 2015). 
A Educação Ambiental tem um papel importante na gestão dos resíduos sólidos 
e pode ser praticada de diferentes maneiras dependendo da forma de proposta desse 
gerenciamento. Deve ser empregado como instrumento para reflexão no processo de 
mudança de atitudes em relação ao correto descarte do lixo e à valorização do meio 
 
61 
 
ambiente. Se aplicada a gestão dos resíduos sólidos, as mudanças de atitude devem 
ser conduzidas de forma qualitativa e contínua, mediante um processo educacional 
(SILVA e OLIVEIRA, 2015). 
Na gestão dos resíduos sólidos, a sustentabilidade ambiental e social se constrói 
a partir de modelos e sistemas integrados, que possibilitam tanto a redução do lixo 
gerado pela população, como a reutilização de materiais descartados e reciclagem 
dos materiais que possam servir de matéria prima para a indústria, diminuindo o 
desperdício e gerando renda. Gestão de resíduos sólidos é um conjunto de atitudes 
(comportamento, procedimento, propósitos), tendo como objetivo principal a 
eliminação dos impactos ambientais, relacionados à produção e a destinação do lixo 
(SILVA e OLIVEIRA, 2015). 
O combate ao desperdício da água é decisivo para se alcançar uma gestão 
eficiente dos recursos hídricos. Os índices de desperdício são alarmantes em um 
território em que se criou a mentalidade de que os recursos naturais e, especialmente 
a água, são infinitos. O que torna o desafio do combate ao desperdício uma missão 
gigantesca que deve abranger todos os segmentos da sociedade. O reuso dos 
recursos hídricos é de suma importância na busca pela tão sonhada sustentabilidade 
ambiental. No Brasil a reutilização dos recursos hídricos acontece de maneira tímida, 
devido à falta, principalmente de políticas públicas eficientes e também do 
cumprimento das legislações ambientais, especialmente quando se trata do uso 
público (RODRIGUES, et al 2016). 
Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais os 
indivíduos e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, 
atitudes e competências de vida e sua sustentabilidade. 
A sustentabilidade ambiental é uma dimensão da educação, é a atividade 
intencional da prática social, que deve imprimir ao desenvolvimento individual um 
caráter social em sua relação com a natureza e com os outros seres humanos, visando 
potencializar essa atividade humana com a finalidade de torná-la plena de prática 
social e de ética ambiental. É a ação educativa permanente pela qual a comunicação 
tem a tomada de consciência de sua realidade global. A educação ambiental deve 
proporcionar as condições para o desenvolvimento das capacidades necessárias, 
para que grupossociais, em diferentes contextos socioambientais do país, 
intervenham, de modo qualificado tanto na gestão do uso dos recursos ambientais 
 
62 
 
quanto na concepção e aplicação de decisões que afetam a qualidade do ambiente 
(RODRIGUES, et al 2016). 
Com os avanços tecnológicos advindos após a Revolução Industrial e o 
crescente aumento da população a atividade humana passou a causar mais impactos 
negativos ao meio ambiente, e o que durante muito tempo foi visto como fonte 
inexaurível de recursos disponíveis para servir às necessidades do homem agora 
passa a ser uma inquietação, porquanto os recursos são limitados. O ciclo produtivo 
da sociedade capitalista extrai do meio ambiente os insumos necessários para a 
produção de alimentos e bens de consumo, entretanto, o processo produtivo retorna 
resíduos sólidos, efluentes líquidos e emite gases nocivos e poluentes em grandes 
quantidades, acarretando poluição ambiental e esgotamento dos recursos naturais. 
Outra preocupação que emerge é que uma volumosa camada da população mundial 
que sofre com a pobreza, fome e exclusão social. As empresas procuram resultados 
financeiros, ampliação de fatias de mercado e sobrevivência e manutenção de sua 
competitividade. A globalização da economia e o acirramento da competição mundial 
elevam a escala de produção, com a consequente busca da redução dos custos. 
Diante deste panorama as empresas passam a se reestruturar para se adequarem a 
esta nova percepção. As pressões sociais e restrições impostas fazem com que as 
empresas sejam forçadas a buscar formas de reduzir seu impacto ambiental e a 
melhorar sua imagem frente a sua responsabilidade social. Neste sentido, muito tem 
sido feito para a sustentabilidade do setor produtivo (RODRIGUES, et al 2016). 
8.1 Soluções Utilizadas para a Questão Hídrica 
 Dessalinização 
A dessalinização é a retirada de sais que se encontram dissolvidos na água por 
meio de diversos métodos. É verdade que a destilação e os processos de troca iônica 
são capazes de reduzir significativamente os sais dissolvidos, produzindo água 
desmineralizada, que é uma água com elevada purificação. Há vários outros 
processos, porém com finalidades distintas. Por exemplo, a filtração, a adsorção, a 
cloração e a própria esterilização são outros meios de que se lança mão para melhorar 
a qualidade da água, mas não são capazes de promover a retirada dos sais. Esses 
métodos atuam sobre outros elementos presentes nas massas líquidas. A filtração, 
 
63 
 
por exemplo, é capaz de separar as partículas suspensas, ou seja, que não estão 
dissolvidas, enquanto que a adsorção, ao atuar por meio de filtros de carvão ativo, é 
capaz de reter partículas ainda menores do que aquelas separadas pela filtração. 
Justamente é o objetivo deste método, transformar a água salgada em doce. Os 
dessalinizadores são equipamentos que transformam águas salinas ou salobres em 
água potável empregando a osmose reversa. Esses equipamentos operam sob 
condições severas para os materiais que os constituem, dada à presença de um 
elemento corrosivo que é o íon cloreto, associado a pressões elevadas. Além disso, 
são sofisticados em termos de tecnologia e a sofisticação reside na natureza das 
membranas semipermeáveis artificiais, que imitam as membranas naturais. Elas são 
fabricadas por um número muito pequeno de empresas em todo o mundo 
(RODRIGUES, et al 2016). 
 
 
Fonte: blogs.odiario.com 
As organizações em geral já são obrigadas pelas leis ambientais ao cumprimento 
de inúmeros requisitos a favor de recompensar ao menos parte da exploração 
causada por seu processo produtivo, e estas ainda, muitas vezes, vão um pouco mais 
além para ficar bem vistas perante a comunidade. Porém todas essas ações, ainda 
que realmente aplicadas e fiscalizadas, são pequenas se comparado o necessário 
para tornar-se um empreendimento sustentável. 
Despoluição dos rios: crescimento populacional, falta de planejamento urbano, 
conexões clandestinas com a rede de esgoto e indústrias que despejam resíduos 
indevidos. 
 
64 
 
 
 
Fonte: www.ambientelegal.com.br 
Coletores de ar que condensam a água: as máquinas que existem usam 
basicamente duas técnicas diferentes. A primeira é percebida com a de um ar 
condicionado promovendo o resfriamento do ar e a consequente condensação da 
água, que depois é filtrada e armazenada em pequenos tanques. 
 
 
65 
 
 
Fonte: www.fenomenosdaengenharia.blogspot.com.br 
A outra envolve um processo químico, uma solução concentrada de sal absorve 
a umidade do ambiente de onde é extraída a água que também passa por filtração. 
Aproveitamento da água da chuva: a água captada da chuva e armazenada 
pode ser usada para fins domésticos e industriais. 
 
 
Fonte: www.tubolarmeioambiente.com.br 
 
66 
 
 Extração de águas de geleiras: mais da metade da água potável do planeta 
está nas geleiras e nas calotas polares. Em caso de crise mundial no abastecimento 
de água, uma das soluções possíveis seria a retirada e exportação de blocos de gelo 
dessas regiões. O mais provável é que a água fosse exportada já na forma líquida em 
grandes navios de carga ou por meio de canos, outra hipótese seria “aproveitar” o 
aquecimento global que está derretendo as geleiras e criando naturalmente novos 
cursos de água. 
Busca de água em outros planetas: outra resposta para a escassez de água 
pode ser encontrar fontes fora da Terra. No sistema solar, a NASA já detecta a 
presença de gelo em pontos de Marte, Mercúrio e na Lua. 
8.2 Gestão de resíduos sólidos 
Em 2 de agosto de 2010, a Lei Federal nº 12.305 instituiu a Política Nacional de 
Resíduos Sólidos (PNRS), regulamentada pelo Decreto nº 7.404/2010 (BRASIL, 
2010). A lei incorporou conceitos modernos de gestão de resíduos sólidos, trazendo 
novas ferramentas à legislação ambiental brasileira. Alguns desses aspectos podem 
ser ressaltados, como: 
 
Acordo Setorial: ato de natureza contratual firmado entre o poder público e 
fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a 
implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto; 
 
Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: conjunto 
de atribuições dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos 
consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo dos 
resíduos sólidos pela minimização do volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, 
bem como pela redução dos impactos causados à saúde humana e à qualidade 
ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei (RIBEIRO 
e MENDES, 2016); 
 
Logística Reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social, 
caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a 
viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para 
 
67 
 
reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação 
final ambientalmente adequada (RIBEIRO e MENDES, 2016); 
 
Coleta seletiva: coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme 
sua constituição ou composição; 
 
Ciclo de Vida do Produto: série de etapas que envolvem o desenvolvimento do 
produto, a obtenção de matérias–primas e insumos, o processo produtivo, o consumo 
e a disposição final; 
 
Sistema de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos – SINIR: tem 
como objetivo armazenar, tratar e fornecer informações que apoiem as funções ou 
processos de uma organização. Essencialmente, é composto de um sub–sistema 
formado por pessoas, processos, informações e documentos, e um outro composto 
por equipamentose seu meios de comunicação (RIBEIRO e MENDES, 2016); 
 
Planos de Resíduos Sólidos: o Plano Nacional de Resíduos Sólidos está sendo 
elaborado com participação social, contendo metas e estratégias nacionais sobre o 
tema. Também estão previstos planos estaduais, microrregionais, de regiões 
metropolitanas, planos intermunicipais, municipais de gestão integrada de resíduos 
sólidos e os planos de gerenciamento de resíduos sólidos (MMA; IPEA, 2011) 
8.3 Classificação dos resíduos sólidos 
A classificação de resíduos sólidos é feita com base na identificação do processo 
ou atividade que lhes deu origem, de seus componentes e características, e também 
da comparação entre os componentes dos vários tipos de resíduos e substâncias, os 
quais causam sérios impactos à saúde e ao meio ambiente. A classificação dos 
resíduos sólidos, por exemplo, facilita a segregação, a identificação e a composição 
na fonte, contribuindo para o gerenciamento adequado e correto, quanto ao seu 
destino final (SILVA, 2015) 
A Figura abaixo ilustra a classificação dos resíduos sólidos urbanos de acordo 
com a Funasa. 
 
 
68 
 
 
Figura - Classificação dos Resíduos Sólidos Urbanos 
 
 
Fonte: Funasa, 2010. 
Lei 12.305/2010 e a ABNT/NBR 10004 (2004) 
 
Art. 13. Para os efeitos desta lei, os resíduos sólidos têm a seguinte 
classificação: 
I - Quanto à origem: 
a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em 
residências urbanas; 
b) resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de 
logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana; 
c) resíduos sólidos urbanos: é constituído pelos resíduos doméstico e 
comercial; 
d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços, 
os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas “b”, “e”, 
“g”, “h” e “j”; 
e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados 
nessas atividades, excetuados os referidos na alínea “c”; 
f) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e 
instalações industriais; 
 
69 
 
g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde, 
conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos 
do Sisnama e do SNVS; 
h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, 
reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da 
preparação e escavação de terrenos para obras civis; i) resíduos 
agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias e silviculturas, 
incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades; 
j) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, 
aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de 
fronteira; 
k) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração 
ou beneficiamento de minérios; os resíduos sólidos são classificados quanto 
ao risco à saúde pública e ao meio ambiente em: perigosos e não perigosos, 
sendo ainda este último grupo subdividido em não inerte e inerte. 
 
II - Quanto à periculosidade: 
a) resíduos perigosos (classe I): aqueles que, em razão de suas 
características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, 
patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, 
podendo apresentam risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, 
provocando ou contribuindo para o aumento de uma mortalidade ou incidência 
de doenças e/ou apresentar efeitos adversos ao meio ambiente, quando 
manuseados e dispostos de forma inadequada. 
 b) resíduos não perigosos (Classe II): são aqueles não enquadrados na 
alínea “a” (não são perigosos). Os resíduos não perigosos (Classe II) 
subdividem-se em: 
1) resíduos da classe II A: são aqueles que em função de suas 
características não se enquadram nas classificações de resíduos classe I 
(perigoso) e classe II(inertes). Esses resíduos podem apresentar 
propriedades como solubilidade em água, biodegradabilidade ou 
combustibilidade. 
 
70 
 
2) resíduos da classe IIB: são resíduos submetidos ao teste de 
solubilidade, não possuem nenhum de seus constituintes solubilizados em 
concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água (ABNT, 2004). 
 
A figura abaixo ilustra a classificação dos resíduos não perigosos – Classe II 
 
 
Fonte: ABNT/NBR 10004 (2004 apud FELTRIN, 2014). 
Um resíduo é considerado não inerte caso ele não seja enquadrado como um 
resíduo perigoso (Classe I) ou resíduo Inerte (Classe II B). Comumente quando os 
resíduos não inertes apresentam as seguintes propriedades: 
 
 Biodegradabilidade: é a quebra de compostos químicos mediados 
biologicamente. Isto significa que determinadas substâncias podem ser 
utilizadas como substratos por micro-organismos capazes de produzirem como 
resultado energia, outras substâncias, novos tecidos e novos organismos. A 
Mineralização é a biodegradação ou quebra total das moléculas orgânicas em 
CO2, água e compostos inorgânicos. 
 Combustibilidade: é quando uma substância tem capacidade de entrar em 
combustão e produzir energia, a exemplo das madeiras, dos tecidos e dos 
papéis. Solubilidade em Água: são os constituintes solubilizados a 
concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-
 
71 
 
se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G (padrões de 
ensaios de solubilização) depois de submetidos a um contato dinâmico e 
estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente. Já os 
resíduos que não tiverem seus constituintes solubilizados em água conforme 
descrito acima, são classificados como inertes (ABNT/NBR 10004, 2004 apud 
FELTRIN, 2014). 
 
O Quadro 1 apresenta outras legislações e normatizações (ABNT) pertinentes 
dos resíduos sólidos. 
 
 
Fonte: MMA: SNIR/ Legislação.2014 
A caracterização consiste nos aspectos físico-químicos, biológicos, qualitativo 
e/ou quantitativo das amostras. De acordo com a caracterização dos resíduos, pode-
se enfim classifica-los para a melhor escolha da destinação do mesmo. Cumprindo-
 
72 
 
se assim a norma da ABNT NBR 10004/04 e também a lei 12.305 de agosto de 
2010, Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). 
 Descrição da origem do resíduo 
 Estado físico 
 Aspecto geral 
 Cor 
 Odor 
 Grau de heterogeneidade 
 Denominação do resíduo 
 Estado físico 
 Processo de origem 
 Atividade industrial 
 Constituinte principal 
 Destinação 
 Destinação final 
 Aterro para resíduo perigoso 
 Aterro sanitário (não perigoso) 
 Aterro de resíduo inerte (solubilidade) 
 Tratamento térmico (compostagem, incineração, co-processamento) 
 
Após a caracterização dos resíduos sólidos, é realizado a classificação dos 
resíduos, que envolve a identificação da atividade que gerou determinado resíduo, 
além dos seus constituintes. 
A norma NBR 10004/04 da ABNT dispõe sobre a classificação dos resíduos 
sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública para 
que possam ser gerenciados adequadamente. 
A norma classifica os resíduos nos seguintes grupos: 
 
 Resíduos Classe I – Perigosos 
 
Os resíduos considerados perigosos são aqueles que têm características que 
podem colocar em risco as pessoas que manipulam ou que tem algum outro tipo de 
contato com o material. 
 
73 
 
 
Fonte: www.koleta.com.br 
Para um resíduo ser considerado perigoso, ele deve apresentar pelo menos uma 
das características seguintes: inflamabilidade, corrosividade, toxicidade, reatividade 
e/ou patogenicidade. 
A NBR 10004/04 aponta critérios específicos parao profissional capacitado 
classifique e avalie cada propriedade dos resíduos. A intenção é que se o produto for 
considerado “perigoso”, seja tomada as devidas providencias para 
manuseio, transporte e a correta destinação desses materiais. 
 
 Resíduos não perigosos não inertes (Classe II A) 
 
São resíduos que não se apresentam como inflamáveis, corrosivos, tóxicos, 
patogênicos, e nem possuem tendência a sofrer uma reação química. Contudo, não 
se pode dizer que esses resíduos classe II A não trazem perigos aos seres humanos 
ou ao meio ambiente. 
Os materiais desta classe podem oferecer outras propriedades, sendo 
biodegradáveis, comburentes ou solúveis em água. 
Resíduos dessa classificação merecem a mesma cautela para destinação final 
e tratamento do resíduo de classe I. 
 
 
74 
 
 Resíduos não perigosos inertes (Classe II B) 
 
Os resíduos dessa classificação não têm nenhuma das características dos 
resíduos de classe I. 
Porém, se mostram indiferentes ao contato com a água destilada ou desionizada, 
quando expostos à temperatura média dos espaços exteriores dos locais onde foram 
produzidos. 
Com isso, não apresentam solubilidade ou combustibilidade para tirar a boa 
potabilidade da água, a não ser no que diz respeito à mudança de cor, turbidez e 
sabor, seguindo os parâmetros indicados no Anexo G da NBR 10004/04. 
Após a classificação, deve-se elaborar um relatório ou laudo, contendo 
informações sobre os resíduos. Desse modo é mais fácil para estabelecer qual o 
melhor descarte final, tratamento, transporte, embalagens. 
8.4 Outros tipos de resíduos sólidos 
É importante destacar que há outros tipos de resíduos sólidos classificados 
segundo a origem, como: resíduos hospitalares, agrícolas, industriais, da construção 
civil, de varrição, comerciais, domésticos; os do tipo recicláveis e não recicláveis. 
No entanto, somente profissionais especializados podem indicar o melhor 
descarte para esse tipo de resíduos. Não apenas o descarte, mas os cuidados que 
devem ser tomados durante o processo de embalagem e transporte, e, até mesmo 
indicar melhores procedimentos para reciclagem, tratamento e destinação final. 
8.5 Resíduos industriais 
 Os resíduos industriais são considerados os maiores responsáveis pela 
poluição do meio ambiente. Para isso a melhor solução é o gerenciamento dos 
resíduos sólidos industriais, possibilitando que as industriais contribuam para um meio 
ambiente menos poluído e mais saudável. 
 
 
75 
 
 
Fonte: www.saolourencoambiental.com.br 
De acordo com Resolução 313 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, são 
considerados resíduos industriais todo aquele que: 
 Resulte das atividades das indústrias; 
 Se encontre nos estados sólido, semissólido, gasoso (quando contido) 
ou líquido; 
 Cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública 
de esgoto ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas 
ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia possível. 
 
Inclui-se também lodos provenientes de sistemas de tratamento de efluentes 
líquidos e aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição. 
Sendo assim, todo remanescente da atividade industrial que preencha esses 
requisitos é considerado resíduo industrial. 
 
 
 
76 
 
8.6 Impactos Causados pela Disposição Inadequada dos Resíduos Sólidos 
Os recursos naturais estão a cada dia mais escasso, devido o uso excessivo e 
sem as devidas medidas de preservação, e também em consequência do descarte 
irregular de resíduos sólidos nos ecossistemas, a exemplo dos lixões, da disposição 
em valas e locais públicos, constituindo um sério problema em relação aos aspectos 
ambientais, a saúde e suas interações. 
 
 
Fonte: residuoall.com.br 
Os resíduos sólidos são considerados perigosos devido às suas propriedades 
físicas, químicas e infectocontagiosas e, por isso, alguns dos resíduos sólidos, a 
exemplo dos inorgânicos, disposto no solo não degradam facilmente, tal como o vidro, 
o alumínio, o plástico, entre outros, persistindo por muitos anos no meio ambiente. Já 
no processo físico-químico de decomposição dos resíduos orgânicos, quando não 
controlado de forma correta, produzirá um líquido, ou seja, o chorume rico em sua 
maioria em metais pesados, chumbo, níquel, cádmio, e outros, e tanto escoa, como 
percola e infiltra no solo, contaminando os meios hídricos superficiais e também 
subterrâneos. Isso pode se agravar ainda mais no período de chuva, devido ao 
 
77 
 
aumento no processo carreamento e infiltração dessas substâncias em grande 
quantidade (SILVA,2015). 
8.7 Doenças Causadas Devido à Disposição Inadequada dos Resíduos 
Sólidos 
Os impactos ambientais ocorridos pela disposição inadequada dos resíduos 
sólidos vêm seriamente afetando a saúde pública, através do desenvolvimento de 
diversas doenças crônico-degenerativas e infectas contagiosas, transmitidas por 
ratos, baratas, moscas, cães, etc., além dos microrganismos patogênicos, tais como 
as bactérias, vírus, protozoários e helmintos, que são responsáveis pela transmissão 
da leptospirose, dengue, diarreia, febre tifoide, malária e outras(SILVA,2015). 
O descarte de pilhas, lâmpadas fluorescentes e outros objetos que têm em sua 
composição o mercúrio, são descartados junto com os resíduos sólidos orgânicos, 
contaminando através do processo de lixiviação o solo e a água e por sua vez, 
prejudicando a cadeia alimentar, levando o homem a desenvolver sérios problemas 
no sistema nervoso, provocando lesões no córtex e no cérebro, que podem ser 
irreversíveis (SILVA,2015). 
O Quadro abaixo apresenta as doenças relacionadas aos agentes biológicos que 
fazem dos resíduos sólidos sua fonte de alimentação ou abrigo. 
 
 
Fonte: Cussiol (2005) 
 
78 
 
8.8 Reciclagem: a indústria do presente 
A reciclagem é uma das alternativas de tratamento de resíduos sólidos mais 
vantajosas, tanto do ponto de vista ambiental como do social. Ela reduz o consumo 
de recursos naturais, poupa energia e água e ainda diminui o volume de lixo e a 
poluição. Além disso, quando há um sistema de coleta seletiva bem estruturado, a 
reciclagem pode ser uma atividade econômica rentável. Pode gerar emprego e renda 
para as famílias de catadores de materiais recicláveis, que devem ser os parceiros 
prioritários na coleta seletiva. Em algumas cidades do país, como por exemplo, São 
Paulo e Belo Horizonte, foi implementada a Coleta Seletiva Solidária, fruto da parceria 
entre o Governo local e as associações ou cooperativas de catadores. 
 
 
Fonte: sociedadepublica.com.br 
Para atrair mais investimentos para o setor, é preciso uma união de esforços 
entre o governo, o segmento privado e a sociedade no sentido de desenvolver 
políticas adequadas e desfazer preconceitos em torno dos aspectos econômicos e da 
confiabilidade dos produtos reciclados. 
Os materiais normalmente encaminhados para a reciclagem são o vidro 
(garrafas, frascos, potes etc.), o plástico (garrafas, baldes, copos, frascos, sacolas, 
canos etc.), papel e papelão de todos os tipos e metais (latas de alimentos, 
 
79 
 
refrigerantes etc.). Por questões de tecnologia ou de mercado, alguns materiais ainda 
não são reciclados. 
8.9 Para onde vai o lixo? 
Segundo a pesquisa do IBGE, em 64% dos municípios brasileiros o lixo é 
depositado de forma inadequada, em locais sem nenhum controle ambiental ou 
sanitário. São os conhecidos lixões ou vazadouros, terrenos onde se acumulam 
enormes montanhas de lixo a céu aberto, sem nenhum critério técnico ou tratamento 
prévio do solo, com a simples descarga do lixo sobre o solo. Além de degradar a 
paisageme produzir mau cheiro, os lixões colocam em risco o meio ambiente e a 
saúde pública. 
Como resultado da degradação dos resíduos sólidos e da água de chuva é 
gerado um líquido de coloração escura, com odor desagradável, altamente tóxico, 
com elevado poder de contaminação que pode se infiltrar no solo, contaminando-o e 
podendo até mesmo contaminar as águas subterrâneas e superficiais. Esse líquido, 
chamado líquido percolado, lixiviado ou chorume, pode ter um potencial de 
contaminação até 200 vezes superior ao esgoto doméstico. 
Além da formação do chorume, os resíduos sólidos, ao serem decompostos, 
geram gases, principalmente o metano (CH4), que é tóxico e altamente inflamável, e 
o dióxido de carbono (CO2) que, juntamente com o metano e outros gases presentes 
na atmosfera, contribui para o aquecimento global da Terra, já que são gases de efeito 
estufa. 
Existe uma técnica ambientalmente segura para dispor os resíduos, denominada 
aterro sanitário. Esta técnica surgiu na década de 1930 e vem se aperfeiçoando com 
o tempo. O aterro sanitário pode ser entendido como a disposição final de resíduos 
sólidos no solo, fundamentado em princípios de engenharia e normas operacionais 
específicas, com o objetivo de confinar o lixo no menor espaço e volume possíveis, 
isolando-o de modo seguro para não criar danos ambientais e para a saúde pública. 
Os resíduos dispostos em aterros estão isolados do meio ambiente externo por meio 
da impermeabilização do solo, da cobertura das camadas de lixo e da drenagem de 
gases. 
 
80 
 
Tratamento e disposição final do lixo: Existem algumas formas possíveis para 
o tratamento do lixo e sua disposição final na natureza. No Brasil, o gerenciamento 
dos resíduos sólidos urbanos é de responsabilidade das Prefeituras Municipais. Ainda 
é bastante reduzido o número de municípios que possuem um bom gerenciamento de 
resíduos sólidos, com sistemas adequados de coleta, tratamento e disposição final 
dos resíduos. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizada 
pelo IBGE em 2000, 64% dos municípios brasileiros depositam seus resíduos em 
lixões. Apenas 14% possuem aterros sanitários e 18% possuem aterros controlados. 
Existe, ainda, a necessidade de se promover a universalização da limpeza pública 
(coleta, varrição, tratamento, destinação final etc.) para toda a população brasileira, já 
que cerca de 30 % do total de resíduos gerados não é coletado no país (IPT/Cempre 
2000). 
 
Fonte: www2.maringa.pr.gov.br 
O conjunto de ações que objetivam a minimização da geração de lixo e a 
diminuição da sua periculosidade constitui a fase de tratamento dos resíduos, que 
representa uma forma de torná-los menos agressivos para a disposição final, 
diminuindo o seu volume, quando possível. Os processos de tratamento dos resíduos 
são os seguintes: 
 
81 
 
Compostagem: É um processo no qual a matéria orgânica putrescível (restos 
de alimentos, aparas e podas de jardins etc.) é degradada biologicamente, obtendo-
se um produto que pode ser utilizado como adubo. A compostagem permite aproveitar 
os resíduos orgânicos, que constituem mais da metade do lixo domiciliar. A 
compostagem pode ser feita em casa ou em unidades de compostagem. 
Incineração: É a transformação da maior parte dos resíduos em gases, através 
da queima em altas temperaturas (acima de 900º C), em um ambiente rico em 
oxigênio, por um período pré-determinado, transformando os resíduos em material 
inerte e diminuindo sua massa e volume. Não se deve confundir a incineração com a 
simples queima dos resíduos. No primeiro caso, os incineradores geralmente são 
dotados de filtros, evitando que gases tóxicos sejam lançados na atmosfera. 
De qualquer forma, devido a aspectos técnicos, a incineração não é o tratamento 
mais indicado para a maioria dos resíduos gerados e não é adequado à realidade das 
cidades brasileiras. Algumas unidades de incineração estão sendo desativadas no 
país por operarem precariamente, sem sistemas de tratamento adequado dos gases 
emitidos. A incineração é um sistema complexo, que envolve milhares de interações 
físicas e reações químicas. Além do dióxido de carbono e do vapor de água, outros 
gases são produzidos, incluindo diversas substâncias tóxicas, como metais pesados 
e outras. 
Entre elas, destacam-se as dioxinas e os furanos, classificados como poluentes 
orgânicos persistentes – POPs, que são tóxicos, cancerígenos, resistentes à 
degradação e acumulam-se em tecidos gordurosos (humanos e animais). Esses 
poluentes são transportados pelo ar, água e pelas espécies migratórias, sendo 
depositados distante do local de sua emissão, onde se acumulam em ecossistemas 
terrestres e aquáticos. Em decorrência dessas características, em setembro de 1998 
a Environmental Protection Agency (EPA), a agência de proteção ambiental 
americana, anunciou que não existe um nível “aceitável” de exposição às dioxinas. 
Pirólise: Diferentemente da incineração, na pirólise a queima acontece em 
ambiente fechado e com ausência de oxigênio. 
Digestão Anaeróbica: É um processo baseado na degradação biológica, com 
ausência de oxigênio e ambiente redutor. Neste processo há a formação de gases e 
líquidos. Este princípio é bastante utilizado em todo o mundo em aterros sanitários. 
Reuso ou Reciclagem: Já implantados em vários municípios brasileiros, estes 
processos baseiam-se no reaproveitamento dos componentes presentes nos resíduos 
 
82 
 
de forma a resguardar as fontes naturais e conservar o meio ambiente. Como todo 
processo de tratamento produz um rejeito, isto é, um material que não pode ser 
utilizado, a disposição final em aterros acaba sendo imprescindível para todo tipo de 
tratamento. 
Aterro sanitário: É um método de aterramento dos resíduos em terreno 
preparado para a colocação do lixo, de maneira a causar o menor impacto ambiental 
possível. Veja a seguir algumas das medidas técnicas empregadas para proteger o 
meio ambiente: 
 O solo é protegido por uma manta isolante (chamada de geomembrana) ou 
por uma camada espessa de argila compactada, impedindo que os líquidos 
poluentes, lixiviados ou chorume, se infiltrem e atinjam as águas 
subterrâneas; 
 São colocados dutos captadores de gases (drenos de gases) para impedir 
explosões e combustões espontâneas, causadas pela decomposição da 
matéria orgânica. Os gases podem ser queimados para evitar sua dispersão 
na atmosfera; 
 É implantado um sistema de captação do chorume, para que ele seja 
encaminhado a um sistema de tratamento; 
 As camadas de lixo são compactadas com trator de esteira, umas sobre as 
outras, para diminuir o volume, e são recobertas com solo diariamente, 
impedindo a exalação de odores e a atração de animais, como roedores e 
insetos; 
 O acesso ao local deve ser controlado com portão, guarita e cerca, para evitar 
a entrada de animais, de pessoas e a disposição de resíduos não autorizados. 
 
83 
 
 
Fonte: www.grupoescolar.com 
Aterro controlado: O aterro controlado não é considerado uma forma 
adequada de disposição de resíduos porque os problemas ambientais de 
contaminação da água, do ar e do solo não são evitados, já que não são utilizados 
todos os recursos de engenharia e saneamento que evitariam a contaminação do 
ambiente. 
 
 
Fonte: meioambiente.culturamix.com 
 
84 
 
No entanto, representa uma alternativa melhor do que os lixões, e se diferenciam 
destes por possuírem a cobertura diária dos resíduos com solo e o controle de entrada 
e saída de pessoas. 
Unidades de segregação e/ou de compostagem: Essa forma de tratamento 
prevê a instalação de um galpão para a separação (triagem) manual dos resíduos, 
usualmenterealizada em esteiras rolantes. Quando o município realiza a coleta 
seletiva, os resíduos já chegam separados, isto é, materiais recicláveis separados dos 
resíduos orgânicos. 
 
 
Fonte: www.poa24horas.com.br 
Entretanto, quando não existe esta separação nas residências, comércios etc., 
os sacos de lixo coletados na coleta convencional são encaminhados para a triagem, 
onde os resíduos recicláveis são separados dos orgânicos. Neste último caso, a 
separação é muito mais difícil porque os resíduos estão misturados, dificultando a 
segregação e comprometendo a qualidade do composto orgânico produzido. 
No Brasil, o sistema de reciclagem e compostagem desvinculado da coleta 
seletiva tem-se mostrado oneroso, pois além de exigir gastos elevados com muitos 
funcionários e equipamentos, a separação do material orgânico do reciclável é muito 
baixa. Por esta razão, a melhor alternativa é integrar as centrais de triagem e de 
 
85 
 
compostagem a um sistema de coleta seletiva, promovendo a separação dos 
materiais recicláveis e compostáveis na origem e a participação comunitária. Para que 
a coleta seletiva seja realmente eficiente é necessária a mudança de hábito na 
disposição e acondicionamento do lixo já na fonte geradora. Além dos benefícios 
ambientais promovidos pela coleta seletiva e consequente destinação dos resíduos 
para reciclagem e compostagem, podemos considerar também os benefícios de 
inclusão social dos catadores, caso eles sejam os parceiros preferenciais na coleta 
seletiva. 
 
9 CULTURA E SUSTENTABILIDADE EM FOCO: A CULTURA DA 
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL 
Desde quando emergiu no ambiente primitivo e sem o desenvolvimento do 
intelecto, os primeiros grupos humanos pouco se diferenciavam dos outros animais, 
pautando suas preocupações apenas na percepção dos meios de subsistência pela 
alimentação e pela segurança física. Viviam submissos aos rigores do ambiente, pela 
falta de habilidade para enfrentar as contingências da natureza e a competição com 
muitas outras espécies animais até que conseguiram desenvolver as primeiras 
estratégias de organização (FEITOSA, 2017). 
Os primeiros rudimentos de intelectualidade potenciaram ao homem o sentido 
de organização e de representação do espaço, que são marcos referenciais das 
atividades humanas, ao longo do processo civilizatório. A evolução deste processo 
registra o apogeu e o declínio de algumas comunidades, em diversos lugares e 
através do tempo, permeados por algumas iniciativas ambientalmente racionais, que 
perduraram e se notabilizaram por sua contribuição ao equilíbrio da natureza 
(FEITOSA, 2017). 
Inicialmente, atribuindo pouca importância coletiva aos problemas ambientais, 
as primeiras reflexões no sentido de seu enfrentamento emergiram na percepção 
individual de estudiosos mais conscientes de sua relação responsável com o futuro 
do ambiente, no que respeita a extração de matéria-prima para a produção dos 
recursos, mais ainda sem a ponderação de ações mitigadoras tão reivindicadas na 
atualidade. Tais reflexões deram origem às primeiras reuniões setoriais e eventos 
 
86 
 
científicos de nível local e regional, para discutir a temática, os quais logo evoluíram 
para a escala global (FEITOSA, 2017). 
Para além da discussão e aprovação dos instrumentos legais de educação 
ambiental, normatização, fiscalização e ações coercitivas com grande volume de 
estudos e relatórios de impacto ambiental produzido para atender as exigências da 
legislação e recolhidos em acervos documentais cujas recomendações vêm sendo 
negligenciadas por falta de interesse ou de meios materiais. No âmbito da percepção 
individual, merece destaque (FEITOSA, 2017). 
 
9.1 Ambiente, Cultura e Sustentabilidade 
Emergindo da natureza, o homem se aproveita dos recursos por ela oferecidos, 
como todos os seres vivos mais evoluídos, para prover sua subsistência e abrigo. 
O processo de desenvolvimento do homem evidencia etapas que permitem 
caracterizar suas primeiras atividades, como: coleta, caça e pesca, domesticação de 
animais e de plantas, as quais, praticadas por pequenos grupos de indivíduos e com 
incipiente emprego da técnica, não constituíram causa de impactos significativos à 
natureza. Contudo, evidenciam o início dos processos culturais cujo percurso resultou 
na diversidade atual, tão bem fragmentada, analisada e valorizada (FEITOSA, 2017). 
Com a Revolução Industrial, no século XVIII, o incremento das atividades da 
agricultura, da pecuária e mineração modernas, para atender as demandas das 
populações urbanas e de matérias-primas para as indústrias, acelerou a frequência e 
a magnitude dos impactos das atividades humanas sobre o ambiente natural, de cujo 
processo emergiram as primeiras preocupações com a natureza, mediante a 
perspectiva de esgotamento dos recursos pela superação dos limiares de equilíbrio 
do ambiente natural (FEITOSA, 2017). 
Ações decorrentes das conferências citadas motivaram a construção de uma 
agenda ambiental cuja culminância resultou na Rio-92 e na Rio+20 com protocolos 
internacionais e documentos diversos, como a Agenda 21, instrumento para orientar 
a cooperação de governos, empresas, organizações não-governamentais e a 
sociedade em geral, em âmbito global, nacional e local e nas instâncias de 
planejamento e gestão socioambiental. 
 
87 
 
As ações do homem no ambiente, praticadas por determinado grupo em um 
tempo e lugar delimitados, constitui a Cultura daquele segmento da humanidade em 
sua totalidade, representada por todas as manifestações individuais e coletivas que 
expressam aptidão, conhecimento, comportamento, costumes e crenças. 
9.2 Cultura, produto do desenvolvimento do homem 
Emergindo da natureza, as primeiras manifestações culturais do homem 
expressaram suas ações e reações praticadas para subsistir ao embate com os 
rigores da natureza e com os animais para adquirir aptidão e conhecimento, ainda que 
incipiente, o instrumental necessário à mudança de comportamento para a superação 
dos obstáculos. Em estágio mais evoluído, identifica-se a elaboração de artefatos para 
maior eficiência nas atividades de coleta, pesca, caça, criação de animais e 
agricultura, seguindo-se a representação espacial dos elementos do seu universo 
conhecido através da arte rupestre e dos processos audíveis (FEITOSA, 2017). 
Na atualidade, muitas ciências expressam compreensão própria sobre o 
conceito e definição de cultura, notadamente as ciências sociais, filosofia e 
antropologia e geografia, ainda que se identifiquem pequenas diferenciações por 
vezes frutos da variação semântica. Nesse contexto, merece relevo a valorização e 
proteção da cultura popular e da cultura patrimonial, aplicada ao ambiente, mesmo 
que com motivação focada na geração de renda. 
9.3 A Cultura da Sustentabilidade Ambiental 
A concepção de sustentabilidade ambiental vem sendo introduzida na rotina 
diária do coletivo das pessoas como um apelo para a solução de uma crise que as 
afeta, mas que elas, individualmente, sabem que não deram causa, e para o resgate 
de uma condição ambiental que a grande maioria não sabe ter perdido, ou mesmo se 
existiu. Contudo, embora a postura das pessoas possa parecer alienação em relação 
a um problema que as afeta no dia-a-dia, é resultado da falta de educação formal com 
qualidade ou mesmo de instrução (FEITOSA, 2017). 
Uma pequena parcela do coletivo de pessoas, tendo recebido educação formal 
ou instrução com qualidade em relação aos problemas ambientais, tem conhecimento 
destes, mas não os incorpora em nível consciente e não os interpreta como motivação 
 
88 
 
para uma mudança séria de valores e atitudes em relação ao ambiente. Neste caso,afigura-se certa alienação em relação aos apelos por não terem contribuído para dar 
causa aos problemas. 
O despertar da crise ambiental responsabilizou o crescimento econômico com 
foco no sistema industrial e deflagrou uma série de ações para equacionar os 
problemas identificados através de controles instituídos na legislação e criação de 
normas específicas. Dentre as principais ações neste sentido, referimos a criação do 
PNUMA, cujas ações serviram de base para as políticas públicas ambientais a nível 
nacional (FEITOSA, 2017). 
Considerando todos os esforços despendidos e recursos investidos em 
Educação Ambiental ao longo dos últimos 40 anos, ainda não se observam resultados 
que indiquem uma mudança efetiva dos valores e atitudes dos indivíduos quanto à 
prática sistemática de ações sustentáveis, mas apenas aquisição de informações 
dispersas sobre a necessidade de preservar o “meio ambiente”. 
A importância da cultura para a sustentabilidade ambiental vem sendo pontuada 
por sua influência no fortalecimento dos grupos sociais e para agregar valor às 
variadas expressões e manifestações, fato que contribui para a melhoria das 
condições econômicas, sociais e ambientais. O reconhecimento desta possibilidade 
tornou-se mais visível com o lançamento do livro Cultura: o 4º Pilar da 
Sustentabilidade (no qual se destaca a importância da cultura para o resgate dos 
costumes e tradições e o conhecimento do passado como indicador de perspectiva 
do futuro). 
No plano de ação do indivíduo, todas as suas manifestações expressam a cultura 
apreendida como produto das experiências vividas nos meios em que atuou de modo 
ativo ou passivo. Mediante os apelos da cultura da sustentabilidade ambiental em 
cumprimento à responsabilidade de cada indivíduo neste processo, tais 
manifestações podem denotar o cultivo consciente e disciplinado de atitudes e valores 
ambientais nos aspectos objetivos e subjetivos. Um exemplo a ser copiado, um 
modelo a ser seguido. 
9.4 Técnicas para Elaboração e Avaliação de Projetos Sustentáveis 
O Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho, tem como 
finalidade chamar a atenção de todas as esferas da população para os problemas 
 
89 
 
ambientais e para a importância da preservação dos recursos naturais. A data foi 
instituída na a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em 
1972. 
Dentre os principais problemas que afetam o meio ambiente, podemos destacar 
o descarte inadequado de lixo, a falta de coleta seletiva e de projetos de reciclagem, 
consumo exagerado de recursos naturais, desmatamento, uso de combustíveis 
fósseis, desperdício de água e esgotamento do solo. Esses problemas e outros 
poderiam ser evitados se todas as esferas da sociedade se conscientizassem da 
importância do uso correto e moderado dos nossos recursos naturais. 
A pesar de parecer uma tarefa difícil, o meio ambiente pode ser ajudado com 
medidas individuais bastante simples de sustentabilidade. Se cada um fizer sua parte, 
podemos garantir um futuro mais promissor para as gerações futuras. E o papel da 
escola nessa tarefa é fundamental. 
 
 Criação de Horta na Escola 
A construção de uma horta escolar é uma forma dos alunos compreenderem 
mais sobre como a terra fornece o alimento e a importância de cuidar do solo. A horta 
pode se expandir para um projeto comunitário, educar os outros e permitir que a 
comunidade escolar tenha a oportunidade de trabalhar junta. 
 
 
Fonte: www.palmas.to.gov.br 
 
90 
 
A escola é um ambiente importante para o desenvolvimento do indivíduo como 
um todo. É papel da escola propiciar a emancipação do indivíduo, ou seja, fornecer a 
ele ferramentas que os tornem responsáveis e capazes de contribuir e resolver 
questões sociais. Também é importante que a escola favoreça as relações do 
educando com o meio ambiente onde vive. Pois este contato com o ambiente natural 
pode despertar a consciência das pessoas para o fato que os recursos naturais são 
finitos (ARRUDA; MARQUES; REIS, 2017). 
O desenvolvimento de projetos no ambiente escolar, que abordem a temática 
ambiental, tem grande importância para promover este contato ser humano- natureza. 
Ultrapassando assim a barreira da teoria somente. Um exemplo de projetos desta 
natureza é a construção de hortas no ambiente escolar. A construção de uma horta 
proporciona diversos benefícios para os envolvidos no processo. Com a confecção da 
horta, o estudante tem possibilidade de aprender a plantar, selecionar o que plantar, 
planejar o que plantou, transplantar mudas, regar, cuidar, colher, decidir o que fazer 
do que colheu. É importante que o educando participe ativamente de todas a etapas 
deste processo, pois assim estes se sentem estimulados e corresponsáveis pelo 
projeto (ARRUDA; MARQUES; REIS, 2017). 
Compostagem demonstra os processos da natureza de decomposição, 
transformando resíduos orgânicos em novo solo, permitindo que os alunos se 
familiarizem com o ciclo de nutrientes. Os alunos podem construir com o adubo para 
uso no pátio da escola a ser preenchido com jardim e restos de comida. 
 
 Programa de Reciclagem 
A maioria dos resíduos da sociedade é composta por papel e programas de 
reciclagem devem tentar lidar com todos os tipos possíveis. As escolas podem criar 
contentores de reciclagem nas salas de aula, escritórios, salões e refeitório para 
coletar resíduos. Pode-se também envolver a comunidade, pedindo doação de 
materiais recicláveis para serem trabalhados dentro da escola. 
 
 Projeto de Arborização 
As árvores são partes importantes do ecossistema por fornecerem oxigênio, 
proteger o solo, fornece habitat animal e limpar o ar. O plantio de árvores consiste em 
grande experiência prática de cuidar do meio ambiente e contribuir para a comunidade 
 
91 
 
local, além de fornecer habitat natural e de alimentos para animais. Um projeto de 
plantação fornece a oportunidade para aprender sobre botânica e o papel das árvores 
nos ecossistemas. 
 
 Uso Racional de Energia Elétrica 
Disseminar conceitos básicos de uso eficiente e seguro da energia elétrica e 
promover a conscientização da comunidade escolar para o seu uso racional. As 
escolas podem criar iniciativas para transformar os alunos em agentes multiplicadores 
do uso correto da energia elétrica dentro e fora da escola, para que seja compartilhado 
com os familiares e a comunidade. 
10 O MEIO AMBIENTE E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL 
Na década de 1960, começaram os debates sobre a questão ambiental no Brasil. 
A realização de encontros e congressos sobre o assunto fez surgir um embrionário 
movimento ecológico organizado. Entretanto, efetivamente, foi na década de 1970 que 
o governo federal direcionou sua atenção para os problemas de degradação 
ambiental, com a criação de áreas protegidas - como os Parques Nacionais - e 
punição aos infratores ambientais. 
Em uma conjuntura de ―milagre econômico, quando o governo brasileiro 
priorizava o crescimento econômico e a industrialização como condição de 
desenvolvimento em detrimento da conservação e o uso racional de recursos naturais, 
foram criadas as primeiras instituições e políticas públicas ambientais do 
país(MARTINS, 2017). 
Em 1999 foi editada a Lei n° 9.795, que dispõe sobre a Política Nacional de 
Educação Ambiental e define as orientações políticas e pedagógicas deste tema 
transversal nos sistemas de ensino em âmbito nacional. A Lei preconiza que a EA 
deve ser desenvolvida nos currículos das instituições de ensino públicas e privadas, 
em todos os níveis de ensino e de forma interdisciplinar. 
Com todo um aparato legal, a Educação Ambiental vai se disseminando e se 
tornando uma realidadenos bancos escolares do Brasil. Todavia, o ―como cuidar da 
vida no planeta‖ envolve diferentes concepções de sociedade, de educação e da 
relação homem e a natureza. Concepções que se refletem no fazer pedagógico do 
 
92 
 
professor. E a respeito dessas concepções de educação e educação ambiental que o 
próximo capítulo se propõe a refletir (MARTINS, 2017). 
10.1 As Diferentes Concepções de Educação e de Educação Ambiental 
Desde que o vocábulo ―educação ambiental começou a ser utilizado no Brasil, 
uma heterogeneidade de denominações surgiu para designar as diferentes 
concepções epistemológicas que orientam a prática pedagógica: variando entre uma 
abordagem conservacionista, que apregoa o uso racional dos recursos naturais e uma 
adequação dos comportamentos individuais ao ponto de vista ambiental, até a EA 
crítica, que propõe a compreensão das relações sociedade-natureza e uma 
consequente intervenção nos problemas e conflitos ambientais. Tais concepções 
norteiam o fazer pedagógico de formas diversas. Com visões de mundo e objetivos 
bem diferenciados, as diferentes denominações vão demarcando as fronteiras 
internas do campo da educação ambiental (MARTINS, 2017). 
As concepções de educação norteiam, de formas diversas, a prática educativa. 
Para que ocorra aprendizagem, na abordagem histórico-cultural, é necessária a 
mediação cultural. Assim, a Educação Ambiental necessita transcender os aspectos 
puramente biológicos, de forma que tenha um alcance social desde o seu conceito até 
a prática pedagógica (MARTINS, 2017). 
10.2 Olhares e Práticas diferenciadas na Educação Ambiental 
A concepção que se tem de Educação Ambiental está intimamente relacionada 
à representação que um indivíduo e, sobretudo, um grupo possui de meio ambiente. 
Por se tratar de termo passível de múltiplas significações, o conceito tem suscitado 
inúmeras discussões (MARTINS, 2017). 
Os PCN – Meio Ambiente – 3º e 4º ciclos (1988), no anexo III, orienta o professor 
com relação a noções básicas referentes à questão ambiental. Dentre elas, a definição 
de meio ambiente: 
[...] o termo “meio ambiente" tem sido utilizado para indicar um “espaço” 
(com seus componentes bióticos e abióticos e suas interações) em que um 
ser vive e se desenvolve, trocando energia e interagindo com ele, sendo 
transformado e transformando-o. No caso do ser humano, ao espaço físico e 
biológico soma-se o “espaço” sociocultural. Interagindo com os elementos do 
 
93 
 
seu ambiente, a humanidade provoca tipos de modificação que se 
transformam com o passar da história. E, ao transformar o ambiente, o 
homem também muda sua própria visão a respeito da natureza e do meio em 
que vive. (PCNs,2001,p.31-32). 
Assim, a questão ambiental integra processos tanto de ordem física como social, 
superando, dessa forma, uma concepção reducionista de ambiente. 
É num campo novo do conhecimento, com inúmeras formas de concepção e 
significação do meio ambiente, onde natureza e cultura se articulam e que a Educação 
Ambiental avança na construção de seu objeto de estudo (MARTINS, 2017). 
10.3 A construção do campo educativo-ambiental e o compromisso com a 
sociedade 
A presença da educação ambiental nas licenciaturas é a extensão do processo 
de retradução da crise ambiental no campo acadêmico na forma de problemática 
ambiental. 
Ao abordar a origem do conceito de campo, Bourdieu afirma que ele foi 
elaborado para resolver um problema colocado pela explicação da produção dos bens 
simbólicos na sociedade. A produção cultural, na qual se incluem a ciência e o 
conhecimento ambiental, se explica pela articulação entre o seu conteúdo, na forma 
de auto explicação – uma obra se explica por si só – e as suas determinações sociais. 
Neste sentido, o campo é um espaço relativamente autônomo, com leis próprias, 
ainda que na produção ele se constitua em função das pressões e solicitações 
externas a ele, por exemplo, aquelas colocadas pela questão ambiental à formação 
acadêmica. 
Numa sociedade complexa em que a organização do trabalho e as relações 
sociais estão sofrendo profundas alterações, a escola e o professor têm uma árdua 
missão: responder às demandas dessa sociedade sem perder a sua função primordial 
que é a de’ ensinar. Na chamada ―era do conhecimento, da comunicação midiática, 
formar um aluno que se adapte às exigências de um mundo cada vez mais científico 
e tecnológico e que seja capaz de transformar a realidade em que vive é tarefa que a 
sociedade delega a escola e, principalmente, ao professor. 
Ao novo currículo, além das áreas do conhecimento tradicionais, foram 
incorporadas questões sociais da vida real, contemporâneas, que estão sendo 
debatidos nas famílias, nas comunidades, nas igrejas, na mídia e necessitam serem 
 
94 
 
discutidos dentro das escolas. É neste contexto que a inclusão de projetos de EA é 
realizada nas escolas. 
Em face dessa complexidade, a escolha dos procedimentos metodológicos não 
é fácil. Investigar os projetos de Educação Ambiental, na educação formal, requer a 
imersão num espaço contraditório e complexo que é a escola. E, mais 
especificamente, abordar esse tema sob a ótica do professor é desafiador. O 
professor pensa e age circunstanciado por suas representações, crenças, 
sentimentos e valores e torna-se difícil compreender seus comportamentos sem 
vivenciar o contexto onde a prática educativa se realiza que é a escola. Daí a 
necessidade da aproximação do pesquisador com o contexto da pesquisa. 
Acompanhar de perto os movimentos, as expressões e as mensagens, muitas vezes 
subjetivas, permite uma melhor compreensão da realidade, identificando práticas que 
vão além das aparências (MARTINS, 2017). 
Os princípios da Epistemologia Qualitativa – denominação dada à pesquisa 
qualitativa por González Rey - possuem uma estreita relação com a subjetividade. O 
autor enfatiza que a subjetividade está constituída tanto no sujeito, como nos 
diferentes espaços sociais em que ele se relaciona. Os diferentes espaços de uma 
sociedade estão estreitamente relacionados entre si, assim como suas implicações 
subjetivas. É a subjetividade social que se apresenta nas representações sociais, nos 
mitos, nas crenças, na moral, na sexualidade, nos diferentes espaços em que se vive 
e está atravessada pelos discursos e produções de sentido que configuram sua 
organização subjetiva na obra citada (MARTINS, 2017). 
Assim, entende-se que para melhor compreensão das ações pedagógicas dos 
professores envolvidos nos projetos de EA da rede pública de ensino é importante 
observar e analisar os aspectos subjetivos – tanto individuais quanto sociais – que 
participam no processo de formação do professor. Em sua prática pedagógica, ele 
pensa e age apoiado em conhecimentos que estão sendo produzidos nos variados 
espaços em que se relaciona. Daí a importância das relações inter e intrapessoais 
que o professor estabelece no seu processo de formação (MARTINS, 2017). 
Além da formação ofertada nas instituições de ensino superior, outros espaços 
dentro do campo acadêmico são ocupados por esse conhecimento, tais como eventos 
e publicações científicas, indicando que ele tem conseguido fazer “triunfar 
argumentos, demonstrações e refutações” de acordo com as regras do campo. 
Contudo, ainda são “focos” que não garantem a sua vitória na disputa pelo poder no 
 
95 
 
campo. De certa forma, a imagem que mais se aproxima desta possibilidade tem sido 
apresentada pelo discurso da ambientalização do Ensino Superior, na qual haveria. 
10.4 Educação Ambiental Popular 
Depois da reunião do "Clube de Roma" em 1968 e da "Conferência das Nações 
Unidas sobre o Meio Ambiente Humano" em Estocolmo em 1972, a problemáticaambiental passou a ser analisada na sua dimensão planetária. Nesta última 
conferência, uma das resoluções indicadas no seu relatório final apontava para a 
necessidade de se realizarem projetos de educação ambiental. 
Em 1977, a UNESCO realizou em Tbilisi, URSS, a primeira Conferência Mundial 
de Educação Ambiental, após a realização de inúmeras outras a nível regional, nos 
diferentes continentes. Em 1987, em Moscou, foi realizada a segunda Conferência 
Mundial que reafirmou os objetivos da educação ambiental indicados em Tbilisi. 
 
Surgidos do consenso internacional, os objetivos da educação ambiental são: 
Consciência: Ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem uma 
consciência e uma sensibilidade acerca do meio ambiente e dos problemas a ele 
associados. 
Conhecimento: Ajudar os grupos sociais e os indivíduos a ganharem uma 
grande variedade de experiências. 
Atividades: Ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem um conjunto 
de valores e sentimentos de preocupação com o ambiente e motivação para 
participarem ativamente na sua proteção e melhoramento. 
Competência: Ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem 
competências para resolver problemas ambientais. 
Participação: Propiciar aos grupos sociais e aos indivíduos uma oportunidade 
de se envolverem ativamente, em todos os níveis, na resolução de problemas 
relacionados com o ambiente. 
 
Esses elementos fundamentam experiências diversas em educação ambiental a 
nível escolar e extraescolar. 
Muito recentemente temos visto o surgimento do que tem sido chamado de 
educação ambiental popular, no que o ICAE é um dos centros pioneiros na sua 
 
96 
 
divulgação e está implementando uma política de realização. Onde então a educação 
popular e a educação ambiental se encontram e se unem? 
Nesta perspectiva de educação popular se incluem os objetivos da educação 
ambiental, só que a primeira tem uma tradição pedagógica e política voltada para o 
avanço das camadas populares. Avanço este que inclui melhores condições de vida, 
democracia e cidadania. A opção política explícita da educação popular não se 
encontra facilmente nos projetos de educação ambiental que têm sido realizados no 
Brasil, em particular. Um estudo mais aprofundado sobre isso na América Latina, é 
necessário ser feito. São também poucas as opções e projetos de educação ambiental 
para as camadas populares, embora esta necessidade e reivindicação já tenham sido 
apontadas em trabalhos que se situam nos limites da educação realizada em escolas 
públicas de São Paulo (Reigota, 1987 e 1990). 
A educação ambiental popular, no entanto, deverá ser realizada prioritariamente 
com os movimentos sociais, associações e organizações ecológicas, de mulheres, de 
camponeses, operários, de jovens, etc, procurando fornecer um salto qualitativo nas 
suas reivindicações políticas, econômicas e ecológicas. 
 
 
Fonte: tribunadoceara.uol.com.br 
A sua realização possibilitará recuperar o potencial critico dos movimentos 
ecológicos, que têm se caracterizado pelo conservadorismo, tecnocracismo, elitismo, 
 
97 
 
entre outros "ismos", assim como propiciar a participação social nas questões 
ambientais das principais vítimas do modelo de desenvolvimento econômico, que 
ignora as suas consequências sociais e ecológicas. 
A educação ambiental popular terá certamente um papel importante nos 
próximos anos, já que muito resta a fazer nos planos teórico e prático para atingirmos 
uma melhor qualidade de vida, a democracia e a cidadania. O papel que a América 
Latina tem e terá nos próximos anos, no debate internacional sobre o meio ambiente, 
será de importância fundamental para estabelecimento de uma nova ordem 
econômica e ecológica internacional (DE ANDRADE, 2016). 
10.5 Educação Ambiental Crítica 
A “Educação Ambiental Crítica, Transformadora ou Emancipatória é uma das 
nomenclaturas existentes no Brasil que, atualmente, retratam um momento da 
Educação Ambiental em que há a necessidade de se criar novos significados para a 
percepção do papel do indivíduo no planeta e são fundamentais para vislumbrar os 
diferentes posicionamentos político-pedagógicos. Nesse sentido, o Brasil abriga uma 
rica discussão sobre as especificidades da Educação Ambiental Crítica na construção 
de uma verdadeira sustentabilidade. O debate no Brasil sobre o novo papel da 
Educação Ambiental é o que veremos ao longo desta seção (DE ANDRADE, 2016). 
A complexidade ambiental emerge no mundo como um efeito das formas de 
conhecimento, mas não se trata apenas de uma relação de conhecimento. Não é uma 
biologia do conhecimento nem se resume a uma relação entre o organismo e seu 
ambiente. A complexidade ambiental não surge das relações ecológicas, mas do 
mundo levado pela cultura e transformado pela ciência, por um conhecimento objetivo, 
fragmentado e especializado. A complexidade ambiental permite uma nova reflexão 
sobre a natureza do ser, do saber e do conhecer e ainda sobre a hibridização do 
conhecimento na interdisciplinaridade e na transdisciplinaridade (DE OLIVEIRA e 
GUIMARÃES, 2014) 
A Educação Ambiental Crítica enfatiza a educação enquanto processo 
permanente, concreto e coletivo, pelo qual os indivíduos devem agir e refletir, 
transformando a realidade de vida. Está focada nas pedagogias problematizadoras do 
cotidiano, no reconhecimento das diferentes necessidades, interesses e modos de 
relações na natureza que definem os grupos sociais e o “lugar” ocupado por estes em 
 
98 
 
sociedade, como meio para se buscar novas sínteses que indiquem caminhos 
democráticos, sustentáveis e justos para todos. Baseia-se no princípio de que as 
certezas devem ser relativizadas com as críticas e autocríticas constantes e de que a 
ação política é uma forma de se estabelecer movimentos emancipatórios e de 
transformação social, que possibilitem o estabelecimento de novos patamares de 
relações na natureza (DE ANDRADE, 2016). 
Designar a qualidade “Crítica” à Educação Ambiental, mesmo que para enfatizar 
uma característica já presente, evidencia os vínculos existentes entre a Teoria Crítica 
e a Educação Ambiental, o que pode significar dois movimentos simultâneos, mas 
distintos: um refinamento conceitual, fruto do amadurecimento teórico do campo da 
Educação Ambiental, mas também o estabelecimento de fronteiras de identidade 
internas de ambos os conceitos. A Educação Ambiental em viés crítico, portanto, 
versa sobre o encontro da educação ambiental com o pensamento crítico dentro do 
campo educativo (DE ANDRADE, 2016). 
A partir da Teoria Crítica da Escola de Frankfurt, passando pelos referenciais 
dos movimentos de Contracultura, construiu-se, assim, o conceito de Educação 
Ambiental como Crítica no Brasil, preenchendo a visão convencional de Educação 
Ambiental de sentido político e como ação política de transformação de relação de 
seres humanos entre si e com o ambiente, seja ele natural ou social, com forte 
influência do pensamento neomarxista, ou seja, do materialismo histórico e dialético. 
A Educação Ambiental Crítica, desse modo, foi definida no Brasil a partir de uma 
matriz que vê a educação como elemento de transformação social e movimento 
integrado de mudança de valores e de padrões cognitivos. 
No campo da educação e suas abordagens, a influência à Educação Ambiental 
Crítica de maior destaque encontra-se na pedagogia inaugurada por Paulo Freire, 
inserida no grupo das pedagogias libertárias e emancipatórias iniciadas na década de 
1970 na América Latina, em seus diálogos com as tradições marxista e humanista 
(DE ANDRADE, 2016). Esta pedagogia se destaca pela ideia de que a educação deve 
ser tratada como atividade social de aprimoramentodo indivíduo pela aprendizagem 
e pelo agir, atreladas aos mecanismos de transformação social, de ruptura com a 
sociedade consumista e de formas alienadas de se viver. Concebe o indivíduo como 
um “ser inacabado”, ou seja, em constante transformação, sendo por meio desse 
movimento contínuo que o indivíduo passa a conhecer e a evoluir intelectualmente e, 
 
99 
 
nessa transformação, integra-se e se insere na sociedade, ampliando a consciência 
de pertencimento ao mundo (DE ANDRADE, 2016). 
A Educação Ambiental Crítica, ao se inspirar nessas ideias que tomam a 
educação como parte da construção da história e da personalidade do indivíduo, 
acrescenta uma característica fundamental: propor a compreensão das relações 
homem-natureza, a fim de que o indivíduo passe a atuar sobre os problemas e 
conflitos ambientais. Desse modo, a proposta político-pedagógica da Educação 
Ambiental Crítica seria a de estimular o pensamento crítico para que haja uma 
mudança de valores e atitudes, contribuindo para a formação de um cidadão ecológico 
e comunitário. É dar uma ótica subjetiva de ensinar, pautada em sensibilizar as 
pessoas para questões solidárias em relação à comunidade e ao meio ambiente, 
construindo bases para a formação de indivíduos e grupos sociais capazes de 
identificar, questionar, criticar e atuar frente às questões socioambientais, dentro de 
uma construção ética preocupada com a justiça ambiental (DE ANDRADE, 2016). 
Outro relevante teórico que contribuiu como base de sustentação da Educação 
Ambiental Crítica como uma nova proposta de ensino-aprendizagem, voltada à 
construção de uma postura ético-política do indivíduo, é Boaventura de Sousa Santos, 
que em sua Teoria da Emancipação busca não reduzir o real ao que existe, mas 
enxergar possibilidades alternativas para além do que existe. Para o citado autor, a 
realidade fática da modernidade não se pautou na cidadania plena e na 
universalização da liberdade e de direitos. Ao contrário, a lógica capitalista de 
consumo, de concentração de renda e de utilização do máximo de riquezas naturais 
em prol do progresso, somada a um ensino tradicional, reprodutor de ideias pré-
concebidas, retrai e desestimula as possibilidades de construção de um pensamento 
crítico e de emancipação. Daí a necessidade de reinventar a forma de pensar a 
educação ambiental, no sentido de voltar o pensamento para o futuro que queremos 
e podemos construir em todos os contextos da vida humana e social (DE ANDRADE, 
2016). 
10.6 A Metodologia Participativa como Ferramenta para a Educação Ambiental 
Crítica 
As metodologias participativas são as mais adequadas ao propósito da 
Educação Ambiental Crítica, uma vez que a participação é um dos seus pressupostos 
 
100 
 
indissociáveis, pois permite que os indivíduos passem a questionar e a construir seus 
próprios conceitos. 
Participar, nesse passo, é promover a cidadania, entendida aqui como realização 
do indivíduo enquanto agente de transformação de sua própria realidade. Para isso, 
é preciso libertá-lo de condicionamentos políticos e econômicos e de reprodução de 
conceitos pré-concebidos. No entanto, é importante destacar que um dos grandes 
problemas da participação e, logo, de uma perspectiva emancipatória consiste no fato 
de que vivemos em uma sociedade heterogênea e desigual. Ocorre, ainda, que as 
pessoas se submetem a fatos e argumentos, por ignorância sobre o assunto ou por 
não conseguir visualizar soluções concretas de melhorias para determinada questão 
e, em diversos momentos, filiam-se a opiniões pré-concebidas e acabam se 
identificando com elas, sem fazer qualquer juízo de valor. Por isso, é relevante que 
qualquer informação recebida por um indivíduo se converta em conhecimento, não se 
reduzindo ao simples acesso a elas. No processo educativo, a compreensão, a 
reflexão e a inter-relação são fundamentais na formação de um cidadão e, desse 
modo, a metodologia participativa propõe o estímulo à capacidade individual e coletiva 
de construir argumentos e questões que possam ser incluídos na agenda pública (DE 
ANDRADE, 2016). 
Para que os educadores viabilizem a proposta da ação pedagógica da Educação 
Ambiental Crítica, com o desenvolvimento de projetos que se voltem para além das 
salas de aula, deve haver, inicialmente, uma internalização das práxis de um ambiente 
educativo de caráter crítico. Sendo assim, acredita-se alcançar a efetiva inserção 
política dos educadores no processo de transformação da realidade socioambiental, 
ou seja, é necessário que primeiro os educadores promovam uma transformação 
interna de pensamentos e atitudes para que depois estejam aptos a verdadeiramente 
estimularem a construção deste processo nos seus alunos. Nesse processo 
pedagógico, estar-se-á promovendo a formação da cidadania, na expectativa do 
exercício de um movimento coletivo conjunto, gerador de mobilização para a 
construção de uma nova sociedade ambientalmente sustentável (DE ANDRADE, 2016). 
10.7 O Saber Ambiental 
Segundo Leff (2012), o saber ambiental carrega em si o caráter integrador, 
problematizando o conhecimento fragmentado em disciplinas e administrado 
 
101 
 
setorialmente, visando constituir teorias e práticas voltadas para a rearticulação das 
relações sociedade-natureza. Ainda segundo o autor, a partir da complexidade da 
problemática ambiental e dos múltiplos processos que a envolvem, questionou-se a 
compartimentalização do conhecimento disciplinar, incapaz de entendê-la e resolvê-
la. 
O saber ambiental inclui a questão da diversidade cultural no conhecimento da 
realidade, mas também o problema da apropriação de conhecimentos e saberes em 
diferentes culturas e identidades étnicas. Ele não só produz um conhecimento 
científico mais objetivo e abrangentes, mas também gera novas significações sociais, 
novas formas de subjetividade e de posicionamento diante do mundo. Assim sendo, 
o saber ambiental emerge como um processo de revalorização das identidades 
culturais, das práticas tradicionais e dos processos de produção de diferentes 
populações, abrindo num diálogo entre conhecimento e saber proporcionando um 
encontro do tradicional com o moderno. O saber ambiental, portanto, reconhece as 
identidades dos povos, suas cosmologias e seus saberes tradicionais como parte de 
suas estratégias culturais para a apropriação de seu patrimônio de recursos naturais. 
 
 A Complexidade 
 
A complexidade, dentre outros aspectos, é uma ideia que se contrapõe a 
fragmentação, a simplificação e a redução do conhecimento que caracteriza o 
paradigma dominante. 
A complexidade ambiental emerge no mundo como um efeito das formas de 
conhecimento, mas não se trata apenas de uma relação de conhecimento. Não é uma 
biologia do conhecimento nem se resume a uma relação entre o organismo e seu 
ambiente. A complexidade ambiental não surge das relações ecológicas, mas do 
mundo levado pela cultura e transformado pela ciência, por um conhecimento objetivo, 
fragmentado e especializado. A complexidade ambiental permite uma nova reflexão 
sobre a natureza do ser, do saber e do conhecer e ainda sobre a hibridização do 
conhecimento na interdisciplinaridade e na transdisciplinaridade. 
 
 
 
 
102 
 
11 BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
CASCINO, Fabio. Educação ambiental: São Paulo: SENAC. 1999. DIAS, General 
Freire. Educação ambiental: Princípios e práticas. 9.ed. São Paulo: Gaia. 2009. 
PEDRINI, A.G. de (org.). 1998. Educação Ambiental - reflexões e prática 
contemporâneas. RJ:Vozes. 2008. 
KINDEL, Eunice Aita Isaia. Educação ambiental: Vários olhares e várias práticas. 
2.ed. Porto Alegre: Mediação 2004. 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
GADOTTI, M. Pedagogia daTerra. Editora Peirópolis. 6º edição. São Paulo. 2009. 
SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. 2. ed.. Rio de 
Janeiro: Garamond.2002. 
GUERRA, Antonio José. Impactos ambientais urbanos no Brasil:.3.ed., Bertand. 
Rio de Janeiro: 2006. 
SÍLVIO, Gallo. Ética e cidadania: Caminhos da filosofia. São Paulo: PAPIRUS 
EDITORA. 2003.

Mais conteúdos dessa disciplina