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Convenção sobre Diversidade Biológica

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Unidade II
Unidade II
BIODIVERSIDADE BRASILEIRA E OS DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE
Na unidade anterior foi apresentado o ferramental analítico da teoria econômica dos neoclássicos 
ambientalistas bem como os fundamentos utilizados pelos pensadores que se contrapõem à corrente 
neoclássica, denominados de ecologistas. Buscou‑se elaborar uma linha do tempo que refletisse o processo 
de construção do entendimento e do enfrentamento dos impactos ambientais decorrentes do crescimento 
econômico. Esse processo culminou num relativo entendimento de que o ecossistema terrestre não é 
capaz de sustentar de modo indefinido o nível de atividade e consumo do mundo moderno. O conceito 
de desenvolvimento sustentável amplia a concepção de bem‑estar humano ao incluir como princípio a 
manutenção dos serviços do capital natural no processo de expansão da atividade econômica.
Também foi abordado o tema população como um dos fatores de pressão da biosfera. O crescimento 
populacional, como você verá nessa unidade, eleva a demanda por energia, principalmente, nos grandes 
centros urbanos. Seja derivada de fontes renováveis ou não renováveis a questão energética revela‑se 
como um dos grandes desafios das nações no futuro.
Ainda na unidade anterior, fez‑se um resgate dos principais documentos que nortearam os debates 
internacionais e dos compromissos estabelecidos pelos países no âmbito dos Objetivos do Milênio, com 
ênfase às metas estabelecidas para o Brasil.
Do ponto de vista dos compromissos voltados às organizações internacionais, fez‑se o resgate teórico 
do processo de globalização como cenário para compreender a construção dos consensos estabelecidos 
nos documentos em torno da governança ambiental, tanto no âmbito das empresas quanto no dos 
governos.
Nessa unidade estaremos voltados basicamente para conhecer os termos utilizados no debate sobre 
desenvolvimento sustentável. Nesse aspecto, falaremos de um dos documentos internacionais que 
uniformizam a compreensão dos termos relacionados à biodiversidade: a Convenção sobre Diversidade 
Biológica (BRASIL, 2000a), aprovado na Conferência Rio‑92. Também abordarmos a biodiversidade 
a partir da classificação dos biomas brasileiros e concluiremos essa unidade discutindo a questão 
energética, especialmente, no Brasil.
5 CONVENÇÃO DA DIVERSIDADE BIOLÓGICA – CDB
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), também 
denominada de Cúpula da Terra, Cimeira da Terra, Eco 92 ou Rio 92, realizada entre 3 e 14 de junho de 
1992, na cidade do Rio de Janeiro, foi um marco para o debate sobre desenvolvimento sustentável, que 
teve início na Conferência de Estocolmo. Na conferência Rio 92 houve um relativo consenso por parte 
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ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE
da comunidade política internacional sobre a necessidade de conciliar crescimento econômico com 
preservação dos recursos da natureza.
 Lembrete
Lembre‑se de que a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o 
Meio Ambiente ocorreu em 1972, em Estocolmo, na Suécia. Naquela ocasião, 
discutiam‑se os limites do crescimento, mas houve pouca convergência 
entre os líderes mundiais.
Os principais resultados da Conferência Rio 92 foram três convenções assinadas pela maioria dos 
países presentes à conferência:
• a Convenção sobre a Diversidade Biológica ou Biodiversidade;
• a Convenção sobre Mudanças Climáticas e Desertificação (BRASIL, 1998c);
• a Agenda 21.
Conhecer a Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB, por ser o documento que uniformizou 
os conceitos a respeito do tema, é de fundamental importância. Subscrita por 175 países, foi ratificada, 
posteriormente, por 168 países.
O Brasil, por meio do Decreto Legislativo nº 2, de 1994, aprova o texto da CDB subscrita durante 
a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Esse decreto, além de 
aprovar o texto na forma como foi subscrito, cria limitações à sua mudança, ao incluir um parágrafo 
único que restringe atos que possam resultar em revisão da referida Convenção, bem como quaisquer 
ajustes complementares que, nos termos do art. 49, I, da Constituição Federal, acarretem encargos ou 
compromissos gravosos ao patrimônio nacional. Portanto, todo e qualquer ato de revisão ou ajustes 
complementares é de competência apenas do Congresso Nacional.
Em 16 de março de 1998, por meio do Decreto nº 2.519, o Brasil promulga a CDB. Internacionalmente, 
o documento entrou em vigor em dezembro de 1993.
5.1 Importância da Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB
Documentos como a Convenção sobre Diversidade Biológica são importantes por serem tratados 
internacionais e por criarem direitos e obrigações que, após a ratificação pelos países, passam a ser 
incorporados às leis do local.
Além disso, no caso da CDB, ela está inserida no contexto de manutenção, preservação e evolução 
dos sistemas necessários à biosfera. São três os objetivos a serem alcançados: conservação, uso 
sustentável e repartição equitativa dos benefícios advindos do uso da biodiversidade.
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Unidade II
A proposição fundamental que serviu de base à elaboração dessa convenção é a de que o planeta Terra 
é um conjunto de elementos interconectados e organizados harmonicamente, e o seu bom funcionamento 
depende do equilíbrio entre as suas partes constituintes. A integração entre seus componentes é estabelecida 
por meio de um fluxo de informações, matéria e energia que formam um sistema.
A boa integração de seus elementos é chamada de sinergia, que significa que as transformações 
ocorridas em uma das partes influenciarão outras. A falta de sinergia se traduz pelo mau funcionamento 
do sistema e pode redundar em sua morte ou falência.
Por outro lado, o termo resiliência é usado para identificar a capacidade do ecossistema de suportar 
as intervenções provocadas pelo homem. Sabe‑se que quanto mais abundante for a biodiversidade 
maior será a resiliência do sistema. Quanto mais acentuada for a intervenção do homem por meio ações 
como a monocultura, por exemplo, que não tem diversidade, menor será a resiliência.
Composta por quarena artigos e dois anexos, a CDB abrange diversos aspectos que envolvem a 
preservação e manutentação da biodiversidade.
Por outro aspecto, compete ao Estado a responsabilidade por seus próprios recursos biológicos e 
por sua utilização sustentável, uma vez que é passível de observação a redução da diversidade biológica 
causada por intervenções antrópicas.
Conscientes de que existe um longo caminho a ser percorrido e muito a ser feito, elencaram‑se as 
ações que devem ser tratadas como prioritárias e, dentre elas, estão as capacitações científica, técnica e 
institucional, consideradas como ações preventivas. Primeiro é preciso conhecer e mapear a diversidade 
biológica para planejar políticas públicas eficientes de preservação. A estratégia é prever para se antecipar 
e combater na origem as causas da perda da diversidade biológica.
Esse reconhecimento de uma atuação organizada para a preservação da diversidade biológica 
conduziu à assinatura da convenção, cujo objetivo está descrito da seguinte forma:
Os objetivos desta Convenção, a serem cumpridos de acordo com as 
disposições pertinentes, são a conservação da diversidade biológica, a 
utilização sustentável de seus componentes e a repartição justa e equitativa 
dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos, mediante, 
inclusive, o acesso adequado aos recursos genéticos e a transferência 
adequada de tecnologias pertinentes, levando em conta todos os direitos 
sobre tais recursos e tecnologias, e mediante financiamento adequado 
(BRASIL, 2000a, p. 9).
Além de conceitos, a convenção trata também da jurisdição,da cooperação, de medidas de 
conservação e utilização sustentável, de monitoramento, de incentivos à pesquisa e treinamento, 
educação e conscientização pública, avaliação de impactos, acesso a recursos genéticos, acesso e 
transferência de tecnologia, intercâmbio de informações, da gestão da biotecnologia, dos recursos 
financeiros, dentre outros temas.
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ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE
 Observação
Percebam que se trata de um documento abrangente e, portanto, definir 
ou elaborar projetos na área do meio ambiente passa pelo conhecimento 
dessa convenção, seja no âmbito das políticas públicas seja no âmbito 
privado.
A convenção em seu ordenamento inicia tratando de conceitos, de modo a estabelecer 
uma uniformização de entendimento a todos os países signatários. Portanto, quanto se fala de 
ecossistema há a clara compreensão de que se trata de um “complexo dinâmico de comunidades 
vegetais, animais e de micro‑organismos e o seu meio inorgânico que interagem como uma unidade 
funcional” (BRASIL, 2000a, p. 9).
É no artigo 2º da Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB que estão definidos os conceitos, 
reproduzido nos mesmos termos em que foram aprovados:
Utilização de termos para os propósitos desta Convenção:
Área protegida significa área definida geograficamente que é destinada, ou 
regulamentada e administrada para alcançar objetivos específicos de conservação.
Biotecnologia significa qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos, 
organismos vivos, ou seus derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para 
utilização específica.
Condições in situ significa as condições em que recursos genéticos existem em 
ecossistemas e habitats naturais e, no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos 
meios onde tenham desenvolvido suas propriedades características.
Conservação ex situ significa a conservação de componentes da diversidade biológica 
fora de seus habitats naturais.
Conservação in situ significa a conservação de ecossistemas e habitats naturais e a 
manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais e, no 
caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas 
propriedades características.
Diversidade biológica significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, 
compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas 
aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; incluindo ainda a diversidade 
dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.
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Unidade II
Ecossistema significa um complexo dinâmico de comunidades vegetais, animais 
e de micro‑organismos e o seu meio inorgânico que interagem como uma unidade 
funcional.
Espécie domesticada ou cultivada significa espécie em cujo processo de evolução 
influiu o ser humano para atender suas necessidades.
Habitat significa o lugar ou tipo de local onde um organismo ou população ocorre 
naturalmente.
Material genético significa todo material de origem vegetal, animal, microbiana ou 
outra que contenha unidades funcionais de hereditariedade.
Organização regional de integração econômica significa uma organização constituída 
de Estados soberanos de uma determinada região, a que os Estados‑Membros transferiram 
competência em relação a assuntos regidos por esta Convenção, e que foi devidamente 
autorizada, conforme seus procedimentos internos, a assinar, ratificar, aceitar, aprovar a 
mesma e a ela aderir.
País de origem de recursos genéticos refere‑se ao país que possui esses recursos 
genéticos em condições in situ.
País provedor de recursos genéticos refere‑se ao país que provê recursos 
genéticos coletados de fontes in situ, incluindo populações de espécies domesticadas 
e silvestres, ou obtidas de fontes ex situ, que possam ou não ter sido originados 
nesse país.
Recursos biológicos compreendem recursos genéticos, organismos ou partes destes, 
populações, ou qualquer outro componente biótico de ecossistemas, de real ou potencial 
utilidade ou valor para a humanidade.
Recursos genéticos significa material genético de valor real ou potencial.
Tecnologia inclui biotecnologia.
Utilização sustentável significa a utilização de componentes da diversidade biológica 
de modo e em ritmo tais que não levem, em longo prazo, à diminuição da diversidade 
biológica, mantendo assim seu potencial para atender as necessidades e aspirações das 
gerações presentes e futuras.
Fonte: Brasil (2000a, p. 9‑10).
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ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE
No artigo 3º, a convenção trata dos princípios, ao reafirmar o direito soberano do Estado1 em 
conformidade com a Carta das Nações Unidas2 e com os princípios de Direito internacional,
[...] de explorar seus próprios recursos segundo suas políticas ambientais, e a 
responsabilidade de assegurar que atividades sob sua jurisdição ou controle 
não causem dano ao meio ambiente de outros Estados ou de áreas além dos 
limites da jurisdição nacional (BRASIL, 2000a, p. 10).
O artigo 4º define o âmbito jurisdicional e dos limites das partes contratantes. No caso da diversidade 
biológica, restringe‑se às áreas dentro dos limites de sua jurisdição nacional, e, no caso de processos de 
atividade, aplica‑se o direito de outros Estados, independentemente de seus efeitos ocorrerem dentro 
ou além dos limites da jurisdição nacional (BRASIL, 2000a, p. 10).
Como se trata de um documento extenso, serão pontuados alguns aspectos desse tratado.
É importante ressaltar o artigo 6º, que trata das medidas gerais para conservação e utilização 
sustentável, atribuindo responsabilidade às partes contratantes o desenvolvimento de planos e 
programas para a conservação e utilização sustentável da biodiversidade.
 Observação
Veja que se trata de uma orientação para as empresas e o governo e ela 
está em consonância com outros documentos que definem diretrizes para 
a atuação das organizações.
O artigo 6º está relacionado aos artigos 7º (que trata do monitoramento), bem como aos artigos 8º, 
9º e 10º.
O monitoramento compete ao Estado, que deve vigiar para evitar situações que afetem a 
biodiversidade, uma vez que empresas que atuam em construção de estradas, hidroelétricas, barragens 
e madeireiras, por exemplo, promovem mudança no equilíbrio ecossistêmico.
O artigo 8º, conservação in situ, o artigo 9º, conservação ex situ, e o artigo 10º, utilização 
sustentável de componentes da diversidade biológica, estão em consonância com o papel a ser 
desempenhado pelo Estado para a conservação e o uso sustentável.
Definir e administrar áreas protegidas são competências do Estado, e um dos indicadores 
acompanhados pelos Objetivos do Milênio refere‑se à expansão de áreas de proteção. O Brasil, conforme 
dados já apresentados, elevou, em termos espaciais, as áreas protegidas.
1 “Estado” refere‑se à nação e é composto por povo, território e soberania.
2 A Carta das Nações Unidas foi aprovada à época da Constituição da ONU, em 1945.
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Unidade II
 Saiba mais
O Atol das Rocas, em Fernando de Noronha, uma área protegida – 
berçário de muitas espécies de aves e aquáticas – é a primeira reserva 
biológica marinha do Brasil, e sua administração é de responsabilidade do 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Para saber mais sobre áreas de conservação, leia o texto a seguir, da 
WWF Brasil (ONG):
WWF BRASIL. Unidades de conservação. [s.d.]. Disponível em: <http://www.wwf.
org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/unid/>. Acesso em: 10 fev. 2015.
Ou ainda no endereço do Ministério do Meio Ambiente (MMA):
<http://www.mma.gov.br/>.Também de competência do Estado é a regulamentação e administração de recursos biológicos. Por 
exemplo, a lei de crimes ambientais, que tem como objetivo a preservação do meio ambiente, e a proibição 
do comércio de animais em extinção compõem o arcabouço jurídico de proteção. Os animais em extinção são 
mapeados e incluídos na lista do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, publicado pelo 
Ministério do Meio Ambiente. Os Livros Vermelhos também são elaborados segundo as espécies, como répteis, 
peixes, anfíbios, aves, mamíferos, invertebrados terrestres e aquáticos que estão ameaçados de extinção.
Figura 27 – Representação de um exemplar do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção
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ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE
Acima de tudo, a importância da legislação relaciona‑se às questões de preservação de habitats e da 
conservação de material genético.
A ideia de habitat abrange não só os seres vivos, mas também o seu meio abiótico, ou seja, a 
interação promovida com as substâncias abióticas (oxigênio, nitrogênio, carbono) que circulam pelo 
sistema terrestre. A fotossíntese é uma energia derivada dessa interação.
 Observação
Segundo alguns autores, a fotossíntese é a fonte da vida.
Quanto à questão do material genético, é preciso ter em conta que a diversidade genética está na 
base dos processos ecológico‑evolutivos.
Não sem razão a alínea “a” do artigo 8º (BRASIL, 2000a) trata da questão de “Estabelecer um sistema 
de áreas protegidas ou áreas onde medidas especiais precisem ser tomadas para conservar a diversidade 
biológica”. É a diversidade genética que promove a constituição dos níveis superiores de espécies e de 
ecossistemas, razão pela qual se coloca no mesmo nível de importância a conservação das espécies e da 
composição dos alelos genéticos.
Essa composição, afirmam os especialistas, pode variar muito entre os indivíduos de uma mesma 
população ou entre populações diferentes de uma mesma espécie. Entre populações aparentadas há 
menos biodiversidade do que entre populações não aparentadas.
A baixa diversidade genética compromete a viabilidade de populações em longo 
prazo, pois diminui a sua capacidade de adaptação a mudanças ambientais e a 
sua resiliência a estresses bióticos ou abióticos – como ataques de patógenos 
ou períodos muito quentes. Uma população geneticamente homogênea, ainda 
que grande, sempre possui maior risco de extinção, pois pode ter todos os seus 
indivíduos dizimados por uma mesma doença, por exemplo (IPEA, 2011a, p. 1).
Comunidades quilombolas que vivem em pequenas comunidades tendem a ter cruzamentos entre 
aparentados. A mutação de um gene fará replicar os casos na comunidade (IPEA, 2011a). Por exemplo, o 
albinismo pode ocorrer nessas comunidades e vários membros serem portadores dessa alteração.
Esse fenômeno pode ocorrer em qualquer comunidade de seres vivos que sofreram a fragmentação 
de seu habitat, como plantas, animais etc.
A causa da erosão genética está relacionada à destruição ou fragmentação dos habitats, que conduz 
ao isolamento de populações que já se tornaram pequenas e com menos recursos, elevando assim 
os níveis de endogamia, ou seja, o cruzamento entre indivíduos aparentados. Isso promove o que se 
chama de alelos deletérios (prejudiciais à saúde). O alelo deletério provoca baixas taxas de fecundidade 
e alta mortalidade juvenil. A esse conjunto de fatores dá‑se o nome de depressão endogâmica.
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Unidade II
 Observação
Um alelo é cada uma das várias formas alternativas do mesmo gene, 
ocupando um dado locus num cromossomo.
Outra forma de depressão endogâmica refere‑se às plantas geneticamente modificadas, do tipo 
transgênico, que, ao substituir cultivos com maior diversidade genética, podem conduzir a situações de 
erosão genética. O mesmo pode ser dito da técnica da clonagem, já que os descendentes desses animais 
carregam tão somente as mesmas informações genéticas de sua matriz.
A perda de espécies ou o processo de extinção, como aconteceu com os dinossauros, pode ser 
um processo de longa duração, mas não deixa de ser pela ocorrência de mudanças em seu habitat. A 
mudança no habitat pode ser resultado de várias causas, até mesmo de catástrofes naturais de ordem 
climática ou de competidores mais eficientes. Assim como ocorre o desaparecimento de espécies, pode 
ocorrer o surgimento de novas espécies.
Porém, atualmente, observa‑se que as mudanças nos ecossistemas são decorrentes muito mais da 
ação antrópica, que tem acelerado o processo de extinção de espécies, do que de ordem natural.
A expansão da fronteira agrícola, da pecuária e do extrativismo desordenado, tem promovido a 
degradação e a fragmentação de ambientes naturais. O crescimento das cidades e da malha viária e a 
construção de hidroelétricas são eventos que também contribuem para a transformação dos habitats. As 
espécies que sobrevivem aos interesses econômicos dos homens, normalmente reduzidas a um pequeno 
número, isolam‑se e diminuem os alelos genéticos do grupo, acarretando perda de variabilidade genética, 
o que as leva à extinção.
A perda de habitats e a fragmentação são os maiores responsáveis pela redução da diversidade 
genética. Daí a importância de se investir no desenvolvimento de técnicas de manejo em paisagens 
fragmentadas. Uma forma de enfrentamento do problema e que tem apresentado bons resultados são 
os corredores ecológicos interligando fragmentos. Muitas vezes, esse método se apresenta como o único 
capaz de conservar plantas cujos polinizadores e dispersores de sementes não atravessam as regiões 
entre fragmentos isolados.
Pesquisas sobre a ecologia e a genética de populações mostram‑se fundamentais, pois o 
desconhecimento do poder de dispersão das espécies de interesse, assim como da sua estrutura genética 
populacional antes da fragmentação, pode ser um sério empecilho à sua conservação.
A definição de fragmentos naturais que podem abrigar espécies endêmicas como de alta 
prioridade para a conservação é uma ação que pode frear a erosão genética. Nesse aspecto, 
revela‑se a importância das orientações contidas nos artigos 8º e 9º da Convenção sobre Diversidade 
Biológica (BRASIL, 2000a).
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Para o caso da conservação ex situ, os métodos podem ser o de viveiros, zoológicos, banco de 
sementes, cultivo de células in vitro, criogenia, banco de dados de DNA, dentre outros.
A extinção de uma espécie pode ocorrer também por razões muitas vezes consideradas como naturais, 
mas que na verdade têm a ação do homem como causa, como a introdução de espécies estrangeiras, 
por exemplo – são os casos de descolamentos de espécies para ambientes diferentes de sua origem. 
Muitas vezes são espécies que, pela ausência de predadores naturais, tornam‑se maior número. Então, 
em vantagem sobre as espécies nativas, elas passam a dominar o ambiente de sua ocorrência, reduzindo 
a diversidade genética.
Daí a importância dos artigos 8º, 9º e 10º da Convenção sobre Diversidade Biológica (BRASIL, 2000a).
Artigo 8º – Conservação in situ
Cada parte contratante deve, na medida do possível e conforme o caso:
a) Estabelecer um sistema de áreas protegidas ou áreas onde medidas especiais precisem 
ser tomadas para conservar a diversidade biológica.
b) Desenvolver, se necessário, diretrizes para a seleção, estabelecimento e administração 
de áreas protegidas ou áreas onde medidas especiais precisem ser tomadas para 
conservar a diversidade biológica.
c) Regulamentar ou administrar recursos biológicos importantes para a conservação 
da diversidade biológica, dentro ou fora de áreas protegidas, a fim de assegurar sua 
conservação e utilização sustentável.
d) Promover a proteção de ecossistemas,habitats naturais e manutenção de populações 
viáveis de espécies em seu meio natural.
e) Promover o desenvolvimento sustentável e ambientalmente sadio em áreas 
adjacentes às áreas protegidas, a fim de reforçar a proteção dessas áreas.
f) Recuperar e restaurar ecossistemas degradados e promover a recuperação de espécies 
ameaçadas, mediante, entre outros meios, a elaboração e implementação de planos 
e outras estratégias de gestão.
g) Estabelecer ou manter meios para regulamentar, administrar ou controlar os riscos 
associados à utilização e liberação de organismos vivos modificados, resultantes da 
biotecnologia que provavelmente provoquem impacto ambiental negativo que possa 
afetar a conservação e a utilização sustentável da diversidade biológica, levando 
também em conta os riscos para a saúde humana.
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Unidade II
h) Controlar, erradicar ou impedir que se introduzam, espécies exóticas que ameacem 
os ecossistemas, habitats ou espécies.
i) Procurar proporcionar as condições necessárias para compatibilizar as utilizações 
atuais com a conservação da diversidade biológica e a utilização sustentável de seus 
componentes.
j) Em conformidade com sua legislação nacional, respeitar, preservar e manter o 
conhecimento, as inovações e as práticas das comunidades locais e populações 
indígenas com estilo de vida tradicionais relevantes à conservação e à utilização 
sustentável da diversidade biológica e incentivar a sua mais ampla aplicação com 
a aprovação e a participação dos detentores desse conhecimento, inovações e 
práticas; e encorajar a repartição equitativa dos benefícios oriundos da utilização 
desse conhecimento, inovações e práticas.
k) Elaborar ou manter em vigor a legislação necessária e/ou outras disposições 
regulamentares para a proteção de espécies e populações ameaçadas.
l) Quando se verifique um sensível efeito negativo à diversidade biológica, em 
conformidade com o art. 7º, regulamentar ou administrar os processos e as categorias 
de atividades em causa.
m) Cooperar com o aporte de apoio financeiro e de outra natureza para a conservação in situ a 
que se referem as alíneas “a” a “l” acima, particularmente aos países em desenvolvimento.
Artigo 9º – Conservação ex situ
Cada parte contratante deve, na medida do possível e conforme o caso, e principalmente 
a fim de complementar medidas de conservação in situ:
a) Adotar medidas para a conservação ex situ de componentes da diversidade biológica, 
de preferência no país de origem desses componentes.
b) Estabelecer e manter instalações para a conservação ex situ e pesquisa de vegetais, 
animais e micro‑organismos, de preferência no país de origem dos recursos genéticos.
c) Adotar medidas para a recuperação e regeneração de espécies ameaçadas e para a 
sua reintrodução em seu habitat natural em condições adequadas.
d) Regulamentar e administrar a coleta de recursos biológicos de habitats naturais 
com a finalidade de conservação ex situ de maneira a não ameaçar ecossistemas e 
populações in situ de espécies, exceto quando forem necessárias medidas temporárias 
especiais ex situ de acordo com a alínea (c) acima.
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e) Cooperar com o aporte de apoio financeiro e de outra natureza para a conservação 
ex situ a que se referem as alíneas “a” a “d” acima; e com o estabelecimento e a 
manutenção de instalações de conservação ex situ em países em desenvolvimento.
Artigo 10 – Utilização sustentável de componentes da diversidade biológica
Cada parte contratante deve, na medida do possível e conforme o caso:
a) Incorporar o exame da conservação e utilização sustentável de recursos biológicos 
no processo decisório nacional.
b) Adotar medidas relacionadas à utilização de recursos biológicos para evitar ou 
minimizar impactos negativos na diversidade biológica.
c) Proteger e encorajar a utilização costumeira de recursos biológicos de acordo com 
práticas culturais tradicionais compatíveis com as exigências de conservação ou 
utilização sustentável.
d) Apoiar populações locais na elaboração e aplicação de medidas corretivas em áreas 
degradadas onde a diversidade biológica tenha sido reduzida.
e) Estimular a cooperação entre suas autoridades governamentais e seu setor privado 
na elaboração de métodos de utilização sustentável de recursos biológicos.
Fonte: Brasil (2000a, p. 11‑13).
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2008b, p. 5), “o Brasil já possui uma 
considerável gama de experiências e instrumentos que estimulam e viabilizam o alcance dos três 
objetivos da CDB”.
No Brasil, muitas espécies já estão catalogadas com risco de extinção. São consideradas espécies 
ameaçadas aquelas cujas populações e habitats estão desaparecendo rapidamente e com risco de 
serem extintas, seja pelo comércio irregular de animais, seja pela destruição dos recursos naturais que 
garantem a sustentação dessas espécies, como os micro‑organismos do solo, as sementes que servem 
de alimentos para muitas espécies, o nível adequado de oxigenação da água etc.
Os desequilíbrios dos ecossistemas alteram as funções da natureza que garantem o bem‑estar 
humano; isso e o desaparecimento de espécies são perdas de serviços da natureza de difícil 
valoração econômica.
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Figura 28 – Arara azul (Cyanopsitta spixii (cyano = azul escuro; 
psitta = psitacídeo)– espécie ameaçada de extinção no Brasil
A) B) 
Figura 29 – Lobo‑guará e mero – espécies ameaçadas de extinção no Brasil
A) B) 
Figura 30 – Baleia franca e mico‑leão‑preto – espécies ameaçadas de extinção no Brasil
No Brasil, uma das formas encontradas para a sensibilização social das espécies ameaçadas são as 
campanhas realizadas pelo governo federal. Colocar a foto de alguns animais nas moedas nacionais 
foi uma forma de representar a força dessa riqueza natural e ainda conscientizar sobre a conservação 
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desses animais. O mico‑leão‑dourado está identificado na nota de vinte reais e a onça‑pintada nas 
notas de cinquenta reais
A) B) 
Figura 31 – Campanha de sensibilização com inserção de figuras de espécies em extinção, em moedas 
de circulação nacional, como os casos do mico‑leão‑dourado, espécie nativa da mata Atlântica que se tornou 
símbolo da luta pela preservação, e da onça‑pintada, espécie característica do Brasil que, apesar 
de estar ameaçada de extinção, ainda pode ser encontrada no Pantanal Mato‑grossense e na Amazônia
 Saiba mais
O documentário seguinte permite perceber claramente a importância 
da preservação do patrimônio genético brasileiro:
O VENENO da Jararaca – acesso ao patrimônio genético brasileiro. Dir. 
Marcya Reis. Brasil: TV Câmara, 2012. 42 minutos.
5.2 Tecnologia a favor da preservação ambiental
Os ecologistas apontam diversos caminhos a serem seguidos para a preservação ambiental. Um deles 
é o envolvimento da sociedade no monitoramento do progresso, já que a natureza é finita e que o sonho 
do crescimento ilimitado não é realizável. Um primeiro passo é reconhecer as limitações ecológicas e os 
desafios socioeconômicos que elas exigem.
O prejuízo ecológico decorrente da atividade econômica não pode ser interpretado simplesmente 
como uma externalidade negativa, afirmam os ecologistas. Para eles, aceitar esse conceito como 
verdadeiro é o mesmo que reconhecer que natureza e humanidade sejam partes separadas, o que não é 
verdade. Eles defendem, como princípio, que homem e natureza fazem parte de um mesmo ambiente, 
e por isso o mundo natural não pode ser separado do mundo do trabalho. Afirmam que o modo de vida 
nas metrópoles dificulta a percepçãoda real dependência da natureza (BELLEN, 2006, p. 116). A natureza 
passa a ser considerada apenas como um ambiente de lazer e não como provedora de serviços para o 
bem‑estar humano.
Muitas crianças nascidas e criadas nas grandes cidades acreditam que a fonte de fornecimento de 
seu alimento é o supermercado. A noção sobre a origem de um ovo de galinha, da fruta e da carne 
que consomem é muito vaga. A modernidade está relacionada ao modo de vida urbano e o atraso ao 
modo rural.
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Para a corrente dos ecologistas, as causas da degradação da natureza estão mais que esclarecidas 
e a sociedade deve tomar uma posição para a busca de solução, mesmo que os problemas sejam de 
ordem financeira.
A destruição é resultado de uma busca incessante somente pelo ganho econômico, que reverte 
apenas para alguns, enquanto seus efeitos (externalidades negativas) atingem a todos, indistintamente.
Recuperar o que foi perdido e preservar o que sobrou demanda razoável grau de investimento, 
principalmente em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias.
A conservação ex situ requer que se reproduzam as mesmas condições do ambiente natural das 
espécies, e a reprodução em cativeiro de espécies em extinção não é tarefa das mais fáceis. Há que 
se considerar a indisponibilidade de espaços físicos, o que dificulta na apresentação de condições 
adequadas para as espécies. No caso dos mamíferos de grande porte, o problema aumenta na mesma 
proporção do tamanho desses animais.
A conservação das sementes de algumas espécies já é possível e sua técnica já é de domínio 
público. Basta que se desidratem as sementes a 5% de seu teor de umidade inicial e as coloquem em 
equipamentos de armazenamento a ‑18 ºC, o que as conservará por muito e muito tempo. Porém, 
nem todas as sementes preservam as condições adequadas. É o caso de numerosas espécies arbóreas 
e arbustivas, nativas de regiões tropicais e subtropicais, e muitas de importância econômica, como o 
dendê (Elaeis oleifera) e o cacau (Theobroma cacao), que são danificadas e perdem a viabilidade quando 
armazenadas nas mesmas condições. Além disso, há espécies que se propagam apenas vegetativamente 
como é o caso da mandioca (Manihot esculenta).
As técnicas de preservação têm evoluído e alternativas já se apresentam de forma viável, como o 
caso da criopreservação, definida como a conservação de material biológico em nitrogênio líquido a 
‑196 ºC, ou em sua fase de vapor a ‑150 ºC. Essa abordagem já está sendo utilizada de forma eficaz 
na conservação de células de tecido vegetal e animal, bem como de micro‑organismos, com baixo 
custo relativo.
Quanto à agricultura de larga escala, apesar do aumento da produtividade com o uso de sementes 
transgênicas de ganhos econômicos imediatos, em longo prazo, pode‑se elevar a fragilidade das 
espécies em relação a patógenos e comprometer a segurança alimentar por duas vias: pela dependência 
econômica das empresas fornecedoras de sementes e pelo desequilíbrio da biodiversidade em cultivos 
que vão se homogeneizando (IPEA, 2011a).
Do ponto de vista econômico, cria‑se total dependência do agricultor em relação às empresas 
transnacionais, que são as detentoras das patentes. O uso do produto só é possível por meio de contrato 
com o devido pagamento de royalties. A semente de uma safra não pode ser utilizada em outra; se isso 
ocorrer, as empresas podem multar o agricultor e obrigá‑lo a realizar o devido pagamento dos royalties.
A biotecnologia tem elevado a produtividade agrícola, razão pela qual é estratégico o conhecimento 
e a conservação da biodiversidade para o seu desenvolvimento de forma plena. Para isso, é preciso 
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investimentos em pesquisa e treinamento, bem como acesso à tecnologia e também transferência de 
tecnologia, conforme o estabelecido no artigo 16 da Convenção sobre Diversidade Biológica.
Artigo 12 – Pesquisa e treinamento
As partes contratantes, levando em conta as necessidades especiais dos 
países em desenvolvimento, devem:
a) Estabelecer e manter programas de educação e treinamento 
científico e técnico sobre medidas para a identificação, conservação 
e utilização sustentável da diversidade biológica e seus componentes, 
e proporcionar apoio a esses programas de educação e treinamento 
destinados às necessidades específicas dos países em desenvolvimento.
b) Promover e estimular pesquisas que contribuam para a conservação 
e a utilização sustentável da diversidade biológica, especialmente nos 
países em desenvolvimento, conforme, entre outras, as decisões da 
conferência das partes tomadas em consequência das recomendações 
do Órgão Subsidiário de Assessoramento Científico, Técnico e 
Tecnológico.
c) Em conformidade com as disposições dos arts. 16, 18 e 20, promover 
e cooperar na utilização de avanços científicos da pesquisa sobre 
diversidade biológica para elaborar métodos de conservação e utilização 
sustentável de recursos biológicos (BRASIL, 2000a, p. 13 e 14).
Segundo o Ipea (2011a), no que diz respeito à diversidade genética, o Brasil possui pouco 
conhecimento, e a pesquisa em exemplares da biodiversidade brasileira encontra‑se no seu início. 
O que existe são estudos específicos e normalmente se concentram sobre uma única espécie. A 
maioria das espécies nativas ainda é desconhecida e pode estar sendo irremediavelmente perdida 
(IPEA, 2011a).
As pesquisas estimulam e aumentam o conhecimento sobre as espécies. Esse conhecimento pode 
representar a descoberta de vários códigos para a cura de doenças, bem como o aumento da produção 
de alimentos e outros problemas que a humanidade poderá enfrentar.
Segundo o Ipea (2011a), o Ministério do Meio Ambiente, no âmbito do Projeto de Estratégia 
Nacional da Biodiversidade, num esforço de elaborar um documento que sintetizasse o conhecimento 
a respeito dos grupos taxonômicos mais conhecidos e catalogados, consultou vários especialistas 
para esse fim. No âmbito do projeto, estimou‑se que o País detém 13% do total mundial de espécies 
conhecidas e catalogadas do mundo. Isso representa em termos médios que 1,8 milhão de espécies 
estão no Brasil, mas apenas 200 mil espécies são conhecidas e catalogadas. Os grupos taxonômicos 
de maior interesse econômico são os mais catalogados no mundo, como bactérias e afins, fungos 
e os insetos.
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Tabela 11 – Número total de espécies em grandes 
grupos taxonômicos no mundo e no Brasil
 (Em milhares de espécies)
Grupo Mundo
Brasil Média Brasil/mundo
Média Limite inferior
Limite 
superior
Vírus 400 52,6 40,1 70,4 13,2%
Bactérias e afins 1.000 131,4 100,2 175,9 13,1%
Fungos 1.500 197,1 150,3 263,9 13,1%
Protozoários 200 26,3 20,0 35,2 13,2%
Algas 400 52,6 40,1 70,4 13,2%
Plantas 320 51,5 48,5 54,5 16,1%
Nematoides 400 52,6 40,1 70,4 13,2%
Crustáceos 150 19,7 15,0 26,4 13,1%
Aranhas e Afins 750 98,5 75,2 132,0 13,1%
Insetos 8.000 1.051,0 801,8 1.407,6 13,1%
Moluscos 200 26,3 20,0 35,2 13,2%
Vertebrados e Afins 20 7,9 7,2 8,8 39,5%
Outros 250 32,8 25,1 44,0 13,1%
Total 13.590 1.800,3 1.383,6 2.394,7 13,2%
Adaptado de: IPEA (2011a, p. 6).
5.2.1 Pesquisa e desenvolvimento
O Brasil posiciona‑se como o campeão em biodiversidade. Essa diversidade o coloca entre os dezessete 
países megadiversos do mundo.
Vários produtos consumidos atualmente tem sua fonte na biodiversidade nacional, devido às 
inovações de produtos e processos no campo das ciências biológicas, a Biotecnologia. A indústria 
farmacêutica, a de alimentos e bebidas e a química são beneficiárias desse conhecimento.
O avanço do conhecimento na área da Biotecnologia tem permitido o desenvolvimento de uma 
gama variada de produtos e processos de fabricação. Isso tem impactadoo mercado e o mundo dos 
negócios. Especialistas chamam a atenção para o processo de convergência dos negócios em algumas 
atividades industriais. O que antes eram negócios compartimentalizados agora estão cada vez mais 
próximos. Os subsetores industriais como o alimentar, o farmacêutico, o químico, o da saúde, da energia 
e da informação estão estreitando cada vez mais os seus laços de negócios, sinalizando para o futuro a 
constituição de uma grande indústria: a bioindústria.
A Embrapa, instituição mantida pelo governo federal, tem se tornado centro de referência no 
desenvolvimento de pesquisa na área da Biotecnologia. Seus pesquisadores já dominam a técnica da 
clonagem, sendo que o primeiro clone de animal, no Brasil, foi conduzido pelos técnicos dessa empresa. Na 
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unidade de Recursos Genéticos e Biotecnologia, estão sendo desenvolvidas pesquisas de nanotecnologia 
e biologia sintética com fios de teias da aranha Nephylengys, da biodiversidade brasileira.
A plataforma tecnológica em desenvolvimento é a de moléculas de alto valor agregado conseguida 
a partir de plantas, animais e micro‑organismos geneticamente modificados. O estudo do genoma de 
aranhas coletado em três diferentes biomas brasileiros (Mata Atlântica, Amazônia e Cerrado) revelou 
que a teia de aranha é um dos fios mais resistentes e flexíveis da natureza, informa a Embrapa (apud 
DINIZ, 2013, p. 10).
A técnica resume‑se na identificação e isolamento de genes das aranhas com o intuito de 
desenvolver polímeros. Os primeiros resultados do desenvolvimento de polímeros foram possíveis a 
partir da clonagem dos genes da aranha associados à produção da teia. A ideia é produzir em laboratório 
uma teia sintética que reúna as características de resistência e alta elasticidade. Segundo Rech (apud 
VASCONCELOS, 2014), um dos pesquisadores envolvidos no projeto, a Embrapa já tem o domínio da 
tecnologia da produção de fios de teias de aranha em laboratório, e só falta definir um meio econômico, 
rápido e seguro para a sua produção em larga escala. Segundo o pesquisador, isso valorizará ainda mais 
a biodiversidade brasileira que, num modelo de biofábricas, possibilitará a produção de medicamentos e 
outros insumos para o bem‑estar humano, de forma segura e acessível aos consumidores.
Será possível usar o polímero sintético pesquisado na área da saúde, para suturas em cirurgias.
As bactérias e os fungos são outra área de investigação que tem recebido investimento público. 
Esses micro‑organismos existentes no solo são os maiores produtores de moléculas conhecidas como 
metabólitos secundários, explica a professora Luciana G. de Oliveira, que tem estudado o assunto no 
âmbito do projeto Explorando a Biodiversidade Brasileira para a Obtenção de Produtos Naturais e “Não 
Naturais” (TOLEDO, 2012).
Segundo a pesquisadora:
Ao contrário do que o nome possa sugerir, essas moléculas são essenciais 
para a sobrevivência dos microrganismos, pois fazem parte dos processos de 
crescimento, desenvolvimento e reprodução. Além disso, muitos metabólitos 
secundários apresentam propriedades bioativas, ou seja, podem ser usados 
no desenvolvimento de fármacos. A maioria dos metabólitos secundários 
com potencial terapêutico foi descoberta na era de ouro dos antibióticos – 
entre 1944 e 1972 – e deu origem a medicamentos que usamos até hoje, 
como a eritromicina e a rapamicina (TOLEDO, 2012).
Mas as pesquisas nessa área, segundo a professora (apud TOLEDO, 2012), foram diminuindo ao 
longo do tempo e, mais recentemente, com o barateamento das técnicas de mapeamento genético, os 
pesquisadores voltaram a ter esperanças. Os investimentos estão voltados para o sequenciamento do 
genoma das actinobactérias. Desse mapeamento, já se descobriu a presença de genes não conhecidos. 
O avanço desse conhecimento permitirá estimar o potencial do micro‑organismo em sintetizar alvos de 
interesse, informou Oliveira.
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Outra iniciativa, objetivando mapear de forma segura a biodiversidade no País, tem como protagonista 
o governo federal, com o Projeto do Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr), 
lançado em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e 
Controle do Senado Federal.
O objetivo é construir um banco de dados “metadados”, de modo a preservar o conhecimento e 
garantir o uso de dados da biodiversidade, já que o País é o que detém a maior diversidade de aves, 
primatas e anfíbios da América do Sul. O projeto poderá contribuir para implementar políticas públicas e 
para a tomada de decisões sobre meio ambiente, segundo o governo federal. O investimento é da ordem 
de US$ 28 milhões, sendo US$ 20 milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e US$ 
8 milhões do Fundo Global para o Meio Ambiente.
É conhecido o fato que os invertebrados respondem por 95% dos animais hoje viventes, e o número 
de espécimes tombados em coleção brasileira é quase oito vezes maior que o total de animais vertebrados. 
Por exemplo, os cupins, os ácaros e as formigas impactam nas atividades agrícolas e florestais, outros 
atuam como vetores de patógenos ou parasitas humanos. Outros ainda contribuem para a polinização 
de culturas, para a melhoria da estrutura do solo e para o desenvolvimento de fármacos, como as 
aranhas e os escorpiões.
A função dos micro‑organismos na produção de valor na economia
Micro‑organismos são seres vivos unicelulares microscópicos, incluindo bactérias, arqueas, fungos, 
protozoários e vírus.
Do ponto de vista ecológico, sua importância se revela em toda a cadeia da vida no planeta. Do 
ponto de vista econômico, eles fazem parte do processo da fotossíntese, da ciclagem de nutrientes, 
da manutenção da fertilidade da terra, além de sua aplicação em diversos setores industriais, como: 
alimentos e bebidas, química, papel e celulose. Além disso, são usados no tratamento de efluentes 
industriais, esgoto e resíduos sólidos.
O isolamento e o cultivo de micro‑organismos em laboratório respondem também por considerável 
parcela das inovações nas áreas médica, biotecnológica e ambiental. Porém, o conhecimento de sua 
diversidade ainda é reduzido em relação a outros grupos, relatam os pesquisadores da área.
O processo da biodegradação e biorremediação
A biorremediação é um processo ou estratégia que busca detoxificar o solo ou outros ambientes 
contaminados, fazendo uso de micro‑organismo como fungos, bactérias e enzimas.
A poluição por petróleo e seus derivados em ambientes marinhos têm sido um dos principais 
problemas ambientais das últimas décadas.
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Figura 32 – Representação da poluição por petróleo sobre os animais
A biodegradação é um processo de estimulação natural utilizada para a limpeza de derramamentos 
de óleos e tratamentos terrestres e aquáticos. A descoberta de que certas bactérias que vivem em 
sedimentos marinhos e em areias de praia têm a capacidade de degradar os seus componentes permitiu 
o desenvolvimento de método biológico para o tratamento de derrames. A técnica de biorremediação 
envolve variações de tratamentos in situ – no local – e ex situ – fora do local – que podem incluir 
inúmeros procedimentos. Vários contaminantes podem ser tratados biologicamente com sucesso. Estes 
incluem petróleo bruto, seus hidrocarbonetos como gasolina – que contém benzeno, xileno, tolueno e 
etilbenzeno –, óleo diesel, combustível de avião, preservativos de madeira, solventes diversos, lodo de 
esgoto e outros compostos xenobióticos ou biogênicos.
Outra técnica refere‑se à fitorremediação, que pode ser definida como o uso da vegetação in situ 
para o tratamento de solos contaminados.Os solos contaminados por metais pesados podem ser 
recuperados naturalmente. As plantas absorvem esses metais em seus tecidos e liberam oxigênio para 
o solo e outros compostos, estimulando a biorremediação por fungos ou outros micro‑organismos 
localizados no sistema solo‑raiz.
5.2.2 Tecnologia e biossegurança
As inovações tecnológicas na área da biotecnologia remontam a meados dos anos de 1970. Devido 
ao pouco conhecimento existente à época, era comum relacionar a essa intervenção genética algum 
tipo de risco, daí utilizar‑se o termo biorrisco, ou bioperigo. À medida que se ampliam os conhecimentos 
a respeito da técnica e, principalmente, em razão da comercialização de produtos derivados dessa 
intercorrência, a terminologia é substituída por biossegurança.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) utiliza o conceito de 
biossegurança como o uso sadio e sustentável, em termos ambientais, de produtos biotecnológicos.
Não existe consenso a respeito dos impactos que essa bioindústria pode vir a causar sobre o 
meio ambiente em todos os seus aspectos, incluindo a saúde humana. Nesse sentido, defende‑se a 
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elaboração de normas e mecanismos de monitoramento e rastreabilidade para assegurar que essas 
novas tecnologias não acarretem danos à saúde humana, animal e à natureza, bem como de estudos de 
impacto socioeconômico e culturais.
 Observação
O Brasil aprovou a Lei de Biossegurança (nº 11.105/05) que foi 
regulamentada pelo Decreto nº 5.591 em 22 de novembro de 2005. 
Essa legislação disciplina o plantio e a comercialização de organismos 
geneticamente modificados (OGM) e autoriza o uso de células‑tronco 
embrionárias, obtidas de embriões humanos por fertilização in vitro para 
fins de pesquisa e terapia.
Por esse dispositivo legal, também foi criado o Conselho Nacional de 
Biossegurança (CNBS), com competência para formular e implementar a 
Política Nacional de Biossegurança (PNB), que reestruturou a Comissão 
Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).
O artigo 16 da Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB – reconhece a importância do 
desenvolvimento das tecnologias e das transferências desses saberes, desde que essas tecnologias 
estejam em consonância com a conservação e utilização sustentável da diversidade biológica. A 
elaboração de medidas legislativas, administrativas ou políticas, conforme o caso, deve garantir que 
as partes contratantes, em particular os países em desenvolvimento, que são provedores de recursos 
genéticos, tenham garantido o acesso à essa tecnologia. O uso desses recursos tecnológicos e sua 
transferência, de comum acordo, deve incluir tecnologia protegida por patentes e outros direitos 
de propriedade intelectual. Nesse aspecto, a CDB, ao estimular o uso da biotecnologia, incentiva 
que os usuários tenham acesso tenham acesso ao conhecimento técnico por meio da transferência 
desses saberes.
Artigo 16 – Acesso à tecnologia e transferência de tecnologia
1. Cada parte contratante, reconhecendo que a tecnologia inclui biotecnologia, e que 
tanto o acesso à tecnologia quanto a sua transferência entre partes contratantes são 
elementos essenciais para a realização dos objetivos desta Convenção, compromete‑se, 
sujeito ao disposto neste artigo, a permitir e/ou facilitar a outras partes contratantes o 
acesso a tecnologias que sejam pertinentes à conservação e utilização sustentável da 
diversidade biológica ou que utilizem recursos genéticos e não causem dano sensível 
ao meio ambiente, assim como a transferência dessas tecnologias.
2. O acesso à tecnologia e sua transferência a países em desenvolvimento, a que se 
refere o § 1º acima, devem ser permitidos e/ou facilitados em condições justas e as 
mais favoráveis, inclusive em condições concessionais e preferenciais quando de 
comum acordo, e, caso necessário, em conformidade com o mecanismo financeiro 
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estabelecido nos artigos 20 e 21. No caso de tecnologia sujeita a patentes e outros 
direitos de propriedade intelectual, o acesso à tecnologia e sua transferência devem 
ser permitidos em condições que reconheçam e sejam compatíveis com a adequada e 
efetiva proteção dos direitos de propriedade intelectual. A aplicação deste parágrafo 
deve ser compatível com os §§ 3, 4 e 5 abaixo.
3. Cada parte contratante deve adotar medidas legislativas, administrativas ou políticas, 
conforme o caso, para que as partes contratantes, em particular as que são países 
em desenvolvimento, que proveem recursos genéticos, tenham garantido o acesso à 
tecnologia que utilize esses recursos e sua transferência, de comum acordo, incluindo 
tecnologia protegida por patentes e outros direitos de propriedade intelectual, 
quando necessário, mediante as disposições dos artigos 20 e 21, de acordo com o 
direito internacional e conforme os §§ 4 e 5 abaixo.
4. Cada parte contratante deve adotar medidas legislativas, administrativas ou políticas, 
conforme o caso, para que o setor privado permita o acesso à tecnologia a que se 
refere o § 1 acima, seu desenvolvimento conjunto e sua transferência em benefício 
das instituições governamentais e do setor privado de países em desenvolvimento, e 
a esse respeito deve observar as obrigações constantes dos §§ 1, 2 e 3 acima.
5. As partes contratantes, reconhecendo que patentes e outros direitos de propriedade 
intelectual podem influir na implementação desta Convenção, devem cooperar a esse 
respeito em conformidade com a legislação nacional e o direito internacional para 
garantir que esses direitos apoiem e não se oponham aos objetivos desta Convenção.
Fonte: Brasil (2000a, p. 15‑16).
A engenharia genética genômica e as tecnologias de clonagem de animal compreendem tecnologias 
que envolvem o chamado DNA recombinante. Os transgênicos ou organismos geneticamente modificados 
(OGM) e seus derivados encaixam‑se nessa categoria.
A clonagem animal, por exemplo, consiste em substituir o núcleo de óvulo pelo material genético 
do animal a ser copiado. A reprodução se dá de forma assexuada. O embrião é ativado por substâncias 
químicas e desenvolve‑se como se fosse originado de um espermatozoide. Justifica‑se a clonagem de 
animais para estudos de doenças degenerativas.
A expansão no uso de sementes geneticamente modificada já é uma realidade; o mercado global 
está estimado em US$ 9,2 bilhões, sendo que do total de culturas transgênicas 70% refere‑se à soja, 
25% de milho e 46% de algodão. Ainda, o Brasil já ultrapassou a Argentina em termos de área agrícola 
plantada com transgênicos, e os Estados Unidos lideram a produção de transgênicos, desde o primeiro 
cultivo de soja transgênica, em 1996.
Segundo o relatório 2013 da International Service for the Aquisition of Agri‑biotech Aplications 
(ISAAA), o uso global de transgênicos é recorde com 175,2 milhões de hectares plantados em todo 
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o mundo em 2013, o que representa crescimento à taxa anual de 3%. Vinte e sete países no mundo 
utilizam plantio de sementes de genes combinados. Os países em desenvolvimento foram os que mais 
cresceram (54%), com 94 milhões de hectares de lavouras, segundo a ISAAA.
Parcerias público‑privadas foram estabelecidas com sucesso no Brasil, Indonésia e Bangladesh. No 
Brasil, por meio de parceria público‑privada entre a Embrapa e uma multinacional alemã, foi desenvolvida 
a Cultivance, uma soja geneticamente modificada.
Segundo o ISAAA, entre 1996 e 2012, as culturas biotecnológicas contribuíram para a segurança 
alimentar, sustentabilidade, meio ambiente e mudanças climáticas. Esse feito deve‑se ao aumento da 
produtividade, à economia no uso de pesticidas, à redução de emissões de CO2 em 26.700 milhõesde kg, 
à conservação da biodiversidade por salvar 123 milhões de hectares de terras e tem contribuido para a 
diminuição da pobreza de milhões de pequenos agricultores e suas famílias.
Porém, apesar disso, muito se discute ainda sobre os impactos dos transgênicos sobre o meio 
ambiente e os efeitos adversos que podem causar à saúde humana e animal.
Do ponto de vista econômico, já está comprovado que essa tecnologia elevou a produtividade do 
plantio, mas ainda se discute a vulnerabilidade e a dependência dos países e dos pequenos agricultores, 
que sempre estarão submetidos a contratos e ao pagamento de royalties para as grandes empresas do 
setor que atuam na forma de oligopólio.
Por outro lado, considerando o crescimento populacional e o aumento da expectativa de vida das 
pessoas, a questão alimentar torna‑se ponto crucial na agenda da sociedade. Segundo a FAO (2009), o 
crescimento da fome no mundo atingiu em 2009 mais de um milhão de pessoas. O desafio é garantir 
segurança alimentar para essas pessoas e para a geração futura, que deverá chegar a mais de nove 
bilhões em 2050. Nesse aspecto, é crucial o aumento da produtividade no campo e a tecnologia OGM 
tem respondido a essa expectativa, mesmo com as incertezas que isso pode trazer no futuro.
Independente do debate que transita entre o bem e o mal dos OGM, os dados da ISAAA revelam que o 
crescimento no uso dessa tecnologia expandiu‑se de forma significativa nos países em desenvolvimento 
e que a biotecnologia já se consolidou como indústria. O uso de sementes tolerantes à seca já é uma 
realidade, e a lista se amplia para cana, eucalipto, alface, berinjela e mosquitos geneticamente modificados, 
como é o caso das experiências que estão sendo desenvolvidas no Brasil com o mosquito da dengue.
6 POLÍTICA NACIONAL DE PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE
De acordo com artigo 6º da CDB, as partes contratantes devem:
a) Desenvolver estratégias, planos ou programas para a conservação e a 
utilização sustentável da diversidade biológica ou adaptar para esse 
fim estratégias, planos ou programas existentes que devem refletir, 
entre outros aspectos, as medidas estabelecidas nesta Convenção 
concernentes à parte interessada.
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b) Integrar, na medida do possível e conforme o caso, a conservação 
e a utilização sustentável da diversidade biológica em planos, 
programas e políticas setoriais ou intersetoriais pertinentes (BRASIL, 
2000a, p. 11).
Todos os estudos que envolveram a questão do desenvolvimento sustentável tiveram ressonância na 
sociedade por manifestarem uma ética da preservação e do comportamento responsável.
O reconhecimento de que os recursos naturais têm proporcionado os meios de sobrevivência 
aos seres humanos ao longo de sua existência e de que as descobertas na área da ciência genômica 
abriram novas oportunidades para o desenvolvimento sustentável conduziu à elaboração de políticas 
de preservação da biodiversidade. As convenções internacionais cumpriram papel relevante por criarem 
direitos e obrigações entre as partes signatárias.
A política de preservação é importante e necessária, devido à pressão que os seres humanos exercem 
sobre os recursos biológicos, ameaçando‑os de extinção. Na trajetória de crescimento econômico, essa 
situação torna‑se insustentável e as partes tem a responsabilidade de assegurar que as atividades sob o 
seu território jurisdicional não causem dano sobre o meio ambiente.
A CDB é importante para criar compromissos com a conservação da biodiversidade, e a política 
nacional brasileira insere‑se nesse contexto.
 Observação
Atualmente, os governos estão mais envolvidos com a conservação 
da biodiversidade em razão da ação internacional e pelo envolvimento da 
sociedade.
A megadiversidade brasileira coloca o País em posição de destaque entre os países megadiversos. 
Mas essa riqueza sofre com a biopirataria e com o pouco conhecimento sobre as espécies existentes no 
território nacional.
No Brasil, a política nacional sobre biodiversidade inclui elaboração e atualizações permanentes de 
listas nacionais oficiais – os volumes do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção e os 
Planos de Ação Nacionais para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção. Mas os desafios ainda 
são muito grandes. Dentre eles, a formação de especialistas (taxonomistas), uma vez que existe escassez 
de recursos humanos e de infraestrutura nessa área.
Os recursos existentes, tanto relativos ao capital humano quanto a laboratórios, concentram‑se nas 
regiões mais desenvolvidas do País. Os centros de pesquisas que atuam na área são: a Empresa Brasileira 
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Instituto de Medicina Tropical 
(IMT) da USP/SP, o Instituto Adolfo Lutz (IAL) e o Instituto Evandro Chagas (IEC), todos públicos. Poucos 
são os laboratórios mantidos por empresas privadas e com investimentos próprios no País.
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6.1 Código Florestal
O processo de aprovação do novo Código Florestal Brasileiro foi cercado de intenso debate envolvendo a 
sociedade civil organizada, acadêmicos, governo e representações políticas, dentre outros. Cercado de intenso 
debate e pouco consenso, o código é sancionado em 25 de maio de 2012, com a promulgação da Lei nº 12.651.
Como compromisso soberano do País, o código estabelece as normas de preservação das florestas 
e demais formas de vegetação nativa, bem como da biodiversidade, do solo, dos recursos hídricos e da 
integridade do sistema climático, para o bem‑estar das gerações presente e futura, buscando harmonizar 
o uso produtivo da terra, da água, do solo e da vegetação.
É no âmbito dessa lei (BRASIL, 2012b) que se define:
• Amazônia Legal como as áreas dos estados do Acre, Pará, Amazonas, Rondônia, Amapá, Mato 
Grosso mais as regiões situadas ao norte do paralelo 13º S, dos estados de Tocantins e Goiânia e 
ao oeste do meridiano de 44º W do estado do Maranhão.
• Áreas de Proteção Permanente (APP) como áreas protegidas, cobertas ou não por vegetação 
nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade 
geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar 
o bem‑estar das populações humanas.
• Reserva Legal (ARL) como área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, com a 
função de assegurar o uso econômico dos recursos naturais do imóvel rural, de modo sustentável, 
auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da 
biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção da fauna silvestre e da flora nativa.
• Manejo sustentável como sendo a administração da vegetação natural para a obtenção de 
benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando‑se os mecanismos de sustentação 
do ecossistema que é objeto do manejo e considerando‑se cumulativa ou alternativamente a 
utilização de múltiplas espécies, madeireiras ou não, de múltiplos produtos e subprodutos da 
flora, bem como a utilização de outros bens e serviços.
• Área rural consolidada como área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 
de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste 
último caso, a adoção do regime de pousio.
• Pequena propriedade ou posse rural familiar como área explorada mediante o trabalho pessoal 
do agricultor familiar e empreendedor familiar rural, incluindo os assentamentos e projetos de 
reforma agrária.
• Uso alternativo do solo como sendo a substituição de vegetação nativa e formações sucessoras 
por outras coberturas do solo, como atividades agropecuárias, industriais, de geração e transmissão de 
energia, de mineração e de transporte, assentamentos urbanos ou outras formas de ocupação humana.143
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A lei define ainda o que são áreas de utilidade pública, de interesse social e outros conceitos, como 
manguezal, vereda, nascente etc., incluindo também o conceito de crédito de carbono como um título 
de direito sobre bem intangível e incorpóreo transacionável.
A aprovação do código foi importante, pois estabeleceu limites de uso das áreas dos imóveis rurais, 
das áreas de proteção permanente, de reserva legal e de área rural consolidada.
O novo Código Florestal é composto por 84 artigos distribuídos em catorze capítulos.
7 BIOMAS BRASILEIROS
Em 2004, a parceria institucional entre o IBGE e o Ministerio do Meio Ambiente – MMA – resultou 
no Mapa de Biomas do Brasil: Primeira Aproximação.
Essa iniciativa acontece após o País aprovar a CDB, assumir a responsabilidade sobre seus próprios 
recursos biológicos e reconhecer a necessidade de mapear e conhecer a diversidade biológica como 
sustentáculos para o planejamento de políticas públicas.
Para a elaboração do mapa foi preciso primeiro entender e conceituar o que seria um bioma.
Nesse esforço técnico, definiu‑se bioma como um conjunto de vida vegetal e animal constituído 
pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições 
geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, resultando em uma diversidade 
biológica própria.
Definido o entendimento sobre o que é um bioma, passou‑se a classificar o País segundo esse 
conceito. Foram identificados seis biomas, conforme pode ser observado na figura seguinte.
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Figura 33 – Representação geográfica dos biomas brasileiros
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Ocupando quase a metade da porção geográfica da América do Sul, o Brasil possui uma 
extensão territorial de 8,5 milhões de km2. No censo de 2000, éramos quase 170 milhões de 
habitantes e em 2010 esse número aumentou para mais de 190 milhões, segundo os dados do 
censo realizado pelo IBGE.
Por conta dessa vastidão geográfica, identificam‑se várias áreas climáticas e variações ecológicas 
distintas, formando zonas biogeográficas diferentes ou biomas. Essa variedade de biomas reflete a 
enorme riqueza da flora e da fauna brasileira, como o clima úmido no Norte, o semiárido no Nordeste e 
áreas temperadas no Sul (IBGE).
Por conta dessa variedade climática, muitas espécies são classificadas como endêmicas, ou seja, 
espécies que são encontradas em apenas determinadas regiões geográficas.
A jabuticaba, por exemplo, é uma fruta genuinamente brasileira, nativa da Mata Atlântica e, apesar 
de ser encontrada em outros países, ela é endêmica do Brasil. O mesmo ocorre com a seringueira: de 
alto valor econômico para a produção da borracha, é nativa da região amazônica e pode ser encontrada 
em outros países. Outro exemplo é o cajueiro, cujo fruto é o caju, rico em ferro e vitamina C e muito 
apreciado e consumido na região Nordeste do País, onde é mais encontrado por ser uma planta nativa 
da região litorânea e originariamente brasileira.
De acordo com a classificação do IBGE (2004), o bioma de maior extensão territorial é o da Amazônia. 
Juntamente com o do Cerrado, ocupa 73% do território nacional. Esse fato revela também que são 
biomas importantes do ponto de vista da biodiversidade.
Tabela 12 – Classificação e área aproximada dos biomas brasileiros
Classificação Área aproximada (km2) Área/total Brasil
Amazônia 4.196.943 49,3%
Cerrado 2.036.448 23,9%
Mata Atlântica 1.110.182 13%
Caatinga 844.453 9,9%
Pampa 176.496 2,1%
Pantanal 150.355 1,8%
Total Brasil 8.514.877 1,0
Fonte: IBGE (2004).
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ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE
7.1 Bioma Amazônia
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RJSP
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Figura 34 – Mapa geográfico do bioma amazônico
Esse bioma ocupa a totalidade de cinco unidades da federação (Acre, Amapá, Amazonas, Pará e 
Roraima), sendo 98,8% do território de Rondônia, 54% do território de Mato Grosso, 34% do território 
do estado do Maranhão e 9% do estado de Tocantins. É a maior reserva de diversidade biológica do 
mundo, mosaico de oito áreas de endemismo e o maior bioma brasileiro em extensão, ocupando 49,29% 
do território brasileiro.
Seu clima quente e úmido abriga uma rica diversidade de espécies animais. Em sua extensão 
territorial, encontra‑se um mundo verde rico em biodiversidade e sociodiversidade.
A Bacia Amazônica estende‑se por sete países, são 6.110.000 km2 de extensão, desde suas nascentes 
nos Andes Peruanos até sua foz no Oceano Atlântico, sendo que 63% (ou 3.869.953 km²) estão em 
território brasileiro. Sua bacia hidrográfica é a maior do mundo, com cerca de 6 milhões de km2 
abastecidos por 1.100 afluentes.
Segundo a Agência Nacional de Águas (s.d.), a Bacia Amazônica é constituída pela bacia hidrográfica 
do rio Amazonas, pelas bacias hidrográficas dos rios existentes na Ilha de Marajó, além das bacias 
hidrográficas dos rios situados no estado do Amapá que deságuam no Atlântico. Além do Brasil, 
essa Bacia Continental estende‑se sobre Peru (17%), Bolívia (11%), Colômbia (5,8%), Equador (2,2%), 
Venezuela (0,7%) e Guiana (0,2%). As maiores demandas pelo uso da água na região ocorrem nas 
sub‑bacias dos rios Tapajós, Madeira e Negro e têm por finalidade o uso para abastecimento humano 
(33%) e dos animais (32%). (AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, [s.d.]).
O endemismo é frequente em diversas partes da região e em diversos grupos taxonômicos, como são 
os casos de anfíbios (86%), répteis (76%) e de plantas (75%).
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Unidade II
Tabela 13 – Estimativas de espécies existentes na região e o correspondente endemismo
Grupo Total estimado de espécies Endemismo
Endemismo/
Total 
Plantas 40 mil 30 mil 75%
Mamíferos 425 172 40%
Aves 1.300 263 20%
Répteis 371 260 70%
Anfíbios 427 366 86%
Fonte: Ipea (2011a, p. 19).
Estima‑se que entre 2.500 a 3.000 peixes de água doce sejam conhecidos, mas esse número não 
representa tudo o que existe na bacia hidrográfica do bioma. Recentes descobertas, como a realizada pela 
ONG World Wide Fund for Nature (WWF), consolidam as afirmações de que há muito a ser descoberto 
no bioma Amazônia.
Em 2013, a World Wide Fund for Nature (WWF BRASIL, 2013) divulgou a descoberta de pelo menos 
441 novas espécies de animais e plantas como resultado de um trabalho de equipe realizado entre 
2010 e 2013. Somente na Amazônia foram compiladas 259 novas espécies de plantas, 84 de peixes, 
58 de anfíbios, 22 de répteis, 18 de aves e uma de mamífero. A essa nova lista soma‑se um número 
incontável de novas espécies de insetos e outros invertebrados que também foram descobertos no 
período de 1999‑2009.
Entre as descobertas do período entre 2010 e 2013 está uma espécie de macaco que ronrona como 
um gato, um lagarto colorido, uma piranha herbívora e uma orquídea rosa.
Figura 35 – Zogue‑zogue Caqueta titi (Callicebus caquetensis): macaco que ronrona como um gato
Crescem na região amazônica 2.500 espécies de árvores, o que corresponde a 1/3 de toda a madeira 
tropical do mundo, e 30 mil espécies de plantas, que representam 30% das existentes na América do Sul.
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ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE
A região amazônica é o habitat natural das seringueiras, que crescem em solos argilosos e férteis. 
Existem 11 espécies catalogadas dessa árvore de grande porte e atualmente ela já é cultivada fora de 
seu habitat, nas monoculturas da Ásia; no Brasil, já são encontradas plantaçõesnas regiões Sudeste, 
Centro‑Oeste, na Bahia e no oeste do Paraná.
Planta nativa da região, a seringueira foi o principal produto de exportação do Brasil nas últimas 
décadas do século XIX. O crescimento da demanda e do preço no mercado internacional atraiu para a 
região grande leva de população vinda do nordeste, principalmente do Ceará, fugindo da seca da década 
de 1870 (BAER, 2002, p. 40).
Essa migração promoveu acelerado povoamento e a prosperidade econômica chegou à região 
pelo látex, seiva retirada do tronco da seringueira. Num modelo baseado no extrativismo – já que a 
planta encontrava‑se dispersa na floresta – o Brasil, em meados de 1890, era o principal fornecedor 
de látex para a crescente industrialização que ocorria em países estrangeiros. Do total de borracha 
consumida no mundo 90%, era originária do Brasil e chegou a representar 40% do total exportado 
(BAER, 2002, p. 40).
Figura 36 – Imagem da forma de extração do látex
Com as plantações nas colônias inglesas, cultivadas na forma de plantation e com maior 
produtividade, o látex exportado pelo Brasil deixou de ser competitivo. Somente no período da Segunda 
Guerra Mundial, depois das colônias inglesas terem sido tomadas pelos japoneses, é que o Brasil voltou 
a produzir em larga escala. Como insumo estratégico para os produtos utilizados no conflito bélico, 
o Brasil retoma posição no cenário exportador dessa matéria‑prima, que dura até a descoberta pelos 
americanos da fórmula da borracha sintética.
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Unidade II
 Saiba mais
As sementes da seringueira que foram para a Ásia podem ser 
consideradas como o primeiro grande caso de biopirataria de espécies 
da Amazônia, cujos reflexos sobre a economia da região Norte à época 
foram devastadores.
O livro O Ladrão no Fim do Mundo relata como um inglês contrabandeou 
sementes de seringueira da Floresta Amazônica para a Inglaterra, no século XIX.
JACKSON, J. O ladrão no fim do mundo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.
O povoamento da Amazônia é seguido de desmatamento e muitos conflitos, entre os povos da 
floresta (antigos colonizadores) e os fazendeiros que para lá se dirigem em uma nova onda de exploração 
econômica da região.
O movimento de maior expressão foi o dos seringueiros que viviam do extrativismo do látex. O líder 
de maior expressão nacional e internacional foi Francisco Alves Mendes Filho (Chico Mendes), cuja luta 
tinha como bandeira a preservação da Amazônia e, por essa razão, tornou‑se símbolo do movimento 
ambientalista e dos povos da floresta.
As denúncias de Chico Mendes levaram o BIRD (Banco Mundial) a suspender o financiamento da 
BR‑364 e a exigir do governo estudos de impacto ambiental na Amazônia. Foi o único brasileiro a 
receber da ONU o prêmio Global 500 de preservação Ambiental. O instituto Chico Mendes, fundado 
em memória do líder seringueiro, dedica‑se a diversos programas voltados às questões ambientais. O 
governo federal também fundou um instituto em homenagem ao líder seringueiro, o ICMBio – Instituto 
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.
Figura 37 – Imagem do líder seringueiro Chico Mendes
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ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE
O desmatamento da Amazônia continua a preocupar ambientalistas e governo, em razão dos riscos 
concretos de perda dessa rica biodiversidade existente na região, batizada pela mídia internacional de 
celeiro verde e o pulmão do mundo.
De acordo com o documento que integra o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento 
na Amazônia Legal – PPCDAm – (BRASIL, 2013a, p. 19), que abrange o período de 2012‑2015, sob 
a coordenação do Ministério do Meio Ambiente, o processo de desmatamento na Amazônia não é 
homogêneo e varia de acordo com as diferentes partes da região.
A ocupação em curso não é um fato novo. Desde os anos de 1970, têm‑se dirigido para a região 
contingentes de pessoas vindos do Nordeste, do Sul, do Sudeste e Centro‑Oeste, atraídos pelos projetos 
de colonização do governo militar.
Empresas foram seduzidas pelos benefícios fiscais do governo e aplicaram recursos em atividade 
agropecuária, mesmo tendo‑se consolidado economicamente em outros setores da atividade econômica, 
como bancos e indústrias. Somem‑se a isso os projetos de construção de estradas, que causaram profundas 
transformações ambientais e socioculturais na região, como os da BR‑230 – Transamazônica –, resultado 
de intenso desmatamento e de duvidosa potencialidade econômica.
Segundo Loureiro (2002):
Nas últimas décadas, enormes massas vegetais, que incluem madeiras 
nobres, vêm sendo queimadas impiedosamente. De 1500 a 1970, ou seja, em 
470 anos, apenas 2% de toda a floresta amazônica havia sido destruído; em 
apenas 30 anos (1970 a 2000), segundo o INPE, 14% foi devastado. Trata‑se 
de um desastre sem precedentes contra o maior patrimônio natural do 
planeta Terra, contra a economia e a sobrevivência dos habitantes naturais 
– caboclos, ribeirinhos, índios e outros. E, pode‑se mesmo dizer, contra o 
futuro da região e das novas gerações que precisarão dela para viver.
Pela avaliação de Loureiro (2002), os projetos desenvolvidos para a Amazônia foram todos 
equivocados, sustentados na crença de ecossistemas ricos e inesgotáveis. O rico ecossistema existente 
na região só se mantém rico se for preservada a floresta, fonte de alimentos do solo que sobrevive à 
custa desses nutrientes, retirados da biomassa, oriunda das árvores que apodrece e nutre os solos. E, 
ainda, o regime de chuvas da região depende da evaporação da floresta. Retirar a floresta significa deixar 
em seu lugar solos rasos, mal estruturados e pobres, em sua maioria, desequilibrando e desorganizando 
o seu ecossistema, afirma a autora.
O MMA (2008) estima que a área desmatada, até 1980, atingiu cerca de 300 mil km2 e representava 
6% do total da região. Entre as décadas de 1980 e 1990, mais 280 km2 foram incorporadas a essas áreas. 
A descoberta da existência de ouro no Pará atraiu para a região mais de 100.000 homens vindos de 
diversas localidades do País. O garimpo de Serra Pelada, como ficou conhecido o local de concentração 
da exploração desse minério, é mundialmente famoso pela devastação e pela concentração de pessoas 
submetidas a métodos de trabalho extremamente rudimentares e inseguros. O paraíso do ouro, como 
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foi chamado por alguns, deixou uma vastidão de terra desmatada e esgotada. Onde havia vegetação 
abundante restou uma área a descoberto.
Figura 38 – Imagem da massa humana em busca do ouro no Garimpo de Serra Pelada, no Pará
Em 2004, estimou‑se que 670 mil km2 foram desmatados, o que corresponde a 16% da área total da 
floresta da Amazônia Legal, ameaçando seriamente o desenvolvimento sustentável da região.
Segundo dados do INPE (s.d.), obtidos pela metodologia Prodes, comparando o ano de 2013 
com o anterior, verifica‑se um crescimento da ordem de 28% do desmatamento na região 
denominada de Amazônia Legal, quando se registrou área desmatada equivalente a 5.891 contra 
4571 km2 de 2012.
 Observação
O projeto Prodes conta com a colaboração do Ministério do Meio 
Ambiente e do Ibama, e é financiado pelo MCTI, através da Ação de 
Monitoramento Ambiental da Amazônia.
As florestas contribuem com o equilíbrio climático do planeta. A retirada de cobertura florestal 
favorece o aquecimento global, uma vez que as árvores, ao realizarem a fotossíntese, retiram gás 
carbônico e liberam oxigênio na atmosfera. O desmatamento anula esse serviço ambiental realizado 
pelas árvores.
Entretanto, quando se comparam os dados de 2013 com os de 2004, observa‑se uma redução 
da ordem de 79% das áreas desmatadas. Ou seja, o desmatamento continua, porém em proporção 
menor ao observado no início do século XXI. O gráfico

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