As relações entre EUA e América Latina, apesar de terem começado de maneira promissora (graças à inspiração que o movimento pela independência americana ofereceu a líderes anticolonialistas abaixo do Equador, inclusive aos da Inconfidência Mineira), são marcadas predominantemente por períodos de mal-estar, às vezes intensos, e frequente menosprezo do Norte ao Sul e ressentimento no sentido inverso.
Essa situação atingiu o ápice durante a Guerra Fria e teve momentos de renovada intensidade neste século após o 11 de Setembro na administração George W. Bush e no período “bolivariano” em diversas nações da América do Sul, mas teve início no século XIX, em especial depois da Guerra Hispano-Americana de 1898, quando os EUA anexaram Porto Rico e estabeleceram um protetorado em Cuba.
Antes disso, os EUA já haviam substituído a Inglaterra como o principal parceiro comercial dos países latino americanos e haviam vencido o México na guerra de 1846, após a qual o Texas, além de áreas de outros atuais estados do país, foi incorporado ao seu território.
Após a Guerra Hispano-Americana, os EUA intervieram militarmente em várias nações latino-americanas (México, Honduras, Haiti, Nicarágua, Panamá, Granada), algumas delas mais de uma vez, e politicamente em muitas outras.
A análise dessas relações conturbadas e complexas se dá, na maioria das vezes, de modo maniqueísta, ideológico e simplório. Na comunidade acadêmica, as avaliações desse assunto costumam privilegiar uma perspectiva dos EUA, provavelmente por razões óbvias: a enorme disparidade de recursos materiais para a consecução desses estudos em universidades e institutos de pesquisa daquele país em comparação com os dos demais países.
Outros fatores, no entanto, podem ter causado esse desequilíbrio. Este livro trata de alguns deles, com uma abordagem inteligente e original desse tema fascinante das relações internacionais. O autor mostra que, desde o seu surgimento como nações, os EUA e os países latino-americanos tiveram diferenças marcantes de visão sobre seu lugar na política internacional e sobre a função que sua política externa teria na luta pela estabilidade nacional.
Diferentemente dos EUA, a maioria das nações da América Latina não formularam nem praticaram de maneira intencional e constante ao longo da história (por razões diversas no tempo e no espaço), o que o autor chama de protagonismo (em inglês, agency), que é uma atuação proeminente e o exercício de autonomia consciente no campo da política externa.
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