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George Castro
O principal ponto é sobre o que seria de fato a “desmilitarização”. A população em geral confunde desmilitarizar com desarmamento ou extinção da polícia.
Desmilitarizar a PM simplesmente quer dizer que irá transformá-la numa instituição civil (atualmente ela é vinculada ao Exército), como acontece com todas as outras que fazem parte da segurança pública, para assim permitir que seus membros possuam os mesmos direitos e deveres inerentes ao restante da população.
Apesar de países como a Grã-Bretanha, Irlanda, Islândia, Noruega e Nova Zelândia possuam muitos policiais que trabalhem desarmados, não é esse o objetivo da medida. Esta ideia pretende retirar da polícia o seu modo de operação bélico que vem do sistema militar das Forças Armadas e de sua ação hierarquizada.
Vale ressaltar que em maio de 2012, a Dinamarca chegou a recomendar, na reunião do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), que o Brasil extinguisse a Polícia Militar. A ideia, no entanto, foi negada nacionalmente por ferir a Constituição Federal de 1988 e a dúvida permaneceu sobre o que de fato significaria uma proposta pela desmilitarização.
Além disso, a proposta da desmilitarização garante que seja mantido todos os direitos trabalhistas dos profissionais da segurança, pois o que se almeja é que os policiais sejam, devidamente, valorizados perante a sociedade e o Estado.
A título de comparação, seguem alguns Direitos Humanos que os policiais civis possuem e que os policiais militares não possuem:
Liberdade de expressão;
Não ser arbitrariamente preso (no quartel);
Poder se organizar em sindicato para defender coletivamente seus direitos e interesses.
Outro ponto citado pela pesquisadora Maria Telles é que o sistema militar é exageradamente oneroso para os cofres públicos. Seu argumento encontra fundamento nos números, já que somos um país que gasta R$ 24 bilhões em policiamento, contra apenas R$ 1,3 bilhões em inteligência.
Essas são algumas das razões pelas quais 73,7% dos praças (soldados, cabos, sargentos e subtenentes) são favoráveis à desmilitarização, como apontou pesquisa divulgada em 2014 pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo (FGV-SP) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em parceria com a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), órgão do Ministério da Justiça.
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