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Aula 09 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal (Curso Regular) Professor: Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale !ULA 09 DIREITO!INTERNACIONAL!PRIVADO Direito Internacional Privado ......................................................................... 2 1 Ð Objeto e Conceitos Introdutrios ........................................................... 2 2 Ð Elementos de Conexo no Direito Brasileiro .......................................... 4 2.1 - Lex Domicilli: ..................................................................................... 4 2.2 Ð Lex rei sitae: ...................................................................................... 5 2.3 Ð Lex loci contractus / Locus Regit Actum: ................................................ 6 2.4- Contratos de Trabalho: ......................................................................... 6 3 Ð Aplicao do Direito estrangeiro ............................................................ 6 3.1- Interpretao e Prova do Contedo do Direito Estrangeiro: ........................ 6 3.2- Ordem Pblica: .................................................................................... 7 3.3- Fraude Lei: ....................................................................................... 8 3.4- Reenvio: ............................................................................................. 9 3.5- Prova de Fatos Ocorridos no Exterior: ..................................................... 9 4 Ð Homologao de Sentena estrangeira ................................................ 10 5 Ð Cartas Rogatrias ................................................................................ 11 6- Arbitragem Internacional: ..................................................................... 12 7 Ð Competncia Internacional .................................................................. 13 Lista de Questes ......................................................................................... 37 Gabarito ....................................................................................................... 48 Ol, pessoal! Tudo bem? Na aula de hoje, dando continuidade ao nosso curso para a Magistratura Federal, estudaremos sobre o Direito Internacional Privado. Abraos, Ricardo Vale ÒO segredo do sucesso a constncia no objetivoÓ. www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Direito Internacional Privado 1 Ð Objeto e Conceitos Introdutrios A globalizao e o aprofundamento das relaes internacionais gerou a intensificao dos fluxos comerciais, de investimentos e de pessoas entre os pases. Com isso, h cada vez um maior nmero de relaes privadas que transcendem as fronteiras de um Estado, envolvendo tanto pessoas jurdicas quanto pessoas fsicas. Empresas situadas em Estados diferentes celebram entre si contratos de compra e venda, pessoas fsicas adquirem imveis no exterior, indivduos de nacionalidades diferentes se casam. Enfim, h um grande incremento da quantidade de relaes privadas com conexo internacional. Nesse contexto, surgem questes complexas a serem resolvidas. Qual o direito aplicvel a um contrato internacional celebrado entre uma empresa alem e uma empresa brasileira? Qual legislao ir regular a sucesso de bens do Òde cujusÓ? Para responder a essas e outras perguntas que se faz necessrio o estudo do Direito Internacional Privado, cujo objetivo solucionar os conflitos de leis no espao, determinando qual o direito aplicvel a uma relao privada com conexo internacional. O Direito Internacional Privado no busca dar uma soluo de mrito para uma controvrsia jurdica; ele apenas indica qual direito (nacional ou estrangeiro) ir se aplicar a uma relao privada com conexo internacional. Segundo alguns autores, o direito internacional privado teve suas primeiras manifestaes na Roma Antiga. Naquele tempo, vigorava o jus civile para os cidados romanos e o jus peregrinum para os estrangeiros. Por sua vez, para regular as relaes entre peregrinos de diferentes origens e entre cidados romanos e peregrinos, vigorava o jus gentium. Tentava-se, dessa forma, solucionar o problema de conflito entre dois regimes jurdicos distintos (o aplicvel aos cidados romanos e o aplicvel aos peregrinos).1 H uma variedade de fontes do Direito Internacional Privado, seja no plano interno ou no plano internacional. As fontes internas so aquelas que compem o ordenamento jurdico de cada Estado. A Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro (LINDB) um exemplo de fonte interna do Direito Internacional Privado. As fontes internacionais, por sua vez, surgem a partir da ideia de que os Estados devem buscar a harmonizao das normas de 1 DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado, 10a edio. Editora Forense. Rio de Janeiro: 2012, pp. 180-181. www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Direito Internacional Privado, que antes constavam apenas de suas legislaes nacionais. Com isso, surgem tratados versando sobre matria relativa ao Direito Internacional Privado. H que se destacar uma diferena muito relevante entre as fontes do Direito Internacional Pblico e as fontes do Direito Internacional Privado. No mbito do Direito Internacional Pblico, as fontes so internacionais, produzidas a partir da vontade convergente dos Estados. J no mbito do Direito Internacional Privado, h preponderncia das fontes internas. As fontes internacionais at existem, mas a fonte primria do Direito Internacional Privado a lei. As normas de Direito Internacional Privado podem ser classificadas em: a) normas indiretas. Essas normas definem qual ordenamento jurdico ser aplicado para solucionar uma controvrsia com conexo internacional. Elas no solucionam a controvrsia propriamente dita, mas apenas estabelecem qual a norma deve ser aplicada. So, portanto, normas instrumentais, que resolvem conflitos (normas conflituais) Como exemplo, citamos o art. 9¼, da Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro, que estabelece que as obrigaes sero regidas pela lei do pas no qual forem constitudas. b) normas diretas: So normas que solucionam uma questo jurdica com conexo internacional, buscando harmonizar procedimentos entre os diferentes pases. Como exemplo de norma direta, citamos a Conveno de Viena sobre o Contrato de Compra e Venda Internacional de Mercadorias. Essas normas so substantivas e aparecem s excepcionalmente no direito internacional privado. c) normas qualificadoras. No so normas conflituais, tampouco harmonizadoras. So normas que definem o conceito de algum instituto previsto na legislao. Por exemplo, norma qualificadora aquela que estabelece que o domiclio da pessoa fsica definido pelo local de sua residncia habitual. No Brasil, as principais regras de Direito Internacional Privado esto previstas na Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro (LINDB). Tambm h que se destacar a Lei n¼ 9.307/96, que versa sobre a arbitragem, e os arts. 21 a 25, do Novo Cdigo de Processo Civil, que tratam da competncia internacional. Para que se possa determinarqual a norma (estrangeira ou nacional) aplicvel a um caso concreto, fundamental entender a estrutura das normas de Direito Internacional Privado, que se apoiam em duas partes: o objeto de conexo e o elemento de conexo. O objeto de conexo diz respeito matria sobre a www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale qual versa a norma (personalidade, direito de famlia, obrigaes). O elemento de conexo, por sua vez, o fator que determina a sede jurdica de uma determinada relao privada que transcende as fronteiras de um Estado (domiclio, nacionalidade, local de celebrao, local de execuo). Dito isso, vamos, no prximo tpico, perscrutar a Lei de Introduo das Normas do Direito Brasileiro (LINDB) a fim de identificar quais os elementos de conexo utilizados pela legislao brasileira. 2 Ð Elementos de Conexo no Direito Brasileiro Os elementos de conexo, conforme j afirmamos, so os fatores que determinam a sede jurdica de uma determinada relao privada que transcende as fronteiras nacionais. So os elementos de conexo que definem se ser aplicado a uma relao jurdica o direito nacional ou o direito estrangeiro. a lei de cada Estado (Òlex foriÓ) que ir definir os elementos de conexo utilizados em cada situao. No exerccio de sua soberania, o Estado ir permitir a aplicao, em alguns casos, do direito estrangeiro, desde que ele no seja contrrio ordem pblica. 2.1 - Lex Domicilli: Um dos principais elementos de conexo previstos no ordenamento jurdico brasileiro o domiclio. A lei do domiclio (lex domicilli) utilizada, fundamentalmente, como critrio de soluo de conflitos de leis no espao envolvendo o estatuto pessoal. O art. 7¼ da LINDB explcito nesse sentido, ao dispor que Òa lei do pas em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o comeo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de famliaÓ. Suponha, por exemplo, que Joo, brasileiro, tenha domiclio na Itlia. Nesse caso, a lei italiana que ir determinar as regras sobre o comeo e fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de famlia de Joo. A aplicao da lex domicilli na soluo de conflitos de leis no espao tambm fica evidenciada nas regras a respeito do casamento. Segundo o art. 7¼, ¤ 1¼, Òrealizando-se o casamento no Brasil, ser aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e s formalidades da celebrao.Ó www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale No ordenamento jurdico brasileiro, no se admite, por exemplo, o casamento de uma pessoa que j casada (art. 1521, inciso VI, CC); se o casamento se realizar no Brasil, essa regra dever ser observada, mesmo que o casamento seja de estrangeiro cujo pas de origem admite a bigamia ou poligamia. Destaque-se que plenamente possvel que, no Brasil, ocorra casamento entre estrangeiros, que poder celebrar-se perante autoridades diplomticas ou consulares do pas de ambos os nubentes. Tambm poder ocorrer casamento de brasileiros no exterior, na forma do art. 18, da LINDB. A competncia para celebrao do casamento ser das autoridades consulares brasileiras; o que se tem chamado de Òcasamento diplomticoÓ ou Òcasamento consularÓ. Essa regra est prevista no art. 18, da LINDB, segundo o qual Òtratando-se de brasileiros, so competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de bito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no pas da sede do ConsuladoÓ. O regime de bens (legal ou convencional) e os casos de invalidade do matrimnio obedecero lei do pas em que os nubentes tiverem domiclio. Caso o domiclio dos nubentes seja diverso, ser aplicvel a lei do primeiro domiclio conjugal. A lex domicilli usada, ainda, quanto aos bens mveis que o proprietrio trouxer para o Brasil ou que se destinarem a transporte para outros lugares. Nesse caso, ser aplicada a lei do domiclio do proprietrio. Tambm se aplica a lex domicilli sucesso por morte e capacidade para suceder. Segundo o art. 10, da LINDB, Òa sucesso por morte ou por ausncia obedece lei do pas em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situao dos bensÓ. A capacidade para suceder regulada pela lei do domiclio do herdeiro ou do legatrio. 2.2 Ð Lex rei sitae: O critrio Òlei rei sitaeÓ leva em considerao a lei do local em que uma determinada coisa est situada. Segundo o art. 8¼, da LINDB, Òpara qualificar os bens e regular as relaes a eles concernentes, aplicar-se lei do pas em que estiverem situadosÓ. O estatuto dos bens , dessa maneira, objeto da soluo de conflitos por meio da aplicao da lex rei sitae. A sucesso de bens de estrangeiros, situados no Pas, ser regulada pela lei brasileira em benefcio do cnjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que no lhes seja mais favorvel a lei pessoal do de www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale cujus. O conflito de leis, nesse caso, resolver-se- pela aplicao da lei mais benfica ao cnjuge ou filhos brasileiros. 2.3 Ð Lex loci contractus / Locus Regit Actum: No Brasil, o critrio lex loci contractus empregado para solucionar conflitos de leis no espao que envolvam contratos e obrigaes em geral (contratuais e extracontratuais). Com base nesse critrio, aplica-se a norma do local em que a obrigao tiver sido constituda. A LINDB prev, em seu art. 9¼, que Òpara qualificar e reger as obrigaes, aplicar-se- a lei do pas em que se constituremÓ. A obrigao reputa-se constituda, destaque-se, no lugar em que residir o proponente. Suponha, por exemplo, que seja celebrado, na Alemanha, um contrato de compra e venda entre uma empresa alem e uma empresa brasileira. Esse contrato, por ter sido constitudo na Alemanha, ser regido pela legislao alem. 2.4- Contratos de Trabalho: A atual jurisprudncia do TST considera que aos contratos de trabalho executados no exterior ser aplicada a norma mais favorvel ao trabalhador. Esse um entendimento recente, que resultou no cancelamento da Smula TST n¼ 207, que estabelecia o seguinte: ÒA relao jurdica trabalhista regida pelas leis vigentes no pas da prestao de servio e no por aquelas do local da contrataoÓ. 3 Ð Aplicao do Direito estrangeiro 3.1- Interpretao e Prova do Contedo do Direito Estrangeiro: Em geral, o direito aplicvel s relaes jurdicas o direito interno de cada Estado. No entanto, em determinadas relaes jurdicas com conexo internacional, possvel que as regras de Direito Internacional Privado conduzam aplicao do direito estrangeiro. Quando um juiz aplica o direito interno, ele o faz de ofcio, havendo presuno de que tem pleno conhecimento do ordenamento jurdico ptrio. Todavia, www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale quando se trata de aplicar o direito estrangeiro, essa presuno no existe: o juiz pode no conhecer o direitoestrangeiro. Caso o juiz conhea a lei estrangeira, ele poder aplic-la de ofcio. Se, por outro lado, no a conhecer, o juiz poder exigir a prova da existncia e do contedo da norma estrangeira. exatamente isso o que prev o art. 14, da LINDB, que dispe que Òno conhecendo a lei estrangeira, poder o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vignciaÓ. Se o juiz assim o determinar, caber parte que alega direito estrangeiro provar-lhe o teor e a vigncia (art. 376, Novo CPC). Cabe destacar que, mesmo que o juiz no o exija, a parte poder trazer esses elementos aos autos. 3.2- Ordem Pblica: As normas de Direito Internacional Privado permitem que, em algumas situaes, seja aplicado o direito estrangeiro em outro Estado. Entretanto, a aplicao do direito estrangeiro poder sofrer limitaes. No Brasil, o art. 17, da LINDB, estabelece que Òas leis, atos e sentenas de outro pas, bem como quaisquer declaraes de vontade, no tero eficcia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pblica e os bons costumesÓ. Tambm no dever ser aplicado o direito estrangeiro quando houver fraude lei. Segundo Jacob Dolinger, a ordem pblica representa a moral bsica de uma nao.2 claro que esse um conceito um tanto quanto vago, cabendo ao aplicador da lei definir, no caso concreto, se algo fere ou no a ordem pblica. Observe que o conceito de Òordem pblicaÓ no estanque; ao contrrio, ele dinmico, variando no tempo e no lugar. A ordem pblica tem 3 (trs) nveis de aplicao. O primeiro nvel se refere ao funcionamento da ordem pblica no plano interno, impedindo que a vontade das partes derrogue certas regras jurdicas. Como exemplo, no ordenamento jurdico brasileiro, h regra que estabelece que ser nula a clusula do contrato de locao que impede a sua renovao. Veja que a ordem pblica limita a autonomia da vontade das partes nesse tipo de contrato. 2 DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado, 10a edio. Editora Forense. Rio de Janeiro: 2012, pp. 385-387. www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale O segundo nvel diz respeito vedao de que sejam aplicadas leis estrangeiras no territrio do outro Estado. Por exemplo, no Brasil no se admite a poligamia. Em consequncia, algum que j seja casado no poder contrair novo matrimnio aqui no Brasil. Isso seria incompatvel com a ordem pblica. Anote-se que, segundo a doutrina, para que a norma estrangeira seja afastada, ela dever ser manifestamente incompatvel com a ordem pblica. Por ltimo, o terceiro nvel de aplicao da ordem pblica versa sobre o reconhecimento de direitos adquiridos no exterior. Vejamos um exemplo! Mohamad Salim nacional do Marrocos, pas que admite a poligamia. Ele imigra para o Brasil trazendo uma de suas esposas, deixando outra esposa no Marrocos. Passando dificuldades financeira, ela recorre Justia brasileira requerendo o direito a receber obrigao alimentcia. Tal direito adquirido h de ser reconhecido pelos tribunais brasileiros. Nesse exemplo, a ordem pblica incidiria no sentido de impedir que o estrangeiro imigrasse para o Brasil trazendo a segunda esposa. O direito adquirido em um Estado poder ser reconhecido no Brasil, desde que no conflite com a ordem pblica. 3.3- Fraude Lei: A fraude lei outra hiptese em que se restringe a aplicao do direito estrangeiro no Brasil. Segundo Jacob Dolinger, ela fica caracterizada Òquando o agente, artificiosamente, altera o elemento de conexo que indicaria a lei aplicvel. 3 O objetivo fugir aplicao da norma de um Estado, por entender que a norma do outro Estado lhe mais favorvel, o que configura verdadeiro abuso de direito. Suponha, como exemplo, que um indivduo queira se divorciar e o direito interno de seu Estado no autoriza. A, com o objetivo de furtar-se ao rigor desse ordenamento jurdico, o indivduo altera a sua nacionalidade ou o seu domiclio. Ficar, nessa situao, caracterizada a fraude lei. 4 3 DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado, 10a edio. Editora Forense. Rio de Janeiro: 2012, pp. 431-444. 4 Por mais estranho que esse exemplo possa ser, ele ocorreu bastante no Brasil antes da edio da Lei do Divrcio. www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 3.4- Reenvio: As regras de Direito Internacional Privado determinam qual o direito (nacional ou estrangeiro) que ser aplicado a uma determinada relao jurdica. Nesse processo de determinao do direito aplicvel, podem ocorrer algumas situaes inusitadas. Suponha que uma empresa do Estado A celebre um contrato com uma empresa do Estado B. As regras de direito internacional privado do Estado A determinam que quele contrato ser aplicada a lei do Estado B. Porm, a lei do Estado B determinam que ao contrato ser aplicada a lei do Estado A. Foi um verdadeiro ÒloopingÓ! Esse o fenmeno do reenvio, que consiste em verdadeiro conflito negativo entre sistemas de soluo de conflitos. H vrios graus de reenvio. No exemplo apresentado acima, falamos de um reenvio de 1¼ grau, que envolve 2 (dois) Estados. As regras de Direito Internacional Privado do Estado A determinaram a aplicao do direito do Estado B e este, por sua vez, imps a aplicao do direito do Estado A. O reenvio de 2¼ grau envolve a participao de 3 (trs) Estados. Nele, as regras de Direito Internacional Privado do Estado A determinam a aplicao do direito do Estado B que, por sua vez, impem a aplicao do ordenamento jurdico do Estado C. No Brasil, no se admite o reenvio. o que se conclui a partir da leitura do art. 16, da LINDB, segundo a qual, Òquando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se- em vista a disposio desta, sem considerar-se qualquer remisso por ela feita a outra leiÓ. Em outras palavras, quando a lei brasileira manda aplicar o direito estrangeiro, este mesmo que dever ser aplicado; no ser considerada qualquer remisso que o direito estrangeiro faa a outra lei. 3.5- Prova de Fatos Ocorridos no Exterior: Nas relaes jurdicas com conexo internacional submetidas apreciao do Poder Judicirio, h uma srie de fatos ocorridos no exterior que devem ser provados em um processo. Segundo o art. 13, da LINDB, Òa prova dos fatos ocorridos em pas estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao nus e aos meios de produzir-se, no admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheaÓ. Com base nesse dispositivo, possvel verificar que: www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale a) O nus da prova e os meios de produzir as provas de fatos ocorridos no exterior so regidos pela lei do pas estrangeiro. b) No so admitidas pelos tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconhea. Por exemplo, uma gravao telefnica submetida a clusula de sigilo considerada ilcita e no ser aceita pelo Poder Judicirio brasileiro. 4 Ð Homologao de Sentena estrangeira A pergunta que se faz, nesse momento, a seguinte: possvel que uma sentena emanada de um tribunal estrangeiroseja executada no Brasil? Sim, plenamente possvel. Para que possa ser executada, a sentena estrangeira precisar, no entanto, ser homologada pelo STJ, na forma do art. 105, inciso I, da CF/88 que dispe o seguinte: Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justia: I - processar e julgar, originariamente: ... i) a homologao de sentenas estrangeiras e a concesso de exequatur s cartas rogatrias. Na LINDB, h meno expressa ao STF como sendo o tribunal competente para homologar sentena estrangeira. No entanto, essa disposio foi revogada pela CF/88, que atribui tal competncia ao STJ. Assim, em qualquer legislao na qual for feita meno ao STF como responsvel por homologao de sentena estrangeira, deve ser entendido que essa regra j foi revogada; hoje, a competncia do STJ. Na homologao de sentena estrangeira, o STJ no aprecia o mrito da deciso, mas apenas aspectos formais. o que se chama de juzo de delibao do STJ. O art. 15, da LINDB, relaciona os requisitos a serem observados na homologao de sentena estrangeira: Art. 15. Ser executada no Brasil a sentena proferida no estrangeiro, que rena os seguintes requisitos: a) haver sido proferida por juiz competente; b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado revelia; www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessrias para a execuo no lugar em que foi proferida; d) estar traduzida por intrprete autorizado; e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. A competncia do STJ para homologar sentena estrangeira no se limita s sentenas do Poder Judicirio. O STJ tambm homologa sentenas arbitrais estrangeiras, assim consideradas aquelas proferidas fora do territrio nacional. A atribuio de competncia a um nico rgo para realizar o juzo de delibao caracteriza o modelo de delibao concentrada, adotado pelo Brasil. No se adota, em nosso pas, o modelo de delibao difusa, que seria aquele em que mais os diversos rgos do Poder Judicirio teriam competncia para realizar o juzo de delibao. Isso fica claro a partir do exame do art. 961, do Novo CPC, que prev que a deciso estrangeira somente ter eficcia no Brasil aps a homologao da sentena ou a concesso de exequatur s cartas rogatrias. importante ressaltar que as leis, atos e sentenas de outro pas, bem como quaisquer declaraes de vontade, no tero eficcia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pblica e os bons costumes. Nesses casos, no ser realizada homologao pelo STJ. 5 Ð Cartas Rogatrias As cartas rogatrias so instrumentos de cooperao judiciria internacional, na medida em que, por meio delas, o Poder Judicirio de um Estado solicita apoio ao Poder Judicirio de outro ente estatal. Por meio de uma carta rogatria, busca-se auxlio para a produo de provas, intimaes e outros atos processuais. A concesso de exequatur s cartas rogatrias competncia do Superior Tribunal de Justia, nos termos do art. 105, inciso I, alnea ÒiÓ, da CF/88. H dois tipos de cartas rogatrias: i) rogatrias ativas (enviadas pela autoridade judiciria brasileira) e; ii) rogatrias passivas (recebidas pela autoridade judiciria brasileira). No Brasil, o exame da rogatria feito mediante juzo de delibao, o que significa que o STJ no analisa o mrito da diligncia pretendida pela Justia estrangeira, salvo para se verificar o respeito ordem pblica, aos bons costumes e soberania nacional. Segundo Boni de Moraes, Òh no juzo delibatrio uma apreciao material do ato estrangeiro, ainda que mnima, www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale restrita aferio de eventual ofensa ordem pblica do Estado requeridoÓ.5 No juzo de delibao, a anlise do STJ se limita, essencialmente, s questes formais: autenticidade dos documentos e observncia dos requisitos legais. No ser concedido o exequatur s cartas rogatrias que ofenderem a ordem pblica, os bons costumes e a soberania nacional. Um exemplo de carta rogatria que viola a soberania e a ordem pblica aquela referente a processo de competncia exclusiva dos tribunais brasileiros. Somente podem ser concedidas cartas rogatrias quando a competncia do Poder Judicirio for relativa ou concorrente. Fala-se em juzo de delibao sumrio diante da possibilidade de que a medida de carta rogatria seja realizada sem ouvir a parte interessada, o que acontecer quando a sua intimao puder resultar na ineficcia da cooperao internacional. Tambm fica caracterizado o juzo de delibao sumrio quando concedida tutela de urgncia em procedimento de homologao de sentena estrangeira. 6- Arbitragem Internacional: A arbitragem um meio extrajudicial de soluo de controvrsias, bastante utilizado no mbito do comrcio internacional. No Brasil, regida pela Lei n¼ 9.307/96, que dispe que as pessoas capazes de contratar podero valer- se da arbitragem para dirimir litgios relativos a direitos patrimoniais disponveis. Assim, a arbitragem pode ser utilizada tanto por pessoas fsicas quanto por pessoas jurdicas; basta que a pessoa tenha capacidade para contratar e os conflitos que a envolvam podero ser objeto de soluo por meio da arbitragem. A arbitragem poder ser de direito ou de equidade, a critrio das partes. Quando se fala em arbitragem de direito, a referncia que se faz aplicao de normas jurdicas pelo rbitro a um caso concreto com o objetivo de decidir o litgio instaurado. Por outro lado, quando se trata de emprego da equidade, o objetivo a aplicao de consideraes de justia a um caso concreto; nesse caso, no se levar em conta regras jurdicas pr-estabelecidas. As partes podero escolher livremente as regras de direito que sero aplicadas na arbitragem, desde que no haja violao aos bons costumes e ordem pblica. Trata-se de manifestao do princpio da autonomia da vontade, segundo o qual as partes tm ampla liberdade para convencionar qual o direito material e processual aplicvel aos litgios que porventura 5 SOARES, Boni de Moraes. Juzo de Prelibao no Direito Processual Internacional. Dissertao. UNICEUB. 2010. www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale surjam entre elas. Destaque-se que as partes tambm podero decidir que a arbitragem se realize com base nos princpios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comrcio. A instaurao de um procedimento arbitral para solucionar um litgio poder decorrer de uma Òclusula compromissriaÓ ou de um Òcompromisso arbitralÓ. A Lei n¼ 9.307/96, ao tratar do tema, denominou esses dois institutos, genericamente, como conveno de arbitragem. A clusula compromissria nada mais do que uma clusula prevista no contrato. Essa clusula prev que as partes se comprometem a submeter arbitragem os litgios que possam vir a surgir relativamente ao contrato. Veja: antes de surgir uma controvrsia sobre um determinado contrato, as partes j estabeleceram que ela seria solucionada por arbitragem. O compromisso arbitral, por sua vez, posterior ao surgimentode um litgio. uma espcie de contrato, por meio do qual as partes decidem submeter um determinado litgio esfera do juzo arbitral, afastando-o do campo de atuao do Poder Judicirio. As decises dos rbitros so emanadas por meio de sentenas arbitrais (laudos arbitrais). A sentena arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentena proferida pelos rgos do Poder Judicirio e, sendo condenatria, constitui ttulo executivo judicial. Quando uma determinada controvrsia submetida arbitragem, fica afastada a competncia do Poder Judicirio para apreciar a questo. Segundo o art. 485, do Novo CPC, o juiz no resolver o mrito quando acolher a alegao da existncia de conveno de arbitragem ou quando o juzo arbitral reconhecer sua competncia. Assim, se um juiz se deparar com clusula compromissria ou com compromisso arbitral, ele dever simplesmente proferir sentena terminativa, sem resoluo de mrito. 7 Ð Competncia Internacional A competncia internacional da autoridade judiciria brasileira regulada pelos arts. 21 a 25, do Novo Cdigo de Processo Civil. Nos arts. 21 e 22, do Novo CPC, so relacionados os casos de competncia concorrente, os quais destacam situaes que podero ser apreciadas pela autoridade judiciria brasileira sem que seja afastada tambm a competncia da autoridade judiciria estrangeira. Apenas nos casos de competncia concorrente que se poder, aps a devida homologao pelo STJ, atribuir-se eficcia sentena estrangeira. www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Vejamos quais so os casos de competncia concorrente previstos pelo Novo CPC. Comecemos, primeiro, com o art. 21, do Novo CPC: Art. 21. Compete autoridade judiciria brasileira processar e julgar as aes em que: I - o ru, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigao; III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Pargrafo nico. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurdica estrangeira que nele tiver agncia, filial ou sucursal. O art. 21, inciso I dispe que a autoridade judiciria brasileira ser competente para apreciar uma lide quando o ru, qualquer que seja sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil. A nacionalidade do ru (brasileira ou estrangeira) irrelevante; se o ru estiver domiciliado no Brasil, a autoridade judiciria brasileira poder apreciar a controvrsia sem, claro, afastar a competncia da autoridade judiciria brasileira. Destaque-se que reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurdica estrangeira que aqui tiver agncia, filial ou sucursal. O art. 21, inciso II, por sua vez, dispe que a autoridade judiciria brasileira ser competente para apreciar uma lide quando a obrigao tiver de ser cumprida no Brasil. Assim, as obrigaes exequveis no Brasil, contratuais ou extracontratuais, podero ser julgadas pela autoridade judiciria nacional, sem prejuzo da submisso da lide autoridade judiciria estrangeira. Suponha, por exemplo, que seja celebrado um contrato entre uma empresa alem e uma empresa brasileira para que seja realizada uma obra de construo civil em territrio nacional. Considerando-se que a obrigao (obra de construo civil) ser concretizada no Brasil, a autoridade judiciria brasileira ter competncia para apreciar a questo, sem excluir a possibilidade de apreciao pela autoridade judiciria brasileira. O art. 21, inciso III trata da possibilidade de apreciao, pela autoridade judiciria brasileira, de aes que tenham como fundamento fatos ocorridos ou de atos praticados no Brasil. Um exemplo seria um acidente de automvel ocorrido no Brasil envolvendo um alemo e um francs. Qualquer um deles poder acionar o outro perante a justia brasileira para promover a reparao de danos, uma vez que a ao ter derivado de fatos ocorridos no territrio brasileiro. Agora, vejamos o art. 22, que tambm trata de matrias da competncia concorrente. www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Art. 22. Compete, ainda, autoridade judiciria brasileira processar e julgar as aes: I - de alimentos, quando: a) o credor tiver domiclio ou residncia no Brasil; b) o ru mantiver vnculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obteno de benefcios econmicos; II - decorrentes de relaes de consumo, quando o consumidor tiver domiclio ou residncia no Brasil; III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem jurisdio nacional. O art. 22, inciso I, nos mostra que a autoridade judiciria brasileira tem ampla competncia nas aes de alimentos. A Justia brasileira ser competente para julgar as aes de alimentos quando: - o credor tiver domiclio ou residncia no Brasil. Ex: A criana (credor dos alimentos) mora no Brasil e o pai (devedor dos alimentos) no exterior. - o ru mantiver vnculos no Brasil. Ex: O pai (devedor dos alimentos) tem um imvel no Brasil. O art. 22, inciso II, trata da competncia da autoridade judiciria brasileira para julgar as aes decorrentes de relaes de consumo, desde que o consumidor tenha domiclio ou residncia no Brasil. Suponha, por exemplo, que um brasileiro faa compras pela Internet em uma loja de e- commerce norte-americana. possvel que o Poder Judicirio brasileiro seja acionado em ao decorrente dessa relao de consumo. O art. 22, inciso III, ilustra a aplicao do princpio da autonomia da vontade. possvel que as partes decidam se submeter jurisdio brasileira. o que se chama de foro de eleio. Aqui, cabe uma observao importante. Suponha que uma empresa brasileira e uma empresa alem celebrem um contrato internacional. Nesse contrato, ambas concordam que qualquer controvrsia envolvendo aquele contrato ser submetida Justia alem. Tem- se a uma clusula de eleio de foro exclusivo estrangeiro. Essa clusula afastar qualquer competncia da autoridade judiciria brasileira para apreciar lides em torno daquele contrato. o que se depreende da leitura do art. 25, do Novo CPC. Art. 25. No compete autoridade judiciria brasileira o processamento e o julgamento da ao quando houver clusula de eleio de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo ru na contestao. www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Vamos falar, agora, sobre os casos de competncia exclusiva da autoridade judiciria brasileira. No art. 23, do Novo CPC, esto relacionados os casos de competncia exclusiva. So situaes em que fica afastada por completo a competncia da autoridade judiciria estrangeira; apenas a autoridade judiciria brasileira poder apreciar lides que envolvam as hipteses relacionadas nesse dispositivo. No h que se falar em eficcia de sentena estrangeira que disponha sobre as questes afetas competncia exclusiva da autoridade judiciria brasileira. Vejamos quais so os casos de competncia exclusiva, previstos no art. 23, do CPC: Art. 23. Compete autoridade judiciria brasileira, com excluso de qualquer outra: I - conhecer de aes relativas a imveis situados no Brasil; II - emmatria de sucesso hereditria, proceder confirmao de testamento particular e ao inventrio e partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herana seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domiclio fora do territrio nacional; III - em divrcio, separao judicial ou dissoluo de unio estvel, proceder partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domiclio fora do territrio nacional. O inciso I dispe que a autoridade judiciria brasileira tem competncia exclusiva para conhecer de aes relativas a imveis situados no Brasil. Suponha, por exemplo, que um alemo seja proprietrio de um imvel situado aqui no Brasil e que isso seja questionado por um francs. O francs dever entrar com ao junto autoridade judiciria brasileira, que tem competncia exclusiva para apreci-la. Caso o francs ingresse com uma ao perante tribunal estrangeiro e este emita sua sentena, esta no ser homologada pelo STJ, por tratar-se a questo de competncia exclusiva da autoridade judiciria brasileira. O inciso II, por sua vez, prev que a autoridade judiciria brasileira tem competncia exclusiva para, em matria de sucesso hereditria, proceder confirmao de testamento particular e ao inventrio e partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herana seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domiclio fora do territrio nacional. O inciso III estabelece que a autoridade judiciria brasileira tem competncia exclusiva para, em divrcio, separao judicial ou dissoluo de unio estvel, proceder partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domiclio fora do territrio nacional. relevante destacar, para que no se faa confuso, que o art. 23, inciso III, www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale est definindo o foro ao qual a questo ser submetido; ele no est definindo qual direito material (nacional ou estrangeiro) ser aplicvel. 1. (AGU Ð 2015) Regras de conexo so normas que indicam o direito aplicvel a situaes jurdicas que digam respeito a mais de um ordenamento jurdico. Comentrios: As regras de conexo so normas que indicam qual o direito aplicvel a situaes jurdicas com conexo internacional. Questo correta. 2. (Defensor Pblico da Unio Ð 2014) No que concerne aplicao da lei estrangeira no pas, a Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro refere-se expressamente ao princpio da ordem pblica. Comentrios: O art. 17, da LINDB, estabelece que Òas leis, atos e sentenas de outro pas, bem como quaisquer declaraes de vontade, no tero eficcia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pblica e os bons costumesÓ. Assim, h meno expressa ordem pblica. Questo correta. 3. (Consultor Legislativo / Cmara dos Deputados Ð 2014) Haver reenvio se o direito internacional privado do pas A indicar o direito do pas B como aplicvel ao caso, sendo que o direito internacional privado do pas B indica, na mesma hiptese, a aplicao de seu prprio direito material nacional. Comentrios: Nesse caso, no h reenvio, pois a legislao do pas B no faz remisso a outra lei. Questo errada. 4. (Consultor Legislativo / Cmara dos Deputados Ð 2014) O regime de bens convencionado pelo casal ser regido pela legislao do local da celebrao do casamento. Comentrios: www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale O regime de bens, legal ou convencional, obedece lei do pas em que tiverem os nubentes domiclio e, se este for diverso, a do primeiro domiclio conjugal. Questo errada. 5. (AGU Ð 2012) O reenvio proibido pela Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro. Comentrios: De fato, o reenvio no admitido pelo ordenamento jurdico brasileiro. o que se depreende a partir da leitura do art. 16, LINDB, que estabelece que Òquando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se- em vista a disposio desta, sem considerar-se qualquer remisso por ela feita a outra lei.Ó Questo correta. 6. (DPU Ð 2010) A prova dos fatos ocorridos em pas estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, razo pela qual os tribunais brasileiros podem, excepcionalmente, admitir provas que a lei brasileira desconhea. Comentrios: Segundo o art. 13, LINDB, a prova dos fatos ocorridos em pas estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao nus e aos meios de produzir-se, no admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconhea. Questo errada. 7. (DPU Ð 2010) A competncia jurisdicional brasileira somente incide sobre indivduo estrangeiro se este residir no Brasil durante mais de quinze anos ininterruptos. Comentrios: No h exigncia de tempo de residncia ininterrupto. A autoridade judiciria brasileira ser competente quando o ru, qualquer que seja sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil. Questo errada. 8. (DPU Ð 2010) absoluta a competncia internacional brasileira em ao relativa a imvel situado no Brasil. Comentrios: De fato, trata-se de competncia absoluta (ou exclusiva), conforme art. 23, I, CPC. Questo correta. www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 9. (DPU Ð 2010) A parte que, em processo, alegar direito estrangeiro dever provar-lhe o teor e a vigncia, se assim determinar o juiz. Comentrios: isso mesmo. A parte que invocar direito estrangeiro dever provar-lhe o teor e a vigncia, se o juiz assim determinar (art. 376, Novo CPC). Questo correta. 10. (DPU Ð 2010) Por constiturem forma de cooperao internacional clssica, as cartas rogatrias estrangeiras so cumpridas no Brasil, independentemente de se referirem ou no a processos de competncia exclusiva dos tribunais brasileiros. Comentrios: No ser concedido o exequatur a cartas rogatrias que se refiram a processos de competncia exclusiva da autoridade judiciria brasileira. Isso porque, por tratar-se de competncia exclusiva, a autoridade judiciria estrangeira no poder emitir sentena sobre o tema. Questo errada. 11. (DPU Ð 2010) A sentena proferida por tribunal estrangeiro tem eficcia no Brasil depois de homologada pelo STF. Comentrios: A homologao de sentena estrangeira compete ao STJ. Questo errada. 12. (DPU Ð 2010) Um dos requisitos para que a sentena estrangeira seja homologada no Brasil terem as partes sido citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia. Comentrios: o que prev o art. 15, alnea ÒaÓ, da LINDB. Questo correta. 13. (Juiz Federal TRF 1a Regio Ð 2013) Segundo a Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro, aos bens mveis que o proprietrio trouxer ao pas ou queles que se destinarem a transporte para outros lugares aplicar-se- a lei a) do pas que tiver regido a ltima transmisso de propriedade. b) de nacionalidade do possuidor de boa-f. c) mais favorvel ao adquirente. www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale d) do pas em queestiverem situados. e) de domiclio do proprietrio. Comentrios: Segundo o art. 8¼, ¤ 1¼, LINDB Òaplicar-se- a lei do pas em que for domiciliado o proprietrio, quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugaresÓ. A resposta a letra E. 14. (MPF / Procurador da Repblica Ð 2013) No Direito Internacional Privado, a remisso feita por lei estrangeira: a) no de ser considerada quando se tiver que aplic-la; b) de ser considerada sempre em sua aplicao, sob pena de mutilar o elemento de qualificao; c) de ser considerada em sua aplicao nos estritos limites da Lei de Introduo Normas do Direito Brasileiro; d) s de ser considerada quando a remisso for de 2.¼ grau, no, porm, quando for de 1.¼ grau. Comentrios: No ordenamento jurdico brasileiro, no se admite o reenvio. Nesse sentido, o art. 16, LINDB, estabelece que, quando houver de ser aplicada a lei estrangeira, ter-se- em vista a disposio desta, sem considerar-se qualquer remisso por ela feita a outra lei. A resposta a letra A. 15. (MPF / Procurador da Repblica Ð 2011) As regras sobre o comeo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade ou o direito de famlia de brasileiro que tenha outra nacionalidade originria: a) so determinadas pelo direito brasileiro; b) so determinadas pelo direito brasileiro e pelo direito do pais da outra nacionalidade, cabendo ao juiz dirimir as dvidas decorrentes sobre eventual coliso normativa: c) so determinadas pelo direito do pais em que for domiciliado: d) so determinadas pelo direito da pais de local de seu nascimento. Comentrios: www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Segundo o art. 7¼, LINDB, Òa lei do pas em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o comeo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de famliaÓ. O gabarito a letra C. 16. (MPF / Procurador da Repblica Ð 2012) A sucesso de bens de estrangeiro situados no Brasil: a) regulada pela lei do ltimo domicilio em beneficio do cnjuge e filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que no lhes seja mais favorvel a lei brasileira; b) regulada pela lei pessoal do de cujus; c) regulada pela lei brasileira em beneficio do cnjuge e filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que no lhes seja mais favorvel a lei pessoal do de cujus; d) regulada pela lei do ltimo domicilio em beneficio do cnjuge e filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que no lhes seja mais favorvel a lei pessoal do de cujus. Comentrios: A sucesso de bens de estrangeiros, situados no Pas, ser regulada pela lei brasileira em benefcio do cnjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que no lhes seja mais favorvel a lei pessoal do de cujus. O conflito resolve-se a favor da lei mais benfica aos cnjuges ou filhos brasileiros. A resposta a letra C. 17. (Juiz Federal Ð TRF 1a Regio Ð 2011) No que diz respeito s fontes do direito internacional privado, ao conflito de leis, ao reenvio e interpretao do direito estrangeiro, assinale a opo correta. a) A prova dos fatos ocorridos em pas estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao nus e aos meios de produzir- se, no admitindo, porm, os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconhea. b) As partes tm liberdade para escolher a lei de regncia em contratos internacionais em razo da regra geral da autonomia da vontade, em matria contratual. Nesse sentido, as leis, atos e sentenas de outro pas, bem como quaisquer declaraes de vontade, tero plena eficcia no Brasil, independentemente de qualquer condio ou ressalva. c) Entre as fontes do direito internacional privado incluem-se as convenes internacionais, o costume internacional e os princpios gerais do direito, mas no as decises judiciais e a doutrina dos juristas, estas, somente obrigatrias www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale para as partes litigantes e a respeito dos casos em questo. d) Embora entenda o STF que haja paridade entre o tratado e a lei nacional, esse tribunal firmou a tese de que, no conflito entre tratado de qualquer natureza e lei posterior, esta h sempre de prevalecer, pois a CF no garante privilgio hierrquico do tratado sobre a lei, sendo inevitvel que se garanta a autoridade da norma mais recente. e) Para resolver os conflitos de lei no espao, o Brasil adota a prtica do reenvio, mediante a qual se substitui a lei nacional pela estrangeira, desprezando-se o elemento de conexo apontado pela ordenao nacional, para dar preferncia indicada pelo ordenamento jurdico aliengena. Comentrios: Letra A: correta. exatamente o que prev o art. 13, LINDB. A prova dos fatos ocorridos em pas estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao nus e aos meios de produzir-se. Cabe destacar, ainda, que no sero admitidas provas que a lei brasileira desconhea. Letra B: errada. Aos contratos internacionais ser aplicada a lei do pas em que tiverem sido constitudos. Letra C: errada. As decises judiciais e a doutrina tambm so consideradas fontes do direito internacional privado. Letra D: errada. No conflito entre tratado e lei, deve-se aplicar o critrio cronolgico e o critrio da especialidade. Letra E: errada. No ordenamento jurdico brasileiro, no se admite a prtica do reenvio. Nesse sentido, quando se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se- em vista a disposio desta, sem considerar-se qualquer remisso por ela feita a outra lei. 18. (Juiz Federal TRF 1a Regio Ð 2011) Considerando a legislao brasileira relativa competncia jurisdicional nas relaes jurdicas com elemento estrangeiro, as cartas rogatrias e a homologao de sentenas estrangeiras, assinale a opo correta. a) Tanto a autoridade judiciria brasileira quanto a autoridade do pas de origem do autor da herana, se este for estrangeiro, tm competncia para proceder a inventrio e partilha de bens situados no Brasil. b) A homologao de sentena estrangeira no Brasil, cuja natureza jurisdicional, pode ser concedida a sentena de qualquer natureza, com exceo das que sejam meramente declaratrias do estado das pessoas. www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale c) A carta rogatria obedecer, quanto admissibilidade e ao modo de cumprimento, ao disposto na legislao brasileira, devendo necessariamente ser remetida aos juzes ou tribunais estrangeiros por contato direto entre as autoridades judicirias dos Estados envolvidos. d) No conhecendo a lei estrangeira, o juiz brasileiro no pode exigir da parte que a invoque o fornecimento de prova do seu texto e vigncia, mas, sim, solicitar s autoridades de outro Estado os elementos de prova ou informao sobre o texto, sentido e alcance legal de seu direito. e) A competncia jurisdicional brasileira territorial-relativa e incide sobre o estrangeiro domiciliado no pas, sendo competente tambm o juiz brasileiro quando a obrigao tiver de ser cumprida no Brasil e quando a ao se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no territrio nacional. Comentrios: Letra A: errada. Segundo o art. 23, II, Novo CPC, competnciaexclusiva da autoridade judiciria brasileira proceder a inventrio e partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herana seja estrangeiro e tenha residido fora do territrio nacional. Letra B: errada. Nem todas as sentenas estrangeiras sero homologadas. As sentenas estrangeiras que ofenderem a soberania nacional, a ordem pblica e os bons costumes no tero eficcia no Brasil. Letra C: errada. A carta rogatria obedecer, quanto admissibilidade e ao modo de cumprimento, ao disposto em conveno internacional. Na falta desta, a carta rogatria ser encaminhada autoridade judiciria estrangeira por via diplomtica. Letra D: errada. Segundo o art. 14, LINDB, Òno conhecendo a lei estrangeira, poder o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vignciaÓ. Letra E: correta. exatamente o que prev o art. 21, Novo CPC. 19. (Juiz Federal TRF 2a Regio Ð 2011) Os elementos de conexo brasileiros constituem parte da norma do direito internacional privado que determina o ordenamento jurdico a ser aplicado a determinada causa. Assinale a opo correspondente correta correlao entre fato(s) jurdico(s) e elemento de conexo na Lei de Introduo do Cdigo Civil a) situao do regime de bens Ñ nacionalidade dos cnjuges b) qualificao e regulao das obrigaes Ñ domiclio dos contratantes www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale c) formalidades de celebrao e impedimentos do casamento Ñnacionalidade dos nubentes d) personalidade e capacidade Ñ domiclio da pessoa e) penhor Ñ local do bem Comentrios: Letra A: errada. O regime de bens obedece lei do pas de domiclio dos nubentes. Letra B: errada. Para qualificar e reger as obrigaes, aplica-se a lei do pas em que se constiturem. Letra C: errada. Se o casamento se realizar no Brasil, ser aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirigentes e s formalidades de celebrao. Letra D: correta. Segundo o art. 7¼, LINDB, Òa lei do pas em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o comeo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de famliaÓ. Letra E: errada. O penhor regula-se pela lei do domiclio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada. 20. (II Exame de Ordem Unificado Ð OAB- 2010.2) Jogador de futebol de um importante time espanhol e titular da seleo brasileira filmado por um celular em uma casa noturna na Espanha, em avanado estado de embriaguez. O vdeo veiculado na internet e tem grande repercusso no Brasil. Temeroso de ser cortado da seleo brasileira, o jogador ajuza uma ao no Brasil contra o portal de vdeos, cuja sede na Califrnia, Estados Unidos. O juiz brasileiro: a) no competente, porque o ru pessoa jurdica estrangeira. b) ter competncia porque os danos imagem ocorreram no Brasil. c) dever remeter o caso, por carta rogatria, justia norte-americana. d) ter competncia porque o autor tem nacionalidade brasileira. Comentrios: Na situao apresentada pela questo, temos um jogador de nacionalidade brasileira com domiclio na Espanha. Ele filmado embriagado e o vdeo www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale divulgado na Internet, por um portal de vdeos com sede nos EUA. O fato tem grande repercusso, extremamente negativa para sua imagem, aqui no Brasil. A pergunta : perante qual autoridade judiciria, o jogador brasileiro poder ajuizar ao para reparar os danos sua imagem? Segundo o art. 21, III, Novo CPC, a autoridade judiciria brasileira tem competncia para apreciar ao que se origine de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil. Trata-se de competncia concorrente, motivo pelo qual o jogador brasileiro poder ingressar com a ao perante autoridade judiciria brasileira (os danos imagem ocorreram no Brasil), sem que isso exclua a possibilidade de apreciao por autoridade judiciria estrangeira. Diante do exposto, o gabarito a letra B. 21. (II Exame de Ordem Unificado Ð OAB - 2010.2) Um contrato internacional entre um exportador brasileiro de laranjas e o comprador americano, previu que em caso de litgio fosse utilizada a arbitragem, realizada pela Cmara de Comrcio Internacional. O exportador brasileiro fez a remessa das laranjas, mas estas no atingiram a qualidade estabelecida no contrato. O comprador entrou com uma ao no Brasil para discutir o cumprimento do contrato. O juiz decidiu: a) extinguir o feito sem julgamento de mrito, em face da clusula arbitral. b) deferir o pedido, na forma requerida. c) indeferir o pedido porque o local do cumprimento do contrato nos Estados Unidos. d) deferir o pedido, em razo da competncia concorrente da justia brasileira. Comentrios: Na situao apresentada pela questo, foi celebrado um contrato entre um exportador brasileiro e um comprador americano. No contrato, as partes estabeleceram uma clusula compromissria (clusula arbitral). A qualidade do produto brasileiro no atendeu s expectativas do comprador americano, motivo pelo qual ele acionou a Justia brasileira. Considerando que existe uma clusula compromissria, o juiz dever extinguir o processo sem resoluo de mrito. Portanto, a resposta correta a letra A. 22. (III Exame de Ordem Unificado Ð OAB - 2010.3) Em junho de 2009, uma construtora brasileira assina, na Cidade do Cabo, çfrica do Sul, contrato de empreitada com uma empresa local, tendo por objeto a duplicao de um trecho da rodovia que liga a Cidade do Cabo www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale capital do pas, Pretria. As contratantes elegem o foro da comarca de So Paulo para dirimir eventuais dvidas. Um ano depois, as partes se desentendem quanto aos critrios tcnicos de medio das obras e no conseguem chegar a uma soluo amigvel. A construtora brasileira decide, ento, ajuizar, na justia paulista, uma ao rescisria com o objetivo de colocar termo ao contrato. Com relao ao caso hipottico acima, correto afirmar que: a) o Poder Judicirio brasileiro no competente para conhecer e julgar a lide, pois o foro para dirimir questes em matria contratual necessariamente o do local onde o contrato assinado. b) o juiz brasileiro poder conhecer e julgar a lide, mas dever basear sua deciso na legislao sul-africana, pois os contratos se regem pela lei do local de sua assinatura. c) o juiz brasileiro poder conhecer e julgar a lide, mas dever basear sua deciso na legislao brasileira, pois um juiz brasileiro no pode ser obrigado a aplicar leis estrangeiras. d) o juiz brasileiro poder conhecer e julgar a lide, mas dever se basear na legislao brasileira, pois em litgios envolvendo brasileiros e estrangeiros aplica-se a lex fori. Comentrios: Na situao apresentada pela questo, celebrado um contrato entre uma empresa brasileira e uma empresa sul-africana. O contrato assinado na çfrica do Sul e as partes elegem o foro da cidade de So Paulo para dirimir as controvrsias que possam surgir. Ora, quanto ao foro competente para apreciar a questo, no resta dvida. Se as partes optaram por solucionar controvrsias no foro da cidade de So Paulo, tal escolha dever prevalecer, em homenagem ao princpio da autonomiada vontade. Mas qual ser a legislao aplicvel? Segundo o art. 9¼, caput, da LINDB, para qualificar e reger as obrigaes, ser aplicada a lei do pas em que estas se constiturem. Como o contrato foi assinado na çfrica do Sul, ser aplicada a legislao sul-africana. Assim, Òo juiz brasileiro poder conhecer e julgar a lide, mas dever basear sua deciso na legislao sul-africana, pois os contratos se regem pela lei do local de sua assinaturaÓ (Letra B). 23. (V Exame de Ordem Unificado Ð OAB - 2011) Em janeiro de 2003, Martin e Clarisse Green, cidados britnicos domiciliados no Rio de www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Janeiro, casam-se no Consulado-Geral britnico, localizado na Praia do Flamengo. Em meados de 2010, decidem se divorciar. Na ausncia de um pacto antenupcial, Clarisse requer, em petio Vara de Famlia do Rio de Janeiro, metade dos bens adquiridos pelo casal desde a celebrao do matrimnio, alegando que o regime legal vigente no Brasil o da comunho parcial de bens. Martin, no entanto, contesta a pretenso de Clarisse, argumentando que o casamento foi realizado no consulado britnico e que, portanto, deve ser aplicado o regime legal de bens vigente no Reino Unido, que lhe mais favorvel. Com base no caso hipottico acima e nos termos da Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro, assinale a alternativa correta. a) O juiz brasileiro no poder conhecer e julgar a lide, pois o casamento no foi realizado perante a autoridade competente. b) Clarisse tem razo em sua demanda, pois o regime de bens regido pela lex domicilli dos nubentes e, ao tempo do casamento, ambos eram domiciliados no Brasil. c) Martin tem razo em sua contestao, pois o regime de bens se rege pela lei do local da celebrao (lex loci celebrationis), e o casamento foi celebrado no consulado britnico. d) O regime de bens obedecer lex domicilli dos cnjuges quanto aos bens mveis e lex rei sitae (ou seja, a lei do lugar onde esto) quanto aos bens imveis, se houver. Comentrios: Diante da situao apresentada, a primeira pergunta que se faz a seguinte: possvel que dois estrangeiros se casem no Brasil? Sim, plenamente possvel que dois estrangeiros se casem no Brasil. E, segundo o art. 7¼, ¤ 2¼, da LINDB, o casamento de estrangeiros poder celebrar-se perante autoridades diplomticas ou consulares do pas de ambos os nubentes. Foi o que aconteceu no caso relatado pela questo: Martin e Clarisse se casaram no Consulado-Geral Britnico. Agora uma segunda pergunta: tendo Martin e Clarisse se divorciado, qual regime legal de bens ser aplicado? A resposta tambm nos dada pela LINDB. Segundo o art. 7¼ ¤ 4¼, da LINDB, o regime de bens, legal ou convencional, obedece lei do pas em que tiverem os nubentes domiclio, e, se este for diverso, a do primeiro www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale domiclio conjugal. Ora, considerando que Clarisse e Martin tinham domiclio no Brasil, o regime de bens a ser aplicado o previsto na legislao brasileira. Dessa forma, a resposta correta a letra B: ÒClarisse tem razo em sua demanda, pois o regime de bens regido pela lex domicilli dos nubentes e, ao tempo do casamento, ambos eram domiciliados no BrasilÓ. 24. (VI Exame de Ordem Unificado Ð OAB - 2011) Uma sociedade brasileira, sediada no Rio de Janeiro, resolveu contratar uma sociedade americana, sediada em Nova York, para realizar um estudo que lhe permitisse expandir suas atividades no exterior, para poder vender seus produtos no mercado americano. Depois de vrias negociaes, o representante da sociedade americana veio ao Brasil, e o contrato de prestao de servios foi assinado no Rio de Janeiro. No h no contrato uma clusula de lei aplicvel, mas alguns princpios do UNIDROIT foram incorporados ao texto final. Por esse contrato, o estudo deveria ser entregue em seis meses. No entanto, apesar da intensa troca de informaes, passados 10 meses, o contrato no foi cumprido. A sociedade brasileira ajuizou uma ao no Brasil, invocando a clusula penal do contrato, que previa um desconto de 10% no preo total do servio por cada ms de atraso. A sociedade americana, na sua contestao, alegou que a clusula era invlida segundo o direito americano. Conforme a Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro, qual a lei material que o juiz dever aplicar para solucionar a causa? a) A lei brasileira, pois o contrato foi firmado no Brasil. b) A lei americana, pois o ru domiciliado nos Estados Unidos. c) Os princpios do UNIDROIT, porque muitas clusulas foram inspiradas nessa legislao. d) A Lex Mercatoria, porque o que rege o contrato internacional a prtica internacional. Comentrios: O contrato foi assinado no Brasil, logo ser aplicvel a lei brasileira. Isso o que prev o art. 9¼, da LINDB, segundo o qual para qualificar e reger as obrigaes, aplicar-se- a lei do pas em que se constiturem. A resposta, portanto, a letra A. 25. (VI Exame de Ordem Unificado Ð OAB - 2011) Tcio, espanhol, era casado com Tcita, brasileira. Os cnjuges eram domiciliados no Brasil. www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Tcio possua uma filha adotiva espanhola, cujo nome Mvia, e que residia com o pai. Em razo de um grave acidente na Argentina, Tcio faleceu. O de cujus era proprietrio de dois bens imveis em Barcelona e um bem imvel no Rio de Janeiro. Diante da situao exposta, luz das regras de Direito Internacional Privado veiculadas na Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro (LINDB) e do Cdigo de Processo Civil Brasileiro (CPC), assinale a assertiva correta. a) Ainda que a lei espanhola no conceda direitos sucessrios filha adotiva, poder ela habilitar-se na ao de inventrio ajuizada pelo cnjuge suprstite, no Brasil, regendo-se a sucesso pela lei brasileira, que no faz qualquer distino entre filhos naturais e adotivos. b) A capacidade de suceder da filha regulada pela legislao espanhola. c) A ao de inventrio e partilha de todos os bens de competncia exclusiva do Poder Judicirio Brasileiro, j que o de cujus era domiciliado no Brasil. d) Se o de cujus houvesse deixado bens imveis somente na Espanha, a sucesso seria regida pela lei espanhola. Comentrios: Na situao apresentada, Tcio, de nacionalidade espanhola, vem a falecer, deixando como herana 2 imveis na Espanha e 1 imvel no Brasil. Quanto ao foro competente, importante destacar que a autoridade judiciria brasileira tem competncia exclusiva para proceder ao inventrio e partilha do imvel situado no Brasil. Quanto aos imveis situados na Espanha, a competncia para proceder ao inventrio e partilha no da autoridade judiciria brasileira. (Letra C errada) Definidos os foros competentes, cabe agora analisar qual a legislao aplicvel sucesso. Primeira pergunta: qual legislao ir regular a capacidade para suceder da filha (Mvia)? Segundo a LINDB, a capacidade para suceder regulada pela lei do domiclio do herdeiro ou do legatrio. Considerando que Mvia tem domiclio no Brasil, a capacidade para suceder ser regulada pela lei brasileira. (Letra B errada) Segunda pergunta: qual a legislao aplicvel sucesso? www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Segundo a LINDB, a sucesso por morte ou por ausncia obedece lei do pas em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situao dos bens. Assim, um brasileiro com domiclio na Espanha ter sua sucesso regulada pela lei espanhola. Trata-se da aplicao da lex domicilii. A LINDB estabelece, ainda, que a sucesso de bens de estrangeiros, situados no Pas, ser regulada pela lei brasileira em benefcio do cnjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que no lhes seja mais favorvel a lei pessoal do de cujus. Trata-se da aplicao da lex rei sitae. No caso concreto, Tcio estrangeiro e deixou 1 (um) imvel no Brasil. Portanto, a sucesso ser regulada pela lei brasileira em benefcio do cnjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, desde que no lhes seja mais favorvel a lei pessoal do de cujus. Quanto aos imveis situados na Espanha, ser aplicada a lei do domiclio de Tcio; logo, ser aplicvel a legislao brasileira. Perceba que, mesmo que o Òde cujusÓ tivesse deixado imveis apenas na Espanha, seria aplicvel sucesso a lei brasileira, uma vez que o elemento de conexo, nesse caso, a lei do domiclio (e no a da situao do imvel). Portanto, a Letra D est errada. Resta-nos o exame da Letra A, que est correta. Ser aplicvel sucesso a lei brasileira e, portanto, Mvia poder habilitar-se na ao de inventrio ajuizada pelo cnjuge suprstite (cnjuge que no faleceu!), no Brasil, regendo-se a sucesso pela lei brasileira, que no faz qualquer distino entre filhos naturais e adotivos. 26. (VI Exame de Ordem Unificado Ð OAB - 2011) A sociedade empresria do ramo de comunicaes A Notcia Brasileira, com sede no Brasil, celebrou contrato internacional de prestao de servios de informtica com a sociedade empresria Santiago Info, com sede em Santiago. O contrato foi celebrado em Buenos Aires, capital argentina, tendo sido estabelecido como foro de eleio pelas partes Santiago, se porventura houver a necessidade de resoluo de litgio entre as partes. Diante da situao exposta, luz das regras de Direito Internacional Privado veiculadas na Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro (LINDB) e no estatuto processual civil ptrio (Cdigo de Processo Civil Ð CPC), assinale a alternativa correta. a) No tocante regncia das obrigaes previstas no contrato, aplica-se a legislao chilena, j que Santiago foi eleito o foro competente para se dirimir eventual controvrsia. www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale b) Nos contratos internacionais, a lei que rege a capacidade das partes pode ser diversa da que rege o contrato. o que se verifica no caso exposto acima. c) Como a execuo da obrigao avenada entre as partes se dar no Brasil, aplica-se, obrigatoriamente, no tocante ao cumprimento do contrato, a legislao brasileira. d) A Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro veda expressamente o foro de eleio, razo pela qual nula ipso jure a clusula estabelecida pelas partes nesse sentido. Comentrios: Letra A: errada. Ser aplicada a legislao argentina, uma vez que o contrato foi celebrado em Buenos Aires. Letra B: correta. A lei que rege a capacidade das partes a lei do pas em que ele estiver domiciliado. Os contratos, por sua vez, so julgados levando-se em considerao o local onde a obrigao for constituda. Letra C: errada. Para definir qual o direito aplicvel, deve ser verificado onde a obrigao foi assumida. Tendo sido assumida na Argentina, o direito aplicvel ser o urgente. Letra D: errada. A LINDB no veda expressamente o foro de eleio. 27. (VI Exame de Ordem Unificado Ð OAB - 2011) Arnaldo Butti, cidado brasileiro, falece em Roma, Itlia, local onde residia e tinha domiclio. Em seu testamento, firmado em sua residncia poucos dias antes de sua morte, Butti, que no tinha herdeiros naturais, deixou um imvel localizado na Avenida Atlntica, na cidade do Rio de Janeiro, para Jlia, neta de sua enfermeira, que vive no Brasil. Inconformada com a partilha, Fernanda, brasileira, sobrinha-neta do falecido, que h dois anos vivia de favor no referido imvel, questiona no Judicirio brasileiro a validade do testamento. Alega, em sntese, que, embora obedecesse a todas as formalidades previstas na lei italiana, o ato no seguiu todas as formalidades preconizadas pela lei brasileira. Com base na hiptese acima aventada, assinale a alternativa correta. a) Fernanda tem razo em seu questionamento, pois a sucesso testamentria de imvel localizado no Brasil rege-se, inclusive quanto forma, pela lei do local onde a coisa se situa (lex rei sitae). www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale b) Fernanda tem razo em questionar a validade do testamento, pois a Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro veda a partilha de bens imveis situados no Brasil por ato testamentrio firmado no exterior. c) Fernanda no tem razo em questionar a validade do testamento, pois o ato testamentrio se rege, quanto forma, pela lei do local onde foi celebrado (locus regit actum). d) O questionamento de Fernanda no ser apreciado, pois a Justia brasileira no possui competncia para conhecer e julgar o mrito de aes que versem sobre atos testamentrios realizados no exterior. Comentrios: Segundo art. 9¼, da LINDB, para qualificar e reger as obrigaes aplica-se a lei do pas em que estas se constiturem. Com base nesse dispositivo, entende a doutrina que o testamento, em seus aspectos formais, regido pela lei do local em que ele foi celebrado (locus regit actum). Por outro lado, em seus aspectos substanciais (materiais), a sucesso testamentria ser regida pela lei do domiclio do Òde cujusÓ. Diante disso, Fernanda no tem razo em argumentar que o testamento no seguiu as formalidades preconizadas pela legislao brasileira. A validade formal do testamento deve cumprir, na verdade, a legislao italiana, uma vez que ele foi celebrado naquele pas. A resposta, portanto, a letra C. 28. (VII Exame de Ordem Unificado Ð OAB - 2012) Um jato privado, pertencente a uma empresa norte-americana, se envolve em um incidente que resulta na queda de uma aeronave comercial brasileira em territrio brasileiro, provocando dezenas de mortes. A famlia de uma das vtimas brasileiras inicia uma ao no Brasil contra a empresa norte-americana, pedindo danos materiais e morais. A empresa norte- americana alega que a competncia para julgar o caso da justia americana. Segundo o direito brasileiro, o juiz brasileiro: a) tem competncia concorrente porque o acidente ocorreu em territrio brasileiro. b) no tem competncia concorrente porque o ru empresa estrangeira que no opera no Brasil. c) no tem competncia, absoluta ou relativa, e dever remeter o caso, por carta rogatria, justia americana. www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 48 DIREITO INTERNACIONAL P/ MAGISTRATURA FEDERAL Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale d) tem competncia concorrente porque
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