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Empresário com contrato de prestação de serviços vigente (celebrado após licitação) com Prefeitura Municipal pode ser nomeado Secretário Municipal?

Empresário com contrato de prestação de serviços vigente (celebrado após licitação) com Prefeitura Municipal foi nomeado Secretário Municipal. Considerando que secretário municipal (CC) é agente pollítico, haveria improbidade administrativa?

Respostas

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Especialistas PD

Muito embora doutrina e jurisprudência majoritária entendam que o agente político pode ser sujeito ativo do ato de improbidade administrativa, a questão não se encerra nesse ponto. Se a contratação da empresa do Secretário foi regular e anterior à nomeação do Secretário, não parece haver dolo e muito menos má-fé, motivo pelo qual não restaria configurado ato de improbidade administrativa.

Nessa linha, Rafael Carvalho Rezende de Oliveira ensina:

“Ademais, a violação aos princípios deve ser conjugada com a comprovação do dolo do agente e o nexo de causalidade entre a ação/omissão e a respectiva violação ao princípio aplicável à Administração.

Quanto ao elemento subjetivo, exige-se a comprovação do dolo por parte do agente público ou do terceiro. De acordo com o STJ, a aplicação do art. 11 da Lei 8.429/1992 depende da comprovação do dolo eventual ou genérico de realizar conduta que atente contra os princípios da Administração Pública, não sendo necessário haver intenção específica (dolo específico) para caracterizar o ato como ímprobo, pois a atuação deliberada em desrespeito às normas legais, cujo desconhecimento é inescusável, evidencia a presença do dolo.

Conforme já decidiu o STJ, é imprescindível a configuração da má-fé do sujeito ativo para incidência do art. 11 da Lei de Improbidade Administrativa, não sendo suficiente a mera prática de irregularidade administrativa.” (Manual de Improbidade Administrativa. E-book. 6ª ed. pg. 134)

No que diz respeito à nomeação de sócio de empresa contratada pela Prefeitura para o cargo de Secretário Municipal, entendemos que essa medida só seria possível se o empresário de “desincompatibilizasse”, ou seja, liquidasse sua participação na sociedade. Isso porque o art. 9º, da Lei nº. 8.666/93, diz:

Art. 9º. Não poderá participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução de obra ou serviço e do fornecimento de bens a eles necessários:

III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade contratante ou responsável pela licitação.

Note-se que a vedação diz servidor ou dirigente, abrangendo, portanto, servidores efetivos como comissionados. Os cargos em comissão – como o de Secretário Municipal - pela proximidade detém do chefe do Poder Executivo, e o exercício de funções de chefia e assessoramento dentro do órgão público, podem trazer privilégios relação aos demais licitantes e contratantes, o que é incompatível com os princípios da isonomia, da moralidade e da impessoalidade.

Diante do exposto, e considerando ainda que a execução contratual é consequência lógica do procedimento licitatório, conclui-se que a nomeação de sócio de empresa contratada pela Prefeitura para o cargo de Secretário Municipal é um ato incompatível com os princípios da administração pública.

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