A Educação deve se adequar a Globalização sem, no entanto, ser manipulada pela mesma e cabe aos professores, construir e reforçar a própria identidade cultural, partindo de nós mesmos para o mundo, do interno para o externo, do local para o global. “Nenhuma ação educativa pode prescindir de uma reflexão sobre o homem e de uma análise sobre suas condições culturais. Não há educação fora das sociedades humanas e não há homens isolados” (FREIRE, 1979, p. 35).
Um bom exemplo de políticas públicas influenciadas pela globalização foi o que aconteceu na cidade de Três Rios – RJ, quando a Volkswagen do Brasil decidiu instalar-se na região. O presidente da empresa visitou a cidade e o prefeito à época, o Sr. Celso Jacob, levou-o para conhecer o terreno onde seria construída a fábrica, a infraestrutura do local e da cidade, o comércio, etc.
Ao término da visita, o presidente da empresa ficou satisfeito com o que viu, mas questionou um único ponto: não haviam sido lhe apresentadas as escolas técnicas e faculdades da cidade, pois as mesmas não existiam.
A empresa, então, instalou-se na cidade de Resende, o que levou o então prefeito Celso Jacob a criar uma política pública voltada para a educação (o que já deveria ter acontecido pois o mesmo é professor) e desde então, até os dias atuais o governo municipal de Três Rios luta por manter e a oferecer ainda mais, cursos técnicos e faculdades.
Observar que as políticas públicas são voltadas conforme os interesses industriais, comerciais e financeiros ao qual a região está envolvida, então quando uma multinacional deseja instalar-se em qualquer local do planeta e educação é direcionada para atender a demanda de mão-de-obra qualificada para a realidade da empresa que instalar-se-á no local.
Fazer com o aluno entenda que é um sujeito pertencente ao local no qual está inserido e precisa fazer parte do mesmo, sem ser manipulado, vai além de aulas de geografia, perpassa por todas as disciplinas envolvidas no processo de ensino.
A proposta é que o ensino médio não seja apenas profissionalizante, no sentido de adestramento, mas de conhecimento teórico e prático, num todo. A instrução politécnica deve ser transmitida com os fundamentos científicos gerais de todos os processos de produção para que o cidadão possa atuar em qualquer área através desse embasamento, assim como aconteceu em meus mais variados ambientes de trabalho.
O conhecimento antes era passado como que em cadeia, estático, fechado e sempre da mesma maneira. Hoje, com o mundo globalizado o conhecimento tornou-se complexo, então deve-se auxiliar o aluno a manter uma melhor organização destes conhecimentos, relacionando-os uns com os outros, levando-o a confrontar o que ele está aprendendo como novo, com aquele conhecimento anterior (velho) que ele já conhecia...
As novas tecnologias vêm trazendo transformações e consequentemente mudando o paradigma da educação. Não há mais como regular o aluno, ele acessa informações das mais variadas e não está alienado sobre o que acontece a sua volta. Com isto o aluno cria sua própria opinião sobre a realidade, inclusive sobre outras culturas, pois o que acontece no mundo em questão de segundos é compartilhado em todo tipo de mídia. Esta mudança de paradigma implica também na necessidade de repensar a prática educativa.
Todas as crianças, inclusive as das camadas populares, chegam à escola com algum conhecimento e com a utilização das tecnologias (TV, vídeo, celular e computador) deve-se aproveitar este mesmo conhecimento, aliado com a curiosidade, para trabalhar com textos (filmes, propagandas, programas de TV, imagens e outros).
Para Emília Ferreiro (2011) “(...) quem está alfabetizando com textos variados prepara sua turma muitíssimo mais para a internet do que quem faz um trabalho mostrando primeiro uma letrinha e depois outra.
Negar esta formação deixa o indivíduo sem posicionamento crítico sobre as informações recebidas, pois ele não conseguirá, a partir delas, formar um novo conhecimento e não poderá se posicionar na sociedade em que está inserido, além de tornar-se um mero usuário de “computadores” ainda preso às relações de poder da sociedade.
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