“Rachadinha” é a denominação leiga conferida à prática de contratar pessoas para a ocupação de cargos comissionados (normalmente, porém, não exclusivamente, assessoria parlamentar), com a exigência de repasse de parte dos salários ao agente público que faz a indicação.
Embora seja uma conduta corriqueira no ambiente político brasileiro, sua subsunção ainda é cercada de controvérsias. Não há nenhuma norma que se refira especificamente à prática, ainda que existam projetos de lei buscando a tipificação.
Mas, compreendemos que a “rachadinha”, configura em regra crime de peculato, na modalidade desvio.
Ainda que o agente público não seja o possuidor direto, terá a posse indireta dos valores caso ocupe a posição de ordenador de despesas, delas podendo dispor. A verba, afinal, lhe está disponível. Ou seja, presentes as condições mínimas par a prática do crime do artigo 312 do CP. Como é necessário o conluio para com a pessoa contratada, ela também responderá pelo crime, em concurso de pessoas.
Há opiniões diversas sobre este tipo de conduta, inclusive com autores que se inclinam pela improbidade administrativa ou, ainda, pela simples imoralidade do ato praticado. Como a ideia era explorar tão-somente a tipicidade penal, ainda não ha como concretizar uma resposta. Aguardemos os pronunciamentos das Cortes para saber se o fato descrito justifica a adequação típica do delito de peculato.
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