Qual a distinção entre adicional de insalubridade e adicional de periculosidade?

• A palavra "salubre" tem como sinônimos as palavras saúde, saudável, salutar, dentre outras. O termo insalubre é derivado acréscimo do prefixo "in" que significa não, contra, dentre outros, ao termo salubre. Portanto, insalubridade significa "não saudável", contra a saúde, enfim, contra o bem-estar da pessoa.
• Concluindo, em direito do trabalho, os artigos 189/192 da CLT, prescrevem que o empregado que prestar serviços em local insalubre ou em contato com agentes nocivos à sua saúde, lembrando, contatos com agentes que agridem a sua saúde, que corroem o seu bem estar, o empregador deverá lhe pagar um ADICIONAL DE INSALUBRIDADE de 10, 20 ou 40% sobre o valor do salário mínimo vigente a época da prestação de serviços, conforme o grau de insalubridade a ser medido no local, em mínimo, médio ou máximo, respectivamente, independentemente do valor do seu salário. Cite-se o exemplo do empregado pintor de carro, que tem contato com tinta, tiner e outras substâncias químicas
• O legislador, no caso, determinou que esse adicional seria uma forma de compensação ao empregado que oferece a sua saúde, como sendo o seu bem mais precioso, entregue ao empregador para ser paulatina e progressivamente corroída, atacada, ou se quiser entender como reduzida, também está correto. Resumindo, trabalhar em locais insalubres ou em contato com agentes nocivos, o trabalhador tem a sua saúde agredida. Esse adicional tem previsão constitucional, no artigo 7º, inciso XXIII.
• Já o artigo 193 da CLT prevê a periculosidade. Esse termo decorre de outro, qual seja, o perigo. Perigo de quê? Para uns fala-se em risco de vida, para outros, risco de morte. Eu prefiro o risco de morte, isto é, quando o trabalhador está trabalhando correndo risco de morte, devido ao local ser perigoso e/ou trabalha com equipamentos perigosos, como por exemplo, explosivos, alta tensão, trabalho em altura ou subterrâneo, e etc, ele está expondo a sua vida a um possível acidente de trabalho, que pode redundar no seu óbito ou numa redução parcial ou total da sua capacidade para o trabalho. Esse adicional é diferente do outro tendo em vista que estamos falando de um possível ÚNICO EVENTO danoso, e em sendo assim, o legislador fixou um percentual de 30% sobre o salário base, sobre a rubrica ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.
• Ambos os adicionais têm natureza salarial e incide praticamente todos os outros reflexos salariais tais como FGTS, 13º salário, férias acrescidas de 1/3, aviso prévio, têm incidência de contribuição previdenciárias tanto do empregador quanto do empregado, retenção de IRPF, dentre outros, além das verbas indenizatórias e resilitórias. Têm previsão constitucional no mesmo dispositivo do adicional de insalubridade.
• Recentemente, nos últimos dez anos, o TST firmou entendimento que o trabalhador que labora em local insalubre e perigoso simultaneamente, deve escolher SOMENTE UM ADICIONAL nos termos do artigo 194, par. 2º da CLT, apesar que muitos especialistas defendem a tese que o empregado quando exposto aos dois eventos, deve receber os dois adicionais, o que comungamos com a ideia, já que são situações completamente distintas, eis que um refere-se a SAÚDE e o outro refere-se a VIDA.
• Nessa temática, existem vários outros temas a serem abordados, tais como aposentadoria especial, base de cálculo, equipamentos de proteção individual e coletivo, local de trabalho, construção, trabalho insalubre a céu aberto, se o servidor público tem direito ou não, dentre outros. Mas o objetivo era simplesmente traçar a distinção entre ambos os adicionais que espero ter aguçado a curiosidade para que vocês possam sugerir outros temas e comentários com críticas construtivas para o nosso crescimento.
• Lembramos que a temática está no contexto de empregado regido pela Consolidação das Leis do Trabalho.
• Obrigado.
• Ismael M. Almeida

que ambas não podem ser pagas cumuladamente