Respostas
Durkheim argumenta que o suicídio não é apenas um fenômeno individual, mas tem uma dimensão social, que é determinada pelas normas, valores e estruturas sociais que moldam o comportamento humano. Ele identificou três tipos de suicídio, com base nas diferentes formas de integração e regulação social:
- Suicídio egoísta: ocorre quando os indivíduos se sentem isolados ou desconectados da sociedade, como resultado da perda de laços sociais ou do fracasso em atingir metas sociais. Esse tipo de suicídio é mais comum em sociedades individualistas e urbanas.
- Suicídio altruísta: ocorre quando os indivíduos têm uma forte conexão com a sociedade e estão dispostos a sacrificar suas próprias vidas em nome de um grupo ou causa. Esse tipo de suicídio é mais comum em sociedades tradicionais e coletivistas.
- Suicídio anômico: ocorre quando há uma ruptura nas normas e valores sociais que regulam o comportamento humano, como resultado de mudanças sociais rápidas e intensas. Esse tipo de suicídio é mais comum em períodos de crise econômica ou social.
Para ele, o suicídio é um indicador da saúde ou doença de uma sociedade, e sua análise pode fornecer insights sobre os problemas sociais e as transformações culturais que afetam as pessoas em uma determinada época e lugar. Ele enfatizou a importância de se estudar o suicídio de forma empírica e comparativa, utilizando dados estatísticos e analisando as relações entre variáveis sociais e o comportamento suicida.
Ele os dividia em egoístas, altruístas e anômicos, sendo que os dois primeiros são auto-explicativos e o último é fruto de uma crise na sociedade que leva a uma sensação de desconexão do indivíduo com as normas sociais, que passam a não fazer sentido.
Como anomia = ausência de normas, esse tipo reflete uma situação de subversão e de uma completa falta de sentido e de esperança, como ocorre durante uma guerra, por exemplo, quando a vida é ditada por acontecimentos brutais que ocorrem em rápida sucessão e os conceitos de civilidade, decência, respeito e dignidade são totalmente subvertidos e os indivíduo passa a ver outro ser humano como algo a ser exterminado, passando por um processo de ter que desumanizar o outro para poder ser um bom combatente, o que cria uma ruptura com valores que antes ele considerava como perfeitamente razoáveis, como não ferir ou matar alguém. Essa subversão é tão impactante que mesmo quem não morre durante a guerra frequentemente convive com estresse pós-traumático e as taxas de suicídio entre veteranos são altíssimas, sendo esses suicídios, ao meu ver, perfeitamente encaixáveis na categoria de anômicos ainda que o momento de crise e subversão tenha ocorrido no passado. O importante é que a ruptura das normas e valores sociais foi tão grande que causou uma desconexão fundamental entre o indivíduo e a capacidade de criar ou ver sentido na existência, já que ele testemunha com horror como é frágil a sustentação de nossos valores e da nossa humanidade e como é profundo o abismo que existe dentro de nós mesmos, assim como nossa capacidade de cometer as piores atrocidades justificadas por ideais, patriotismo ou heroísmo, mas que na verdade nada têm de nobres.
Responda
Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta