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Qual a visão de Emile Durkheim a respeito do suicídio?

Respostas

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Sâmia Carneiro

Durkheim argumenta que o suicídio não é apenas um fenômeno individual, mas tem uma dimensão social, que é determinada pelas normas, valores e estruturas sociais que moldam o comportamento humano. Ele identificou três tipos de suicídio, com base nas diferentes formas de integração e regulação social:

  1. Suicídio egoísta: ocorre quando os indivíduos se sentem isolados ou desconectados da sociedade, como resultado da perda de laços sociais ou do fracasso em atingir metas sociais. Esse tipo de suicídio é mais comum em sociedades individualistas e urbanas.
  2. Suicídio altruísta: ocorre quando os indivíduos têm uma forte conexão com a sociedade e estão dispostos a sacrificar suas próprias vidas em nome de um grupo ou causa. Esse tipo de suicídio é mais comum em sociedades tradicionais e coletivistas.
  3. Suicídio anômico: ocorre quando há uma ruptura nas normas e valores sociais que regulam o comportamento humano, como resultado de mudanças sociais rápidas e intensas. Esse tipo de suicídio é mais comum em períodos de crise econômica ou social.

Para ele, o suicídio é um indicador da saúde ou doença de uma sociedade, e sua análise pode fornecer insights sobre os problemas sociais e as transformações culturais que afetam as pessoas em uma determinada época e lugar. Ele enfatizou a importância de se estudar o suicídio de forma empírica e comparativa, utilizando dados estatísticos e analisando as relações entre variáveis sociais e o comportamento suicida.

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Marcelo Almeida

Ele os dividia em egoístas, altruístas e anômicos, sendo que os dois primeiros são auto-explicativos e o último é fruto de uma crise na sociedade que leva a uma sensação de desconexão do indivíduo com as normas sociais, que passam a não fazer sentido.

Como anomia = ausência de normas, esse tipo reflete uma situação de subversão e de uma completa falta de sentido e de esperança, como ocorre durante uma guerra, por exemplo, quando a vida é ditada por acontecimentos brutais que ocorrem em rápida sucessão e os conceitos de civilidade, decência, respeito e dignidade são totalmente subvertidos e os indivíduo passa a ver outro ser humano como algo a ser exterminado, passando por um processo de ter que desumanizar o outro para poder ser um bom combatente, o que cria uma ruptura com valores que antes ele considerava como perfeitamente razoáveis, como não ferir ou matar alguém. Essa subversão é tão impactante que mesmo quem não morre durante a guerra frequentemente convive com estresse pós-traumático e as taxas de suicídio entre veteranos são altíssimas, sendo esses suicídios, ao meu ver, perfeitamente encaixáveis na categoria de anômicos ainda que o momento de crise e subversão tenha ocorrido no passado. O importante é que a ruptura das normas e valores sociais foi tão grande que causou uma desconexão fundamental entre o indivíduo e a capacidade de criar ou ver sentido na existência, já que ele testemunha com horror como é frágil a sustentação de nossos valores e da nossa humanidade e como é profundo o abismo que existe dentro de nós mesmos, assim como nossa capacidade de cometer as piores atrocidades justificadas por ideais, patriotismo ou heroísmo, mas que na verdade nada têm de nobres.

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