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Quando a teoria geral dos recursos, recursos em espécie e impugnativas, quais as características e teoria que a regem?

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A teoria geral dos recursos é um conjunto de princípios e normas que regulam a possibilidade de se recorrer de decisões judiciais. Os recursos em espécie são os meios específicos pelos quais se pode recorrer de uma decisão judicial, como o recurso de apelação, recurso especial, recurso extraordinário, entre outros. As impugnações, por sua vez, são instrumentos processuais que visam atacar decisões interlocutórias, ou seja, aquelas que não põem fim ao processo. As características dos recursos são a voluntariedade, a devolutividade, a substitutividade, a fungibilidade e a taxatividade. Já a teoria que rege os recursos é a teoria geral dos recursos, que estabelece as regras e princípios que devem ser observados em relação aos recursos.

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José Adilson dos Santos

Conceito de Recurso: “Meio voluntário idôneo a ensejar dentro do mesmo processo a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração de decisão judicial que se impugna”.

Dessa forma, recurso pode ser considerado um ônus, ou seja, possibilidade de melhora do resultado, sob pena de preclusão caso não seja interposto.

Vale diferenciar recurso da figura do reexame necessário, na medida em que a natureza jurídica do reexame não é recursal, e sim de privilégio à Fazenda Pública para sentenças condenatórias desfavoráveis a ela, condicionando desta maneira, seu trânsito em julgado. Disposição legal: artigo 496 do Novo Código de Processo Civil.

Da mesma forma que o prejudicado pode ou não recorrer, também existe o elemento vontade na delimitação da pretensão recursal – Princípio da congruência presente em grau recursal.

O órgão revisor deve atuar nos exatos limites da pretensão recursal, lembrando que é possível o reexame total ou parcial do dito prejuízo.

No processo civil, deparamo-nos com a imagem da endoprocessualidade, hipótese em que o reexame de decisão é feito dentro do mesmo processo onde esta foi proferida, não excluindo-se porém, a hipótese de a revisão ser feita fora daquele processo, por meios impugnativos autônomos.

À exemplo de ações impugnativas autônomas temos a Ação Rescisória, prestando-se a rever sentença já transitada em julgado com um dos vícios gravíssimos de nulidade previstos no artigo 966 do Novo Código de Processo Civil, na forma taxativa.

O Mandado de Segurança também é uma ação impugnativa autônoma para os casos em que a decisão judicial for declarada irrecorrível.

Assim, os objetivos dos recursos são:

i) reformar (inverter a sucumbência -> só é possível em se tratando de “error in judicando”)

ii) invalidar -> cabível no “error in procedendo” -> retroage-se ao momento do vício e os atos são repraticados.

iii) esclarecer -> tornar claro algo obscuro ou contraditório (por meio de Embargos de Declaração).

iv) integrar -> completar uma omissão (também por meio de Embargos de Declaração).

Enquanto os objetos dos recursos são os pronunciamentos com carga decisória que gerem prejuízo para uma das partes ou para ambas.

Os recursos tem natureza de procedimento/ação em continuidade.

Princípios da teoria geral dos recursos:

1) Duplo grau de jurisdição: mais do que um principio, é uma garantia constitucional -> artigo 5LV da Constituição.

O legislador, ao prever o contraditório e a ampla defesa, assegura todos os mecanismos de defesa, inclusive os recursais. Consequência: possibilidade de o legislador infraconstitucional restringir o sistema recursal, desde que se mantenha ao menos um recurso de cognição ampla contra sentença de mérito, o resto é escolha legislativa, não prejudicando o contraditório.

*Recurso de cognição ampla é o que revê “error in procedendo e error in judicando”.

2) Taxatividade: será recurso todo o mecanismo fixado em lei federal como tal.

O ordenamento processual é composto de um sistema mãe – Código de Processo Civil – e microssistemas que também regulamentam estes recursos.

Exemplo de microssistemas:

-Lei de Execuções Fiscais (Lei 6.830) cria Embargos Infringentes contra sentença de menor valor.

-Art 41 da Lei do Juizado Especial cria o Recurso Inominado.

3) Unicididade/singularidade/unirrecorribilidade: Para cada espécie de decisão judicial, o legislador prevê uma única espécie recursal.

Este princípio não é absoluto. Há exceções.

Exemplo: falta de motivação na sentença -> a motivação é uma garantia constitucional e infraconstitucional (pelo CPC), e portanto, caberia Recurso Especial e Recurso Extraordinário.

4) Proibição da “reformatio in pejus”: ninguém pode ser prejudicado pelo seu próprio recurso, com exceção da matéria de ordem pública, já que quando o juiz ou Tribunal identificarem matéria de ordem pública, estes tem poder de agir de ofício e adequar a situação à realidade.

5) Fungibilidade: decorre do princípio da instrumentalidade das formas (que por sua vez, decorre da instrumentalidade do processo, já que este é meio de composição). Pelo princípio da instrumentalidade das formas, se o ato processual for praticado de forma diversa da prevista em lei, mas atingir o seu objetivo, este será convalido, em razão da celeridade e economia processual.

A fungibiliade visa não prejudicar o recorrente que tenha interposto recurso errado por dúvida de qual seria o certo.

Assim, o recurso interposto errado pode ser admitido, se forem cumpridos os requisitos de: i) dúvida objetiva sobre o recurso (de doutrina ou jurisprudência) ii) ausência de erro grosseiro iii) ausência de má-fé iv) interposição do recurso dentro do prazo previsto em lei.

6) Dialeticidade: todo recurso é processado com a oitiva da parte contrária (inclusive no caso de Embargos de Declaração, potencialmente quando tiverem efeitos infringentes -> artigo 1.023 do Novo Código de Processo Civil.

7) Consumação: Interposto recurso, opera-se a preclusão e a partir de então, não é possível em tese alterar o recurso.

Existe, porém, um relaxamento deste princípio. À exemplo: juntar posteriormente peças faltantes de um Agravo de Instrumento; pagar custas fora do prazo (se recolhidas em dobro).

O legislador do Código de Processo Civil de 2015, visa quebrar a “jurisprudência defensiva”, processo por meio do qual os Tribunais Superiores inadmitem os recursos por motivos rasos.


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