A responsabilidade civil na fase pré-contractual pode se manifestar de duas maneiras: 1) má-fé nas negociações preliminares; e 2) recusa injustificada de contratar.
Conforme Gonçalves (2012), as negociações preliminares referem-se ao período inicial de acordo, discussões e minutas a respeito do contrato. É neste momento que reflexões, pesquisas de preço, cálculos e exposição de interesses antagônicos devem ser realizados, pois ainda estamos falando em um contrato a ser efetuado futuramente. Entretanto, ainda que não existam obrigações firmadas nessa etapa (já que as partes ainda estão discutindo os termos do contrato), o princípio da boa-fé deve ser observado, sob pena de gerar indenização por perdas e danos àquele que agir de má-fé já nessa etapa.
Miro, um excelente pesquisador de currículo invejável, se depara com um anúncio de emprego em uma universidade privada do Brasil. Ciente de que é a oportunidade perfeita para consolidar sua carreira, Miro se candidata à vaga, ignorando um requisito no anúncio relativo à proibição de candidatos do signo de escorpião, por julgar ser uma brincadeira sem sentido.
Após ser aprovado nas duas etapas do processo, é admitido em treinamento, tendo sua carteira de trabalho solicitada para sua regularização. Junto deste documento, porém, a Universidade exige seu mapa astral, entregue por Miro com certa surpresa.
Dias depois, a Universidade comunica que não poderá contratá-lo, pois segundo seu mapa astral, Miro é do signo de escorpião, o que foi expressamente proibido no anúncio de emprego.
Incrédulo com tão excêntrica atitude, Miro lhe procura, na qualidade de advogado, no intuito de obter indenização pelos danos sofridos.
Qual seria sua argumentação jurídica sobre o caso?
Padrão de resposta esperado
O caso tem por foco central a recusa de contratar por motivo injustificado após geração de expectativa na parte a ser contratada. Miro já havia sido admitido em treinamento, tendo sua carteira de trabalho solicitada para regularizar a situação, o que gerou uma expectativa de que a vaga de emprego de fato seria sua.
O motivo apresentado pela universidade (signo) é frágil e injustificado, pois o signo do trabalhador em nada influencia em sua atividade laboral, sendo mais uma questão de crença do que de ciência. Assim, ainda com o que estava expresso no anúncio, a universidade já havia indicado que Miro seria contratado, motivo pelo qual há responsabilidade civil pré-contratual.
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