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A Constituição da República (CR) promulgada em 1988 introduziu definitivamente a ideia de processualidade administrativa no âmbito das relações jur...

A Constituição da República (CR) promulgada em 1988 introduziu definitivamente a ideia de processualidade administrativa no âmbito das relações jurídico-administrativas. A Constituição, ao estabelecer a processualidade, estabelece uma limitação da administração pública frente aos direitos do cidadão, em especial ao estabelecer que ações que possam ofender a esfera juridicamente protegida do indivíduo, depende do contraditório e da ampla defesa. Então, numa rápida interpretação, observa-se que a processualidade tem um viés que privilegia, mesmo que indiretamente, a cidadania e os direitos humanos. Pressupõe-se, portanto, que se a administração pública tem o dever legal de satisfazer o interesse público, deverá fazê-lo sempre respeitando os direitos do cidadão. Assim, verificamos que os fundamentos do direito processual administrativo estão na Constituição da República. Para termos uma visão social do direito processual administrativo, há necessidade de olharmos os princípios fundamentais da República (Título I – artigos 1° a 4°) e os direitos e garantias fundamentais do cidadão (Título II – artigos 5° a 17), como normas de respeito obrigatório pelo poder público e, especificamente, pela administração. Igualmente é necessário mencionar que o inciso LV do art. 5º da CR coloca ao lado do processo judicial, o processo administrativo. Se antes da promulgação da CR era comum se referir à processualidade administrativa como procedimento, a partir de 1988 altera-se a nomenclatura a ser utilizada e, com isso, ficam mais salientes os conflitos de entendimento acerca de tal tema. Para que se perceba a importância deste conteúdo é necessário frisar que ele limita a atuação administrativa. A Constituição da República, por exemplo, nunca poderá deixar de lado quando se estuda conteúdos específicos do direito administrativo, pois ela é o fundamento último de todo ordenamento jurídico. Quando se aborda a organização do Estado (Título III – artigos 18 a 43 da CR) encontramos as diretrizes de toda a estruturação estatal: a) a organização político-administrativa (artigos 18 e 19), onde são estabelecidas as várias órbitas governamentais; b) as competências comuns da União, Estados, Distrito Federal e dos municípios (artigo 23); c) a organização político-administrativa dos municípios (artigo 29 a 31); d) normas referentes à administração pública e servidores (artigos 37 a 41). Disso decorre que toda atividade estatal, por necessidade de respeitar os preceitos constitucionais, sofre esta limitação. Os agentes públicos passam a ter limites nas relações jurídicas ao, por exemplo, darem voz a seus interlocutores. Isso é decorrência dos princípios democráticos que balizam a ordem constitucional e faz com que toda a legislação dela derivada obedeça tais preceitos. Nesse espírito democrático forjado pela CR ganha força o processo como instrumento de ampliação da participação popular e também para a transparência da atuação estatal, principalmente administrativa. Com este pensamento tenta englobar mecanismos jurídicos de participação popular, seja na formulação da ordem legal e/ou nas decisões administrativas. Esta perspectiva possibilita vislumbrar um horizonte de mudanças estruturais e políticas, pelo menos no sentido da instituição concreta de políticas públicas. E nesse passo, como em toda a estruturação administrativa citada, o processo administrativo passa a ser um importante instrumento de tomada de decisões. Isso ocorre nas diferentes órbitas político-governamentais estabelecidas no art. 18 da CR e da pluralidade de competências estabelecidas. Com isso se afirma que o ordenamento jurídico-constitucional fixa as diretrizes básicas que serão observadas por cada um dos entes políticos visando a satisfação dos interesses e necessidades de cada esfera político-administrativa, com o que se atenderia com maior eficácia às competências de cada ente. E dentro dessas diretrizes básicas está a do processo administrativo. A CR não esgota o tema, apenas estabelece diretrizes a serem observada


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Processo Administrativo e Pad Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do SulUniversidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

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A Constituição da República (CR) promulgada em 1988 introduziu definitivamente a ideia de processualidade administrativa no âmbito das relações jurídico-administrativas. A processualidade estabelece uma limitação da administração pública frente aos direitos do cidadão, garantindo o contraditório e a ampla defesa em ações que possam ofender a esfera juridicamente protegida do indivíduo. Isso demonstra que a processualidade tem um viés que privilegia a cidadania e os direitos humanos. Os fundamentos do direito processual administrativo estão na Constituição da República, que estabelece os princípios fundamentais da República e os direitos e garantias fundamentais do cidadão como normas de respeito obrigatório pelo poder público e, especificamente, pela administração. Além disso, o inciso LV do art. 5º da CR coloca ao lado do processo judicial o processo administrativo, evidenciando sua importância. A processualidade administrativa limita a atuação administrativa e é um conteúdo essencial para o estudo do direito administrativo, pois a Constituição é o fundamento último de todo ordenamento jurídico. A organização do Estado, estabelecida na CR, também traz diretrizes para a estruturação estatal e para a administração pública e servidores. Assim, toda atividade estatal deve respeitar os preceitos constitucionais e os agentes públicos têm limites nas relações jurídicas, como dar voz aos interlocutores, em conformidade com os princípios democráticos. O processo administrativo, nesse contexto, é um instrumento de ampliação da participação popular e da transparência da atuação estatal. Ele possibilita a participação popular na formulação da ordem legal e/ou nas decisões administrativas, contribuindo para a instituição de políticas públicas e para a tomada de decisões nas diferentes esferas político-governamentais estabelecidas na CR. A processualidade administrativa é uma das diretrizes básicas estabelecidas pelo ordenamento jurídico-constitucional a serem observadas por cada ente político, visando à satisfação dos interesses e necessidades de cada esfera político-administrativa. Vale ressaltar que a CR não esgota o tema, apenas estabelece diretrizes a serem observadas.

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