A doença inflamatória pélvica (DIP) é uma causa comum de abdome agudo ginecológico infeccioso. Ela representa uma série de doenças que causam infecção do trato superior feminino. A DIP é a infecção grave mais comum em mulheres ativas com idade entre 16 e 25 anos. Alguns fatores de risco incluem adolescentes e adultas jovens, infecções sexualmente transmissíveis prévias, múltiplos parceiros sexuais, DIP prévia, inserção de DIU, manipulação inadequada do trato genital e baixo índice socioeconômico. Os principais agentes etiológicos envolvidos nessa patologia são Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis, mas microrganismos da microbiota e anaeróbios também podem causar a DIP. Os sintomas clínicos incluem dor abdominal pélvica, corrimento vaginal purulento, febre, mas em alguns casos pode ser assintomática. A DIP pode se apresentar sob a forma de endometrite, abscesso tubo-ovariano ou síndrome de Fitz-Hugh-Curtis (aderências em cordas de violino). As aderências podem levar à infertilidade. Para o diagnóstico, são utilizados critérios maiores e menores. Os critérios maiores incluem dor no hipogástrio, dor à palpação dos anexos e dor à mobilização do colo uterino. Os critérios menores incluem temperatura acima de 37,5°C, conteúdo vaginal ou secreção endocervical anormal, massa pélvica, mais de 5 leucócitos por campo de imersão em material de endocérvice, leucocitose em sangue periférico, PCR ou VHS, comprovação de infecção por gonorreia, clamídia ou micoplasma. O tratamento ambulatorial é indicado para DIP com apenas endometrite/salpingite sem peritonite. Nesses casos, é utilizado ceftriaxona 250 mg, via intramuscular, em dose única, mais doxiciclina 100 mg, via oral, a cada 12 horas, por 14 dias. Pode-se acrescentar metronidazol. Já o tratamento hospitalar é indicado para DIP com salpingite aguda com peritonite, salpingite aguda com abscesso tubo-ovariano, oclusão tubária ou abscesso tubo-ovariano roto, além de suspeita de outras emergências cirúrgicas, falha no tratamento ambulatorial, intolerância ou baixa adesão ao tratamento ambulatorial, gestantes ou pacientes imunocomprometidos. Nesses casos, é utilizado ampicilina-sulbactam 3 g, via intravenosa, a cada 6 horas, mais doxiciclina 100 mg, via oral, a cada 12 horas, por 14 dias. Como alternativa, pode-se usar clindamicina 900 mg, via intravenosa, a cada 8 horas, mais gentamicina 3-5 mg/kg de dose, via intramuscular ou intravenosa, por 14 dias. A cefoxitina (2 g, via intravenosa, a cada 6 horas) pode ser usada como alternativa à ampicilina-sulbactam. O tratamento do parceiro também deve ser realizado caso tenha tido contato sexual nos últimos 60 dias. O tratamento proposto pode ser com azitromicina 1 g, via oral, em dose única, mais ceftriaxona 250 mg, via intramuscular, em dose única, ou ciprofloxacina 500 mg, via oral, em dose única. O tratamento cirúrgico é indicado para suspeita de ruptura do abscesso/hemoperitônio, ausência de resposta à antibioticoterapia em até 72 horas ou abscesso em fundo de saco.
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