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Leia o texto a seguir: Mesmo que o discurso corrente entre os profissionais do Direito afirme a democratização da Justiça Penal, na prática observa...

Leia o texto a seguir:

Mesmo que o discurso corrente entre os profissionais do Direito afirme a democratização da Justiça Penal, na prática observa-se uma forte resistência do campo jurídico em assumir a sua responsabilidade política na consolidação democrática. [...] Em matéria penal, essa democracia conservadora, ou caricaturada [...], revela muito mais a sua feição repressiva em detrimento do “compromisso democrático e garantista” que seria controlar o poder punitivo estatal, visando proteger o cidadão da arbitrariedade e dos abusos no uso da força por parte do Estado. No Brasil, por exemplo, ainda que o discurso corrente após a redemocratização do país aponte para a busca de uma eficácia maior do sistema penal garantindo, simultaneamente, a diminuição da criminalidade e ampliação da democracia, com o consequente respeito às garantias individuais presentes na Constituição, na prática, as posturas autoritárias do campo jurídico, atreladas ao liberalismo contemporâneo, ficam cada vez mais evidentes. Isso significa dizer que o sistema penal brasileiro caminha atualmente menos para a consolidação democrática, e muito mais para a atuação simbólica, traduzida em aumento desproporcional de penas, maior encarceramento, supressão de direitos e garantias processuais, endurecimento da execução penal entre outras medidas igualmente severas. [...] Mesmo a realidade demonstrando que maior repressão não diminui a criminalidade (ao contrário, abarrota as penitenciárias permitindo a proliferação de organizações criminosas), esse discurso ganha cada vez mais legitimidade e, de forma paradoxal, associa-se à defesa da democracia. Essa difusão hegemônica da democracia reúne, de fato, elementos profundamente contraditórios como repressão severa e penas alternativas, leis duras e garantias processuais, encarceramento em massa e proteção aos direitos humanos. De fato, é nítida, no interior do campo jurídico, a existência de uma cultura política não democrática que se entrelaça com a institucionalidade democrática.

Considerando as informações apresentadas e seus conhecimentos sobre a punição no âmbito de um Estado Democrático de Direito como o Brasil, avalie as afirmativas a seguir:

I. A proposta teórica do cárcere punitivo, que consiste na execução da pena privativa de liberdade na dinâmica do sistema carcerário, é condizente com os valores e direitos defendidos como fundamentais dentro de um Estado Democrático de Direito, como por exemplo, a previsão constitucional de vedação à tortura ou tratamentos desumanos ou degradantes.

II. A vedação dos tribunais de exceção e a determinação da irretroatividade da lei penal são exemplos de uma série de garantias existentes no texto da Constituição Federal de 1988, que buscam impedir o abuso do poder punitivo por parte dos indivíduos que ocupam cargos de poder dentro do Estado.

III. A previsão constitucional que dispõe sobre a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático de Direito como crime inafiançável e imprescritível é uma das garantias constitucionais que buscam impedir a usurpação do Estado por grupos totalitários, tal como ocorreu no período de Ditadura Militar em 1964.

É correto o que se afirma em:

💡 1 Resposta

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Com base no texto apresentado e nos conhecimentos sobre punição em um Estado Democrático de Direito como o Brasil, podemos avaliar as afirmativas da seguinte forma: I. A proposta teórica do cárcere punitivo, que consiste na execução da pena privativa de liberdade na dinâmica do sistema carcerário, não é condizente com os valores e direitos defendidos como fundamentais dentro de um Estado Democrático de Direito. Isso porque a previsão constitucional veda a tortura e tratamentos desumanos ou degradantes, o que não é garantido no sistema carcerário brasileiro. Portanto, a afirmativa I está incorreta. II. A vedação dos tribunais de exceção e a determinação da irretroatividade da lei penal são exemplos de garantias existentes no texto da Constituição Federal de 1988, que buscam impedir o abuso do poder punitivo por parte dos indivíduos que ocupam cargos de poder dentro do Estado. Portanto, a afirmativa II está correta. III. A previsão constitucional que dispõe sobre a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático de Direito como crime inafiançável e imprescritível é uma das garantias constitucionais que buscam impedir a usurpação do Estado por grupos totalitários, tal como ocorreu no período da Ditadura Militar em 1964. Portanto, a afirmativa III está correta. Dessa forma, a resposta correta é: II e III.

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