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Em relação ao fim proposto e aos meios escolhidos, o dolo direto é classificado como de primeiro grau, e, em relação aos efeitos colaterais, repres...

Em relação ao fim proposto e aos meios escolhidos, o dolo direto é classificado como de primeiro grau, e, em relação aos efeitos colaterais, representados como necessários, é classificado como de segundo grau. Como sustenta Juarez Cirino dos Santos, “o fim proposto e os meios escolhidos (porque necessários ou adequados à realização da finalidade) são abrangidos, imediatamente, pela vontade consciente do agente: essa imediação os situa como objetos do dolo direto”. Já os efeitos colaterais representados como necessários (em face da natureza do fim proposto, ou dos meios empregados) são abrangidos, mediatamente, pela vontade consciente do agente, mas a sua produção necessária os situa, também, como objetos do dolo direto: não é a relação de imediatidade, mas a relação de necessidade que os inclui no dolo direto. Por isso, a morte do irmão visado decorre de dolo direto de primeiro grau, ao passo que a morte do outro irmão, como consequência necessária, abrangida mediatamente pela vontade do agente, decorre de dolo direto de segundo grau. O agente pode até lamentar, ou deplorar, a sua ocorrência, mas se esta representa efeito colateral necessário (e, portanto, parte inevitável da ação típica), então constitui objeto do dolo direto (vê-se, aqui, a insuficiência do critério definidor de dolo direto na lei penal brasileira: quis o resultado). Em síntese, quando se trata do fim diretamente desejado pelo agente, denomina-se dolo direto de primeiro grau, e, quando o resultado é desejado como consequência necessária do meio escolhido ou da natureza do fim proposto, denomina-se dolo direto de segundo grau ou dolo de consequências necessárias. As duas modalidades de dolo direto (de primeiro e de segundo graus) são compreendidas pela definição do Código Penal brasileiro (art. 18, I, primeira parte). Há dolo direto de primeiro grau, por exemplo, quando o agente, querendo matar alguém, desfere-lhe um tiro para atingir o fim pretendido. No entanto, há dolo direto de segundo grau quando o agente, querendo matar alguém, coloca uma bomba no automóvel de determinada autoridade, que explode, matando todos. Inegavelmente, a morte de todos foi querida pelo agente, como consequência necessária do meio escolhido. Em relação à vítima visada o dolo direto foi de primeiro grau; em relação às demais vítimas o dolo direto foi de segundo grau.


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O texto apresenta uma explicação sobre as duas modalidades de dolo direto: o dolo direto de primeiro grau e o dolo direto de segundo grau. O dolo direto de primeiro grau ocorre quando o agente tem a intenção direta de realizar o resultado final, utilizando os meios necessários para alcançá-lo. Já o dolo direto de segundo grau ocorre quando o agente tem a intenção direta de realizar o resultado final, mas utiliza meios que podem gerar efeitos colaterais necessários para alcançá-lo. Nesse caso, os efeitos colaterais são abrangidos mediatamente pela vontade consciente do agente, mas a sua produção necessária os situa, também, como objetos do dolo direto.

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