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Acordos internacionais não raro contêm cláusula específica dispondo acerca do seu desfazimento. As partes, muitas vezes, predeterminam o encerramen...

Acordos internacionais não raro contêm cláusula específica dispondo acerca do seu desfazimento. As partes, muitas vezes, predeterminam o encerramento do pacto originariamente projetado. Diversos compromissos estabelecem regra própria, normalmente inserida entre as disposições finais, indicando o momento em que a relação obrigacional deixará de existir. É o que se verifica quando os pactuantes prevêem que o acordo se estenderá por certo período ou quando definem a data de extinção do tratado. Em ambas as hipóteses, escoado o lapso temporal ou atingido o termo cronológico fixado, cessam os efeitos jurídicos da convenção. Em outras ocasiões as partes estipulam que o advento de acontecimento futuro e incerto – denominado condição resolutória – provocará o término do tratado. É conhecida a prática de incluir nos tratados multilaterais dispositivo segundo o qual o pacto se extinguirá quando o número de partes for inferior a determinado limite. Se, contudo, semelhante regra não integrar o texto convencional, a mudança do número de partes não acarretará o desaparecimento do vínculo. A vontade comum das partes é meio hábil para promover a dissolução do tratado, ainda que nada tenha sido estipulado a respeito. A deliberação de finalizar o liame obrigacional pode ser tomada a qualquer instante, pouco importando o tempo faltante para que o prazo de vigência se expire. Esta modalidade de extinção tem lugar tanto nos tratados bilaterais quanto nos tratados coletivos. Nestes é tarefa bastante complexa obter a concordância unânime de todos os participantes. Alega-se, por isso, a necessidade de abrandamento de tal rigorismo por intermédio do critério majoritário. A extinção dos tratados pelo assentimento da maioria, entretanto, só será possível se cláusula especial a admitir. Deve-se, ainda, lembrar o caso comum na vida internacional em que os contratantes decidem extinguir um tratado pela conclusão de outro que regule de maneira inteiramente nova a matéria disciplinada pelo primeiro. A vontade unilateral é igualmente causa extintiva dos tratados. A denúncia – forma pela qual ela é exercida – revela o propósito manifestado pelo Estado em se desvincular do tratado previamente celebrado. A denúncia, diga-se de passagem, só extingue os tratados bilaterais. Nos tratados coletivos ela simplesmente proporciona o desligamento da parte denunciante. Não obsta a denúncia a ausência de cláusula convencional que a permita. A constatação de que os tratados não são perpétuos não se coaduna com a proibição de que as partes se retirem do compromisso firmado. O direito de denúncia, mesmo que não expressamente previsto pela convenção, poderá ser exercido desde que compatível com a natureza do tratado, como sucede com os tratados comerciais ou de cooperação técnica. Em alguns tratados, de que são exemplos os que dispõem sobre áreas fronteiriças, não se costuma aceitar a possibilidade de denúncia. Para se evitar os inconvenientes resultantes do súbito desligamento do tratado, a Convenção de Viena exigiu que a parte interessada comunique a intenção de denunciar com12 meses de antecedência. A violação desse dispositivo enseja a responsabilidade internacional do Estado. nda da situação que marcou o seu aparecimento impusesse às partes a necessidade de cumprir as obrigações assumidas, independentemente das dificuldades que este fato provocaria. A alteração das circunstâncias foi acolhida pela Convenção de Viena como expressão de uma regra de direito internacional costumeiro, na tentativa de evitar as conotações indesejáveis a que poderia levar a cláusula rebus sic stantibus. A admissão da referida causa extintiva apenas confere à parte que se julgar prejudicada o direito de pleitear o término do tratado. O acordo não expira de forma automática nem a parte pode deixar de cumprir as prestações ajustadas. A Convenção de Viena estabelece as condições para que se possa invocar a presença de semelhante causa extintiva: 1 – a mudança das circunstâncias deve ser fundamental; 2 – a mudança deve ser imprevista; 3 – é imprescindível que ocorra alteração na base essencial do consentimento; 4 – exige-se que o efeito da mudança altere radicalmente o alcance das obrigações contratuais; 5 – a mudança nas circunstâncias só se aplica às obrigações ainda não cumpridas não atingindo as obrigações já executadas. Importa acrescentar, ainda, que a guerra só extingue os tratados bilaterais existentes entre os beligerantes, permanecendo em vigor os tratados multilaterais de que são membros, sobretudo os de caráter humanitário.


Essa pergunta também está no material:

Manual_Candidato_Nocoes_Direito_e_Dir_Internacional
284 pág.

Ciência Política I Universidade de BrasíliaUniversidade de Brasília

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Qual é a principal forma de extinção de um tratado internacional?

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