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z Von Liszt chama a desistência voluntária e o arrependimento eficaz de Ponte de Ouro do Direito Penal. Imagine um rio com duas margens, de um lado...

z Von Liszt chama a desistência voluntária e o arrependimento eficaz de Ponte de Ouro do Direito Penal. Imagine um rio com duas margens, de um lado há a margem da legalidade e do outro a margem da ilegalidade, da ilicitude, quando o agente começa a praticar um crime vai para a margem da ilegalidade, mas com a sua desistência ou seu arrependimento passa a ter uma ponte de ouro para voltar à margem da legalidade, respondendo apenas pelos atos já praticados. • Ponto de Prata - arrependimento posterior • Ponte de Bronze – atenuante genérica. O agente desiste, se arrepende, mas o crime se consuma. • Ponto de Diamante – acordo de imunidade. O fundamento de todos estes institutos é de política criminal. 18.3. NATUREZA JURÍDICA 18.3.1. Causa pessoal de extinção de punibilidade O Estado deixa de punir o crime inicialmente desejado pelo agente. Foi sustentada por Nelson Hungria, é adotada por Zaffaroni. 18.3.2. Causa de exclusão de culpabilidade A reprovabilidade do crime inicialmente desejado deixa de existir. É posição de Claus Roxin. 18.3.3. Causa de exclusão de tipicidade É a posição dominante (STJ HC 110.504) Exclui-se a tipicidade do crime inicialmente desejado e o agente só responde pelos atos praticados. 18.4. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA X ARREPENDIMENTO EFICAZ DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ARREPENDIMENTO EFICAZ (RESIPISCÊNCIA) “O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução, só responde pelos atos já praticados” “O agente que, voluntariamente, impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados” O agente interrompe o processo de execução do crime. O processo de execução do crime já se encerrou. O agente adota medida impeditiva da consumação. O agente pode prosseguir, possui os meios para prosseguir, mas desiste. O agente prosseguiu, mas impede que o crime se consume. Em regra, é caracterizada por uma conduta negativa. Nos crimes omissivos impróprios a desistência voluntária é caracterizada por uma conduta positiva, por um fazer. Só é possível nos crimes materiais, em que há resultado naturalístico. Não é admitida nos crimes unissubsistentes. Não é admitido nos crimes formais e de mera conduta, pois não possuem resultado naturalístico. 18.5. REQUISITOS 18.5.1. Voluntariedade No Direito Penal, a voluntariedade é a conduta livre de coação. Assim, por exemplo, pode desistir porque outra pessoa falou, não importa de quem tenha surgido a ideia. Obs.: Não se confunde com espontaneidade, ou seja, aquilo que brota da intima convicção de alguém. 18.5.2. Eficácia Significa, efetivamente, impedir o resultado. Não basta desistir ou impedir é necessário que o resultado não se produza. Caso falte a eficácia, o agente responde pelo crime com a atenuante genérica do art. 65, III, b (1ª parte) do CP. Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: III - ter o agente: b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano; 18.6. MOTIVOS Os motivos que levaram o agente a desistir ou a impedir o resultado são irrelevantes, não importam para o Direito Penal. 18.7. INCOMPATIBILIDADE COM OS CRIMES CULPOSOS Nos crimes culposos o resultado é involuntário. Assim, não há lógica em se desistir ou se arrepender de algo que o agente não quis. Lembrar da culpa imprópria, por ser dolo (como visto acima) admite. A questão 30 da prova para o MP/MG (2018) considerou correta a seguinte assertiva: C) A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são incompatíveis com os crimes culposos, sendo, contudo, admitidos na culpa imprópria.


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CS 2022 - Direito Penal Geral
442 pág.

Direito Penal I Instituto de Ensino e Pesquisa ObjetivoInstituto de Ensino e Pesquisa Objetivo

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O texto apresenta informações sobre a desistência voluntária e o arrependimento eficaz, que são institutos do Direito Penal. A desistência voluntária ocorre quando o agente interrompe o processo de execução do crime, respondendo apenas pelos atos já praticados. Já o arrependimento eficaz ocorre quando o agente impede que o resultado se produza, respondendo também apenas pelos atos já praticados. Ambos são considerados causas de exclusão de tipicidade, ou seja, o agente só responde pelos atos praticados. A voluntariedade e a eficácia são requisitos para a caracterização desses institutos, e os motivos que levaram o agente a desistir ou a impedir o resultado são irrelevantes para o Direito Penal. A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são incompatíveis com os crimes culposos, mas são admitidos na culpa imprópria.

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