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O que mais me intriga na ideia de que a fadiga é controlada pelo cérebro é a possibilidade de que talvez exista algum papel a ser desempenhado pela...

O que mais me intriga na ideia de que a fadiga é controlada pelo cérebro é a possibilidade de que talvez exista algum papel a ser desempenhado pela mente consciente. Será que desse modo poderíamos controlar o governador central? Há cada vez mais evidências de que em alguns casos nós podemos, sim. Diversos estudos vêm mostrando que fatores psicológicos podem reverter a nossa percepção de fadiga, reajustando o ponto no qual sentiremos cansaço. O desempenho atlético pode ser influenciado, por exemplo, pela nossa motivação (desde a compensação monetária ou a presença de outros competidores até o som de disparos de armas), se estamos vencendo ou perdendo e quão longe achamos que teremos de correr. Enquanto isso, o psicólogo Chris Beedie, da Universidade de Aberystwyth, no País de Gales, descobriu que, quando ciclistas de elite recebem um comprimido ou uma bebida que acreditam se tratar de um potencializador de desempenho, eles conseguem pedalar uma média de 2 a 3% mais rápido. Em muitos eventos, isso pode fazer a diferença entre conseguir a medalha de ouro e ficar de fora do pódio. Segundo Beedie, isso se deve ao fato de o placebo aumentar o otimismo e a autoestima, convencendo o governador central a liberar mais recursos. A mente pode realizar feitos notáveis, mas também limitar o organismo, diz ele. Ingerir um placebo enfraquece essas restrições autoimpostas. O especialista em placebos Fabrizio Benedetti é também um fã das ideias de Noakes, e concluiu, em um artigo sobre a fadiga, que um placebo pode atuar como estimulante, sinalizando para o governador central que ele deveria inibir seus freios. Assim, além das variáveis físicas como temperatura, disponibilidade de oxigênio, níveis de condicionamento físico e esforço, o cérebro integra variáveis psicológicas como a confiança que sentimos, ou quão urgente é determinada tarefa. Em seguida, recorde que quase os matou. A existência do governador central pode explicar por que o treino intervalado — breves períodos de exercício de alta intensidade intercalados por períodos de repouso — funciona tão bem. De acordo com Noakes, corridas curtas regulares, que nos forçam a chegar ao nosso limite de desempenho, não apenas promovem uma boa forma física, mas também treinam o cérebro de uma nova maneira. Elas ensinam ao governador central que não houve nenhum problema em se esforçar tanto, de modo que da próxima vez será seguro fazer um esforço um pouquinho maior. Mas talvez seja um alívio o fato de simplesmente saber como nosso cérebro pode ser superprotetor. Você não precisa acreditar no que está sentindo nem no que seu cérebro está lhe dizendo, diz Noakes. Não importa quão mal pareça estar, você sempre pode insistir e se sair ainda melhor.

Essa pergunta também está no material:

Cura - Jo Marchant (2)
361 pág.

Psicologia Universidade Federal FluminenseUniversidade Federal Fluminense

Respostas

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A possibilidade de que a mente consciente possa desempenhar um papel no controle da fadiga é intrigante. Estudos mostram que fatores psicológicos podem reverter a percepção de fadiga, reajustando o ponto em que sentimos cansaço. A motivação, a autoestima e a confiança são alguns dos fatores psicológicos que podem influenciar o desempenho atlético e a percepção de fadiga. Além disso, o placebo pode atuar como um estimulante, sinalizando para o governador central que ele deve inibir seus freios, aumentando o otimismo e a autoestima. O treinamento intervalado pode ensinar ao governador central que não houve nenhum problema em se esforçar tanto, de modo que da próxima vez será seguro fazer um esforço um pouquinho maior.

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