A respeito de que coisas temos mais ansiedade? Geralmente, a resposta é: a perda de nossa vida. Qualquer psicologia que não considere a importância...
A respeito de que coisas temos mais ansiedade? Geralmente, a resposta é: a perda de nossa vida. Qualquer psicologia que não considere a importância do instinto de sobrevivência não tem muito a ver com a realidade. Na verdade, poucos observam o instinto de autopreservação em ação na vida real, mas podemos detectar ou, pelo menos, reagir a ele com razoável rapidez no mundo da fantasia. Por exemplo: a grande história de aventura ou o grande filme de aventuras nos segura e nos mantém nas poltronas à medida que nos identificamos com pessoas fictícias ameaçadas por criaturas poderosas, aparentemente invencíveis, espíritos, holocaustos, terremotos, tubarões. O envolvimento que estas aventuras suscitam reflete nosso instinto básico de sobrevivência. O sentimento de assumir um risco e sobreviver é revigorador: dá um novo sentido à vida. Seguramente, esta é uma razão pela qual os esportes que implicam em risco são tão excitantes. No mundo real, a ansiedade é bastante comum, mas os agressores em potencial, em nossa vida, raramente são claramente definidos. É mais provável que sejam representados pela burocracia local que nos pede o preenchimento de uma dúzia de formulários desprovidos de sentido, numa emergência, desperdiçando nosso tempo e provocando-nos um stress desnecessário; ou um governo desperdiçando dinheiro irresponsavelmente e ameaçando-nos de prisão se não pagarmos nossos impostos; ou a inflação ou a recessão, com sua ameaça de desemprego. Muitas vezes nos sentimos desamparados ao enfrentarmos tais ameaças. Simplesmente, o agressor é poderoso demais. Às vezes, nem temos bem certeza de onde é que a ameaça vem vindo. O governo, a economia são gigantescas ameaças abstratas, ameaças sem rosto ou sem uma personalidade da qual possamos nos aproximar. Os cineastas, os escritores e os que escrevem para a TV criam para nós aventuras nas quais as ameaças - no mínimo - se tornam identificadas como caracteres reais que podem ser procurados, superados ou aos quais podemos sobreviver. Nossa ansiedade é agitada, vemos o inimigo derrotado e temos uma sensação de liberação de nosso próprio desassossego. Uma sensação de desafogo. A maioria de nós vive vidas nas quais muito da ansiedade que experimentamos está fora de nosso controle. Procuramos maneiras de exteriorizar nosso instinto de sobrevivência, ou de acabar com nosso sentimento de desamparo. Nosso instinto de sobrevivência é despertado não somente por uma real ameaça de morte, mas também por um medo mais amplo de morrer. A maioria das pessoas receia o horrível finalismo.
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