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Por que as terras não se enquadram como reserva de valor? Porque enquanto o ouro, a prata, e os outros elementos têm portabilidade, as terras não p...

Por que as terras não se enquadram como reserva de valor? Porque enquanto o ouro, a prata, e os outros elementos têm portabilidade, as terras não podem ser entregues - elas ficam no local para que a pessoa venha e tome posse. No período do Brasil de 1954 a 1994, até o começo do Plano Real, nós tivemos 40 anos ininterruptos de inflação de no mínimo dois dígitos; às vezes, três; às vezes, quatro dígitos. Durante esse período prolongado, as terras mantiveram o seu valor no país, o que leva muitos brasileiros a acreditarem que “quem investe em terra não erra”. Contudo, pense no caso de países socialistas: o que adiantava ter terras como reserva de valor na Rússia Imperial, se, em 1917, os revolucionários bolcheviques liderados por Vladimir Lenin falaram: o que era seu, agora é nosso, do governo. A sua reserva de valor deixou de preservar o valor do seu patrimônio, graças ao poder de uma canetada lastreada com alguns canos de fuzis. Por isso, as terras seriam algo interessante para preservar valor, mas até certo ponto. Elas podem ser confiscadas com muito mais facilidade do que se confiscaria o ouro. O ouro também já foi confiscado em 1933 pelos americanos - e não estamos falando de Hitler confiscando ouro na Alemanha, estamos falando sobre os líderes do mundo livre confiscando o ouro de sua própria população, e punindo a população com multa de 10 mil dólares ou cadeia para quem não quisesse entregar o ouro. Felizmente, o governo americano não chegou ao cúmulo de invadir a casa das pessoas em busca desse ouro; mas, se invadisse, como ouro é portátil e é possível concentrar grandes quantidades de riqueza em pequenos espaços, as pessoas ainda conseguiriam se proteger escondendo o metal, muito diferente do que acontece com as terras. Uma reserva de valor tem que ser algo não deteriorável. Havia um grego antigo, Simônides de Ceos, que falava “O tempo tem dentes afiados que devoram tudo, até mesmo as coisas mais sólidas”. Já citei que café, soja, e petróleo são negociados em um mercado global; mas porque a soja e o café, embora sejam escassos - produzidos em grande quantidade, logicamente são abundantes, mas ainda há algum tipo de limitação - não podem ser enquadrados como reserva de valor? Por que ninguém fica acumulando soja, pensando em passar isso para as próximas gerações? Porque é um alimento, tem um prazo de validade para aquilo; já o ouro, a prata, o bitcoin, até mesmo o dinheiro normal, reais ou dólares, como não tem prazo de validade, acabam se encaixando melhor dentro dessa característica de ser algo não deteriorável. A joia de ouro mais antiga já achada na história da humanidade data de 6.500 anos atrás. Uma joia de ouro, produzida há milênios, até hoje permanece com as mesmas características: o metal permanece dourado, com sua coloração amarela, que chamou a atenção de muita gente durante a Antiguidade; inclusive de civilizações que não tinham contato entre si, todas acabaram valorizando o ouro de alguma forma; seja para uso monetário, seja para uso religioso, ou uso na indústria de adornos. Uma reserva de valor tem que ter um longo histórico de aceitação; e quanto mais longo o histórico melhor, pelo chamado Efeito Lindy. Um termo cunhado pelo matemático e escritor Nassim Taleb, que observou uma dinâmica entre comediantes americanos que se reuniam em uma loja chamada Lindy, que vendia cheese cakes e outros lanches. Quem tinha um histórico grande de trabalho, geralmente tinha mais tempo de expectativa quanto ao seu trabalho no futuro; já aqueles que tinham um histórico pequeno, geralmente não tinham muito mais tempo de carreira à frente. Pegando isso das coisas orgânicas, como aconteceu com os comediantes, para as inorgânicas, acabamos observando a mesma coisa. O ouro, que já é valorizado há milhares de anos, provavelmente será valorizado por mais tempo; o alumínio já foi valorizado durante um curto espaço de tempo e acabou perdendo seu valor também em um curto espaço de tempo. A mesma coisa acontece com outros metais.

Essa pergunta também está no material:

5 Reserva de valor - Bruno Perini - Você Mais Rico
199 pág.

Educação Financeira Humanas / SociaisHumanas / Sociais

💡 1 Resposta

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As terras não se enquadram como reserva de valor porque não são portáteis e podem ser confiscadas com mais facilidade do que outros ativos, como o ouro. Além disso, as terras têm um valor que pode ser afetado por mudanças políticas e sociais, como aconteceu na Rússia após a Revolução Bolchevique. Uma reserva de valor deve ser algo não deteriorável e ter um longo histórico de aceitação, como o ouro, que é valorizado há milhares de anos. Outros ativos, como a soja e o café, não podem ser considerados como reserva de valor porque têm prazo de validade e são perecíveis.

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