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INTRODUÇÃO
CAP. I
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A história monetária brasileira é de destruição 
do valor da moeda. Voltei no tempo, peguei a 
história desde a época do Império Romano, e 
para minha grande surpresa, a história da mo-
eda no Império Romano também é de destrui-
ção do valor da moeda. Comecei a me atentar, 
principalmente, em certos momentos do ciclo 
econômico, para essa classe de ativos que man-
tém o valor - o grande objetivo de uma reserva 
de valor - para que você não sofra os efeitos 
da inflação e da destruição monetária que ge-
ralmente acontece com moedas sujeitas a um 
monopólio governamental. 
Comecei a investir com 17 anos por influência 
do meu pai, em 2006. Naquele ano, praticamen-
te tudo que você comprasse em Bolsa estava 
subindo, não importava se era bom ou ruim. Ha-
via fundos de investimento que cobravam taxa 
de administração de 3 a 4% para investir em 
uma única ação, esses fundos subindo 50, 60, 
70%, alguns até dobrando de valor no ano. 
5
Passei em um concurso do Exército, ganhava 
400 reais por mês, resolvi pegar parte desse 
valor e começar a investir. Fui ao hoje extinto 
Banco Real, adquirido depois pelo Santander; 
procurei uma opção de investimento que acei-
tasse um aporte de 100 reais, que era 25% do 
que eu ganhava, e havia uma única opção de 
fundo. Por coincidência, era um fundo até inte-
ressante, porque investia em algumas empresas, 
não só em uma.
Era um fundo de ações, e já tinha uma preocu-
pação, porque tinha empresas que não eram en-
volvidas em esquemas de corrupção, com preo-
cupação ambiental, quase um antecessor dessa 
política que vemos hoje do ESG, Environmental, 
Social and Governance. Investi e depois de dois 
meses o fundo tinha rendido 40%. Um grande 
resultado proporcional, mas em termos absolu-
tos não era muita coisa; afinal, investi 100 reais 
e tinha 140.
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Mesmo assim, aquilo mudou uma chave na mi-
nha cabeça. Comecei a fazer contas de juros 
compostos, sabia que um dia conseguiria che-
gar ao meu objetivo de liberdade financeira. 
Desde então, fui estudando mais sobre o assun-
to, fui investindo mensalmente. Quando tinha 
20 anos, defini uma meta de ter, até os 30 anos 
de idade, 1 milhão de reais. Depois, essa meta 
mudou, porque descobri a inflação, também es-
tudando; com 1 milhão em 1994 comprava-se 
muito mais coisas do que se compra com 1 mi-
lhão de reais hoje; então, mudei essa meta para 
viver de renda.
O que seria viver de renda? Queria que meu pa-
trimônio acumulado tivesse algum tipo de renda 
maior do que aquilo que eu ganhava na minha 
profissão da época, como oficial do Exército.
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Nem sempre valorizei o papel da reserva de 
valor dentro do meu portfólio, um erro devido 
à minha ignorância na época. Não tinha para-
do para estudar a história das moedas no Brasil, 
demorei para conhecer, verdadeiramente, o que 
era o conceito de inflação, e por conta disso, 
não via tanto valor em ouro.
Depois, quando descobri o bitcoin, inicialmente 
não via como uma possível reserva de valor, não 
considerava essa classe de ativos no meu por-
tfólio. Eu pensava, como muitas pessoas ainda 
pensam, que devia comprar apenas ativos que 
gerassem caixa e me pagassem juros. Não via 
porque mobilizar uma parte do capital em um 
metal amarelo que não faria nada, ficaria parado 
dentro do cofre de um banco.
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Apenas para citar um exemplo extremamen-
te atual, podemos pegar os dados da Bolsa de 
Valores de Caracas, na Venezuela. Eles têm um 
índice chamado IBC, que seria o Índice da Bol-
sa de Valores de Caracas, que iniciou o ano de 
2020, em torno de 90.224 pontos. Esse índice 
subiu muito, subiu mais de 1.000%, terminando 
o ano de 2020 uma pontuação acima de um 1 
milhão e 332 mil pontos, isso dá uma rentabili-
dade de uns 1.300%.
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Você deve estar pensando, “Nossa, que mara-
vilha investir na Bolsa de Caracas, o socialismo 
deu certo. Viva Bolívar!”; e não é assim, porque 
nesse mesmo período nós tivemos uma infla-
ção calculada pelo próprio governo venezue-
lano acima de 3.000%. Então, de que adianta a 
Bolsa subir 1.300% se a moeda desvaloriza em 
mais de 3.000%; e isso não aconteceu só na Ve-
nezuela, isso já aconteceu no Brasil, aconteceu 
na Argentina, no passado e agora, aconteceu 
em vários países do mundo que sofreram com 
esses efeitos. 
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Durante esse período, se um venezuelano tivesse alocado parte do 
seu capital em algum daqueles elementos que reúnem as caracte-
rísticas necessárias para que possam ser considerados uma reserva 
de valor, ele teria protegido seu capital de maneira a não sofrer os 
efeitos dessa grande desvalorização da moeda, que pode, inclusive, 
ser muito maior do que esse número que foi divulgado pelo governo 
venezuelano.
Se é para medir a inflação, nós pegamos o aumento do preço dos itens 
no mercado. Como você faz para medir o aumento do preço de itens 
que estão faltando no mercado, já que na Venezuela existe um grande 
desabastecimento por conta do grande intervencionismo do governo, 
e uma total falta de liberdade econômica?
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Pense no seguinte: vemos diversas pessoas fa-
lando no mercado que, para você ficar rico com 
investimentos no longo prazo, basta que faça 
igual ao que Warren Buffett fez: compre ativos 
durante 50 anos e espere que alguns deles se 
valorizem muito, enquanto outros podem não 
dar certo; mas esses que vão se valorizar muito, 
tendem a compensar as perdas, que possam vir 
a acontecer com os outros ativos ao longo do 
caminho - isso é uma meia verdade.
Vamos pensar no exemplo de um Warren Buffett 
Venezuelano, que comprou os melhores ativos 
que a Venezuela tinha ao longo dos últimos 20 
anos. No final, como já vimos aqui, a Bolsa pode 
ter subido muito, mas devido à grande desva-
lorização da moeda, ele está incrivelmente po-
bre hoje em dia, mesmo comparado com outros 
venezuelanos que não investiram - ele vai estar 
praticamente no mesmo lugar, com a diferença 
de que, pelo menos o venezuelano que não in-
vestiu, ainda consumiu mais no presente.
Ele fez um sacrifício se abstendo do consumo 
no presente para construir um patrimônio maior 
no futuro, mas como a moedadesvalorizou de-
mais, ele não conseguiu o objetivo.
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Isso seria óbvio se ele estivesse atento às con-
sequências econômicas do que estava aconte-
cendo na Venezuela, e investisse em algo que 
fosse uma reserva de valor. Pelo menos, teria 
conservado parte do seu patrimônio, o que lhe 
daria a possibilidade de ir para um outro país e 
utilizar essas estratégias vencedoras do Warren 
Buffett em um mercado que não foi altamente 
perdedor.
Uma coisa que confundem muito é achar que a 
trajetória do mercado é a trajetória de um indi-
víduo: não é. Para que isso aconteça, o indiví-
duo tem que estar vivo; e se, simplesmente, ele 
abrir mão, pensando que pode só contar com a 
estratégia simples de comprar ativos, sem ob-
servar o ciclo econômico, a inflação, e sem uma 
reserva de valor portfólio; em determinados 
momentos, pode acabar igual ao venezuelano 
pobre, ao invés de acabar como Warren Buf-
fett, que ficou rico. 
Eu sou Bruno Perini e essa 
é a minha Finclass.
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O QUE É UMA
RESERVA DE
VALOR?
CAP. II
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O que é uma reserva de valor? Existem algumas 
características que tornam certos elementos 
uma reserva de valor; outros acabam sendo ex-
cluídos por não a possuírem.
São cinco características para que algo seja 
considerado reserva de valor: é necessário que 
o elemento seja ao mesmo tempo escasso, não 
deteriorável, negociado em mercado global, 
tenha um longo histórico de aceitação, e pos-
sua, na ausência de melhores palavras, um cer-
to valor intrínseco.
15
Escassez
Se algo for muito abundante, o valor tende a 
ser menor. Por que a areia vale tão pouco, en-
quanto o ouro ou os diamantes valem muito? 
Simplesmente porque a areia é extremamente 
abundante, enquanto o ouro e diamantes são 
escassos. 
Existem reportagens falando sobre uma possí-
vel mineração de metais preciosos em outros 
planetas, com a evolução tecnológica; sobre 
meteoros de ouro que estão rondando a terra. 
Já vi uma reportagem que falava “se conseguir-
mos pegar um meteoro de ouro e minerar, todos 
ficariam milionários”; mas não, isso não aconte-
ceria, porque se o ouro passasse a ser abundan-
te, seu preço cairia muito e poderíamos ver o 
ouro sendo tão usado quanto qualquer outro 
metal barato - as pessoas colocariam portas de 
ouro, piso de ouro.
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O ouro desperta uma atração no homem há mui-
to tempo; incluindo as culturas antigas, que não 
tinham contato entre si, valorizavam o ouro por 
diferentes motivos; mas a questão é que essa 
escassez é importante. 
Citando um exemplo histórico muito conhecido: 
a corte de Napoleão III, sobrinho de Napoleão, 
que governou a França na metade do século 
19: Napoleão III guardava lingotes de alumínio 
- conhecido por nós, hoje, como um metal usa-
do para embrulhar sanduíches - no cofre, como 
algo extremamente valioso, e tinha talheres de 
alumínio separados para os seus convidados 
mais ilustres em banquetes. Os outros convida-
dos, não tão ilustres, tinham que se contentar 
com meros talheres de ouro; o alumínio era mui-
to valorizado porque era tremendamente escas-
so, até mais do que o ouro.
17
O processo de mineração do alumínio não havia 
evoluído, era muito complicado separar o alumí-
nio de outros metais, para fazer lingotes de alu-
mínio ou talheres de alumínio, era preciso achar 
um bom pedaço do metal puro, ou submetê-lo 
a processos caríssimos para separá-lo. 
Com a evolução tecnológica, o processo ficou 
cada vez mais barato, e no começo do sécu-
lo 20, o alumínio já havia caído muito de pre-
ço, enquanto o ouro, que permaneceu escasso, 
manteve o seu valor - por isso a escassez é im-
portante.
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Negociação Global
A próxima característica para ser considerado 
uma reserva de valor é que o elemento tem que 
ser negociado em um mercado global. O ouro é 
negociado no mercado global, não há distinções 
claras entre o ouro que é produzido na Améri-
ca do Sul, na Austrália, ou nos Estados Unidos. 
Na China, existe uma distinção por falsificações 
no teor de pureza, mas somente por isso há um 
desconto no preço do ouro de lá. Se não hou-
vesse a falsificação, o ouro teria o mesmo preço 
no mercado global, e outros elementos também 
passam nessa característica. Prata, café, soja; as 
commodities, no geral; o próprio petróleo tem 
barris diferentes, mas de modo geral, é negocia-
do como uma mercadoria global. 
No entanto, das commodities citadas, maté-
rias-primas negociadas no mercado global que 
não têm muita distinção entre si, algumas não 
passariam em outros critérios. Esse critério da 
negociação global também acaba barrando um 
elemento que é conhecido por muitos como re-
serva de valor (na minha opinião, não se enqua-
dra) - as terras.
19
Você pode pensar, terras são escassas, terras 
podem ser negociadas com pessoas de fora do 
país - posso, como brasileiro, vender um apar-
tamento, uma casa para um estrangeiro, ela não 
se deteriora com o tempo; as construções po-
dem se deteriorar, mas basta que você construa 
algo novo, ou se usa a terra para plantio, e plan-
te novamente alguma coisa ali, corrija possíveis 
defeitos daquela terra -, elas possuem valor in-
trínseco, e têm um longo histórico de aceitação 
- terras são valiosas desde sempre. 
Por que as terras não se enquadram como re-
serva de valor? 
Porque enquanto o ouro, a prata, e os outros 
elementos têm portabilidade, as terras não po-
dem ser entregues - elas ficam no local para 
que a pessoa venha e tome posse.
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Você pode considerar vários exemplos históri-
cos de terras mantendo o valor do patrimônio, 
como já aconteceu no Brasil durante tempos 
anteriores ao Plano Real. Nós sofremos com um 
longo histórico de inflação muito alta, uma hipe-
rinflação em algumas vezes.
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No período do Brasil de 1954 a 1994, até o co-
meço do Plano Real, nós tivemos 40 anos inin-
terruptos de inflação de no mínimo dois dígitos; 
às vezes, três; às vezes, quatro dígitos. Durante 
esse período prolongado, as terras mantiveram 
o seu valor no país, o que leva muitos brasileiros 
a acreditarem que “quem investe em terra não 
erra”.
Contudo, pense no caso de países socialistas: o 
que adiantava ter terras como reserva de valor 
na Rússia Imperial, se, em 1917, os revolucioná-
rios bolcheviques liderados por Vladimir Lenin 
falaram: o que era seu, agora é nosso, do gover-
no. A sua reserva de valor deixou de preservar 
o valor do seu patrimônio, graças ao poder de 
uma canetada lastreada com alguns canos de 
fuzis.
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Por isso, as terras seriam algo interessante para 
preservar valor, mas até certo ponto. Elas po-
dem ser confiscadas com muito mais facilidade 
do que se confiscaria o ouro. O ouro também já 
foi confiscado em 1933 pelos americanos - e não 
estamos falando de Hitler confiscando ouro na 
Alemanha, estamos falando sobre os líderes do 
mundo livre confiscando o ouro de sua própria 
população, e punindo a população com multa 
de 10 mil dólares ou cadeia para quem não qui-
sesse entregar o ouro.
Felizmente, o governo americano não che-
gou ao cúmulo de invadir a casa das pessoas 
em busca desse ouro; mas, se invadisse, como 
ouro é portátil e é possível concentrar grandes 
quantidades de riqueza em pequenos espaços, 
as pessoas ainda conseguiriam se proteger 
escondendo o metal, muito diferente do que 
acontece com as terras.
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não deteriorável
Uma reserva de valor tem que ser algo não de-
teriorável. Havia um grego antigo, Simônides de 
Ceos, que falava “O tempo tem dentes afiados 
que devoram tudo, até mesmo as coisas mais 
sólidas”.
Já citei que café, soja, e petróleo são negocia-
dos em um mercado global; mas porque a soja e 
o café, embora sejam escassos - produzidos em 
grande quantidade, logicamente são abundan-
tes, mas ainda há algum tipo de limitação - não 
podem ser enquadrados como reserva de valor?
Por que ninguém fica acumulando soja, pensan-
do em passar isso para as próximas gerações? 
Porque é um alimento, tem um prazo de vali-
dade para aquilo; já o ouro, a prata, o bitcoin , 
até mesmo o dinheiro normal, reais ou dólares, 
como não tem prazo de validade, acabam se 
encaixando melhor dentro dessa característica 
de ser algo não deteriorável.
24
A joia de ouro mais antiga já achada na história da hu-
manidade data de 6.500 anos atrás. Uma joia de ouro, 
produzida há milênios, até hoje permanece com as mes-
mas características: o metal permanece dourado, com 
sua coloração amarela, que chamou a atenção de muita 
gente durante a Antiguidade; inclusive de civilizações 
que não tinham contato entre si, todas acabaram valori-
zando o ouro de alguma forma; seja para uso monetário, 
seja para uso religioso, ou uso na indústria de adornos.
Já outros metais, que não tinham essa mesma caracte-
rística, como por exemplo o cobre (que torna as coisas 
mais esverdeadas, através de reações com outros ele-
mentos); ou ferro (que enferrujando com o passar do 
tempo); acabaram não sendo utilizados como reserva 
de valor, porque perdiam suas propriedades ao longo 
do tempo.
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Histórico de Aceitação
Uma reserva de valor tem que ter um longo his-
tórico de aceitação; e quanto mais longo o his-
tórico melhor, pelo chamado Efeito Lindy. Um 
termo cunhado pelo matemático e escritor Nas-
sim Taleb, que observou uma dinâmica entre co-
mediantes americanos que se reuniam em uma 
loja chamada Lindy, que vendia cheese cakes e 
outros lanches.
Os comediantes que já estavam na carreira há 
mais tempo, cerca de 20 anos, tendiam a ter 
um tempo de carreira mais longo no futuro; e 
aqueles que apareciam do nada com um suces-
so repentino ao longo de um ano, geralmente 
sumiam no ano seguinte.
26
Quem tinha um histórico grande de trabalho, 
geralmente tinha mais tempo de expectativa 
quanto ao seu trabalho no futuro; já aqueles que 
tinham um histórico pequeno, geralmente não 
tinham muito mais tempo de carreira à frente. 
Pegando isso das coisas orgânicas, como acon-
teceu com os comediantes, para as inorgânicas, 
acabamos observando a mesma coisa. O ouro, 
que já é valorizado há milhares de anos, pro-
vavelmente será valorizado por mais tempo; o 
alumínio já foi valorizado durante um curto es-
paço de tempo e acabou perdendo seu valor 
também em um curto espaço de tempo. A mes-
ma coisa acontece com outros metais. 
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Aquilo que tem esse histórico de negociação 
muito antigo, já consolidado, tende a ser uma 
melhor reserva de valor comparado àquilo que 
é muito novo. Nós já temos até mesmo uma ima-
gem mental, e ninguém precisa ensinar para as 
crianças que o ouro é valioso, elas ouvem tanto 
isso, temos na cabeça que o ouro tem valor. 
Uma vez me perguntaram: por que o ouro tem 
tanto valor se ele não serve para nada? Devolvi 
a pergunta: se ele não serve para nada, por que 
tem tanto valor? Se o ouro ficasse muito bara-
to, várias pessoas começariam a usá-lo, deixa-
riam de usar bijuterias para usar somente joia de 
ouro, colocariam ouro como objeto de decora-
ção, piso, porta, quadros; mas como ele é caro, 
não acontece.
Contudo, repare que esse longo histórico joga 
muito a favor de certos elementos, e contra ou-
tros que veremos mais à frente, que podem ser 
enquadrados com uma reserva de valor - mas 
com certas ressalvas no histórico de aceitação.
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Valor Intrínseco
Não gosto muito do termo “valor intrínseco”, 
porque passa a impressão de que as coisas têm 
um valor fixo e imutável, o que já foi uma ideia 
econômica. Adam Smith, o pai do liberalismo; 
Karl Marx, que tinha a ideia do valor do trabalho, 
de que as coisas deveriam ter um valor compa-
tível com o trabalho utilizado para produzi-las 
- mas a ideia caiu por terra com o conceito que 
veio do Carl Menger, do valor mutável das coi-
sas, ou seja, subjetivo até, de maneira que duas 
pessoas podem olhar o mesmo item e valorizar 
de modo diferente.
Um grande exemplo é o próprio mercado de 
arte. De vez em quando, nós vemos algum tipo 
de obra de arte, principalmente, aquelas mais 
modernas como mictório no meio da sala, ou 
uma banana pregada num quadro com uma fita. 
Para mim, não vale nada, mas algumas pessoas 
chegam a dar milhões em leilão para ter a posse.
29
Por que o valor das coisas é subjetivo? O valor 
vai variar devido à oferta e demanda: aquilo que 
é mais escasso, tem uma oferta limitada e uma 
grande demanda, tende a ter um valor mais alto; 
o que é abundante e não tem demanda, tende a 
ter um valor mais baixo. 
Um outro ponto é o chamado teorema da utili-
dade marginal decrescente, do mesmo econo-
mista Carl Menger, da Escola Austríaca. Ele cita-
va o exemplo do diamante vs. o copo de água. 
Um diamante é algo escasso, não deteriorável, 
tem um longo histórico de aceitação, é negocia-
do no mercado global, e as pessoas valorizam 
muito mais do que um simples copo de água - a 
água é extremamente abundante.
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Contudo, se você está vagando no deserto durante dois 
dias, sem água, com um monte de diamantes no seu bol-
so, e de repente um comerciante aparece e oferece um 
copo d’água, mas fala “esse copo custa um dos seus dia-
mantes.”.
Você trocaria um diamante por um copo d’água? Muito 
provavelmente, na situação, sim, porque nesse estágioem que você depende de água para sobreviver, e os dia-
mantes não têm nenhum tipo de serventia no seu bolso 
- mostrando como o valor das coisas muda de acordo 
com as condições a que o indivíduo ou a população es-
tão submetidos.
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Interessante também notar que você até pode-
ria comprar um copo de água por um diamante; 
um segundo copo de água por outro diaman-
te, talvez até um terceiro, dependendo da sede; 
mas, se você bebesse três, quatro, cinco copos 
de água, e já estivesse satisfeito, você não tro-
caria mais um diamante por um copo de água, 
porque veria que tinha dado diamantes demais, 
e já estaria com a sede saciada; de agora em 
diante esses diamantes passam a valer mais do 
que a água.
Por isso não gosto da ideia de valor intrínseco, 
mas como podemos interpretar dentro de uma 
ótica de uma reserva de valor? Pensando que 
aquilo tem que ter valor por outros motivos que 
não só os atuais, como o dinheiro. Tenho aqui 
uma nota de 1 real e por que essa nota tem va-
lor? Porque o papel tem um custo, a tinta utili-
zada na nota também, mas esse é um custo bai-
xo - não é por isso que o real tem valor; ele tem 
valor porque o governo falou “Isso aqui vale um 
real e todo mundo dentro do território nacional 
é obrigado a aceitar esse tipo de moeda”.
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Repare que, se não houvesse essa obrigação da 
aceitação, um curso forçado da moeda, não te-
ria valor nenhum - afinal, é só papel colorido, 
deveria valer menos que um papel em branco; 
em um papel em branco, posso desenhar; já o 
dinheiro, não posso fazer mais nada com ele. 
Observe que o papel, em si, tem um valor in-
trínseco muito baixo. Já o ouro, por mais que 
as pessoas deixassem de valorizar o ouro como 
um recurso financeiro, uma proteção, ele ainda 
tem algum tipo de uso industrial.
Tudo bem que, se fôssemos utilizar o ouro ape-
nas para uso industrial, o valor dele tenderia a 
ser muito mais baixo, aquele valor percebido 
pelas pessoas. Contudo, ele tem um certo va-
lor intrínseco; a prata, a mesma coisa, tem um 
uso industrial, possui um certo valor intrínseco. 
E quando falarmos de O bitcoin, será que ele 
possui um certo valor intrínseco? Bem, veremos 
isso mais à frente. 
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A questão do valor 
intrínseco é importante para 
entendermos o que é uma 
reserva de valor 
de fato.
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Pegando essas cinco características e resumin-
do, vamos lembrar: tem que ser escasso, nego-
ciado no mercado global, não deteriorável, com 
longo histórico de aceitação, e possuir, na au-
sência de melhores palavras, algum valor intrín-
seco. 
Para fechar este capítulo, vamos pensar no 
exemplo da construção de um portfólio com 
três carteiras diferentes, uma totalmente com-
prada em S&P 500, que é o índice da Bolsa de 
Valores Americana, composta pelas 500 maio-
res empresas do país; vamos pensar em uma ou-
tra carteira comprada apenas em ouro; e pensar 
em uma terceira carteira com 80% em SP 500 
e 20% em ouro, que seria um elemento com as 
cinco características da reserva de valor.
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Nessa comparação, o melhor desempenho veio para a carteira mista 
entre S&P 500 e ouro, observando o ciclo econômico, talvez não tives-
se ouro durante todo esse caminho. Entretanto, ele acabou diminuin-
do a volatilidade do portfólio, e dando uma rentabilidade final mais 
alta, com menos variação. Muita gente pensa “Não vou ter uma reser-
va de valor no meu portfólio porque, afinal, o ouro não paga juros, não 
produz fluxo de caixa”.
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Observe que, quando a Bolsa caiu, o ouro se-
gurou um pouco o desempenho da carteira; e 
quando a Bolsa subiu durante muito tempo, o 
ouro até pode ter ficado para trás, mas, na mé-
dia, como você poderia subir 25% do que a Bol-
sa sobe, ficando para trás, porque o ouro não 
tem um desempenho tão bom em certos perí-
odos; mas na hora que cai, cai apenas 20% do 
que a Bolsa cai, porque o ouro segurou o seu 
portfólio.
Ao longo do tempo, como você tende a subir 
mais percentualmente do que cai, e a Bolsa sobe 
caindo, e cai subindo - ela está sempre com al-
gum nível de volatilidade - o ouro deixaria o seu 
portfólio menos volátil e, dependendo do ciclo 
econômico, poderia entregar uma melhor renta-
bilidade com mais segurança.
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CRIAÇÃO E 
FUNCIONALIDADES
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CAP. III
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Vamos falar agora sobre a criação e as funcio-
nalidades da moeda. Pensemos primeiro em 
uma economia antiga, na qual as pessoas fa-
ziam o escambo; pense no nível de complexi-
dade que existia para conseguir algo, adequado 
para a simples manutenção e sobrevivência do 
indivíduo.
39
Se você era, por exemplo, um criador de porcos e, de 
repente, se dá conta de que precisa de uma espada e um 
escudo para defender as suas terras, então você vai até 
o ferreiro que produz espadas e escudos e fala “Olha, 
tenho porcos para trocar por armas”. Porém, o ferreiro 
fala “Não como porco, porque sou judeu.
Na verdade, tenho que comer peixe”, você vai até o pei-
xeiro para tentar trocar o seu porco por peixes, só que o 
peixeiro fala “Olha, até gosto de porco. Mas agora, que-
ro maçãs, porque gosto de ter uma dieta equilibrada”. 
Você vai até o produtor de maçã levando o seu porco; e, 
enquanto isso, talvez o ferreiro já tenha vendido o que 
você queria para uma outra pessoa que trouxe os peixes 
para ele. 
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Com menos trocas, a economia crescia menos, 
a vida das pessoas era mais miserável. Até que, 
naturalmente, as pessoas foram vendo, nem 
sempre o ferreiro quer porco, nem sempre quer 
peixe, mas ele sempre precisa de sal, porque 
todos nós temos que consumir sal de alguma 
maneira; e começaram a trocar as suas merca-
dorias por bens que eram mais líquidos. 
O termo liquidez significa a capacidade que 
algo tem de se transformar em dinheiro; como 
o sal era um bem muito líquido, acabou sendo 
utilizado como dinheiro durante um certo tem-
po - e disso vem a palavra salário. No entanto, o 
sal não era um dinheiro adequado, porque nin-
guém quer um dinheiro que, se molhado, desa-
parece. 
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Pensemos nos elementos que nós temos, pegando a popular - ou não 
tão popular assim - Tabela Periódica. Olhando a tabela periódica, o 
que você poderia utilizar como o dinheiro?
De cara, teríamos que cortar o que é gasoso em temperatura ambien-
te, não poderia ter umdinheiro de oxigênio, de nitrogênio, de hidrogê-
nio, até porque um dinheiro de hidrogênio seria altamente explosivo; 
ou feito de gases raros, embora sejam raros e escassos - mas como 
você faria trocas com dinheiro que não é palpável? Isso pensando em 
culturas antigas, porque hoje nós temos um dinheiro digital - aí você 
já corta os gases. 
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Passamos para o que é líquido: por que um di-
nheiro líquido não é bom para ser negociado? É 
difícil de ser armazenado - então, também tira o 
que é líquido em temperatura ambiente.
Alguns metais já não poderiam ser utilizados 
como dinheiro, por exemplo, o mercúrio, que 
além de ser líquido em temperatura ambiente, 
também é tóxico - demoramos muito tempo 
para descobrir isso, muitas pessoas morreram 
intoxicadas por mercúrio ao longo da história, 
durante um tempo foi utilizado como remédio - 
mas como moeda não era adequado. 
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Seguindo o mesmo raciocínio, também tiramos 
outros elementos nocivos ao ser humano, por-
que ninguém quer carregar um dinheiro que vai 
deixar o povo doente; tira elementos radioati-
vos, como urânio, porque ninguém quer um di-
nheiro que cause câncer; e você vai ficando res-
trito a um grupo cada vez menor de elementos.
Dentro desse grupo, temos alguns metais que 
eram raríssimos, a ponto de dificilmente serem 
encontrados - como foi o caso do alumínio até a 
mudança do seu processo de mineração; outros 
metais são deterioráveis, e não resistem à ação 
do tempo, como o ferro; vão perdendo suas ca-
racterísticas, como o cobre, que vai mudando 
de cor. 
Fechando cada vez mais o grupo, nós chega-
ríamos a alguns poucos metais que poderiam 
ser utilizados como moeda, porque teriam uma 
relativa escassez, mas não tão grande a pon-
to de serem encontrados somente em regiões 
muito particulares do Globo; e apresentariam 
uma facilidade na cunhagem de certos objetos 
por culturas primitivas que não tinham acesso à 
metalurgia avançada como nós temos nos dias 
de hoje. 
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Que metais seriam esses? Seriam basicamente oito: prata, platina, pa-
ládio, ródio, irídio, ósmio, rutênio e ouro. Só que dentre esses oito me-
tais, o único dourado era o ouro, os outros eram parecidos. O rutênio 
é mais escuro do que a prata, a platina é um pouco mais clara, mas 
todos são mais ou menos prateados.
Algumas características interessantes que nós já vimos na reserva de 
valor: além de serem escassos, não se deterioram, têm um longo his-
tórico de aceitação, foram valorizados por diferentes culturas que ti-
nham zero ou pouco contato entre si.
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Quando os espanhóis chegaram na América, 
no século 16, viram que embora astecas e incas 
não utilizassem moeda, eles valorizavam tanto o 
ouro quanto a prata. Para os incas, o ouro era o 
suor do Sol, e a prata eram as lágrimas da Lua; 
então, aquilo tinha um valor tanto por termos 
religiosos, quanto para confecção de artefatos. 
Pegando esses poucos elementos, as culturas 
começaram a fabricar moedas para dinamizar 
as trocas comerciais, e essas moedas têm três 
características precípuas e básicas, e sem essas 
três características fica difícil que algo se torne 
uma boa moeda.
Quais seriam elas? A primeira coisa é que uma 
moeda é utilizada como um meio de troca; se 
uma moeda não é aceita por ambas as partes, 
então aquela não é uma boa moeda. A segunda 
característica é que a maioria tem que ser uma 
unidade de conta, as pessoas possam facilmen-
te fazer planos, programações e contratos utili-
zando aquilo como uma unidade de referência.
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A terceira coisa é que moedas devem ser uma 
reserva de valor, porque se não forem, as pes-
soas tendem a não querer acumular aquelas 
moedas. Acúmulo de capital leva à poupança, 
o excesso de poupança leva ao surgimento de 
um mercado de crédito; e, através do mercado 
de crédito, a economia tem mais trocas e cresce 
mais.
Citando exemplos de moedas antigas: a primei-
ra moeda é do ano 650 A.C., cunhada pelos an-
tigos reis da Lídia e são moedas famosas, carís-
simas hoje em dia. Foram feitas de uma liga de 
ouro e prata chamada electro. Infelizmente, não 
sou rico o suficiente para ter uma dessas moe-
das, mas tenho uma outra moeda muito antiga 
chamada de tetra dracma de prata, da cidade-
-Estado de Atenas.
47
De um lado tem a coruja, símbolo da sabedoria associada à deusa 
Atena, e do outro lado a própria figura da deusa Atena. Essa moeda 
foi cunhada entre os anos de 450 e 400 a.C, a cidade de Atenas se 
preocupava com a pureza da prata e buscava fazer moedas muito si-
milares: elas tinham que ser parecidas, com o mesmo peso, com a efí-
gie da deusa Atena, mostrando que haviam sido cunhadas por aquela 
cidade, que praticamente se transformaram numa unidade monetária 
na região da Grécia.
Repare que ela possui todas as características de uma moeda. Era um 
adequado meio de troca; era uma reserva de valor - afinal, ela é feita 
de prata, e a prata bate em todos os critérios já citados anteriormente, 
e também era uma unidade de conta, a ponto dos antigos gregos po-
derem fazer contratos utilizando a moeda como referência. 
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Uma outra questão interessante podemos ana-
lisar através dessa moeda feita por Felipe II. Ele 
era da Macedônia, uma região tida pelos gregos 
como uma região bárbara; falavam um idioma 
diferente, eram vistos como pessoas atrasadas 
- com exceção de Aristóteles que, apesar de ter 
uma ligação com a Macedônia, era admirado 
pelos gregos, exceto durante um período em 
que ele teve que fugir de Atenas, achando que 
podia ser morto devido à xenofobia que existia 
pelo que acontecia na Grécia por Filipe II e seu 
filho Alexandre.
O interessante dessa moeda é que Filipe II, du-
rante muito tempo, tentou competir nos Jogos 
Olímpicos, mas não era aceito. Até que conse-
guiu anexar uma região da Grécia, e ganhou o 
direito de disputar como um grego. Ele ganhou 
os Jogos Olímpicos em três modalidades dife-
rentes, em três edições diferentes. Na primeira 
que ganhou, no ano de 356 a.C, queria espalhar 
a notícia para os gregos - porque a crença era 
de que se você ganhasse os Jogos Olímpicos, 
você devia ser favorecido pelos deuses, e isso 
facilitaria um processo de dominação do Filipe 
sobre a Grécia. 
49
Como ele fez isso? Enviou mensageiros para diferentes cidades? Não. 
Ele até fez isso também, mas cunhou uma moeda comemorativa com 
Zeus de um lado, e no seu anverso, há um cavaleiro dando a sua volta 
olímpica - porque a primeira modalidade que ele ganhou na Olimpíada 
foi uma corrida de cavalos - dessa forma, ele conseguiu a simpatia dos 
gregos e cunhou uma moeda que chegou até aos nossos dias, porque 
foi feita num metal que não se deteriora com o tempo.
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Esparta demorou muito tempo para começar a 
cunhar moedas - e sabe por quê? Porque em Es-
parta a economia era baseada em mão de obra 
escrava. Os Hilotas produziam, enquanto os es-
partanos se dedicavam ao treinamento militar.
Como a economia não tinha muitas trocas, os es-
partanos demoraram muito tempo para cunhar 
uma moeda, mostrando que a própria criação 
de uma moeda veio a favor da liberdade; por-
que com ela, fica mais fácil das pessoas fazerem 
trocas voluntárias, enquanto sem ela, não tinha 
trocas, mas sim a dominação de alguém mais 
forte sobre o mais fraco.
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INFLAÇÃO
E AS MOEDAS
FIDUCIÁRIAS
CAP. IV
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No capítulo anterior, falamos sobre um breve 
histórico de criação da moeda, mostrando como 
a moeda foi uma evolução natural tão boa, que 
passou a ser adotada por culturas que tiveram 
contato com ela, para dinamizar as trocas. No 
entanto, quando falamos de história da moeda, 
não podemos deixar de falar sobre a história da 
destruição da moeda através da inflação.
A inflação é um conceito explicado de forma 
diferente por diferentes escolas econômicas. 
Aqui no Brasil, costumamos chamar de infla-
ção o simples aumento dos preços. Utilizamos 
esse tema de uma forma muito errônea, falando 
sobre a inflação do tomate, a inflação do arroz, 
utilizando essa palavra, que deveria mostrar um 
aumento generalizado nos preços, para alguns 
poucos itens.
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O aumento de um único item pode estar rela-
cionado a questões de oferta e demanda: as 
pessoas começaram a demandar mais, porque 
descobriram que tal alimento tem propriedades 
curativas, antioxidantes, boas para a saúde; ou 
teve um problema de safra que ocasionou uma 
diminuição da oferta, enquanto ainda há uma 
demanda muito grande, levando ao aumento 
dos preços. Falar de inflação de um item espe-
cífico não faz absolutamente nenhum sentido, 
pensando na inflação quanto à definição. 
Para a Escola Austríaca de Economia, que é 
uma escola de que gosto bastante pelo pensa-
mento e linha de raciocínio, a inflação não seria 
um aumento dos preços, mas a consequência 
de um aumento da oferta monetária - essa, sim, 
responsável pelo surgimento da inflação; não 
só agora, como em épocas muito, muito anti-
gas. Se citamos a Grécia Antiga para falar so-
bre o surgimento das moedas, citaremos agora 
Roma, na sua fase de República e Império, para 
falar sobre o mal chamado inflação.
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INFLAÇÃO
Essa é a moeda feita por Sula, ditador que go-
vernou Roma, durante o período do século II 
a.C., já chegando próximo do século I a.C. Pri-
meiro, vamos falar o que era um ditador. Roma 
era uma república; e então, o Senado escolhia 
seus representantes, seus cônsules. Em um perí-
odo de grande turbulência, o cônsul poderia ter 
poderes absolutos, e no período de Sula houve 
uma guerra civil.
55
A moeda de Sula, feita de prata, pesa 4 gramas. O nome dessa moeda 
é denário, que vem de denaro (dinheiro em italiano); dinar, utilizado 
pelos muçulmanos durante muito tempo; diñero, em espanhol; e em 
português dinheiro. O denário seria o começo do dinheiro moderno, 
foi introduzido em Roma mais ou menos em 200 a.C., com um peso de 
4,5 gramas de prata.
Na época de Sula, que enfrentou uma guerra civil e teve que cunhar 
mais moedas para poder enfrentar essa ameaça, o denário já pesava 
4 gramas. Depois de Sula, tivemos mais alguns governantes até o tér-
mino da República com Júlio César, e começamos a fase do Império. 
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A moeda do primeiro imperador romano, Otaviano Augusto, sobrinho 
neto de Júlio César. É um denário, também feito de prata, muito boni-
to, mas já não pesava 4 gramas, pesava 3,8 gramas; e depois, o proble-
ma do peso do denário foi se agravando, até que na época do impera-
dor Commodus (o imperador famoso que aparece no filme Gladiador, 
ele entrava no Coliseu para combater gladiadores; a questão é que a 
espada dele era muito afiada e a dos outros não tinha fio, então ele ti-
nha uma certa vantagem), no século II d.C., pesava apenas 2,6 gramas. 
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Por que o denário foi perdendo seu peso em prata? Porque, com a 
mesma quantidade de prata, conseguiam cunhar mais moedas; duran-
te a história do Império Romano, houve um aumento de oferta mone-
tária que ocasionou a diminuição do poder de compra do denário, e o 
aumento dos preços do que era negociado em denários. Até porque, 
a palavra denário deu origem à palavra moderna dinheiro, mas teve o 
seu significado retirado de um dia de trabalho.
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Originalmente, o denário era o pagamento por 
um dia; depois de muito tempo, com a degrada-
ção da moeda, o salário passou a ser muito mais 
do que um denário por dia trabalhado, porque, 
com menos prata, o denário comprava cada vez 
menos coisas.
A queda do Império Romano do Ocidente tam-
bém tem a ver com o aumento de oferta mone-
tária, que levou a uma desarticulação da eco-
nomia, a um grande aumento de preços, e às 
intervenções cada vez maiores feitas pelos im-
peradores da época.
59
Ficou famosa a história do imperador Dioclecia-
no, que assumiu após a crise do século III, um 
período em que Roma trocava de imperador a 
todo instante; foram mais ou menos vinte impe-
radores em um período de cinquenta anos - o 
que é muita coisa, considerando que, durante o 
início do Império, houve cerca de 26 imperado-
res durante quase duzentos anos.
Com as trocas e uma falta de mentalidade de 
longo prazo, o denário foi ficando cada vez mais 
leve em prata, até que desapareceu da econo-
mia romana. Eles passaram a utilizar moedas 
feitas de uma liga com um pouquinho de prata 
e muito cobre, chamada bilhão, em que cerca de 
5% da moeda era prata, comparado aos 100% 
de antigamente.
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Durante a crise, com preços aumentando, Diocleciano 
tabelou os preços do Império Romano. A desobediên-
cia ao imperador, era a morte no Coliseu, para ser comi-
do por leões - o que era um grande estímulo para que 
as pessoas respeitassem o tabelamento de preços. 
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Contudo, assim como no Brasil, na época do governo Sarney, o tabe-
lamento de preços na época de Diocleciano levou à escassez de bens. 
Se você proíbe as pessoas de venderem as mercadorias pelo preçoque deveriam custar, coloca um preço tabelado, às vezes, abaixo do 
custo de produção, o fazendeiro romano que queria vender o seu li-
tro de leite por 10 denários, mas devido a um decreto do imperador 
não poderia vender por mais de 5 denários, observava que não valia a 
pena vender o leite, porque são 6 denários para produzir. Então, parou 
de vender e começou a transformar o leite em queijo.
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O imperador foi lá e tabelou o queijo. Ele viu que 
o preço do queijo não era atrativo, pois gastava 
mais para produzir. Ele parou de vender o queijo 
e começou a consumir, e às vezes, até matou a 
vaca para poder vender a carne. O imperador, 
no seu édito de preços máximos, estabeleceu o 
preço da carne.
A restrição à atividade econômica ficou tão 
grande, que os romanos começaram a sair das 
cidades e voltar para o campo para cultivar e 
sobreviver do que cultivavam - sem comércio. 
Foram se fechando nas vilas romanas, e quan-
do o império caiu, já estava todo mundo nas vi-
las. Foi um pulo para se transformar nos feudos, 
porque muitas vezes parece que tocaram um 
sino e acabou a Roma das togas, e todo mundo 
virou cristão dentro de um feudo, senhores da 
nobreza, e não foi uma transição rápida, foi gra-
dual, e muito por causa da inflação. 
Apesar dos vários erros cometidos no passado, 
que nos levaram a um aprendizado, hoje co-
metemos o mesmo tipo de erro ao aumentar 
a oferta monetária, muito além do aumento da 
produção dos bens na economia, se você come-
ça a ter muito mais dinheiro circulando do que 
bens, a quantidade de dinheiro começa a com-
petir por bens escassos, levando ao aumento 
dos preços, e isso é a inflação.
63
Lastro das Moedas
Com o conceito de inflação como aumento da 
oferta monetária definido, é interessante falar 
sobre algo que existiu durante boa parte da his-
tória da humanidade: o lastro em metais.
Já falei de várias moedas de prata, e agora vou 
falar de uma moeda de ouro do imperador Nero, 
um sujeito que não era muito querido pelos ro-
manos e foi culpado de botar fogo em Roma, 
embora nem em Roma ele estivesse. Em todo 
caso, a moeda tinha um lastro em algum tipo 
de metal; para mais moedas produzidas, era ne-
cessário ter mais metal acumulado; segurava o 
processo inflacionário de algum modo, evitando 
que ele fosse muito grande.
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Esse tipo de lastro em metal, que acaba sendo 
um lastro na escassez, esteve presente durante 
boa parte da história da humanidade. O sécu-
lo 20 foi um século extremamente tumultuado. 
Nós tínhamos um lastro em ouro no começo do 
século 20, que foi quebrado no período da Pri-
meira Guerra Mundial.
Um filósofo grego chamado Heráclito, muito co-
nhecido pela ideia de que as coisas estão em 
permanente mutação - aquela frase que diz que 
você nunca poderá mergulhar duas vezes nas 
águas do mesmo rio, porque nem o rio será o 
mesmo, e nem você - falava que a guerra é a 
mãe de todas as coisas.
De fato, podemos colocar a guerra também 
como a mãe da inflação. Estados lutando pela 
sobrevivência, não tinham mais ouro para 
cunhar mais moeda, e começaram a aumentar a 
oferta de papel moeda, sem ter o lastro em ouro 
respectivo. Depois da guerra, eles viam como 
resolver e, geralmente, a medida resultava em 
um novo acordo econômico. Durante o come-
ço do século 20, havia um lastro em ouro. Por 
causa da Primeira Guerra Mundial, o lastro foi 
modificado.
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No final da Segunda Guerra Mundial, tivemos novamente uma mo-
dificação, em que o dólar assumiu um papel central na economia 
mundial, que antes era ocupado pela libra. O dólar passaria a ter um 
lastro em ouro, e todas as moedas teriam um lastro em dólar.
Durante esse tempo, aparece em um gráfico utilizado pelo autor 
Jeremy Seagal, quando compara rendimentos de diferentes aplica-
ções, ouro ainda era dinheiro e tem uma performance quase linear 
do ouro, durante bastante tempo, porque dinheiro não paga juros.
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Como não paga juros, se ponho dinheiro no ban-
co e recebo juros? Sim, porque você transfor-
mou seu dinheiro em depósito bancário - aquilo 
deixou de ser papel moeda, é um meio de troca 
que pode utilizar naquele momento de liquidez 
máxima, afinal todos são obrigados a aceitar 
aquele dinheiro na economia -, um passivo que 
o banco tem com você, a obrigação que passa a 
ter de devolver aquele valor.
Por isso você recebe juros sobre os depósitos 
bancários, mas o dinheiro em si não paga juros, 
por isso a performance do ouro era extrema-
mente linear, segurando a inflação da época.
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Esse acordo, que passou a vigorar colocando 
o dólar em um papel central, a partir de 1944, 
ficou conhecido como o Acordo de Bretton 
Woods. Ele vigorou até 1971, quando o governo 
americano sofreu um ataque especulativo, nas 
palavras do presidente Richard Nixon. Ele fala-
va que vários países estavam querendo acabar 
com as reservas de ouro dos Estados Unidos; só 
esqueceu de falar que os Estados Unidos frau-
daram um acordo que haviam feito com outros 
países. 
O acordo era, se o dólar tem um lastro em ouro, 
só poderá emitir mais dólares tendo mais ouro 
em reservas; mas, como os americanos não dei-
xavam os outros países vistoriarem suas reser-
vas de ouro, começaram a criar cada vez mais 
dólares, sem ligar para o lastro em ouro, e espa-
lhar aquilo pelo mundo.
Imagine que você cria todo esse dinheiro, e ele 
primeiro está nas mãos dos americanos; então, 
os americanos podem começar a consumir sem 
que o dinheiro rode pela economia toda, au-
mentando os preços - esse é o chamado Efei-
to Cantillon, observado pelo banqueiro francês, 
Richard Cantillon, no século 18.
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Uma bolha especulativa conhecida como a Bolha do Mississippi, em que 
o Estado francês começou a emitir muito mais moeda do que tinha em 
lastro metálico; essa moeda foi investida na Bolsa de Valores, nas ações 
da Companhia do Mississippi, que explorava negócios no Novo Mundo, e 
falaram que o Mississippi era uma terra de riqueza sem igual, quando na 
verdade era só um grande pântano.
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Essa bolha chegou ao fim, quando alguns fran-
ceses começaram a querer trocar os seus lucros 
acionários por metal, e os bancos não tinham 
metal suficiente.
Com os Estados Unidos, a história era pratica-
mente a mesma, porque os outros países que 
tinham a moeda lastreada em dólares poderiam 
a qualquer momento trocar seus dólares por 
ouro, junto ao banco central americano.
À medida que os países começaram a descon-
fiar que os Estados Unidos estavam fraudando o 
acordo, começaram a pedir o ouro para os Esta-
dos Unidos; esse ouro,de fato, saiu dos Estados 
Unidos em navios, e os americanos viram que 
ficariam sem ouro.
70
Em 1971, o presidente Nixon falou “A partir de hoje, temporariamente, 
a nossa moeda não tem mais um lastro em ouro”. Como nada é mais 
permanente do que uma política temporária do governo, até hoje, 
50 anos depois da medida temporária, as moedas não possuem mais 
nenhum lastro real.
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Nós vimos em capítulos anteriores que, para 
que algo seja considerado uma boa moeda, é 
necessário ser um meio de troca, unidade de 
conta, e uma reserva de valor; e vimos também 
que uma reserva de valor tem que ser escassa 
- agora que não há mais nenhum lastro real, o 
dinheiro passou a ser algo abundante.
Quando o Banco Central quer, vai lá e cria mais 
dinheiro. Hoje, esse processo de criação nem é 
mais impressão de moeda, porque se fosse, ain-
da haveria algum tipo de limitação física, mas 
não, é apertar um botão para que mais dígitos 
sejam criados em telas de cristal líquido.
72
Pense no que aconteceu durante a crise de 2020. Nós vivemos, em um 
único ano, o aumento da oferta monetária do dólar em mais de 20%. 
Isso quer dizer que, de todos os dólares que existem no mundo, 20% 
foram criados em um único ano. Se fosse necessário imprimir esse 
dinheiro, ainda haveria uma limitação física; como não é necessário, o 
dinheiro se transformou em algo quase infinito, criado ao bel-prazer 
de governos pelo mundo.
Se a inflação vem do aumento da oferta monetária, qual poderá ser a 
consequência de uma falta de limite do aumento da oferta monetária 
no mundo? Uma desvalorização cada vez maior do dinheiro.
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Os governos não escondem que querem fazer 
isso. Os países que possuem bancos centrais, e 
praticamente todos os países do mundo pos-
suem um banco central há bastante tempo, cos-
tumam ter suas metas de inflação. Pegando a 
meta de inflação do Brasil, atualmente está em 
3,75% ao ano, com 1,5 pontos de tolerância, para 
cima ou para baixo.
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O que significa essa meta de 
inflação para o nosso país e 
para os outros países? 
O Banco Central está falando para todos os bra-
sileiros, publicamente, sem esconder nada de 
ninguém, que eles pretendem desvalorizar o di-
nheiro que você possui em 3,75%, com uma to-
lerância de 1,5 pontos para cima ou para baixo. 
Se todo ano há uma meta de inflação, se sempre 
queremos desvalorizar o dinheiro em 5, em 4, 
em 3 % ao longo de bastante tempo, coloque 
isso em termos de juros compostos e nós temos 
a história da destruição monetária das moedas. 
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O próprio real, criado em julho de 1994, é uma 
moeda extremamente nova, não possui nem 
30 anos. Se fosse um ser humano estaria agora 
descobrindo o que ele quer da vida, é basica-
mente essa a história do real.
Qual foi o estrago feito pela inflação dessa mo-
eda tão nova? Simplesmente, desde 1994, o real 
perdeu quase 90% do seu poder de compra, e 
isso não vai parar agora, porque se nós temos 
uma meta de inflação para esse ano, também 
temos uma para o ano que vem, fixada atual-
mente em 3,5% - o que já acho uma meta extre-
mamente baixa, é muito difícil de ser cumprida 
- e se você quer pensar no efeito que a inflação 
causa na sua vida, basta lembrar das idas que 
você teve ao mercado desde quando era pe-
queno até os dias de hoje.
76
Gosto de usar o exemplo da inflação deixar os 
brasileiros mais fortes: quando era pequeno, 
meu pai, que era forte, precisava da minha ajuda 
para carregar 100 reais, em compras, do merca-
do para a casa; hoje em dia, meu irmão pequeno 
consegue carregar 200 reais, em compras, sozi-
nho. Isso mostra como a moeda foi perdendo o 
seu poder de compra ao longo do tempo. 
Existem alguns índices utilizados, aqui no Brasil, 
para que nós possamos medir a diminuição do 
poder de compra da moeda. Dois dos mais po-
pulares são o IPCA, o índice de Preços ao Con-
sumidor Amplo, que é uma média da variação, 
de certos preços, medidos em diversas cidades 
importantes no Brasil, para famílias que ganham 
entre 1 e 40 salários mínimos.
O outro é o IGPM, muito utilizado para reajuste 
de alguns serviços, aluguéis (muita gente cha-
ma até de inflação de aluguel), seguros. O IGPM 
costuma ter uma volatilidade mais alta do que 
o IPCA, porque o seu cálculo também leva em 
conta preços ao consumidor, mas apenas em 
cerca de 30% do índice. Tem outros 10% que le-
vam em conta o índice Nacional de Custos da 
Construção, o chamado INCC, e 60% que levam 
em conta os índices de preços ao produtor.
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Podemos ter uma grande discrepância entre medidas de inflação vistas pelo 
IPCA e vistas pelo IGPM, porque o que está acontecendo é um grande au-
mento de preços ao produtor, represado pelo produtor, porque ele entende 
que, se passar o preço de uma vez, vai perder mercado ou pode até quebrar, 
porque o aumento de preço também causa uma diminuição da demanda por 
aquele bem.
Se o preço do arroz sobe muito, as pessoas acabam substituindo por outro 
tipo de carboidrato - o macarrão pode não ter subido tanto - a mesma coisa 
pode acontecer com um produtor, que repassa preços de maneira muito rá-
pida.
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O Problema dos Índices 
de Inflação
Repare que, quando falamos desses índices, es-
tamos apenas medindo aumentos de preços - 
que são consequência de um processo inflacio-
nário, segundo a Escola Austríaca de Economia, 
mas não a sua causa. Medir aumento de preços 
pode ser extremamente enganoso.
Como já citei, no caso da Venezuela, que tem 
um grande desabastecimento de mercadorias: 
como você faz para medir o aumento de preços 
e mercadorias que não existem mais no merca-
do? Um outro exemplo é o caso do governo ar-
gentino, em que fazer medições de preços che-
gou a ser considerado um crime.
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Somente o governo podia fazer esse tipo de coi-
sa; e se só governo pode medir o aumento dos 
preços; a medição tende a ser usada em prol do 
governo para mascarar o efeito inflacionário.
A minha primeira viagem internacional, feita 
no ano de 2012, quando fui para a Argentina; 
Buenos Aires é uma bela cidade, gosto muito 
da Argentina; mas o que me chamou a atenção 
na época, é que, indo ao McDonald’s, havia uma 
série de ofertas muito parecidas com as ofertas 
aqui no Brasil, ao fazer a conversão da moeda, 
mas o Big Mac era extremamente barato.
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Havia uma promoção permanente que colocava 
o preço do sanduíche lá embaixo. Achei curio-
so, ainda estava no começo da minha jornada 
de aprendizado de economia, fui pesquisar, e 
descobri o chamado índice Big Mac, que é usa-
do para medir a inflação em diferentes locais 
do mundo pela paridade do poder de compra. 
Já que o Big Mac é negociado praticamente no 
mundo todo, pode-se comparar o preço do Big 
Mac e ter ideia do poder de compra de uma mo-
eda.
Sabendo disso - não há nenhum documento ofi-
cial, pelo menos nunca vi - o governo argentino 
pegava os elementos utilizados para a compa-
ração de poder de compra e dava um jeito de 
fixar um valor mais baixo do que seria o natural 
da economia. Mostrando que índices inflacioná-
rios podem vir a ser manipulados por governos 
sem escrúpulos. 
Por mais que você tenha um índice inflacioná-
rio mediano, um certo aumento de preços, a in-
flação real é calculada para o custo de vida, o 
aluguel, o mercado que você consome, a men-
salidade da escola do seu filho, pode ser muito 
mais alta do que os índices oficiais divulgados 
pelo governo ou por agências que têm uma cer-
ta aproximação com o governo.
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Efeitos Devastadores 
da Inflação
Para fechar o capítulo dando dois exemplos prá-
ticos do efeito da inflação, nós podemos pensar 
primeiro em imóveis. Muitas vezes, você vê al-
guém se gabando de que comprou um imóvel 
em 1994, e esse imóvel se valorizou seis vezes 
desde então, defendendo que você tem que in-
vestir em imóvel, porque é muito mais seguro 
do que outros mercados. Porém, se tirar o efeito 
inflacionário, muitas vezes a valorização não foi 
tão grande assim.
82
Não apenas sobre imóveis, como também sobre qualquer outro tipo 
de ativo, mesmo os ativos reais. Se pegarmos, por exemplo, um investi-
mento de 100 reais feito no Ibovespa; o índice é formado por cerca das 
70 maiores e melhores empresas mais líquidas da nossa Bolsa de Valo-
res, feito no ano 2000, e levado até o ano de 2021, nós veríamos que o 
ganho real, retirando o efeito inflacionário de desvalorização do dinhei-
ro, teria sido muito menor, com o seu investimento se transformando 
em cerca de 288 reais - ao investir em empresas altamente vencedoras. 
Pense no tanto de empresas que quebraram e não estão sendo obser-
vadas em termos de investimento.
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Como última ideia, quero deixar o pensamento 
de um economista, Friedrich Hayek, que falava 
que a inflação é extremamente nociva, sobretu-
do porque economistas e governos costumam 
pensar que pequenos índices de inflação não 
são nocivos, mas ao longo do tempo, como nós 
vemos através do efeito dos juros compostos, 
podemos ver que a inflação seria um juro com-
posto ao contrário, ao invés de ser positivo, ela 
seria os juros compostos da destruição mone-
tária.
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DÓLAR: A MOEDA
MUNDIAL
CAP. V
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Chegou o momento de falarmos especificamen-
te sobre uma das moedas mais poderosas do 
mundo. Não é a moeda mais valorizada, mas é 
aquela que assumiu o posto de moeda de re-
serva mundial, unidade de troca utilizada no co-
mércio mundial, e unidade de conta, já que é 
usada para contratos feitos entre países, nego-
ciação de commodities em âmbito internacio-
nal: estou falando do dólar. 
Primeiro, temos que pensar porque o dólar tem 
essa prerrogativa, como se tornou a moeda 
mundial e pensar no seu início. Poucas pessoas 
sabem, mas o dólar foi escolhido como moeda 
oficial dos Estados Unidos, após a sua indepen-
dência em 1776, porque já era uma moeda utili-
zada pelos americanos. O dólar, originalmente, 
assim como a libra dos ingleses, nada mais era 
do que uma medida de peso, uma prata. Um dó-
lar, em 1792, equivalia a 24,057 gramas de prata.
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Tenho um dólar de prata conhecido como American Silver Eagle, que 
remonta à época em que o dólar era inicialmente uma unidade de 
peso em prata.
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Até a década de 60, as moedas de 10 e 25 cen-
tavos americanas ainda eram feitas de prata, o 
que gerou um episódio interessante: como o va-
lor da prata era mais alto do que o valor mone-
tário das moedas, pegavam as moedas de 10 e 
25 centavos e derretiam para vender como pra-
ta, em vez de utilizarem como moedas em si. 
Apesar do dólar ser uma moeda muito antiga, 
com 245 anos de existência, passou por um pro-
cesso inflacionário muito menor que o do real, 
que tem menos de 30 anos de existência.
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Se pegarmos as moedas anteriores, então, nem 
se compara - enquanto o dólar é o mesmo des-
de a independência americana. No Brasil, desde 
a vinda da Família Real em 1808, fugindo das 
guerras napoleônicas, já tivemos dez tentati-
vas de moeda, sendo que somente o real é uma 
tentativa bem-sucedida, porque várias outras 
foram um completo fracasso. Hoje, o real é a se-
gunda moeda mais longeva que temos no Brasil. 
Por que a inflação do dólar acabou sendo me-
nor do que a inflação em outras moedas fiduci-
árias criadas por governos?
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A DIFERENÇA DO DÓLAR PARA 
OUTRAS MOEDAS
O primeiro motivo é, como já vimos em capítulos 
anteriores, a questão do lastro em ouro, que du-
rante muito tempo segurou o valor do dólar. Uma 
onça de ouro, que é em torno de 31 gramas, va-
lia 35 dólares pelo Acordo de Bretton Woods. Em 
1971, esse acordo acabou, com uma inflação gran-
de no dólar, que chegou até mesmo ao patamar de 
dois dígitos durante os anos 70.
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Os americanos, percebendo que o dólar poderia 
perder o status de moeda mundial, começaram 
a pensar (de uma maneira brilhante, diga-se de 
passagem), em termos geopolíticos: como po-
demos garantir que o mundo todo vai continuar 
precisando de dólares, agora que o dólar não 
tem mais um lastro em ouro para servir como 
âncora da economia mundial? “Bom, se as pes-
soas não precisam de dólares agora, porque não 
há mais um lastro seguro, do que elas precisam 
a ponto de não poder viver sem”? A resposta 
foi: o petróleo.
“Se todos os países precisam de petróleo, e se 
dermos um jeito de garantir que o petróleo só 
possa ser negociado em dólares, todos continu-
arão precisando de dólares”. O acordo foi feito, 
por isso até hoje os Estados Unidos são aliados 
da Arábia Saudita, que levou a uma negociação 
do petróleo em dólares, manteve o papel do dó-
lar como uma moeda mundial. 
91
Vamos pensar na moeda como qualquer outra 
mercadoria, sujeita às leis de oferta e demanda. 
Se no nosso país,com nossa moeda exótica, o 
real, nós começarmos a imprimir mais notas de 
200 reais, ou mesmo com ausência de impres-
são, através do simples apertar de um botão 
com a criação de dinheiro eletrônico, a conse-
quência seria um aumento da oferta de reais, ao 
mesmo tempo que não há um aumento da de-
manda por reais.
Quem valoriza o real é basicamente o brasilei-
ro e alguns povos vizinhos, na ausência de uma 
moeda melhor, já que por mais que o real te-
nha seus defeitos, ainda é melhor do que o peso 
argentino, do que o bolívar venezuelano. Con-
tudo, quanto mais você cria reais, menos eles 
tendem a valer.
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Para a moeda americana esse mesmo tipo de 
dinâmica não existe? Existe, mas o limite para 
a criação é muito maior, porque em vez de ser 
valorizado apenas por um único país ou alguns 
poucos países, como no caso do real, o dólar é 
valorizado pelo mundo todo.
Quando japoneses vão fazer negócios com bra-
sileiros, a moeda de referência é o dólar; quando 
europeus vão fazer negócios com africanos, a 
moeda utilizada é o dólar; quando os chineses 
vão fazer negócios com outros países - a China 
quer mudar essa dinâmica, mas por enquanto a 
moeda utilizada é o dólar.
No dólar há uma dinâmica muito interessante, 
que foi observada durante o ano de 2020. Devi-
do à crise, os americanos aumentaram muito a 
oferta monetária do dólar; e como nós já vimos 
neste capítulo, o aumento da oferta monetária 
deveria ocasionar uma diminuição do poder de 
compra do dólar, todos os preços deveriam au-
mentar contra o dólar.
No entanto, não foi essa dinâmica que nós ob-
servamos, sobretudo, ao comparar o dólar com 
moedas de países emergentes, países com a 
economia mais fraca.
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Por quê? Novamente, temos que pensar sob 
a ótica de oferta e demanda. Vamos pegar o 
exemplo de um empresário, pensando individu-
almente. Vamos supor que você esteja passan-
do por dificuldades devido à crise, e pense em 
pegar um empréstimo. Após um breve estudo, 
chega à conclusão de que, no Brasil, nós cobra-
mos juros mais altos do que os americanos co-
bram.
Ao pegar crédito nos Estados Unidos, você teria 
um custo com juros mais baixos, comparado ao 
custo que teria no Brasil; e uma outra questão é 
que, a todo momento, a mídia mostra o tanto de 
dólares que estão sendo criados pelo governo 
americano, e dez entre dez economistas falam 
que isso não vai terminar bem para o dólar. 
94
Você, como uma pessoa inteligente, pensa “Bom, se lá fora os 
juros são menores do que aqui, e o dólar deve se desvalorizar, 
porque estão criando trilhões de dólares, é mais inteligente pegar 
crédito lá fora; imagine pegar emprestado com o dólar valendo 
quase 6 reais, e quando for pagar o empréstimo, o dólar está va-
lendo 3 reais”. Talvez você nem tenha nada a pagar, você tem até 
um ganho na operação cambial.
Agora, vamos pensar que não existe apenas um empresário inteli-
gente. Existem milhões de pessoas inteligentes pelo mundo, com 
o mesmo raciocínio, pensando em pegar crédito lá fora a juros 
mais baixos, porque o dólar vai se desvalorizar. 
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Entretanto, se todo mundo pega empréstimos 
em dólar, o que vai acontecer é que no tempo 
de pagamento dos empréstimos, as pessoas 
precisarão de dólares, já que a dívida está feita 
na moeda americana e, novamente, oferta e de-
manda: se todos irão querer dólares no futuro, e 
o dólar, querendo ou não, ainda é algo escasso, 
pode ser criado em volumes cavalares, mas ain-
da escasso (somente os Estados Unidos podem 
criar dólares), o que tende a acontecer com um 
preço de algo que é muito demandado, mas tem 
uma oferta menor do que a sua demanda? Esse 
preço tende a subir. 
Isso explica, em parte, porque os americanos 
têm praticamente um superpoder nas mãos, 
que é o dólar; por mais que eles criem, o dólar 
demora muito mais para perder valor, em com-
paração com outras moedas.
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Um ponto interessante: o dólar é uma reserva 
de valor? Pegando os cinco critérios que vimos 
anteriormente, não. Apesar de ser escasso, ele 
pode ser produzido em quantidades cada vez 
maiores; os políticos americanos podem decidir 
produzir muito mais dólares do que já tivemos 
em termos de produção pregressa.
Em alguma hora, esse efeito do aumento da 
oferta monetária poderá chegar até os Estados 
Unidos. Ainda assim, o dólar é uma moeda mui-
to melhor em termos de preservação de valor 
do que várias outras moedas pelo mundo. Ló-
gico que não é a melhor moeda - pensando nas 
moedas fiduciárias, a mais interessante seria o 
Franco Suíço, que foi uma das poucas moedas 
que se valorizou contra o dólar ao longo do sé-
culo 20 e século 21.
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Se voltarmos para a época da Primeira Guerra Mundial, a co-
tação do dólar contra o franco suíço era muito parecida com 
a cotação do dólar contra o real agora. Você precisava de 
apenas um dólar para comprar cerca de 5,5 francos suíços. 
Hoje, essa relação já se inverteu, porque com um dólar você 
não consegue mais comprar um franco suíço.
A Suíça conseguiu a difícil tarefa de ter sua moeda se valori-
zando muito contra o dólar americano, que ainda é a moeda 
de reserva mundial, um meio de troca e a unidade de conta. 
É interessante notar que, na Suíça, também tivemos aumento 
de oferta monetária, mas, comercialmente, é menor do que 
em outros países, temos uma valorização da moeda suíça 
contra outras moedas que foram ainda mais desvalorizadas. 
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DESVALORIZAÇÃO PELO MUNDO
Podemos encontrar no livro A Desestatização do Dinheiro, do eco-
nomista austríaco Friedrich Hayek, que teve a brilhante ideia, alta-
mente heterodoxa em sua época, de imaginar um dinheiro que não 
dependesse do Estado. O interessante no livro é o seu apêndice, 
que tem uma tabela com a desvalorização monetária de diferentes 
moedas em 25 anos, desde 1950 até 1975.
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Várias moedas, sobretudo aquelas de países 
emergentes, se desvalorizaram em 99% ao lon-
go de 25 anos. Havia uma grande fragilidade 
monetária a que as pessoas estavam submeti-
das. O dólar americano teve uma inflação inte-
ressante após o final do lastro do ouro, em 1971. 
Já a moeda suíça valorizou mais de 60% nes-
se mesmo período. Por que gosto de citar esse 
dado? Mostra que, embora o dólar não seja uma 
moeda de valor tão interessante, já é uma cama-
da a mais para estar protegido contra a desvalo-
rização do dinheiro. 
Vemos isso nos dias de hoje, em exemplos da 
Economia do Equador e da economia argentina. 
O Equador já abriu mão de ter a sua própria mo-
eda, utilizando o dólar como moeda nacional. 
Vendo isso, muitas

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