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QUESTãO 76 Resposta D A) INCORRETA. O aluno que assinala esta alternativa não compreende o argumento em questão na passagem e confunde-se com a m...

QUESTãO 76 Resposta D
A) INCORRETA. O aluno que assinala esta alternativa não compreende o argumento em questão na passagem e confunde-se com a menção ao tocador de lira, acreditando que Aristóteles confere à música algum papel especial, quando se trata apenas de um exemplo de atividade humana comum.
B) INCORRETA. O aluno que assinala esta alternativa não percebe o argumento da passagem, que busca oferecer uma caracterização do que é a virtude. O aluno confunde-se, assim, com as acepções comuns de termos como “virtude”, “nobre” e “excelência”, acreditando que Aristóteles tem em mente certo ideal de nobreza e virtude que seria mais associada à moral heroica presente nos cantos homéricos.
C) INCORRETA. O aluno que assinala esta alternativa fixa-se na repetição do termo “função” ao longo da passagem. Possivelmente, ele também enxerga no exemplo do tocador de lira um argumento similar ao encontrado muitas vezes nos diálogos platônicos, culminando no argumento encontrado na República que afirma que cada cidadão deveria se dedicar a uma única arte, cumprindo assim cada um o seu papel social. Apesar de Aristóteles muitas vezes argumentar a favor de princípios que nós consideraríamos hoje elitistas, ele se distancia dessa concepção moral de Platão e, na passagem em questão, busca um princípio comum a toda a humanidade.
D) CORRETA. Nesta intrincada passagem da Ética a Nicômaco, Aristóteles está se questionando sobre qual a função de um bom ser humano. Isto é, ele coloca a questão central da ética, a saber, o que é ser bom? Como viver uma boa vida e ser feliz? O exemplo do tocador de lira dá uma primeira resposta ao questionamento: a função de um bom ser humano é a mesma função de um ser humano qualquer, a única diferença consistindo em que o bom ser humano realiza essa função, comum aos humanos em geral, da maneira mais excelente e nobre possível. Ora, resta então questionar qual a função do ser humano em geral. Aristóteles não busca fixar de antemão um princípio ético universal, mas inferir um através de um processo de abstração, que tem por fundamento a observação da vida e dos comportamentos humanos tais como eles são. As atividades humanas são variadas e existem muitas maneiras em que um indivíduo pode demonstrar nobreza e excelência, isto é, existem várias virtudes reconhecidas comumente entre as pessoa. Porém, Aristóteles conclui que, apesar de variadas, todas essas virtudes, assim como todas as atividades particulares às quais os seres humanos se dedicam, são todas atividade da alma, isto é, remetem a um princípio racional comum. Esse princípio é a própria racionalidade considerada em si mesma. Ou seja, o que é distintivo do ser humano e que caracteriza, portanto, sua função, é a capacidade racional, considerada em abstrato, isto é, sem importar os seus usos concretos, particulares. Portanto, sendo a razão a função distintiva do ser humano, o bom ser humano é aquele que a desenvolve da maneira mais nobre e excelente, assim como se considera ser o caso para as virtudes particulares. Além disso, o fato da razão não se prender a nenhuma atividade particular, mas poder se desenvolver de variadas maneiras, implica que o seu bom desenvolvimento seja essencialmente crítico, isto é, voltado para a compreensão da própria atividade racional. Portanto, Aristóteles conclui que a vida contemplativa, voltada à reflexão e à elaboração filosófica, consiste no mais nobre fim da vida humana, o único meio de se atingir verdadeiramente a felicidade.
E) INCORRETA. O aluno que assinala esta alternativa não compreende o argumento em questão na passagem e, fixando-se em termos como “bondade” e “racional”, acredita que Aristóteles está defendendo um ideal de vida simples, resignado. Porém, esse é um ideal mais atrelado a correntes filosóficas posteriores, como o estoicismo ou epicurismo, e não a Aristóteles, que, inclusive na passagem em questão, defende o desenvolvimento ilimitado da racionalidade.

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Resolução dia 01 - somos 05_2022 (4)
32 pág.

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A questão 76 trata de uma passagem da Ética a Nicômaco de Aristóteles, na qual ele questiona qual é a função de um bom ser humano. A resposta correta é a alternativa D, que explica que a função distintiva do ser humano é a capacidade racional, considerada em abstrato, e que o bom ser humano é aquele que a desenvolve da maneira mais nobre e excelente, assim como se considera ser o caso para as virtudes particulares. Além disso, o fato da razão não se prender a nenhuma atividade particular, mas poder se desenvolver de variadas maneiras, implica que o seu bom desenvolvimento seja essencialmente crítico, isto é, voltado para a compreensão da própria atividade racional. Portanto, Aristóteles conclui que a vida contemplativa, voltada à reflexão e à elaboração filosófica, consiste no mais nobre fim da vida humana, o único meio de se atingir verdadeiramente a felicidade.

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