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PERGUNTA 6 Leia o trecho da poesia “Pai João”, de Jorge de Lima: “Pai João remou nas canoas. Cavou a terra. Fez brotar do chão a esmeralda Das f...

PERGUNTA 6 Leia o trecho da poesia “Pai João”, de Jorge de Lima: “Pai João remou nas canoas. Cavou a terra. Fez brotar do chão a esmeralda Das folhas - café, cana, algodão. Pai João cavou mais esmeraldas Que Paes Leme. A pele de Pai João ficou na ponta Dos chicotes. A força de Pai João ficou no cabo Da enxada e da foice. A mulher de Pai João o branco A roubou para fazer mucamas. O sangue de Pai João se sumiu no sangue bom Como um torrão de açúcar bruto Numa panela de leite. Pai João foi cavalo pra os filhos do ioiô montar [...]” (LIMA, Jorge de. Pai João. "Revista Nossa América", nov./dez., 1991, p. 9.) Com base nessa poesia de Jorge de Lima, publicada originalmente em 1927, e nos conhecimentos sobre a presença do negro na sociedade brasileira, considere as afirmativas a seguir: I- A poesia confirma que, por ter sido um dos primeiros países a acabar com a escravidão, o Brasil foi palco de uma inserção efetiva do negro no mercado de trabalho como mão de obra qualificada. II- Na comparação feita pelo poeta entre o sangue de Pai João e o torrão de açúcar bruto, percebe-se uma referência à importância do negro na mistura de etnias que definiu ao longo dos séculos a formação do povo brasileiro. III- A poesia de Jorge de Lima infere que a mestiçagem e a hibridez da cultura brasileira, bem como o papel central desempenhado pelo trabalho do negro na produção de riquezas, coexistiram com uma imensa exploração e injustiça social. IV- O mito da "democracia racial", baseado na mestiçagem biológica e cultural entre negros e brancos, preconiza a ideia de uma convivência harmoniosa e teve uma significativa presença na sociedade brasileira. Assinale a alternativa correta: a. I e III são verdadeiras. b. I e IV são verdadeiras. c. II e IV são verdadeiras. d. I, II e III são verdadeiras. e. II, III e IV são verdadeiras. 0,3 pontos PERGUNTA 7 Leia o texto abaixo e responda à questão: Gobineau – As bases do pensamento racista Paisagem do Rio de Janeiro imperial “Mal o conde Gobineau colocou os pés no cais da Baía da Guanabara, declarou guerra aos da terra. Não hesitou muito em classificar o país como um império de malandros. O calor, as baratas, os insetos de todos os tamanhos, os ratos audazes que cruzavam as casas por todos os lados, as cobras que passeavam pelos jardins, sapos grandes como cachorros, e até voos rasantes de morcegos fizeram com que ele imaginasse se encontrar num anexo do inferno. E, olhando aquilo tudo, indiferente, com um cigarro enfiado na orelha e um palito no canto da boca, eis o carioca, um contumaz vadio incapaz de qualquer iniciativa. Gobineau no Brasil, ao contrário de Tocqueville na América do Norte, não percebera, ou não quis ver, que o problema da pouca dedicação ao trabalho com que ele se deparou no Brasil devia-se à existência da escravidão. Enquanto Tocqueville, ao comparar os estados de Ohio (livre), com o Kentuky (escravista), deixou páginas de inteligente observação sobre os estragos que o regime servil provocava nos brancos sulistas, deixando-os apáticos, menosprezando o esforço físico, o conde Gobineau atribuía a malevolência que encontrou no Brasil ao miscigenismo. O Rio de Janeiro, disse ele, assemelhava-se a ‘uma bonita donzela inculta e selvagem que não sabe ler nem escrever’, uma paisagem exuberante emoldurada com florestas sensacionais, mas que não estavam impregnadas de ‘natureza moral’. Naquele descalabro – onde o até o círculo diplomático encontrava-se ‘estagnado em sua própria imbecilidade’ – salvava-se o imperador.” Medo da miscigenação “D. Pedro II, homem culto, estimava Gobineau, reservando-lhe horas de boa e variada conversa, não evitando, entretanto, que ele fosse também um outro francês acometido por um ‘terror religioso’ no Novo Mundo. O medo dele porém era outro. Não temia a democracia que por aqui não havia, mas sim um mundo devastado pela miscigenação, quando não pelo absoluto reino da vadiagem. O mau humor de Gobineau nunca o abandonou, mesmo com o imperador correspondendo-se com ele até um pouco antes da sua morte, em 1882, parece que nunca deixou de praguejar contra o que viu no Brasil.” Fonte: Texto e imagens (sem identificação de autoria) disponíveis em: http://projetodehistoriaanjodaguarda.blogspot.com.br/2009/03/gobineau-as-bases-do-pensamento-racista.html Data de acesso: 12/04/2012. O termo miscigenação, no contexto do texto, possui o seguinte sentido: a. Refere-se à mistura das raças presentes no Brasil, que resultaria em uma raça inferior. b. Refere-se apenas à mistura das raças consideradas inferiores, isto é, os índios e os africanos. c. Refere-se a uma visão crítica que o termo adquiriu ao longo dos tempos, tornando-se uma bandeira de luta. d. Refere-se a uma visão que, apesar da crítica, acreditava no potencial do povo brasileiro no futuro. e. Refere-se ao início do processo que resultaria na libertação dos negros e na formação da democracia racial no Brasil. 0,3 pontos PERGUNTA 8 As alternativas apresentam alguns dos mitos e inverdades que acabaram sendo propalados a respeito de nosso passado colonial e escravista, exceto: a. O nosso povoamento é fruto de uma política colonial que teria enviado às terras brasileiras os “piores cidadãos” portugueses, indesejados na Europa, como ladrões, corruptos e desqualificados de toda sorte. b. Os índios não puderam ser escravizados, pois eram mais rebeldes, tinham o espírito de liberdade e não se sujeitaram às condições impostas pelo trabalho escravo. c. O Brasil já era parte de um grande projeto capitalista moderno desde o início de sua colonização, com altos investimentos da elite econômica da época, representada pela burguesia. d. Os negros, por já estarem mais acostumados à escravidão no continente africano, foram mais facilmente trazidos ao Brasil e submetidos ao trabalho forçado. e. A escravidão no Brasil foi uma das mais longas na história moderna, devido ao caráter passivo e acomodado dos negros, que pouca ou nenhuma resistência apresentavam à sua condição de escravo. 0,3 pontos PERGUNTA 9 Sobre a diáspora vivida pelos negros após sua transferência forçada ao Brasil, a partir de 1550, avalie as afirmações e assinale aquela que melhor descreve esse fenômeno histórico: a. Desterrados de seu continente, separados de seus laços de relação pessoal, ignorantes da língua e dos costumes, o deslocamento dos negros foi de tal monta que acabou alterando cores, costumes e a própria estrutura da sociedade local. b. Toda a história da África foi sendo apagada dos livros, que passaram a contar a história apenas sob a perspectiva do branco colonizador. c. Foi inegável influência que a cultura brasileira, em formação, recebeu como herança africana, não só no campo econômico, por meio do trabalho escravo e não remunerado, mas nos campos demográfico, cultural, entre outros. d. Os quilombos contribuíram como força de resistência negra durante o período de escravidão, surpreendendo também pela capacidade de organização e por apresentar uma proposta social e política alternativa ao modelo colonial. e. Trata-se do envio de milhares de imigrantes brancos ao Brasil a partir, principalmente, do início do século XX, para substituir a mão de obra negra após a abolição da escravatura. 0,3 pontos PERGUNTA 10 O projeto nacional de branqueamento pode ser compreendido a partir das afirmações a seguir, exceto: a. Não se preparou nenhuma condição para que os negros recém-libertos estivessem em igualdade de direitos e oportunidades no então mercado de trabalho; milhares de imigrantes brancos foram trazidos a partir, principalmente, do início do século XX, para que ocupassem esses postos de trabalho. b. A Guerra do Paraguai pode ser considerada uma das estratégias do projeto nacional de branqueamento, uma vez que nela morreram cerca de 90.000 negros, abrindo ainda mais postos de trabalho para imigrantes brancos recém-chegados ao Brasil. c. O ideal de branqueamento também produziu as chamadas ideologias raciais do negro e mulato e do branco, colocando, de forma evidente, negros e brancos em lugares sociais desiguais e hierarquizados. d. Os quilombos foram muito importantes no processo de branqueamento, uma vez que milhares de escravos negros se refugiavam nesses locais, bem afastados e de difícil acesso aos senhores brancos, abrindo espaço para o imigrante branco no mercado de trabalho. e. Uma das consequências do projeto nacional de branqueamento foi a marginalização social das populações negras, uma vez que, sem possibilidade de trabalho remunerado, acabaram se instalando nas periferias das cidades, nas regiões mais pobres do Brasil. 0,3 pontos

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Resposta da PERGUNTA 6: A alternativa correta é a letra a. I e III são verdadeiras. Resposta da PERGUNTA 7: A alternativa correta é a letra a. Refere-se à mistura das raças presentes no Brasil, que resultaria em uma raça inferior. Resposta da PERGUNTA 8: A alternativa correta é a letra c. O Brasil já era parte de um grande projeto capitalista moderno desde o início de sua colonização, com altos investimentos da elite econômica da época, representada pela burguesia. Resposta da PERGUNTA 9: A alternativa correta é a letra a. Desterrados de seu continente, separados de seus laços de relação pessoal, ignorantes da língua e dos costumes, o deslocamento dos negros foi de tal monta que acabou alterando cores, costumes e a própria estrutura da sociedade local. Resposta da PERGUNTA 10: A alternativa correta é a letra b. A Guerra do Paraguai pode ser considerada uma das estratégias do projeto nacional de branqueamento, uma vez que nela morreram cerca de 90.000 negros, abrindo ainda mais postos de trabalho para imigrantes brancos recém-chegados ao Brasil.

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