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À semiologia neurológica, psicopatológica e neuropsicológica (Izquierdo, 2002; Budson; Price, 2005). São eles: 1. Memória de trabalho 2. Memória ep...

À semiologia neurológica, psicopatológica e neuropsicológica (Izquierdo, 2002; Budson; Price, 2005). São eles:
1. Memória de trabalho
2. Memória episódica
3. Memória semântica
4. Memória de procedimentos
A memória de trabalho (working memory) situa-se entre os processos e habilidades da atenção e os da memória imediata. São exemplos de memória de trabalho ouvir um número telefônico e retê-lo na mente para, em seguida, discá-lo, assim como, ao dirigir em uma cidade desconhecida, perguntar sobre um endereço, receber a a (normal de 4 a 5 dígitos; 3, resultado limítrofe; e 2 ou menos dígitos, alterado). Pode-se igualmente testar a memória de trabalho de natureza visuoespacial, utilizando-se labirintos gráficos e quebra-cabeças (Howieson; Loring, 2004; Lezak, 2012).
De modo geral, todas as condições que afetam as regiões pré-frontais causam alteração da memória de trabalho. Elas ocorrem em distintas condições clínicas, mas sobretudo nas demências, como:
1. demência frontotemporal (DFT), sobretudo na variante frontal da DFT
2. demência de Alzheimer (sobretudo na varitante frontal desta demência)
3. demências vasculares e demência com corpos de Lewy
A memória de trabalho pode também estar comprometida na esclerose múltipla e no traumatismo craniano. Na demência de Alzheimer, o componente “sistema executivo” parece ser o que mais está prejudicano na memória de trabalho.
Em quadros psicopatológicos como esquizofrenia, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade e transtorno obsessivo-compulsivo, também se verificam alterações da memória de trabalho. No envelhecimento normal, ocorrem frequentemente dificuldades, de leves a moderadas, na memória de trabalho.
Trata-se de memória explícita, de médio e longo prazos, relacionada a eventos específicos da experiência pessoal do indivíduo, ocorridos em determinado contexto. Relatar o que foi feito no último fim de semana é um típico exemplo de memória episódica. Ela corresponde a eventos específicos e concretos, comumente autobiográficos, bem circunscritos em determinado momento e local. Refere-se, assim, à recordação consciente de fatos reais. A perda da memória episódica, em geral, se evidencia para eventos autobiográficos recentes, mas, com o evoluir da doença (p. ex., doença de Alzheimer), pode incluir elementos mais antigos. Nesse sentido, a perda de memória episódica obedece à lei de Ribot (perdem-se primeiro os elementos recentemente adquiridos e, depois, os mais antigos).
Esse tipo de memória depende, em essência, de mecanismos relacionados às regiões da face medial dos lobos temporais, particularmente o hipocampo e os córtices entorrinal e perirrinal. Quando tais áreas se deterioram, por exemplo, com o avançar da demência de Alzheimer, o paciente perde totalmente a capacidade de fixar e lembrar eventos ocorridos há poucos minutos ou horas, inclusive situações marcantes e significativas para ele. Os pacientes com síndrome de Wernicke-Korsakoff têm déficits graves na memória episódica, uma condição relacionada a danos no diencéfalo, primariamente nos corpos mamilares, no trato mamilo-talâmico e no tálamo anterior.
Respeitando a lei de Ribot, a memória remota de eventos antigos permanece mais tempo sem alterações. O hipocampo é um depósito transitório de memórias, uma estação de transferência de elementos recentemente registrados para um arquivo mais permanente de lembranças, localizado de modo difuso em amplas áreas do córtex dos distintos lobos cerebrais. A memória episódica interage constantemente com a memória semântica (de conhecimentos gerais e conceitos; ver adiante), contrastando ou se articulando com ela.
Suspeita-se de alteração da memória episódica quando se nota que o sujeito vai se tornando incapaz de reter e lembrar informações e experiências recentes de maneira correta e acurada. Um modo simples de fazer um primeiro rastreamento sobre a memória episódica de uma pessoa é contar uma pequena história para ela e, alguns minutos depois, pedir que a reconte.
Deve-se entrevistar o paciente investigando a evolução temporal das falhas de memória. Nesse sentido, o relato de parentes próximos e cuidadores é essencial, pois o indivíduo geralmente não tem crítica de seu estado cognitivo e não costuma perceber suas perdas. Um modo prático de inquirir parentes e cuidadores é perguntar se, em comparação a alguns anos atrás, o paciente tem agora mais dificuldades em se lembrar de coisas que acontecem recentemente. É importante, para avaliar o significado da alteração da memória episódica, que sejam investigadas outras áreas cognitivas além da memória (como linguagem, atenção, habilidades visuoespaciais e funções executivas). Por fim, devem ser examinados sinais neurológicos focais e alterações de possíveis doenças físicas sistêmicas.
As perdas de memória episódica ocorrem principalmente nos transtornos neurocognitivos, sobretudo na demência de Alzheimer. Nesses casos, os déficits de memória instalam-se de forma lenta e progressiva. Também nos transtornos neurocognitivos especificamente associados à memória, como na síndrome de Wernicke-Korsakoff, ocorre prejuízo marcante da memória episódica.
Na demência com corpos de Lewy, embora se verifiquem déficits importantes nas funções executivas frontais, há preservação da memória episódica (Simard et al., 2000).
Até há pouco tempo, considerava-se que a memória episódica estaria relativamente preservada na DFT. Entretanto, estudos recentes indicam que ela pode estar significativamente prejudicada, sobretudo na variante comportamental dessa doença (Wong et al., 2014). Também é relatado prejuízo da memória episódica em condições como esquizofrenia, transtorno dissociativo (aqui, a dificuldade é na evocação da memória episódica) e doença de Parkinson (Pause et al., 2013).
Esse tipo de memória se refere ao aprendizado, à conservação e à utilização do arquivo geral de conceitos e conhecimentos do indivíduo (os chamados conhecimentos gerais sobre o mundo). Assim, conhecimentos como a cor do céu (azul) ou de um papagaio (verde), ou quantos dias há na semana (sete), são de caráter geral e se cristalizam por meio da linguagem, ou seja, também são de caráter semântico. Assim como a episódica, a memória semântica é frequentemente explícita (mas pode ser, eventualmente, implícita). Ela é, enfim, a representação de longo prazo dos conhecimentos que temos sobre o mundo, entre eles o significado das palavras, dos objetos e das ações.
Também, cabe assinalar, a memória semântica diz respeito ao registro e à retenção de conteúdos em função do significado que têm. Ela é um componente da memória de longo prazo que inclui os conhecimentos de objetos, fatos, operações matemáticas, assim como das palavras e seu uso. A memória semântica é, de modo geral, compartilhada socialmente, reaprendida de forma constante, não sendo temporalmente

Essa pergunta também está no material:

APG- MEMÓRIA E ALZHEIMER
80 pág.

Administração de Medicamentos Colegio ImpactoColegio Impacto

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O texto apresenta informações sobre a semiologia neurológica, psicopatológica e neuropsicológica, com foco em diferentes tipos de memória. São eles: 1. Memória de trabalho: relacionada aos processos e habilidades da atenção e da memória imediata. Exemplos incluem reter um número telefônico na mente para discá-lo ou lembrar de um endereço enquanto dirige em uma cidade desconhecida. Pode ser testada com labirintos gráficos e quebra-cabeças. Alterações na memória de trabalho podem ocorrer em diferentes condições clínicas, como demências, esclerose múltipla e traumatismo craniano, bem como em quadros psicopatológicos como esquizofrenia, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade e transtorno obsessivo-compulsivo. 2. Memória episódica: relacionada a eventos específicos da experiência pessoal do indivíduo, ocorridos em determinado contexto. Exemplos incluem recordar o que foi feito no último fim de semana. A perda da memória episódica se evidencia para eventos autobiográficos recentes e obedece à lei de Ribot (perdem-se primeiro os elementos recentemente adquiridos e, depois, os mais antigos). Alterações na memória episódica podem ocorrer em diferentes condições clínicas, como demências, síndrome de Wernicke-Korsakoff, esquizofrenia, transtorno dissociativo e doença de Parkinson. 3. Memória semântica: relacionada ao registro e à retenção de conteúdos em função do significado que têm. Exemplos incluem a cor do céu ou quantos dias há na semana. A memória semântica é um componente da memória de longo prazo que inclui os conhecimentos de objetos, fatos, operações matemáticas, assim como das palavras e seu uso. Alterações na memória semântica podem ocorrer em diferentes condições clínicas, como demências.

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