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2. (Enem 2017) Entrei numa lida muito dificultosa. Martírio sem fim o de não entender nadinha do que vinha nos livros e do que o mestre Frederico falava. Estranheza colosso me cegava e me punha tonto. Acho bem que foi desse tempo o mal que me acompanha até hoje de ser recanteado e meio mocorongo. Com os meus, em casa, conversava por trinta, tinha ladineza e entendimento. Na rua e na escola – nada; era completamente afrásico. As pessoas eram bichos do outro mundo que temperavam um palavreado grego de tudo. Já sabia ajuntar as sílabas e ler por cima toda coisa, mas descrencei a pedir a influência de ir à escola, porque diante dos escritos que o mestre me passava e das lições marcadas nos livros, fiquei sendo uma quarta-feira de marca maior. Alívio bom era quando chegava em casa. BERNARDES, C. Rememórias dois. Goiânia: Leal, 1969. O narrador relata suas experiências na primeira escola que frequentou e utiliza construções linguísticas próprias de determinada região, constatadas pelo
A registro de palavras como “estranheza” e “cegava”.
B emprego de regência não padrão em “chegar em casa”.
C uso de dupla negação em ‘não entender nadinha”.
D emprego de palavras como “descrencei” e “ladineza”.
E uso do substantivo “bichos” para retomar “pessoas”.
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Testando o Conhecimento

há 2 anos

Respostas

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há 6 meses

Vamos analisar as alternativas uma a uma para identificar a que melhor representa as construções linguísticas próprias de uma determinada região, conforme o texto apresentado. A) Registro de palavras como “estranheza” e “cegava” - Essas palavras são comuns e não necessariamente indicam uma construção regional específica. B) Emprego de regência não padrão em “chegar em casa” - A expressão "chegar em casa" está correta e não apresenta uma regência não padrão. C) Uso de dupla negação em “não entender nadinha” - A dupla negação é uma característica de algumas variedades do português falado em regiões específicas, o que pode indicar uma construção regional. D) Emprego de palavras como “descrencei” e “ladineza” - Essas palavras são menos comuns e podem ser consideradas como características regionais, mas não são tão evidentes quanto a dupla negação. E) Uso do substantivo “bichos” para retomar “pessoas” - Embora "bichos" possa ser uma forma coloquial, não é uma construção linguística que indique uma regionalidade específica. Após essa análise, a alternativa que melhor representa uma construção linguística própria de uma determinada região é a C) uso de dupla negação em “não entender nadinha”.

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há 2 anos

A alternativa correta é a letra D) emprego de palavras como “descrencei” e “ladineza”.

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1. (Enem 2017) Pela primeira vez na vida teve pena de haver tantos assuntos no mundo que não compreendia e esmoreceu. Mas uma mosca fez um ângulo reto no ar, depois outro, além disso, os seis anos são uma idade de muitas coisas pela primeira vez, mais do que uma por dia e, por isso, logo depois, arribou. Os assuntos que não compreendia eram uma espécie de tontura, mas o Ilídio era forte. Se calhar estava a falar de tratar da cabra: nunca esqueças de tratar da cabra. O Ilídio não gostava que a mãe o mandasse tratar da cabra. Se estava ocupado a contar uma história a um guarda-chuva, não queria ser interrompido. Às vezes, a mãe escolhia os piores momentos para chamá-lo, ele podia estar a contemplar um segredo, por isso, assustava-se e, depois, irritava-se. Às vezes, fazia birras no meio da rua. A mãe envergonhava-se e, mais tarde, em casa, dizia que as pessoas da vila nunca tinham visto um menino tão velhaco. O Ilídio ficava enxofrado, mas lembrava-se dos homens que lhe chamavam reguila, diziam ah, reguila de má raça. Com essa memória, recuperava o orgulho. Era reguila, não era velhaco. Essa certeza dava-lhe forças para protestar mais, para gritar até, se lhe apetecesse. PEIXOTO, J. L. Livro. São Paulo: Cia. das Letras, 2012. No texto, observa-se o uso característico do português de Portugal, marcadamente diferente do uso do português do Brasil. O trecho que confirma essa afirmação é:
A “Pela primeira vez na vida teve pena de haver tantos assuntos no mundo que não compreendia e esmoreceu.”
B “Os assuntos que não compreendia eram uma espécie de tontura, mas o Ilídio era forte.”
C “Essa certeza dava-lhe forças para protestar mais, para gritar até, se lhe apetecesse.”
D “Se calhar estava a falar de tratar da cabra: nunca esqueças de tratar a cabra.”
E “O Ilídio não gostava que a mãe o mandasse tratar a cabra.”

Para a autora, a substituição de “haver” por “ter” em diferentes contextos evidencia que

A o estabelecimento de uma norma prescinde de uma pesquisa histórica.
B os estudos clássicos de sintaxe histórica enfatizam a variação e a mudança na língua.
C a avaliação crítica e hierarquizante dos usos da língua fundamenta a definição da norma.
D a adoção de uma única norma revela uma atitude adequada.
E para os estudos linguísticos, os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão da constituição linguística.

De acordo com o texto, há no Brasil uma variedade de nomes para a Manihot utilissima, nome científico da mandioca. Esse fenômeno revela que
A existem variedades regionais para nomear uma mesma espécie de planta.
B mandioca é nome específico para a espécie existente na região amazônica.
C “pão-de-pobre” é a designação específica para a planta da região amazônica.
D os nomes designam espécies diferentes da planta, conforme a região.
E a planta é nomeada conforme as particularidades que apresenta.

Na esteira do desenvolvimento das tecnologias de informação e de comunicação, usos particulares da escrita foram surgindo. Diante dessa nova realidade, segundo o texto, cabe à escola levar o aluno a
A interagir por meio da linguagem formal no contexto digital.
B buscar alternativas para estabelecer melhores contatos on-line.
C adotar o uso de uma mesma norma nos diferentes suportes tecnológicos.
D desenvolver habilidades para compreender os textos postados na web.
E perceber as especificidades das linguagens em diferentes ambientes digitais.

Um aspecto da composição estrutural que caracteriza o relato pessoal de A.P.S. como modalidade falada da língua é
A predomínio de linguagem informal entrecortada por pausas.
B vocabulário regional desconhecido em outras variedades do português.
C realização do plural conforme as regras da tradição gramatical
D ausência de elementos promotores de coesão entre os eventos narrados.
E presença de frases incompreensíveis a um leitor iniciante.

O fragmento é baseado nos originais de Mário de Andrade destinados à elaboração da sua Gramatiquinha. Muitos rascunhos do autor foram compilados, com base nos quais depreende-se do pensamento de Mário de Andrade que ele
A demonstra estar de acordo com os ideais da gramática normativa.
B é destituído da pretensão de representar uma linguagem próxima do falar.
C dá preferência à linguagem literária ao caracterizá-la como estilização erudita da linguagem oral.
D reconhece a importância do registro do português do Brasil ao buscar sistematizar a língua na sua expressão oral e literária.
E reflete a respeito dos métodos de elaboração das gramáticas, para que ele se torne mais sério, o que fica claro na sugestão de que cada um se dedique a estudos pessoais.

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