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Dúvida acerca do cabimento de embargos contra toda e qualquer decisão judicial, consolidando, no texto codificado, entendimento jurisprudencial que...

Dúvida acerca do cabimento de embargos contra toda e qualquer decisão judicial, consolidando, no texto codificado, entendimento jurisprudencial que vem admitindo tal hipótese. O art. 203 do Novo CPC dispõe que os pronunciamentos do órgão jurisdicional consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. A resolutividade de sentenças e de decisões interlocutórias fica evidenciada pela natureza decisória que a lei lhes confere, explicitada nos §§ 1º e 2º do citado dispositivo processual. Quanto aos despachos, dificilmente se constata uma absoluta inexistência de carga resolutiva. A rigor, como variação do dever de motivação, toda e qualquer manifestação judicial no processo deve ficar submetida a aclaramento pela via dos embargos, visto que os atos do juiz devem ser inequívocos e isentos de vícios intelectivos. O cabimento dos embargos de declaração, na nova sistemática, alcança as mesmas hipóteses elencadas no CPC anterior, notadamente os casos em que a decisão contém obscuridade ou contradição, ou é omissa sobre aspecto litigioso sobre o qual devia ter havido pronunciamento judicial, mas inclui também os casos em que se faz necessária a correção de erro material, cujo exemplo mais ilustrativo são os equívocos gráfico-redacionais, na linha do que já admitem os tribunais. O parágrafo único do art. 203 dispõe que se considera omissa a decisão que não se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento, bem como quando restar caracterizada qualquer das condutas enumeradas no art. 489, §1º, que considera não fundamentada a decisão judicial que: a) se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; b) empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; c) invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; d) não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; e) se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; f ) deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. O caput do art. 1.023 mantém praticamente a mesma redação do art. 536 do CPC de 1973, com o acréscimo da nova hipótese legal de cabimento dos embargos, que é a correção de erro material. O prazo para a oposição dos embargos declaratórios continua sendo de cinco dias, computando-se na contagem desse prazo somente os dias úteis, nos termos do disposto no art. 219 do Novo CPC. No sistema pretérito, no comum dos casos, o já abreviado prazo dos embargos restava, na prática, ainda mais reduzido quando no respectivo transcurso havia dias não úteis, problema agora resolvido com a exclusão desses dias da contagem do prazo. Igualmente manteve-se a isenção de pagamento de preparo. O art. 229, similarmente à disposição do art. 191 do CPC de 1973, confere aos litisconsortes patrocinados por diversos procuradores, mas desde que pertencentes a distintos escritórios de advocacia, o direito à contagem em dobro dos prazos para todas as manifestações processuais, em qualquer grau de jurisdição, excetuando dessa regra, contudo, os processos eletrônicos, visto que o meio digital afasta as dificuldades de vista e manuseio, próprias dos autos materializados. Ainda que esse direito tenha amplo alcance, pois abarca todas as manifestações processuais dos litisconsortes, o que inclui, portanto, as hipóteses de recursos, o §1º do art. 1.023 deixa expresso, para evitar qualquer dúvida, que a contagem em dobro estende-se aos casos de embargos de declaração. A jurisprudência dos tribunais pátrios sedimentou o entendimento de que nas hipóteses de embargos declaratórios com caráter infringente ao julgado deve ser oportunizado à contraparte manifestar-se sobre o teor do recurso, como forma de resguardar o contraditório, princípio que, no dizer de Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero (O Projeto do CPC: crítica e propostas. 2ª tir. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p. 36), apresenta a dupla dimensão de necessidade de bilateralidade de todos os atos processuais, pautada na informação e na reação, e de direito ao diálogo e dever de debate processual. O Novo CPC, reproduzindo a prática jurisprudencial, e tendo em vista as suas disposições fundamentais, especialmente o seu art. 7º, que assegura às partes igualdade de exercício de direitos e faculdades processuais, impõe a necessidade procedimento anterior, e à vista do princípio constitucional da razoável duração do processo, agora capitulado como garantia fundamental do processo civil (art. 4º), é que, não havendo julgamento na sessão subsequente, o recurso entrará automaticamente em pauta. Outro aspecto a considerar é a regra que determina o julgamento monocrático dos embargos, caso a decisão embargada não tenha sido proferida por órgão colegiado do tribunal. Não se trata de mera faculdade, como apressadamente se pode concluir, mas de ato impositivo, o que inevitavelmente implicará maior agilização na apreciação do recurso e no andamento processual, visto que, agora, nessa hipótese, o julgamento dos embargos declaratórios independe de sessão colegiada. Essa medida atende a um dos objetivos nucleares apregoados pela Comissão de Juristas encarregada da elaboração do anteprojeto legislativo, que é a redução da complexidade do processo, de modo a imprimir maior funcionalidade no seu desenvolvimento. Ainda no âmbito dos tribunais, em atenção ao princípio da fungibilidade recursal, o órgão julgador admitirá os embargos de declaração como agravo interno se considerar ser este o recurso cabível no caso concreto. No entanto, para que o recurso seja ajustado às exigências do art. 1.021, § 1º, que impõe ao agravante o ônus de impugnar especificadamente os fundamentos da decisão agravada, deverá a parte recorrente ser intimada para, no prazo de cinco dias, complementar suas razões recursais. Dúvidas podem surgir acerca da possibilidade de o recurso ser apreciado desde logo, sem ser oportunizada ao interessado a complementação de seu recurso. Como os embargos têm natureza meramente integrativa, ao passo que o agravo interno objetiva a modificação do julgado, portanto são recursos com diversos requisitos e finalidades, cumprirá ao órgão julgador necessariamente intimar a parte interessada, para promover as devidas adequações na fundamentação recursal, apontando os aspectos decisórios objeto de sua irresignação. Se restar inerte o recorrente a respeito dessa intimação, o recurso não passará pelo juízo de conhecimento, por inobservância dos requisitos legais do agravo interno. Com disciplinamento da matéria mais amplo do que o sistema anterior, o novo CPC prevê que caso o acolhimento dos embargos de declaração tenha efeitos infringentes à decisão embargada, a contraparte, que já interpusera recurso contra aquela decisão, terá direito de complementar ou de alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de quinze dias, cuja fluência começa da intimação da decisão dos embargos de declaração. Antes, diante dessa hipótese, a despeito da inexistência de previsão legal, a prática impunha à parte a necessidade de reiterar seu recurso ou de complementá-lo, para ajustá-lo às alterações da decisão, sob o risco de não conhecimento, no todo ou na parte em que as razões revelavam, a partir do julgamento dos embargos, estar dissociadas da decisão recorrida. Essa regra vale para decisões de primeira instância e de tribunais. No primeiro caso, a parte terá direito à complementação ou modificação das razões recursais nas hipóteses de interposição de apelação e de agravo de instrumento, quando a oposição dos embargos declaratórios tenha levado à alteração da sentença ou da decisão interlocutória, neste último caso conforme restrito elenco de decisões agraváveis previsto no art. 1.015 do Novo CPC

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840 pág.

Direito Processual Civil I

💡 1 Resposta

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Parece que você está compartilhando um texto extenso sobre embargos no Novo CPC. Como posso ajudar com isso?

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