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ser mais amplas do que a maximização dos lucros dos acionistas, estendendo-se para os interesses de outras partes interessadas, como clientes, empr...

ser mais amplas do que a maximização dos lucros dos acionistas, estendendo-se para os interesses de outras partes interessadas, como clientes, empregados, fornecedores e comunidades vizinhas. Acrescentou, ainda, que devem ser voluntariamente adotadas e que comportamentos influenciados por forças coercitivas de leis ou contratos não são voluntários. Apesar das abordagens que frisam a importância da voluntariedade na composição da responsabilidade social corporativa, inegavelmente as pressões da sociedade podem ser as impulsionadoras das ações empresariais em prol da RSC. Estudos como o de Bronn e Vidaver-Cohen (2009) identificaram uma série de forças institucionais que obrigam as empresas a fortalecer suas agendas sociais e compreender o impacto de suas atividades produtivas na degradação dos recursos comuns do meio ambiente. Tais forças foram apontadas pelos estudos de Márquez e Fombrun (2005) e Aguilera et al. (2007) como originadas da crescente intolerância de clientes e potenciais clientes a práticas corporativas que causem externalidades negativas, além da expectativa de que as empresas imponham sanções rápidas e significativas sobre executivos que se dediquem a condutas antiéticas. Naturalmente, também existem os motivos altruístas, que partem do princípio de que as iniciativas sociais estão ancoradas na ideia de que a empresa tem o dever ético de promover retornos à sociedade. Valores morais e o desejo de dar um contributo positivo para o futuro da sociedade continuam a ser um poderoso vetor da empresa com agenda social. Alguns estudos têm documentado casos em que “fazer a coisa certa” parece ser um motivo mais forte para a iniciativa social do que os benefícios práticos que essas atividades geram para a empresa, diminuindo a incidência de posturas motivadas pelo “o que eu ganho com isso?”. Nesse contexto, encontram-se as empresas que desejam, de forma genuína, gerar um mundo melhor e ainda lucram com isso (Hahn e Scheermesser, 2006). Na sequência, foram surgindo mais hospitais e asilos mantidos por detentores das grandes fortunas na época. Somente no final do século XIX e início do século XX, principalmente a partir de 1910, houve uma mudança de paradigma e o Estado passou a intensificar sua atuação social, especialmente nas questões de saúde, saneamento e educação, e diminuiu a dependência da filantropia e da assistência cristã. Ética e Sustentabilidade Figura 2 Evolução da responsabilidade social no Brasil Fonte: Ashoka; MacKinsey (2001, p. 23) Outro acontecimento marcante na evolução dos programas de apoio aos necessitados no Brasil foi o surgimento dos sindicatos, das associações, das federações e das confederações, os quais conectaram o sistema privado com as práticas de assistência para imigrantes, operários e empregados do comércio no contexto do início da industrialização e da crescente urbanização observada nas décadas de 1920 e 1930 (Paula e Rohden, 1996; Ioschpe, 1997). Dando um salto até a década de 1970, surgiram organizações motivadas pela resistência ao regime de ditadura para defender interesses e direitos civis, políticos e humanos. Para se posicionar distintamente das ações governamentais, surgiu o termo “organização não governamental” (ONG), que atualmente serve para designar qualquer instituição sem fins lucrativos. Essas organizações de resistência política foram determinantes para a entrada de recursos de fundações internacionais, como Ford Foundation, Rockefeller, MacArthur, e agências de fomento e cooperação internacional (Coelho, 2000). Adentrando os anos 1980, as crises sociais no continente africano e a abertura política e econômica de países do Leste Europeu levaram as fundações internacionais e órgãos de cooperação a redirecionar seus recursos para essas localidades com contingências emergentes. Isso gerou a necessidade de as organizações latino-americanas buscarem alternativas para sua viabilidade, e muitas fontes de recursos secaram (Ashoka e McKinsey, 2001). Foi somente na década de 1990 que houve mudanças marcantes no terceiro setor brasileiro. Entre os aspectos que fizeram com que houvesse a expansão de ações sociais de parte das organizações nesse período estão os questionamentos a respeito do acúmulo das funções de Estado protetor e regulador, ampliação da demanda pelo aprimoramento de questões sociais degradadas e aumento da conscientização sobre os danos gerados pelas atividades empresariais no meio ambiente (Camargo, 2002). Esse movimento gera uma tendência de redução da gestão social da esfera público-estatal para a esfera privada, com redução do ônus aos cofres públicos e diminuição da burocracia, além da consequente revisão do papel de vários atores (Silva, 2004). Uma modalidade que ganha força e que está totalmente alinhada com formas genuínas de contribuir com a sociedade por meio das organizações são os programas de voluntariado empresarial. Voluntário é o cidadão que, motivado pelos valores de participação e de solidariedade, doa seu tempo, trabalho e talento, de maneira espontânea e não remunerada, para causas de interesse social e comunitário. Ao vincular a prática de voluntariado a algum programa organizado por empresas, é possível utilizar o conceito elaborado pela Points of Light Foundation Wild (1998), que define o voluntariado corporativo (VC), ou voluntariado empresarial, como uma forma de apoio formal ou organizado de uma empresa a empregados ou aposentados que desejam servir, voluntariamente, doando seu tempo e habilidades. No voluntariado corporativo, como a terminologia sugere, a colaboração se dá por vontade própria e está alicerçada em sen-timentos altruístas. Fischer e Falconer (2001) destacam que o programa de VC deve ser constituído por uma iniciativa formal da empresa, que busca estimular o comportamento individual e espontâneo dos empregados para que se engajem nas práticas sociais, mas considerando que a participação deve ser facultativa. A adesão dos funcionários não pode sofrer qualquer forma de coerção, e o serviço não deve ser recompensado, de forma direta ou indireta, por qualquer tipo de remuneração financeira. A Itaipu Binacional pode ser estudada como um caso de sucesso na condução do programa de voluntariado corporativo. Quadro 2 O caso de sucesso Força Voluntária da Itaipu Binacional O Programa Força Voluntária da Itaipu Binacional, mais do que estimular a cidadania de cada colaborador, teve a intenção foi estabelecer as bases do voluntariado empresarial, ou seja, um programa que tivesse o apoio da direção da Itaipu, oferecendo ao mesmo tempo benefícios à comunidade e aumento da motivação dos empregados, por meio do bem-estar que é gerado. O principal objetivo do Força Voluntária sempre foi o de promover a cultura do voluntariado transformador, facilitando o acesso de quem deseja começar a atuar e de quem já contribuía de alguma forma em atividades de voluntariado individualmente. Também compunham os objetivos: promover a conscientização socioambiental da comunidade, apoiar financeiramente os projetos elaborados e desenvolvidos por voluntários nas instituições sociais onde atuam, qualificar o Terceiro Setor através de parcerias e capacitações, aumentar a satisfação dos colaboradores, melhorar o clima organizacional e aprimorar competências organizacionais dos colaboradores. 1/3 do quadro da Itaipu Binacional, do lado brasileiro, participaram de uma ou mais atividades do Força Voluntária, permeando todos os níveis hierárquicos da empresa, reunindo engenheiros, assistentes sociais, secretárias, mecânicos, administradores e outros profissionais em prol do voluntariado transformador. Este número de participação é bem maior que a média nacional de empresas que incentivam o voluntariado empresarial (de 10% a 15%). No tocante aos resultados obtidos pelo programa de VC, a percepção dos gestores da Itaipu Binacional foi de que esta atividade leva à qualificação dos atuantes, principalmente quanto ao trabalho em equipe, proatividade e liderança. Isto porque o voluntariado conduz os envolvidos a atuarem em situações diferentes das vivenciadas no cotidiano laboral, o que envolve flexibilidade, desenvolvimento de múltiplas competências e enfrentamento de problemas que servirão de aprendizado para suas respectivas funções na Itaipu. A gestora Lilian Paparella, que liderou o Programa de Voluntariado Corporativo da Itaipu Binacional, enfatiza que houve uma preocupação constante para obtenção da convergência entre o desejo do empregado em atuar como voluntário nos problemas sociais e a demanda social, mapeada através da realização de diagnóstico local. Segundo Paparella: É acolhendo o interesse do empregado, e quando digo acolhendo quero dizer ouvindo e discutindo com o

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01 APOSTILAAMk-TICAESUSTENTABILIDADE2022
98 pág.

Governança Corporativa e Ética Empresarial Universidade PaulistaUniversidade Paulista

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