No deserto de Kalahari e nos contentar com estudar povos em Oxford ou Boston. Se as diferenças culturais são insignificantes, tudo o que descobrirm...

No deserto de Kalahari e nos contentar com estudar povos em Oxford ou Boston. Se as diferenças culturais são insignificantes, tudo o que descobrirmos sobre estudantes em Harvard deveria valer também para caçadores-coletores do Kalahari. Refletindo um pouco, muita gente admite a existência de ao menos algumas diferenças significativas entre culturas humanas, em coisas que vão de costumes sexuais a hábitos políticos. Como então deveríamos tratar essas diferenças? Relativistas culturais alegam que diferença não implica hierarquia, e que não devemos preferir uma cultura a outra. Humanos podem pensar e se comportar de várias maneiras, mas deveríamos celebrar essa diversidade e atribuir valor igual a todas as crenças e práticas. Infelizmente, essa abertura de espírito não resiste ao teste da realidade. A diversidade humana pode ser ótima quando se trata de culinária e poesia, mas poucos acham que queimar bruxas na fogueira, infanticídio ou escravidão são fascinantes idiossincrasias humanas que deviam ser protegidas contra a ingerência do capitalismo global. HARARI, Yuval Noah. 21 lições para o século 21. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. No texto, a perspectiva sobre as diferenças culturais e suas implicações éticas sugere que
(A) a valorização da heterogeneidade cultural deve ser incondicional, uma vez que todas as práticas e crenças culturais possuem valor igual.
(B) as diferenças biológicas entre grupos humanos, como mostrado pela genética, são mais significativas do que as diferenças culturais.
(C) a existência de antropólogos e historiadores é injustificada, pois as culturas humanas não apresentam diferenças significativas.
(D) enquanto a diversidade cultural é enriquecedora, certas práticas culturais podem ser eticamente inaceitáveis e não devem ser preservadas.
(E) a equivalência entre culturas se estende a todos os aspectos, incluindo práticas que podem ser consideradas moralmente questionáveis.