No ensinamento de Gagliano e Filho (2020, p. 1143): sem pretender pôr fim à controvérsia, uma vez que seria inadmissível a pretensão, entendemos, como já dissemos alhures, que ‘a característica básica da força maior é a sua inevitabilidade, mesmo sendo a sua causa conhecida (um terremoto, por exemplo, que pode ser previsto pelos cientistas); ao passo que o caso fortuito, por sua vez, tem a sua nota distintiva na sua imprevisibilidade, segundo os parâmetros do homem médio. Nesta última hipótese, portanto, a ocorrência repentina e até então desconhecida do evento atinge a parte incauta, impossibilitando o cumprimento de uma obrigação (um atropelamento, um roubo)’
Analise:
i) o caso fortuito é algo previsível, mas inevitável. Você não prevê, por exemplo, o dia e hora em que será atropelado para estar lá no momento correto do evento. Pense, por exemplo, num pintor que, ao ser atropelado, acaba com os braços quebrados e, por isso, não pode terminar uma pintura a tempo da entrega. Seria justo exigir dessa pessoa uma indenização pelo atraso na entrega? Obviamente que não, uma vez que a pessoa deixou de cumprir com o combinado por algo repentino e imprevisível.
ii) a força maior é algo absolutamente imprevisível. Trata-se de um maremoto, um tsunami, uma guerra. A atual meteorologia pode prever certos fenômenos físicos. A análise internacional nos permite entender as chances de uma guerra ocorrer. Mas, sozinhos, temos como evitar esses incidentes todos? De jeito nenhum. Tem-se, aqui, a força maior.
iii) Tartuce (2021, p. 588) traz um julgado que reflete a aplicação do caso fortuito: trata-se da venda de um lote de terra que não pode ser concretizada pois o referido imóvel foi desapropriado. Nesse caso, diz o magistrado: “Superveniente desapropriação que inviabilizou a entrega do lote adquirido pelo autor. Cabimento da rescisão. [...] Necessária restituição integral e imediata das parcelas pagas. Retorno das partes ao status quo ante”. Nesse caso, se restitui o valor que a pessoa pagou, e as partes voltam a seu status anterior ao negócio.
Logo,
a) i e ii corretas
b) ii e iii corretas
c) i e ii incorretas
d) ii e iii incorretas
Vamos analisar cada alternativa: a) i e ii corretas: - A afirmação i está correta, pois descreve corretamente o caso fortuito como algo imprevisível e repentino. - A afirmação ii também está correta, pois descreve corretamente a força maior como algo absolutamente imprevisível, como maremotos, tsunamis e guerras. Portanto, a alternativa correta é a letra a) i e ii corretas.
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