que essas “partículas cadavé-ricas” (note-se que ainda não estávamos na era da microbiologia de Pasteur) seriam levadas pelas mãos de estudantes de...
que essas “partículas cadavé-ricas” (note-se que ainda não estávamos na era da microbiologia de Pasteur) seriam levadas pelas mãos de estudantes de medi-cina às pacientes. Semmelweis pôde fazer esta suposição por ter observado que, na ala de maior letalidade, os partos eram realizados por estudantes de medicina, que também atuavam nas salas de autópsia, enquanto a ala de mortalidade menor era atendida por parturientes, que não faziam necropsias. A partir desta hipótese, tornou obrigatória a lavagem das mãos, complementada inicialmente com limpeza com cloro líquido, tendo sido substituído por cloreto de cálcio, por questões de custo. Após a aplicação destas intervenções, em 1847, após seis meses, a mortalidade por febre puerperal caiu para apenas 3%, e no ano seguinte chegou a apenas 1,3%. Semmelweis fez o mesmo que os controladores de infecção fazem hoje: vigilância epidemiológica, estudos caso-controle para testar hipó-teses, criação e implementação de intervenções e verificação do impacto destas ações nos níveis de infecção hospitalar. Deve-se mencionar que este gênio foi incompreendido em sua época, e mais de 150 anos depois de sua descoberta, ainda não se conseguiram atingir níveis aceitáveis de freqüência de lavagem das mãos entre os profissionais de saúde em todo o mundo.
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