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O Ministério da Saúde espanhol promoveu o Consenso sobre AF postulando como conceito: “a participação ativa do farmacêutico na assistência ao pacie...

O Ministério da Saúde espanhol promoveu o Consenso sobre AF postulando como conceito: “a participação ativa do farmacêutico na assistência ao paciente, entendendo como tal a dispensação e o seguimento de um tratamento farmacoterapêutico, cooperando com o médico e outros profissionais sanitários para conseguir resultados que melhorem a qualidade de vida daquele” (ESPANHA, 2001). Desse conceito se depreende que um dos principais objetivos da atividade profissional é a responsabilidade que adquire o farmacêutico de obter os maiores benefícios dos tratamentos que recebem os pacientes e que isto vai ser conseguido realizando um seguimento de sua medicação com a finalidade de detectar, prevenir e resolver possíveis problemas relacionados com a mesma. Atualmente se admite que a interpretação mais adequada do termo PC é o Seguimento da Farmacoterapia (SFT) do paciente que o profissional realiza, enquanto AF seria um conceito mais amplo que engloba não somente o SFT, senão também a dispensação ativa, aconselhamento e informação oferecidos pelo farmacêutico, indicação farmacêutica, educação sanitária, farmacovigilância e demais serviços assistenciais (ESPANHA, 2001). Isso implica uma mudança de mentalidade e de forma de trabalho: as farmácias devem evoluir face ao conceito de “empresas de serviços”, onde a função do farmacêutico se estende desde a orientação ao medicamento à atenção ao paciente, requerendo uma série de modificações tanto na filosofia da equipe como na estruturação da própria farmácia, a saber: mais tempo para atender o paciente, espaço físico onde se realizem as entrevistas, sistemas de documentação para registrar seus dados, estudo da estratégia de intervenção para alcance de melhores resultados da farmacoterapia, informes escritos dirigidos ao médico, a outros profissionais ou ao próprio paciente, avaliação dos resultados das intervenções, continuar o seguimento do paciente enquanto estiver submetido ao tratamento, formação continuada da equipe de farmacêuticos, auditoria interna da farmácia para controlar a qualidade do serviço prestado. Entretanto, para que isso se desenvolva é fundamental aceitar a mudança e, o mais importante, colaborar ativamente para que esta mudança ocorra. A Evolução Histórica e a Atenção Farmacêutica no Brasil As origens da AF devem ser buscadas na Farmácia Clínica e retornam ao ano de 1975, quando Mikeal et al. (1975) publicam o artigo “Quality of Pharmaceutical Care in Hospitals”, nele se referindo ao paciente como receptor de “cuidados” que garantam o uso seguro e racional dos medicamentos. Os autores consideram que o objeto da atuação do farmacêutico é o paciente, a “atenção” que requer e recebe, que deve assegurar o uso correto do medicamento. Simultaneamente, uma comissão de especialistas organizada pela Associação Americana de Colleges of Pharmacy publica o Informe Millis (1975), que reflete a disparidade crescente entre os grandes avanços científicos na farmacoterapia e a falta de conhecimentos sobre o processo assistencial, que possa garantir um resultado ótimo, evitando o uso inadequado dos medicamentos (ÁLVAREZ DE TOLEDO; GASTELURRUTIA, 2002) (Tabela 40.1). Brodie; Parish; Poston (1980, p. 278) propõem que a evolução da prática farmacêutica deve mudar desde a situação de orientação ao produto a uma nova situação de orientação ao paciente, e estabelecem que “o farmacêutico deve responsabilizar-se pelo resultado da farmacoterapia”. São estes autores que utilizam o termo Pharmaceutical Care com seu sentido atual: “…inclui a valoração das necessidades relacionadas com a medicação de um paciente concreto, assim como a ele proporcionar não somente os medicamentos solicitados, senão também os serviços que garantam a segurança e a efetividade de sua farmacoterapia”. Este conceito será desenvolvido e ampliado a partir desta data, constituindo a base da nova filosofia da prática farmacêutica assistencial. Charles Hepler, professor da Universidade da Flórida, avança um passo a mais quando, em 1985, relaciona o termo Pharmaceutical Care com a comunicação que se estabelece entre farmacêutico e paciente, cuja finalidade é controlar o uso da medicação que este recebe para conseguir os máximos benefícios (HEPLER, 1985). Em 1989, e posteriormente em 1990, Hepler e Linda Strand, professora da Universidade de Minnesota, publicam o artigo que obteve maior impacto na história da AF, “Opportunities and Responsabilities in Pharmaceutical Care”, no qual fundamentam-se as bases da nova prática; segundo Hepler; Strand (1989, 1990), o farmacêutico deve: i) responsabilizar-se pelo resultado do tratamento farmacológico que dispensa; ii) realizar o seguimento da farmacoterapia para poder conhecer estes resultados e iii) conseguir melhorar a qualidade de vida do paciente (Fig. 40.3). Nesse mesmo ano, Strand et al. (1990) aprofundam-se no conceito de problema de saúde derivado da farmacoterapia que recebe o paciente e analisam os distintos PRM, procedendo à sua classificação em oito tipos diferentes, que são aceitos pela comunidade internacional. Também nos EUA se redige o Omnibus Budget Reconciliation Act of 1990, OBRA 90, onde se descrevem normas para melhorar a dispensação, para detectar e resolver PRM, assim como outros aspectos da profissão farmacêutica, que foram assumidos pelos dirigentes da farmácia comunitária norte-americana contribuindo ao processo de mudança e à repro-fissionalização do setor, segundo o Omnibus Budget Reconciliation Act (1990). Em 1992, o grupo da Universidade de Minnesota, os professores Strand, Cipolle e Morley, examinam minuciosamente a filosofia e a prática emergente do processo e iniciam um projeto, o Minnesota Pharmaceutical Care Project (TOMECHKO et al., 1995), de três anos de duração, em que a proposta foi a de analisar a relação entre ambas. Foram incluídos 20 farmácias comunitárias, 54 farmacêuticos, registrando-se dados de 5.480 pacientes. Os objetivos foram: i) assegurar que a medicação que o paciente recebe é necessária, efetiva e segura, e ii) identificar, resolver e prevenir PRM. Este projeto demonstrou que a AF pode realizar-se, que se conseguem resultados positivos na qualidade de vida dos pacientes, que é necessária e desejável a colaboração médico-farmacêutico e que a porcentagem de PRM resolvidos justifica amplamente esta prática. Em 1993 elaborou-se a Declaração de Tóquio, documento no qual se define o papel do farmacêutico no sistema de saúde e nele se respalda que a função assistencial passa pelo exercício da AF, propondo uma série de recomendações para seu desenvolvimento e para que beneficie a sociedade em geral (ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD, 1993). A partir desse momento inicia-se a expansão internacional dessa nova filosofia. Em 1994, a Europa se soma a este movimento, criando a Pharmaceutical Care Network Europe (PCNE).

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2008 - Farmacia Clinica e Atencao Farmaceutica
527 pág.

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O Ministério da Saúde espanhol promoveu o Consenso sobre Atenção Farmacêutica (AF) postulando como conceito: “a participação ativa do farmacêutico na assistência ao paciente, entendendo como tal a dispensação e o seguimento de um tratamento farmacoterapêutico, cooperando com o médico e outros profissionais sanitários para conseguir resultados que melhorem a qualidade de vida daquele”. A interpretação mais adequada do termo PC é o Seguimento da Farmacoterapia (SFT) do paciente que o profissional realiza, enquanto AF seria um conceito mais amplo que engloba não somente o SFT, senão também a dispensação ativa, aconselhamento e informação oferecidos pelo farmacêutico, indicação farmacêutica, educação sanitária, farmacovigilância e demais serviços assistenciais.

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