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ao art. 890. A atual redação do artigo aperfeiçoou o procedimento da ação consignatória, eliminando a oferta judicial, quase sempre inútil porque a...

ao art. 890.
A atual redação do artigo aperfeiçoou o procedimento da ação consignatória, eliminando a oferta judicial, quase sempre inútil porque a experiência mostrou poucos casos de comparecimento do credor para receber.
Tenha ou não o consignante se utilizado do procedimento previsto nos parágrafos do art. 890, a petição inicial, demais de observar os requisitos legais de elaboração dessa peça, requererá o depósito da quantia devida, ou da coisa devida, conforme se trate de oferta judicial daquela ou desta. Esse depósito se efetua em cinco dias, contados do deferimento da inicial, traduzido no despacho que ordena a citação do réu, não mais chamado a juízo para vir ou mandar receber a quantia ou a coisa. Obviamente, se houve o depósito do § 1º e a recusa do § 3º, já não haverá necessidade de atender-se ao inciso I, que só se aplica se não se houver adotado o procedimento extrajudicial, se este se mostrou, de qualquer modo, inviável (v.g., voltou o aviso de recebimento com a indicação de que não é do credor o endereço indicado, e o autor não sabe de outro, se se tratar de consignação de coisa). A hipótese de prestação de coisa indeterminada com escolha do credor é regida pelo art. 894. No caso de dúvida sobre quem deva receber, incide o art. 895.
Como toda inicial, a da ação de consignação em pagamento também pede a citação do réu, mas com a peculiaridade de que ele é chamado ao processo para levantar o depósito da coisa ou do dinheiro, ou, então, para oferecer resposta, conforme o inciso II.
Note-se que a redação do inciso II do art. 893 fala em resposta (art. 297), e não apenas em contestação, permitindo, dessarte, que o réu, além de oferecer exceção e contestação, também reconvenha. Fortalece esse entendimento o fato de que se alterou também o caput do art. 896, ampliando-se o prazo para quinze dias.
Citado, o réu levanta o depósito, ou, simplesmente, responde, sem necessidade de ato autônomo de recusa. Mesmo que haja recusado a oferta extrajudicial, nada impede que o réu, chamado a juízo, requeira o levantamento do depósito, caso em que será condenado no pagamento das custas e honorários (parágrafo único do art. 897).
“Art. 896. Na contestação, o réu poderá alegar que:
.............................................................................................
Parágrafo único. No caso do inciso IV, a alegação será admissível se o réu indicar o montante que entende devido.
Art. 897. Não oferecida a contestação, e ocorrentes os efeitos da revelia, o juiz julgará procedente o pedido, declarará extinta a obrigação e condenará o réu nas custas e honorários advocatícios.”
(Lei n. 8.951, art. 1º)
A Lei n. 8.951 alterou o caput do art. 896, substituindo-se a redação anterior, segundo a qual a contestação seria oferecida em dez dias contados da data designada para o recebimento.
Mantiveram-se intactos os quatro incisos do artigo, que continuam a viger com a mesma redação. Acrescentou-se, porém, um parágrafo único, para restringir a admissibilidade da alegação de insuficiência do depósito à indicação do montante devido.
Em observação ao art. 893, assinalei que o inciso II inovou, falando na citação do réu para levantar o depósito ou oferecer resposta, o que revela a vontade da lei no sentido de admitir não apenas as exceções e a contestação, como ainda a reconvenção, no processo da ação consignatória. O caput do art. 896 corrobora a interpretação, seja porque falou em contestação, indicando que a palavra resposta, no inciso II do art. 893, tem o sentido do art. 297, como ainda porque suprimiu a norma que estipulava prazo de dez dias para contestar. Silente o caput agora examinado, o prazo para contestar, e também para reconvir e arguir a suspeição, o impedimento ou a incompetência relativa é de quinze dias (art. 297), por força do parágrafo único acrescentado ao art. 272 pela Lei n. 8.952/94.
Pode o réu alegar, na contestação, que o depósito não é integral, consoante o inciso IV, inalterado como os demais. O parágrafo único, acrescentado ao art. 896, restringe a admissibilidade da alegação à indicação, pelo réu, do montante que entende devido. O dispositivo reprime a chicana e a leviandade do demandado, impedindo-o de afirmar, simplesmente, a insuficiência, para deixar ao juízo o ônus de verificar o acerto da sua alegação. Antes disso, a norma se conjuga com o caput do art. 899, também não alterado. Assim, indicando a soma que reputa devida, o réu permite ao autor completá-la.
Se o réu, na contestação, alegar apenas a insuficiência do depósito, mas sem cumprir a determinação do parágrafo único, não está revel porque a revelia somente ocorre a falta da contestação. Entretanto, o juiz não aceitará a defesa e poderá, por isso, julgar procedente o pedido de consignação. Não estará o juiz, entretanto, obrigado a acolher o pedido, nada obstando a que profira sentença terminativa (art. 267, § 3º), ou mesmo de improcedência, se verificar, pelos elementos dos autos, a existência de motivo determinante de um pronunciamento negativo.
A Lei n. 8.951 apenas reformulou a redação do art. 897, sem, contudo, modificar-lhe a substância.
O parágrafo único permaneceu íntegro: “Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e der quitação”.
Mantida a norma, aperfeiçoada apenas na sua fórmula, só caberia, diante da finalidade deste livro, remeter o leitor a quanto já escreveram comentaristas e decidiram a jurisprudência.
Sirvo-me, entretanto, da oportunidade para lembrar que a revelia, se faz presumir verdadeiros os fatos alegados pelo autor (art. 319), não leva, necessariamente, à procedência do pedido, nem mesmo na consignatória, porque podem existir razões de direito determinantes, ou da extinção do processo sem julgamento do mérito, ou da improcedência. Pense-se, por exemplo, na hipótese de ilegitimidade do credor ou do devedor, ou no caso de depósito que os documentos da inicial mostram incompatível com a prestação consignada. A regra do art. 897 deve ser interpretada com temperança.
“Art. 899..............................................................................................
§ 1º Alegada a insuficiência do depósito, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida.
§ 2º A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que possível, o montante devido, e, neste caso, valerá como título executivo, facultado ao credor promover-lhe a execução nos mesmos autos.”
(Lei n. 8.951, art. 1º)
Fiel, também aqui, ao Anteprojeto de 1985, o legislador deu novas feições ao art. 899, que, na Comissão Revisora, havíamos reformulado para tirar da situação nele prevista as melhores consequências de ordem prática.
A Lei n. 8.951 preservou o caput do artigo: se, na contestação, o réu alegar que o depósito não é integral, pode o autor completá-lo, em dez dias, salvo se correspondente a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato.
Acrescentaram-se dois parágrafos ao artigo, em ordem a permitir ao credor e réu o imediato levantamento da quantia ou da coisa depositada, com a consequente exoneração do devedor, quanto a essa parte, e a obter-se a estipulação do montante devido, na sentença, que valerá como título executivo.
Se o réu alegar a insuficiência do depósito em dinheiro, ou da coisa depositada, afirmando que a soma deve ser maior (v.g., depositou-se o principal, mas não os juros convencionados; depositou-se o aluguel, mas não as despesas de condomínio) ou que a coisa deve ser complementada (v.g., depositaram-se dois quadros, quando a prestação envolvia também um terceiro), ele pode levantar a porção entregue em juízo, já que não há controvérsia quanto a essa parte. Fica subentendido que o levantamento só é possível se a contestação se limitar a arguir a insuficiência do depósito

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