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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as quedas se caracterizam pelo “deslocamento não intencional do corpo para um nível inferior à ...

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as quedas se caracterizam pelo “deslocamento não intencional do corpo para um nível inferior à posição inicial, com incapacidade de correção em tempo hábil”. (OMS, 2016) Em outras palavras a queda pode ser definida como: Deslocamento não intencional do corpo para um nível inferior à posição inicial, provocado por circunstâncias multifatoriais, resultando ou não em dano. Considera-se queda quando o paciente é encontrado no chão ou quando, durante o deslocamento, necessita de amparo, ainda que não chegue ao chão. A queda pode ocorrer da própria altura, da maca/cama ou de assentos (cadeira de rodas, poltronas, cadeiras, cadeira higiênica, banheira, trocador de fraldas, bebê conforto, berço etc.), incluindo vaso sanitário. (ANVISA, 2013). A taxa de queda de pacientes em hospitais de países desenvolvidos varia entre 3 a 5 quedas por 1.000 pacientes-dia. Segundo os autores, as quedas não se distribuem uniformemente nos hospitais, sendo mais frequentes nas unidades com concentração de pacientes idosos, na neurologia e na reabilitação (ANVISA, 2013). Quedas de pacientes produzem danos em 30% a 50% dos casos, sendo que 6% a 44% desses pacientes sofrem danos de natureza grave, como fraturas, hematomas subdurais e sangramentos, que podem levar ao óbito (BOUSHON, 2013). A queda pode gerar impacto negativo sobre a mobilidade dos pacientes, além de ansiedade, depressão e medo de cair de novo, o que acaba por aumentar o risco de nova queda. Pacientes hospitalizados com história de quedas, idade avançada, comprometimento cognitivo, uso de sedativos e antidepressivos, instabilidade de marcha, confusão, agitação psicomotora e incontinência urinária mostraram-se como fatores de risco para quedas. (DEANDREA, 2013; OLIVER, 2004). Características ambientais, como o uso de carpete, por exemplo, também mostraram ser fatores de risco de nos pacientes que apresentam vertigem, amputação, confusão mental, deficiência cognitiva, acidente vascular encefálico, distúrbios do sono, uso de medicamentos como anticonvulsivantes, tranquilizantes, anti-hipertensivos e aqueles que já tiveram quedas anteriores (VIEIRA, 2011), (CAMERON, 2018). A hospitalização por si só aumenta o risco de queda, pois os pacientes se encontram em ambientes que não lhes são familiares. A realização de procedimentos terapêuticos que ocasionam limitações de mobilidade temporária e/ou uso de dispositivos (sondas, cateteres e fios de monitorizações), como as múltiplas prescrições de medicamentos, dificultam a percepção e mobilidade do paciente, aumentando o risco. (KRUSCHKE, 2017). Quedas em idosos são eventos comuns que podem causar perda de sua independência, lesões e até a morte. Desta forma, intervenções para a redução de quedas são de grande valia. Milhões de indivíduos caem, sendo que um a cada cinco casos apresenta lesões e pode até resultar em mortes. Além disso, a chance de um idoso apresentar uma nova queda dobra a partir de um primeiro evento (Kruschke C, 2017). Os custos dos eventos relacionados a quedas são altos e não foi ao acaso que a prevenção de quedas elenca o rol das metas de segurança do paciente. Estudo prospectivo realizado em 528 lares de idosos na Alemanha demonstrou que aproximadamente 75% das quedas ocorreram nos quartos ou em banheiros, sendo 41% durante as transferências e 36% durante a caminhada. A taxa de queda foi maior em homens (2,8 quedas por pessoa/ano) do que mulheres (1,49 quedas por pessoa/ano). (BECKER, 2012). Estudo de Lord (2003) evidenciou que as taxas de incidência de quedas foram menores em pessoas mais frágeis que não conseguiam se levantar de uma cadeira ou ficar de pé sem auxílio. Ainda neste grupo, a maior idade, o sexo masculino, maiores classificações de complexidade de cuidados, diagnóstico de incontinência, uso de psicotrópicos e quedas anteriores estiveram associados ao aumento das quedas (LORD, 2003; CAMERON, 2018). A mortalidade associada às quedas em hospitais e instituições de longa permanência é considerável. As quedas são tidas como a causa mais comum de morte por causa externa em instituições de longa permanência (IBRAHIM, 2015). A maior parte das ocorrências de quedas são causadas por uma combinação complexa de fatores de risco no momento de cada evento de queda. As principais intervenções na prevenção deste evento incluem exercícios, medicamentos (análise de medicamentos), uso de vitamina D, ambiente adequado e/ou uso de tecnologias assistenciais (ex. uso de camas baixas), intervenções no que se refere ao treinamento da equipe assistencial; intervenções educacionais de familiares e pacientes e intervenções multifacetadas, por exemplo avaliação dos fatores de risco de queda de uma pessoa. (CAMERON, 2018) Avaliação do Risco de Queda Para a redução do risco de queda, os serviços devem avaliar o risco de quedas do paciente e implementar medidas para reduzi-las, assim como tomar as devidas providências quando ela ocorrer. A avaliação do risco de quedas pode usar de estratégias que incluam a pesquisa de histórico de quedas; revisão de medicamentos; avaliação da marcha e equilíbrio; uso de dispositivos de locomoção como andadores e bengalas e avaliações do ambiente. (JCI, 2020) A avaliação do risco de queda deve ser feita no momento da admissão do paciente (com prazo máximo de 24 horas, dependendo das condições clínicas e procedimentos agendados), com o emprego de uma escala adequada ao perfil de pacientes da instituição (BOUSHON, 2013). Esta avaliação deve ser repetida a cada 24 horas ou sempre que houver mudança do estado clínico, mudança do ambiente (como troca de quarto, introdução de novo equipamento e/ou mobiliário, mudança de unidade), ocorrência de episódio de queda, até o momento da alta hospitalar do paciente (BOUSHON, 2013). As escalas de avaliação de risco de queda não são universais, sendo cada uma delas específicas para determinado tipo de paciente, por exemplo adulto e pediátrico. Todas as escalas apresentam vantagens, mas também limitações operacionais e metodológicas. As escalas de avaliação utilizadas com maior frequência no Brasil e internacionalmente são: Morse (MORSE, 1989; AHRQ, 2016) e St Thomas Risk Assessment Tool in the Falling Elderly (STRATIFY) (OLIVER, 1997; AHRQ, 2016). Essas duas escalas possuem semelhanças quanto à graduação dos fatores que predispõem à queda e permitem, portanto, classificar o grau de risco que o paciente apresenta para cair, possibilitando orientar as intervenções necessárias para evitar a ocorrência de queda. A Escala de Queda de Morse (Morse Fall Scale) foi traduzida e adaptada para a realidade brasileira em 2013. as demais escalas existentes não são de acesso livre, sendo necessária autorização dos autores para sua utilização (URBANETTO et al, 2013). A avaliação do risco de quedas em adultos pode ser avaliada por meio da Escala de Queda de Morse e considera seis critérios para o risco de quedas: 1. Histórico de quedas; 2. Diagnósticos secundários; 3. Auxílio na deambulação; 4. Terapia Intravenosa/uso de dispositivos endovenosos; 5. Marcha; e 6. Estado Mental, sendo que quanto maior o escore, maior o risco para quedas (URBANETTO et al, 2013). Quadro 2. Morse Fall Scale – Br. (URBANETTO et al, 2013)

Essa pergunta também está no material:

Seguranca-do-Paciente-Guia-para-a-Pratica
184 pág.

Respostas

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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as quedas se caracterizam pelo “deslocamento não intencional do corpo para um nível inferior à posição inicial, com incapacidade de correção em tempo hábil”.

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