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Am que se faz indispensável a identificação das características de crianças com AH/SD para que de fato sejam incluídas em sistemas apropriados para suas aprendizagens, pois, quando não são identificadas, não podem receber orientações necessárias quanto ao reconhecimento e desenvolvimento de sua potencialidade. No que se refere à conceituação de alunos que se destacam, Cupertino (2008) adota um termo em inglês – oustanding –, traduzido para o português para aluno em “destaque”, para dar visibilidade a essa característica do aluno com AH/SD. Nesse sentido, o aluno em destaque posiciona-se fora de uma suposta posição compartilhada pelos demais, diverge nos parâmetros, posicionando-se a frente. E o fato do aluno se destacar não significa permanecer sem o apoio de um instrutor mais capaz, pois sua aprendizagem necessita ser mediada, independentemente de sua capacidade cognitiva. No que diz respeito às características, Winner (1998) destaca que uma criança com AH/SD pode apresentar: precocidade, insistência em fazer as coisas à sua maneira e fúria pelo domínio. Nesse sentido, considera que ela consegue atingir um potencial na sua área de domínio antes da idade esperada e apresenta facilidade em aprender conteúdos antes dos pares. Em alguns casos, essa aprendizagem ocorre sem o auxílio direto de adultos, mas, de fato, ela consegue fazer descobertas sozinha e encontra maneiras diversas de resolver situações em sua área de domínio criativo e de interesse e mostra-se obsessiva e motivada pelo desejo de dominar essas áreas. A percepção de indicadores depende de um ambiente propício e acolhedor, a fim de se descartar concepções errôneas baseadas no senso comum. A esse respeito, Guenther (2000) afirma que o clima da escola deve ser favorável e promissor, com o objetivo da busca pela excelência e esforços dos alunos, reconhecendo e avançando quando possível, em múltiplos aspectos, com vistas a produzir níveis elevados de qualidade, visando à divulgação em exposições e eventos públicos. Alguns procedimentos que denotam a importância do processo de identificação são: (1) ser assertiva em termos dos objetivos as quais aspiram; (2) estar integrada ao sistema de educação, formando uma configuração maior e não constituída por um apêndice do trabalho escolar; (3) ser realizada em mais de uma fase, a fim de envolver mais que um grupo de pessoas e compreender, no seu desenrolar, uma determinada extensão de tempo; (4) ser diversificada, pluralística e ampla, estendendo-se a todos alunos da população; e, (5) ser prática, possível, viável e sem fugir aos objetivos e filosofia das medidas educativas disponíveis. Esses procedimentos de sinalização utilizam diversas fontes de informação, notavelmente o rendimento escolar, as considerações dos professores, dos pais, dos pares e dos próprios alunos (MOON; FELDHUSEN; KELLY, 1991). Tuttle Jr., Becker e Sousa (1988, p. 31, grifos e tradução nossa) destacam características e habilidades de domínios que devem ser identificadas em alunos com potencial para AH/SD, sendo elas: Habilidade intelectual geral: esta categoria inclui indivíduos que demonstrarem características tais como curiosidade intelectual, poder excepcional de observação, habilidades para abstrair, atitude de questionamento e habilidades de pensamento associativo; Talento acadêmico: esta área inclui os alunos que apresentam um desempenho excepcional na escola, que se saem bem em testes de conhecimento e que demonstram alta habilidade para as tarefas acadêmicas; Habilidade de pensamento criativo e produtivo: esta área inclui estudantes que apresentam ideias originais e divergentes, que apresentam uma habilidade para elaborar e desenvolver suas ideias originais e que são capazes de perceber de muitas formas diferentes um determinado tópico; Liderança: inclui aqueles estudantes que emergem como os líderes sociais ou acadêmicos de um grupo; Artes visuais e ciências: englobam os alunos que apresentam habilidades superiores para a pintura, escultura, desenho, filmagem, dança, canto, teatro e para tocar instrumentos musicais. Habilidades psicomotoras: engloba aqueles estudantes que apresentam desempenho atlético, incluindo também o uso superior de habilidades motoras refinadas, necessárias para determinadas tarefas, e habilidades mecânicas. Renzulli (1978), em suas pesquisas e amostragens de indivíduos criativos/produtivos, constatou que se destacavam a partir de um aglomerado de traços, tais como: habilidade acima da média; criatividade e envolvimento com a tarefa, sendo que, a partir da combinação das três áreas, os indivíduos alcançariam uma realização superior. Habilidade acima da média envolve aspectos gerais, que se voltam para a capacidade de processar informações, integrar experiências que resultam em respostas adaptativas e apropriadas a novas situações com vistas à capacidade de elaborar o pensamento abstrato, como pensamento espacial, memória e fluência de palavras. No que se refere às habilidades específicas, envolvem a capacidade de assimilar novos conhecimentos e habilidades para atuar em uma ou mais atividades de uma área especializada, como química, matemática, fotografia e escultura. Com relação à criatividade, deve-se levar em conta a fluência, a flexibilidade e a originalidade de pensamento, bem como a abertura a inusitadas experiências, curiosidade, sensibilidade a detalhes e ausência de medo em correr riscos. Diante do exposto, pode-se perceber que o modelo apresentado remete à questão da potencialidade, com uma concepção de inteligência mais ampla e abrangente, não se limitando a um conceito geral. Um dos obstáculos mais prementes no processo de identificação diz respeito aos mitos existentes acerca das pessoas com AH/ SD. Winner (1998) faz menção a alguns desses mitos, destacando aqueles que supõem que o fenômeno da “superdotação” seja infrequente, não dependendo dos fatores ambientais em que a criança esteja inserida; a autossuficiência, por apresentarem uma capacidade diferenciada, sendo capazes de desenvolver suas habilidades sozinhos, não necessitando de serviços diferenciados. Nessa perspectiva, Almeida e Capellini (2005, p. 49) pontuam que: Pessoas superdotadas, de fato, podem evidenciar sinais de boa saúde física, energia, disposição, resistência ao stress, podem se destacar em relação ao uso da linguagem ou socialização, bem como demonstrar um bom desempenho escolar. Todavia, igualmente há pessoas superdotadas que têm baixo rendimento escolar, necessitando de atendimento especializado, pois, frequentemente, tendem a manifestar falta de interesse e motivação para os estudos acadêmicos e rotina escolar, podendo também apresentar dificuldades de ajustamento ao grupo de colegas, desencadeando problemas de aprendizagem e de adaptação escolar. No entanto, para que a habilidade natural se torne um talento, há de se oportunizar o desenvolvimento de quatro fatores imprescindíveis: habilidades naturais (altas habilidades/superdotação) associadas aos domínios catalisadores dos ambientes, catalisadores intrapessoais e o processo de desenvolvimento. Tais fatores devem ser integrados, são únicos para cada indivíduo, todavia, sem eles, o potencial não se torna capacidade, bem como a habilidade que cada qual possui, naturalmente, não se transforma em talento.

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Percebe-se, através da referida lei, a regulamentação do compromisso com a educação dos alunos com deficiências. Nesses artigos, o termo altas habilidades/superdotação não é utilizado e sim a terminologia excepcional. Excepcional foi o termo utilizado nas décadas de 50, 60 e 70 para designar pessoas com deficiência intelectual. No entanto, com o surgimento de estudos e práticas educacionais, nas décadas de 80 e 90, a respeito de altas habilidades ou talentos extraordinários, o termo excepcional passou a se referir tanto a pessoas com inteligências múltiplas acima da média (pessoas superdotadas ou com altas habilidades e gênios) quanto às pessoas com a inteligência lógica abaixo da média (pessoas com deficiência intelectual). Segundo Alencar (1986), antes da década de 1970, temos muito pouco a contar sobre o atendimento ao superdotado no Brasil. “Poucos autores fizeram referências à necessidade de programas especiais para este grupo” (p. 87). Desse modo, o movimento no Brasil referente ao atendimento dos alunos com AH/SD cresceu de forma bastante acentuada a partir de dois fatos importantes. O primeiro deles ocorreu em 1971, quando foi proposta a Lei 5.692 que fixa as diretrizes e bases para o ensino de 1º e 2º graus onde seu artigo 9º especifica que: Os alunos que apresentem deficiências físicas ou mentais, os que se encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados deverão receber tratamento especial, de acordo com as normas fixadas pelos competentes conselhos de Educação (BRASIL, 1971, p.3). Segundo Alencar (1986), somente em 1971, pela primeira vez, se encontra referência ao superdotado nas leis, o que torna obrigatório o atendimento especial a lhe ser prestado. Dessa forma, fica evidente a preocupação com o atendimento especial não apenas de alunos com deficiências, mas também a necessidade de um atendimento especial àqueles que apresentam habilidades superiores. Para Alencar (1986), o segundo acontecimento importante se deu ainda no ano de 1971, quando ocorreu o primeiro seminário sobre o superdotado no País, congregando os principais educadores interessados no tema. A autora destaca o trabalho realizado pela professora Helena Antipoff, junto ao Instituto Pestalozzi do Brasil, no Rio de Janeiro, em 1945. Esta reunia pequenos grupos de alunos com potencial superior à média e realizava junto aos mesmos estudos sobre literatura, teatro e música. A professora Helena Antipoff deu início, em 1962, no município de Ibirité em Minas Gerais, a um programa de atendimento ao aluno bem-dotado do meio rural e da periferia urbana. Após sua morte, o programa passou a ser dirigido pelo seu filho, o também professor Daniel Antipoff, o qual o faz até a presente data. Importante clarificar que entre as metas propostas pela experiência de Helena Antipoff, Além do problema educação que a toda nação se impõe, para conduzir sua juventude de acordo com os padrões mais adequados de felicidade social, existe ainda o problema de educação do superdotado, como investimento de ordem econômica (NOVAES, 1979). O atendimento suplementar para alunos superdotados da Educação Infantil inicia-se por volta dos quatro anos de idade, contribui para o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais, como cooperação e autoconceito, e propicia aos alunos oportunidades para vivenciarem o processo de aprendizagem com motivação, tendo como objetivo oferecer condições para que eles explorem áreas de interesse, aprofundem conhecimentos já adquiridos e desenvolvam habilidades relacionadas com criatividade, resolução de problemas e raciocínio lógico. Nesse sentido, fica evidente a contribuição que o sujeito com AH/SD poderá trazer à sociedade quando há um compromisso ao atendimento adequado com o objetivo desde a identificação à participação de programas que potencializem suas habilidades, o que beneficia também a sociedade. Vale destacar que, neste seminário, foram várias as recomendações propostas pelos participantes, como: Um diagnóstico precoce do superdotado; Organização de um sistema de educação para o superdotado; preparação de pessoal especializado para atender adequadamente as necessidades desde grupo; a adoção de um conceito operativo de superdotado (ALENCAR, 1986, P.87). Desse modo, percebe-se o quanto o atendimento adequado às necessidades de aluno superdotado é importante, para potencializar suas habilidades e não sufocar suas capacidades. Vale ressaltar que em relação à primeira experiência, ela aconteceu em 1972, conduzida pela professora Helena Antipoff, a qual, segundo Novaes (1979), lançou o Projeto Circula, Civilização Rural, Cultural e Lazer, organizando logo depois uma entidade, a Associação Milton Campos para o Desenvolvimento e Assistência à Vocação de Bem-dotados (ADV). Ainda segundo a autora, essa experiência atingiu cerca de 200 indivíduos de ambos os sexos, examinados em três grupos etários: de oito a dez anos, de doze a treze anos e de quatorze a dezesseis anos. Portanto, “esses indivíduos foram examinados por meio de exames psicológicos e, ao mesmo tempo, identificados na escola por seus professores como sujeitos acima da média” (NOVAES, 1979, p.90). A preocupação com o atendimento do sujeito com AH/SD fica bastante evidente nas ações realizadas neste período. No entanto, percebe-se a inexistência no que concerne à educação da criança com idade inferior a 7 anos com AH/SD, mais especificamente, a criança do segmento da Educação Infantil. Pode-se ainda enfatizar a urgência em se focalizar o atendimento à criança com AH/SD. Questão essa discutida por autores como Alencar (2003), Guimarães (2004), Fleith (2006), Sabatella (2005), Virgolim (2007), Marques (2013), dentre outros, comprovando que essa é uma preocupação não somente nacional, em busca de que se faça o atendimento apropriado a estes sujeitos para que suas habilidades sejam potencializadas. Guimarães (2004) ressalta que “é necessário o atendimento adequado, no entanto, sempre com cuidado para que esse indivíduo não seja categorizado ou excluído” (p.68). Alencar (1986) descreve que, em 1973, foi criado o Centro Nacional de Educação Especial (CNESP), que passou a dar um apoio maior a todas as iniciativas de educação do superdotado em nosso País e que tem patrocinado vários encontros de especialistas sobre o tema, como o “Seminário de Educação do Bemdotado”, promovido pela Associação Milton Campos de Desenvolvimento e Assistência às Vocações dos Bem-Dotados, em 1974; a “Semana de Estudos sobre Educação Especial de Superdotados” na Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1975 e o “Seminário sobre Técnicas de Enriquecimento de Currículos para Superdotados”, em Belo Horizonte, em 1975. Essa autora destaca, ainda, que em 1977, foi realizado o “ll Seminário sobre o Superdotado no Rio de Janeiro” e, por recomendação deste seminário, foi criada, em 1978, a Associação Brasileira para Superdotados. Desde então, de dois em dois anos, novos seminários foram realizados sob o patrocínio desta Associação, o último tendo ocorrido em outubro de 1985, em Belo Horizonte. Nestes seminários, foram apresentados diversos programas de atendimento aos superdotados em vigor no País, bem como palestras dos grandes especialistas da área. Todavia, Alencar ressalta que “Entretanto, o que se percebe é que os recursos são ainda muito poucos, predomina um conceito limitado de superdotado, e o número de alunos que tem se beneficiando com estes programas é ainda muitíssimo reduzido”. (1986, p.37). Mesmo com os movimentos referentes ao atendimento do aluno com AH/SD, segundo Martins (2012), durante esse período se demonstrou insuficiente diante do número pequeno de educandos que foram atend

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