O que é transconstitucionalismo?

Transconstitucionalismo, tese desenvolvida por Marcelo Neves, consiste em um conflito de decisões diversas para um mesmo caso, onde as jurisdições envolvidas não são subordinadas umas para com as outras, muito pelo contrário, possuem mesma força decisiva. Nesse contexto, pode haver decisões de Cortes Jurisdicionais, infraconstitucional, constitucional, internacional ou supranacional, em sentidos opostos, dificultando de tal maneira a aplicabilidade da jurisdição de forma coesa para com toda ordem jurídica, deixando aquém a aplicabidade da norma, nesta feita, por não haver uma hieraquização entre as jurisdições é possível haver uma crise jurisdicional. Sendo assim, far-se-á necessário que haja um dialogo entre os órgãos competentes incumbidos de poder jurisdicional para que assim seja possível alcançar decisões, na medida do possível, sincronizadas, no intuito de evitar um conflito de decisões para o mesmo caso concreto. 

Os sistemas político e jurídico, bem como dos demais subsistemas sociais (economia, ciência, meios de comunicação), são modificados conforme a realidade mundial é modificada, ou seja, atualmente devido ao processo de globalização, emerge também uma nova realidade constitucional, uma vez que os estados estão intimamente integrados, surgindo a possibilidade da formação de constituições transnacionais.

Marcelo Neves afirma que tem ocorrido uma profunda transformação nas condições atuais da sociedade mundial, “no sentido da superação do constitucionalismo provinciano ou paroquial pelo transconstitucionalismo” e o Estado deixa, então, de deter a exclusividade da resolução de problemas constitucionais. Este quadro é resultado de uma integração sistêmica cada vez maior da sociedade mundial, tornando possível a conclusão de que as diversas ordens jurídicas estão entrelaçadas na resolução dos problemas. “O transconstitucionalismo implica o reconhecimento dos limites de observação de uma determinada ordem, que admite a alternativa: o ponto cego, o outro pode ver”.