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de que maneira a revolução industrial ,alterou a organização social da época?

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Nycolle Melo

A Revolução Industrial consistiu em um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. Iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX. 

Ao longo do processo (que de acordo com alguns autores se registra até aos nossos dias), a era agrícola foi superada, a máquina foi suplantando o trabalho humano, uma nova relação entre capital e trabalho se impôs, novas relações entre nações se estabeleceram e surgiu o fenômeno da cultura de massa, entre outros eventos. 

Essa transformação foi possível devido a uma combinação de fatores, como o liberalismo econômico, a acumulação de capital e uma série de invenções, tais como o motor a vapor. O capitalismo tornou-se o sistema econômico vigente 

A Revolução Industrial alterou profundamente as condições de vida do trabalhador braçal, provocando inicialmente um intenso deslocamento da população rural para as cidades. Criando enormes concentrações urbanas; a população de Londres cresceu de 800 000 habitantes em 1780 para mais de 5 milhões em 1880, por exemplo. Durante o início da Revolução Industrial, os operários viviam em condições horríveis se comparadas às condições dos trabalhadores do século seguinte. Muitos dos trabalhadores tinham um cortiço como moradia e ficavam submetidos a jornadas de trabalho que chegavam até a 80 horas por semana. O salário era medíocre (em torno de 2.5 vezes o nível de subsistência) e tanto mulheres como crianças também trabalhavam, recebendo um salário ainda menor.

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LR

Revolução Industrial, mudança econômica mundial:

Por volta de 1780, a Inglaterra começa a viver os primeiros indícios de um processo de “transformação rápida, fundamental e qualitativa” (HOBSBAWM, 2010: 60). A Revolução Industrial representou um novo momento histórico na humanidade que nunca se completou, pois ainda hoje tal revolução prossegue: “sua essência foi a de que a mudança revolucionária se tornou norma desde então” ((HOBSBAWM, 2010: 60). Diz-se que em dado momento a Revolução Industrial explodiu, o que significa dizer que ineditamente na história do mundo “foram retirados os grilhões do poder produtivo das sociedades humanas” (HOBSBAWM, 2010: 59) e “que daí em diante se tornaram capazes da multiplicação rápida, constante, e até o presente ilimitada, de homens, mercadorias e serviços” (HOBSBAWM, 2010: 59). Até então não havia sido possível superar os limites sociais, tecnológicos e intelectuais (ciências) que estruturavam a sociedade pré-industrial. Periodicamente, atingia-se um colapso impeditivo representado pela fome e pela morte.

O declínio do poder das Monarquias feudais, com um “rei (...) formalmente julgado e executado pelo povo” (Ibidem, p. 63), a ascensão da mentalidade capitalista no imaginário político a partir do momento em que “o lucro privado e o desenvolvimento econômico (...) [passam a ser] aceitos como os supremos objetivos da política governamental” (HOBSBAWM, 2010: 63), a apropriação da produção agrícola pelo mercado e a disseminação das manufaturas no meio urbano, são os elementos que tornaram possível transpor uma barreira até então impeditiva. Alguns avanços tecnológicos, de pouco refinamento científico e de fácil aplicabilidade, foram também fundamentais: “a lançadeira, o tear, a fiandeira automática (...), a máquina a vapor” (HOBSBAWM, 2010: 62). O que o processo revolucionário vivido na Inglaterra gerou transborda os limites da região: “o sucesso britânico provou o que se podia conseguir com ela [com a revolução industrial], a técnica britânica podia ser imitada, o capital e a habilidade britânica podiam ser importados” (HOBSBAWM, 2010: 66).

São três os eixos conjunturais importantes do período: 1) Produção Agrícola: A Agricultura assumiu “três funções fundamentais em uma era de industrialização: aumentar a produção e a produtividade de modo a alimentar uma população não agrícola em rápido crescimento; fornecer um grande e crescente excedente de recrutas em potencial para as cidades e as indústrias; e fornecer um mecanismo de acúmulo de capital a ser usado nos setores mais modernos da economia” (HOBSBAWM, 2010: 63); 2) Indústria Têxtil e Escravidão: As “mercadorias de consumo de massa” (Ibidem, p. 66), em especial a Indústria Têxtil, assumem a “dianteira no crescimento industrial” (Ibidem, p. 66). O desenvolvimento diferenciado da Industria Têxtil se deu em função de duas grandes vantagens vantagens: A exploração colonial e a Escravidão, “o comércio colonial tinha criado a indústria algodoeira, e continuava a alimenta-la. (...) De fato, (...) a escravidão e o algodão marcharam juntos.” (HOBSBAWM, 2010: 67), “Toda a sua matéria-prima vinha do exterior, e seu suprimento podia portanto ser expandido pelos drásticos métodos que se ofereciam aos brancos nas colônias – a escravidão e a abertura de novas áreas de cultivo – em vez dos métodos mais lentos da agricultura europeia” (HOBSBAWM, 2010: 71); As novas tecnologias, “novos inventos que revolucionaram – a máquina de fiar, o tear a motor – eram suficientemente simples e baratos e se pagavam quase que imediatamente em termos de maior produção” (HOBSBAWM, 2010: 70); 3) Ferrovias: É sinal de desenvolvimento industrial a possuir “uma adequada capacidade de bens de capital” (Ibdem, p. 80). O alto custo da produção de ferro e aço, abriram espaço para o crescimento da mineração, “principalmente a do carvão, pois o carvão tinha a vantagem de ser não somente a principal fonte de energia  industrial do século XIX, como também um importante combustível doméstico” (HOBSBAWM, 2010: 82). A Indústria do carvão, apesar de representar uma “imensa indústria” (HOBSBAWM, 2010: 82), não chegava a atingir um  nível de “industrialização realmente maciça em escala moderna” (HOBSBAWM, 2010: 82), foi apenas “grande o suficiente para estimular a invenção básica que iria transformas as indústrias de vens de capital: a ferrovia” (HOBSBAWM, 2010: 82).

Os efeitos da revolução industrial apenas começaram a ser sentidos a partir da década de 1830. A literatura e as artes passaram a ser “abertamente obcecadas pela ascensão da sociedade capitalista, por um mundo no qual todas os laços sociais se desintegravam exceto os laços entre o ouro e o papel-moeda” (Ibidem, p. 58). Na década de 1840, a “literatura oficial e não oficial [buscavam compreender] sobre os efeitos sociais da revolução industrial que ainda não começara a fluir” (Ibidem, p. 58). Esse esforço acadêmico veio  exatamente quando “o proletariado, rebento da revolução industrial, e o comunismo, que se achava agora ligado ais seus movimentos sociais – o espectro do Manifesto Comunista –, abriram caminho pelo continente.” (Ibidem, p. 58).

Se por um lado, a revolução industrial trouxe grandes avanços econômicos e científicos, desde o início de um processo de maior intercomunicação entre as áreas do mundo conhecido, passando pelos grandes incrementos científicos e organizativos gerados pela expansão da produção industrial, por outro lado gerou uma grave impacto no âmbito social: “a transição da nova economia criou a miséria e o descontentamento, os ingredientes da revolução social” (HOBSBAWM, 2010: 75), talvez esta a mais grave de todas as outras possíveis consequências. “E, de fato, a revolução social eclodiu na forma de levantes espontâneos dos trabalhadores da indústria e das populações pobres das cidades, produzindo as revoluções no continente e os amplos movimentos cartistas na Grã-Bretanha. O descontentamento não estava ligado apenas ais trabalhadores pobres. Os pequenos comerciantes, sem saída, a pequena burguesia, setores especiais da economia eram também vítimas da revolução industrial e de suas ramificações. (...) A exploração da mão de obra, que mantinha sua renda em nível de subsistência, possibilitando aos ricos acumularem os lucros que financiavam a industrialização (e seus próprios e amplos confortos), criava um conflito com o proletariado. (...) Os trabalhadores e a queixosa pequena burguesia, prestes a desabar no abismo dos destituídos de propriedades, partilhavam os mesmos descontentamentos. Estes descontentamentos por sua vez uniam-nos nos movimentos de massa do ‘radicalismo’, da ‘democracia’ ou da ‘república’ (...).” (HOBSBAWM, 2010: 75). “Uma sociedade de bem-estar social (Welfare) ou socialista teria, sem dúvida, distribuído alguns destes vastos acúmulos para fins sociais. No período que focalizamos nada menos provável. Virtualmente livres de impostos, as classes médias continuaram portanto a acumular em meio a um populacho faminto, cuja fome era o reverso daquela acumulação.” (HOBSBAWM, 2010: 86).

Referência Bibliográfica:

HOBSBAWM, Eric J.. A era das Revoluções: 1789 - 1848. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2010.

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