5) Um ponto relevante, registrado por ALESSANDRO BARATTA, diz respeito à igualdade meramente formal que, por vezes, pode-se detectar no âmbito do direito penal. Assim, valer-se do princípio da fragmentariedade para deixar à margem do direito penal certas condutas, passíveis de absorção por outros ramos do direito, pode servir a interesses escusos e para utilizar o controle penal do Estado. Portanto, a imunização de certos comportamentos socialmente danosos, típicos das classes dominantes (vide os crimes de colarinho branco) encobre a ideologia capitalista, tendendo a dirigir o processo de criminalização a comportamentos típicos das classes subalternas e pobres. Para proteger determinados bens de interesse da classe produtora de riquezas, a rede é muito fina; para a criminalidade econômica, por exemplo, a rede é muito larga.76 Quanto a esse aspecto, torna-se difícil refutar, tendo em vista que a simples observação dos tipos penais incriminadores demonstra a imensa diferença de pena, quando destinada a um crime patrimonial, como o furto, que, após sucessivas reformas no Código Penal, conseguiu a proeza de ganhar cinco circunstâncias qualificadoras, a ponto do furto de galinha poder ser apenado com reclusão de dois a cinco anos (art. 155,