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1° UNI - CADERNO DIREITO PENAL I - MIRELLA BRITO 
 POLYANA OLIVEIRA T2A 
Glossário Geral 
- Dolo: Quando se tem a intenção de se realizar um crime (Homicídio Doloso) 
- Homicídio Culposo: Quando não se há a intenção de se realizar um crime 
- Dolo Eventual: Quando, apesar de não se ter a intenção, assume-se a culpa 
 
TEORIA GERAL DO DELITO 
 
O que é o direito? Direito é uma ordenação a partir de uma expectativa de comportamento 
estabelecida normativamente 
Direito Penal: Busca combater os atos mais desvalorados dentro de certa sociedade. 
Cidadão: aquele a quem se destina o direito 
Os direitos de duas partes podem colidir. Quando dois direitos colidem, é preciso analisar qual 
deve prevalecer, muitas vezes levando em conta princípios como a proporcionalidade e a 
razoabilidade. 
- Ex: legítima defesa 
Entende-se a gravidade de um crime a partir de um sistema de valoração 
 
Desenvolvimento do Direito Penal . 
● Idade Antiga ou Antiguidade 
Quando as primeiras civilizações organizadas começaram a se formar, e com elas, surgiu a 
necessidade de estabelecer normas e punições para regular a convivência social. 
● Formação dos primeiros Estados organizados: Necessidade de criar regras para garantir a 
ordem e a estabilidade. Essas leis eram, muitas vezes, severas, pois precisavam garantir a 
coesão em sociedades ainda em formação. 
● Surgimento e desenvolvimento de religiões influentes: As religiões desempenharam um 
papel crucial na formação das leis e das punições. Em muitas civilizações, as leis eram 
vistas como ordenanças divinas, e o descumprimento dessas leis era tratado como um 
pecado, ofensa aos deuses, além de um crime contra a sociedade. 
● Não havia uma normatização que respeitasse as individualidades, mas uma que 
respeitasse a “vontade divina” -> sacrifícios, adorações… 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
● O líder (muitas vezes considerado como uma divindade), decidia as leis, e quem fosse 
contra elas há de se ver contra a lei divina (vingança) 
 
Teoria da Pena na Antiguidade - TEXTO DE FELIPE CALDEIRA 
CÓDIGO DE HAMURABI 
➢ Serviu de base para outras legislações da antiguidade 
➢ Começou-se a questionar e a se alterar as leis rígidas para serem mais condizentes com a 
realidade (talvez o primeiro reducionismo penal) 
Reação Social 
A teoria da pena na antiguidade era principalmente uma reação social às infrações. As punições 
não eram vistas apenas como uma forma de retribuição, mas também como um meio de manter 
a ordem e a paz dentro da comunidade. 
● Lei de Talião: A expressão "olho por olho, dente por dente" reflete a aplicação da Lei de 
Talião, uma das formas mais primitivas de justiça. Esta lei propunha que a punição deveria 
ser proporcional ao crime cometido. Essa proporcionalidade visava evitar a escalada de 
conflitos, garantindo que a vingança fosse controlada e justa, pelo menos na concepção da 
época. Com o passar do tempo, a própria Lei de Talião evoluiu, surgindo a possibilidade do 
agressor satisfazer a ofensa mediante indenização em moeda ou espécie (gado, vestes e 
etc). Era a chamada Composição (compositio). A composição é, assim, uma forma 
alternativa de repressão aplicável aos casos em que a morte do delinquente fosse 
desaconselhável, normalmente porque era mais interessante ao ofendido ou aos membros 
de seu grupo a reparação do dano causado pela ação delituosa 
● Vingança Privada: Quando um membro de um grupo agride o membro de outro grupo. O 
agredido deve aplicar a pena contra aquele que agrediu 
● Vingança Divina: É o direito penal imposto pelos sacerdotes, fundamentalmente teocrático 
(o Direito se confundindo com a religião).O crime era visto como um pecado e cada 
pecado atingia a um certo Deus. A pena era um castigo divino para a purificação e 
salvação da alma do infrator. Era comum neste período o uso de penas crueis e bastante 
severas 
● Vingança Pública: Período marcado pelas penas crueis (morte na fogueira, roda, 
esquartejamento, sepultamento em vida) para se alcançar o objetivo maior que era a 
segurança da classe dominante. Com o poder do Estado cada vez mais fortalecido, o 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
caráter religioso foi sendo dissipado e as penas passaram a ter o intuito de intimidar para 
que os crimes fossem prevenidos e reprimidos. Os processos eram sigilosos. O réu não 
sabia qual era a imputação feita contra ele. O entendimento era de que, sendo inocente, o 
acusado não precisava de defesa; se fosse culpado, a ela não teria direito. Isso favorecia o 
arbítrio dos governantes. 
 
● IDADE MÉDIA 
Função da igreja católica e do direito canônico -> pena com caráter sacral e de base 
retribucionista 
Preocupava-se, já, com uma correção do infrator, além de consolidar a punição pública como a 
única justa e correta 
Privação da liberdade como pena: A prisão eclesiástica tinha a finalidade de fazer com que o 
recluso meditasse sobre seus erros. 
● Idade Moderna ou Modernidade 
Influência e importância iluminista 
Começou a emergir a ideia de que o criminoso não era apenas um inimigo da sociedade, mas 
alguém que poderia ser ressocializado. Essa visão era radicalmente diferente daquelas 
predominantes na Antiguidade e na Idade Média, onde o foco era a punição e a vingança. A 
ressocialização do delinquente ganhou destaque, especialmente com a crescente influência de 
ideias humanitárias e racionalistas que surgiram durante esse período. 
A humanização da pena foi um dos aspectos mais marcantes da Idade Moderna, muito 
influenciada pelo Iluminismo e pelo surgimento da Escola Clássica do Direito Penal. Filósofos e 
pensadores, como Cesare Beccaria, argumentaram que as penas deveriam ser justas, 
proporcionais e não mais baseadas em vingança ou sofrimento desnecessário. 
As penas na Idade Moderna passaram a ser vistas através da lente da racionalidade e 
proporcionalidade. Isso significava que as punições deveriam ser adequadas ao delito cometido, 
nem excessivamente severas, nem indulgentes demais. A ideia era que a pena deveria servir 
como uma forma de prevenção e de retribuição justa, respeitando os direitos do indivíduo e o 
princípio de que a punição deveria ser suficiente para impedir a reincidência, mas sem 
ultrapassar os limites do necessário. 
Escolas Penais: Clássica, Positivista e Técnico-Jurídica 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
➔ Escola Clássica 
Surge a partir da humanização da pena de Cesare BeccariaI. Essa escola enfatizou a 
responsabilidade individual e a justiça retributiva, defendendo que as leis deveriam ser claras e as 
penas, proporcionais aos crimes cometidos. 
● A Escola Clássica acreditava que o homem é um ente jurídico, dotado de livre-arbítrio, ou 
seja, a capacidade de escolher entre o bem e o mal. Portanto, ao cometer um crime, o 
indivíduo estaria exercendo sua liberdade de escolha e, consequentemente, deveria ser 
responsabilizado por seus atos. 
● Cesare Beccaria, argumentava que as leis são um contrato social entre os indivíduos e o 
Estado. Defendia que as penas deveriam ser justas, rápidas e proporcionais ao crime, 
sempre visando a prevenção de novos delitos. Ele foi um crítico das penas crueis e 
desumanas e um defensor da ideia de que a certeza da punição era mais eficaz do que a 
severidade. 
● Francesco Carrara - Retribuição:Enfatizava a retribuição como a principal função da pena. 
Para Carrara, a pena deveria ser uma resposta justa ao crime, restabelecendo o equilíbrio 
jurídico perturbado pela ofensa. 
● Anselm Feuerbach: Desenvolveu a teoria da "coação psicológica", onde a pena servia 
como um meio de coagir os indivíduos a não cometerem crimes, por medo das 
consequências jurídicas. 
● Limitação do poder do Estado: Passagem do Estado Moderno para o Estado da 
Modernidade 
● Proporcionalidade nas relações sociais (proporcionalidade da pena) 
● Prisão, inicialmente, como forma de guardar o corpo do condenado para sofrer a pena 
(mutilações ou morte). Posteriormente vira um instrumentodo capitalismo para forçar os 
delinquentes a trabalharem. Com o tempo, também percebeu-se a ineficácia da pena de 
morte 
 
➔ Escola Positivista (determinista) 
Avaliação efetiva do criminoso (tentativa de utilização das metodologias de ciências naturais 
para as ciências sociais). 
● Adotou o determinismo(Determinista: o criminosos sempre será criminoso), a crença de 
que o comportamento humano é determinado por fatores que estão fora do controle do 
indivíduo, como hereditariedade, ambiente social e características biológicas. 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
● Cesare Lombroso - Criminoso Nato: Considerado-se o pai da criminologia moderna, 
propôs a teoria do criminoso nato, argumentando que certas pessoas nascem com 
predisposições inatas para o crime, identificáveis por características físicas específicas. 
Lombroso acreditava que o crime era uma manifestação de atavismos biológicos, ou seja, 
traços primitivos que persistem em alguns indivíduos. 
● Rafael Garofalo - Criminologia e Darwinismo: Ele contribuiu para a sistematização do 
crime e foi influenciado pelo darwinismo, aplicando conceitos de seleção natural ao 
estudo do crime. Propôs que as leis deveriam refletir as "exigências naturais" de uma 
sociedade, e as penas deveriam ser aplicadas para proteger o tecido social dos indivíduos 
perigosos. 
● Enrico Ferri - Sociologia Criminal: Um discípulo de Lombroso, expandiu as ideias da Escola 
Positivista ao incorporar a sociologia criminal. Propunha a defesa social como principal 
objetivo da pena 
○ O homem é produto do meio, logo um homem que for criado em um certo ambiente 
certamente realizaria práticas criminosas 
○ Delinquentes habituais x não-habituais 
■ Habituais: o delinquente foi produto do meio 
■ Não habituais: o delinquente não foi produto do meio 
● Individualização da pena: complementa a ideia clássica de proporcionalidade, levando em 
consideração, também, a origem, conduta social e personalidade do criminoso para 
estabelecer-se uma justa sanção 
 
➔ Escola Técnico-Jurídica (Terza Scuola) 
Também conhecida como Terza Scuola (Terceira Escola), surgiu na Itália como uma tentativa de 
conciliar os princípios da Escola Clássica e da Escola Positivista. Essa escola buscava uma 
abordagem mais equilibrada, combinando a análise científica do crime com os conceitos 
jurídicos tradicionais. 
● Dirigibilidade do Homem - Determinismo Psicológico: A Terza Scuola introduziu o conceito 
de determinismo psicológico, que afirmava que, embora os indivíduos sejam influenciados 
por fatores externos e internos, eles ainda possuem a capacidade de direcionar suas ações. 
Dessa forma, o criminoso não é totalmente livre, como afirmava a Escola Clássica, nem 
totalmente determinado, como pregava a Escola Positivista. 
● Imputabilidade X Inimputabilidade: A Terza Scuola também trouxe uma análise mais 
refinada sobre a imputabilidade, ou seja, a capacidade do indivíduo de entender o caráter 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
ilícito de seus atos e de agir conforme esse entendimento. Ela diferenciava aqueles que 
eram plenamente imputáveis dos inimputáveis, ou seja, aqueles que, por razões mentais 
ou psicológicas, não poderiam ser responsabilizados penalmente por seus atos. 
 
A Escola Clássica focou na responsabilidade individual e na retribuição e pena proporcional; a 
Escola Positivista, na análise científica, determinismo, defesa social e individualização da pena; e 
Escola Técnico-Jurídica tentou integrar esses dois mundos, buscando um equilíbrio entre a 
liberdade humana e os fatores determinantes do comportamento. 
 
Conceitos do Direito Penal . 
O Direito Penal é Sinônimo de Punir? 
O objetivo principal é proteger bens jurídicos fundamentais, como a vida, a liberdade e a 
propriedade. A punição é uma ferramenta para garantir essa proteção, mas o Direito Penal 
também busca prevenir crimes e ressocializar criminosos. Portanto, o Direito Penal não se 
resume à punição, mas regula a convivência social e promove a justiça. 
Como Estabelecemos uma Punição? 
1. Criação da Lei Penal: O legislador define o que é crime e as penas correspondentes, 
respeitando princípios constitucionais como legalidade, proporcionalidade e dignidade da 
pessoa humana. 
2. Julgamento: O Estado, por meio do Judiciário, conduz o processo para apurar as 
acusações contra o réu, garantindo o direito de defesa e o contraditório. 
3. Aplicação da Pena: Se o réu for condenado, o juiz aplica uma pena proporcional ao crime, 
buscando não só punir, mas prevenir a reincidência e ressocializar o condenado. 
Quem Faz o Direito Penal? – Criminalização Primária e Secundária 
● Criminalização Primária: É o processo pelo qual o legislador define quais condutas são 
crimes, decidindo politicamente quais comportamentos são lesivos aos bens jurídicos da 
sociedade. 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
● Criminalização Secundária: É a aplicação prática das leis penais pelas autoridades 
(policiais e judiciárias). Envolve a interpretação e execução das normas, podendo variar de 
acordo com fatores como discricionariedade e seletividade na aplicação da justiça. A 
sociedade, por meio do Ministério Público, juiz, júri, etc., avalia o caso concreto e aplica a lei. 
Qual o Objeto do Direito Penal? 
● Resguardo da Norma: A visão tradicional do Direito Penal foca na proteção das normas 
jurídicas que regulam a conduta social, garantindo a ordem e autoridade do Estado. 
● Proteção de Bens Jurídicos: A visão moderna entende que o Direito Penal protege valores 
essenciais à convivência social, como vida, integridade física, liberdade e propriedade. O 
Direito Penal só deve atuar quando esses bens estiverem ameaçados, e as punições devem 
ser proporcionais ao dano causado. 
Objetivo do Direito Penal 
O objetivo final do Direito Penal é a manutenção da coesão social e do status estabelecido, 
garantindo o cumprimento das normas que protegem bens jurídicos essenciais à sociedade. 
 
CONTROLE SOCIAL . 
O controle social é o conjunto de mecanismos e instituições que a sociedade utiliza para garantir 
conformidade dos indivíduos às normas e valores estabelecidos, tais quais leis e regulamentos. 
O Estado e a intervenção penal: O Estado, através de suas leis e instituições, exerce o controle 
social sobre a população, age quando todas as outras formas de controle social (incluindo as 
outras áreas do direito) não dão conta de agir sobre o ato. A intervenção penal é uma forma 
específica de controle, onde o Estado utiliza o Direito Penal para punir condutas consideradas 
lesivas à sociedade. Isso garante a manutenção da ordem pública e a proteção de bens jurídicos 
essenciais. 
 
Monopólio da Violência Estatal: Significa que o Estado é a única entidade autorizada a usar a 
força física legitimamente, seja para coagir, punir ou manter a ordem. No contexto penal, isso 
legitima o Estado a aplicar sanções criminais e executar penas. 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
Caráter Fragmentário do Direito Penal: O Direito Penal tem um caráter fragmentário porque não 
abrange todas as condutas imorais ou antiéticas, mas apenas aquelas que ameaçam bens 
jurídicos de maior relevância. Ele intervém apenas quando outras esferas do controle social 
(como normas morais ou civis) são insuficientes para garantir a ordem. 
 
 
● AXIOMAS 
São proposições ou afirmações fundamentais que são aceitas como verdadeiras sem a 
necessidade de prova; servem como base para sistemas de conhecimento, teorias ou disciplinas 
específicas. 
Recorte Espaço X Tempo: Onde e quando. Forma como o Direito Penal se aplica considerando 
as particularidades de espaço (jurisdição territorial) e tempo (vigência das leis). No Direito Penal, 
as leis têm um caráter temporal, significando que só se aplicam a fatos ocorridos durantesua 
vigência, respeitando o princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa. Além disso, as leis 
penais também são territoriais, aplicando-se dentro dos limites do espaço de jurisdição de um 
Estado. 
Qual o Propósito do Estado Democrático de Direito? Garantir a proteção dos direitos 
fundamentais, a aplicação justa das leis, e a limitação do poder estatal, especialmente no uso do 
Direito Penal. O papel limitado e garantista que o Direito Penal deve ter, evitando abusos e a 
criminalização desnecessária de condutas. 
A Constitucionalidade do Direito Penal: necessidade de que as normas penais e suas 
aplicações estejam em conformidade com a Constituição. 
 
TEORIAS DESLEGITIMADORAS DO DIREITO PENAL . 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
É uma corrente crítica que questiona a legitimidade do sistema penal como um instrumento de 
justiça e controle social. Ela argumenta que, ao invés de ser um meio eficaz para combater o 
crime e proteger a sociedade, o Direito Penal muitas vezes atua de forma injusta, seletiva e 
opressora. Nesse prisma, o direito penal, em vez de promover justiça, muitas vezes perpetua 
desigualdades sociais e marginaliza ainda mais as classes menos favorecidas 
Pena como Monopólio do Estado – Há resultados adequados em decorrência disto? 
Essas teorias criticam o fato de que o Estado tem o monopólio da punição, alegando que isso 
limita a capacidade das pessoas de resolver seus próprios conflitos. Segundo críticos como Louk 
Hulsman, o sistema penal centralizado subtrai dos cidadãos o poder de gerenciar situações - 
problema de forma mais justa e racional. O resultado disso é um sistema que, em vez de resolver 
conflitos, amplia o sofrimento e reforça a desigualdade social. 
● Michel Foucault 
O filósofo Michel Foucault, em sua obra "Vigiar e Punir", apresenta a ideia de que o sistema penal 
moderno não se preocupa mais em punir o corpo de forma ostensiva (como as punições públicas 
no passado), mas sim em disciplinar a mente e o comportamento dos indivíduos. A prisão, 
segundo Foucault, não surgiu para humanizar a pena, mas para tornar o controle mais eficiente, 
controlando não apenas as ações, mas também os pensamentos e a "alma" das pessoas. A partir 
dessa visão, muitos teóricos passam a defender o Abolicionismo Penal, que propõe a extinção do 
pensamento penal, embora não necessariamente da criminalização. 
TEORIAS ABOLICIONISTAS: 
Propõe a abolição do sistema penal como o conhecemos. Abolicionistas argumentam que o 
sistema de justiça criminal é inerentemente opressor e injusto, e que deve ser substituído por 
formas alternativas de resolução de conflitos. 
● Louk Hulsman(abolicionismo radical) 
o sistema penal reduz os problemas humanos complexos a categorias simplistas de crime e 
punição → suprime do cidadão a possibilidade de resolver os seus próprios problemas 
● Capacidade de Resolver Conflitos: Ele argumenta que o sistema penal retira da sociedade 
a capacidade de resolver seus próprios problemas, delegando ao Estado o monopólio da 
resolução de conflitos. 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
● Monopólio da Pena: Hulsman questiona por que o Estado deve ter o controle exclusivo sobre 
a punição, apontando que isso aumenta o sofrimento e dificulta o controle sobre o poder 
punitivo. 
● Defende também que o homem não é mau por natureza 
● Cifras Ocultas da Criminalidade: Ele destaca que a maior parte dos crimes não é punida. 
Ou seja, a impunidade é a regra e a criminalização é a exceção, revelando que o sistema 
penal é mais simbólico do que efetivo na promoção da segurança jurídica > É a ilusão de 
segurança jurídica 
 
● Thomas Mathiesen(abolicionismo marxista) 
vê o sistema penal como uma ferramenta de controle social usada pelas classes dominantes 
para manter a ordem 
● Revolução Permanente: Ele defende que o sistema penal é parte da estrutura de 
dominação capitalista, sendo utilizado para proteger interesses dos que estão no poder, e 
que raramente são punidos. 
● Seleção Penal: O sistema penal é altamente seletivo, punindo mais duramente as classes 
baixas enquanto as elites raramente são responsabilizadas. 
● Fim do Cárcere: Ele acredita que a sociedade deve avançar para o fim progressivo das 
prisões, buscando uma mudança de mentalidade que reduza a exploração e opressão 
capitalista. 
 
● Nils Christie(abolicionismo fenomenológico) 
Os sistema penal é desnecessário, visto que os conflitos devem ser resolvidos de maneira mais 
direta e comunitária 
● Participação Comunitária: Para Christie, as comunidades devem ter mais voz na resolução 
de conflitos, em vez de dependerem de especialistas e agentes estatais. Ele defende que a 
punição só deve ser aplicada quando o crime for realmente intolerável. 
● Afastamento dos Especialistas: Christie acredita que os especialistas no sistema penal 
(advogados, juízes, policiais) se tornaram distantes das realidades sociais, e isso prejudica 
a resolução justa dos problemas. A sociedade deveria se engajar diretamente na resolução 
dos conflitos 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
 
TEORIAS LEGITIMADORAS DO DIREITO PENAL . 
 
OBS: O BRASIL ADOTOU O FINALISMO (Finalidade voltada para a prática criminosa, avaliação de 
antijuridicidade (licito e ilicito)). 
 
As Teorias Legitimadoras do Direito Penal buscam justificar a existência e a aplicação das penas, 
explicando porquê o Estado tem o direito de punir. Assim, elas têm o objetivo de garantir uma 
justiça retributiva (pena proporcional ao crime cometido), de prevenir a ocorrência de novos 
crimes e, além disso, de reforçar a ordem social (manter a confiança da sociedade no sistema 
jurídico). 
1. Período Pré-Clássico 
Este período antecede o desenvolvimento das escolas clássica e positiva e tinha uma abordagem 
mais rudimentar e política sobre o Direito Penal. 
● Caráter mais político que jurídico: Visando controlar a sociedade, sem uma base jurídica 
sofisticada. 
● Liberalismo individual, contratualismo penal liberal: Influências do liberalismo e do 
contratualismo começam a surgir, com a ideia de que os indivíduos são livres e que o 
poder do Estado deve ser limitado por contratos sociais. 
● Jusnaturalismo: A crença de que existem direitos naturais 
● Crime como ente político e jurídico: O crime era visto tanto como uma transgressão às 
normas jurídicas quanto às políticas, com forte relação com o poder do Estado. 
● Utilitarismo: O Direito Penal era guiado pelo princípio da necessidade e utilidade. As penas 
eram justificadas pela sua utilidade para a sociedade (prevenir o mal), respeitando a 
legalidade e a proporcionalidade. 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
2. Escola Clássica 
A Escola Clássica se desenvolveu no século XVIII, fortemente influenciada pelo Iluminismo e pelo 
pensamento de autores como Cesare Beccaria e Jeremy Bentham. 
● Método lógico-abstrato: Utilizava um método mais teórico e filosófico, baseando-se na 
razão e nos princípios morais para entender o Direito Penal. 
● Doutrina do livre-arbítrio e liberdade moral: Parte do pressuposto de que os indivíduos são 
livres para escolher suas ações. Logo, se uma pessoa comete um crime, ela é moralmente 
responsável e deve ser punida por sua escolha consciente. 
● Jusnaturalismo: Continua a influência da ideia de direitos naturais; 
● Crime como ente jurídico: O crime é uma ofensa contra a lei, e não mais um ato contra a 
ordem política. 
● Retribucionismo: A pena tem caráter retributivo, ou seja, é uma resposta ao crime 
cometido. 
3. Escola Positiva 
A Escola Positiva surge no final do século XIX, em resposta à Escola Clássica. Ela foi fortemente 
influenciada por avanços nas ciências sociais e biológicas e autores como Cesare Lombroso. 
● Método experimental: Utiliza o método científico e empírico, baseando-se em dados e 
experimentos para entender o comportamento criminal. 
● Determinismo: As ações dos indivíduossão determinadas por fatores biológicos, 
psicológicos e sociais, e não pelo livre arbítrio. 
● Positivismo criminológico e social: envolve estudar o comportamento criminal de maneira 
científica. 
● Crime como fenômeno natural: O crime é visto como um fenômeno natural dentro da 
sociedade, e não apenas como uma violação de normas jurídicas. Os criminosos são, 
muitas vezes, vistos como "doentes" ou "desviantes" que precisam ser tratados, e não 
apenas punidos. 
● Estado de periculosidade como medida da pena: A pena é aplicada não tanto como 
retribuição moral, mas com base no grau de periculosidade do criminoso. A função da 
pena é proteger a sociedade, sendo um instrumento de defesa social. 
Resumo das Diferenças 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
● Período Pré-Clássico: Foco mais político do que jurídico; base no jusnaturalismo e 
utilitarismo; crime visto como uma violação política e jurídica. 
● Escola Clássica: Foco na responsabilidade moral e no livre-arbítrio; método filosófico; o 
crime é uma violação da norma jurídica; retributivismo. 
● Escola Positiva: Foco científico e determinista; o crime é um fenômeno natural, e o 
criminoso deve ser tratado com base em sua periculosidade; método empírico. 
 
Finalismo . 
A finalidade criminosa (dolo ou culpa) é analisada diretamente na conduta do agente, antes de 
se avaliar a antijuridicidade e a culpabilidade. A teoria finalista trouxe uma abordagem mais 
detalhada e criteriosa para a avaliação de crimes, centrando-se na intenção do agente e na 
finalidade de suas ações. 
● Hans Wezel 
Desenvolveu suas ideias no contexto da Alemanha após o regime nazista. Nesse momento, havia 
uma necessidade de reconstruir a teoria penal de forma que ela protegesse os direitos individuais 
e limitasse os abusos do Estado. O Finalismo surge como uma resposta a essa necessidade, 
proporcionando uma estrutura jurídica mais objetiva e estável. 
○ A conduta se dirige a um fim: 
O Finalismo entende que toda ação humana tem um objetivo. Ou seja, a conduta criminosa deve 
ser analisada com base na sua finalidade, ou no "fim" que o autor da ação pretendia atingir. Para 
julgar a culpabilidade de uma pessoa, é essencial entender qual era o objetivo daquela conduta. 
○ Predominância das bases jurídica-normativas ao invés das filosóficas: 
Passou a focar mais nas bases jurídicas e normativas (regras e princípios aplicáveis) do que em 
fundamentos filosóficos mais amplos ou subjetivos. Buscando uma maior segurança jurídica e 
objetividade à aplicação do direito, evitando interpretações excessivamente subjetivas ou 
ideológicas. 
○ Oposição à volatilidade da valoração neokantiana: 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
Wezel e os finalistas se opuseram ao neokantismo, que tinha uma visão mais subjetiva da 
aplicação do direito, valorizando o "dever-ser" e a interpretação valorativa do fato. Para Wezel, 
essa abordagem era muito fluida e incerta, porque dependia de valores mutáveis e subjetivos. 
Assim, ele defendia uma visão mais objetiva e estável do Direito Penal, que não variaria tanto de 
acordo com percepções pessoais ou culturais de valores. 
○ Estruturas Lógico-objetivas -> Objeto do Direito Penal: 
Propôs que o Direito Penal deveria se basear em estruturas lógico-objetivas, ou seja, um sistema 
de normas bem estruturadas e organizadas com lógica e clareza. Objetivismo (rejeita o subjetivismo 
neokantiano). 
○ Base Ontológica -> Conceito de Ação: 
Base ontológica (conceito de ação): a ação humana é vista como um comportamento voluntário 
dirigido a um fim 
○ difere de eventos naturais, pois envolve a escolha de meios e a previsão de 
consequências ○ a ação humana é sempre orientada com um propósito, de modo 
que o direito penal deve considerar a intenção e a finalidade da ação ao julgar a 
culpabilidade 
 
○ O Método Fenomenológico - Finalidade Humana. 
O Método Fenomenológico busca compreender a essência dos fenômenos, focando na 
experiência subjetiva e na percepção dos indivíduos → a intenção e a consciência do agente ao 
cometer um delito. Isso implica entender o dolo (intenção de causar um resultado) ou a culpa 
(negligência, imprudência ou imperícia que leva ao resultado). 
○ Juízo da Ilicitude: desvalor da ação e do resultado: 
Por fim, o Juízo da Ilicitude no Finalismo avalia o desvalor da ação (a gravidade da conduta em 
si) e o desvalor do resultado (o impacto ou dano causado). Ou seja, não basta analisar se a ação 
foi contrária à lei, mas também o grau de lesividade que essa ação causou à sociedade ou às 
vítimas. 
Gramática jurídico-penal 
A gramática jurídico-penal refere-se ao conjunto de regras e princípios que orientam a 
interpretação e aplicação do direito penal. 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
● O direito penal é instrumento de controle social 
● Iluminismo: construção do direito penal de base positivista (as leis devem ser criadas e 
aplicadas de forma racional e sistemática) → codificação das leis e criação de sistemas 
jurídicos mais claros e acessíveis 
○ promoveu a valorização da razão e da ciência, resultando na expansão do 
conhecimento ○ o direito natural passou a ser visto sob uma perspectiva 
antropocêntrica, focada na natureza humana e nos direitos inalienáveis dos 
indivíduos 
■ deixa de existir um direito natural religioso (Jusnaturalismo Teológico), que dá 
lugar ao Jusnaturalismo Antropocêntrico 
○ o direito penal, para ser legítimo, precisa diminuir a ofensa estatal → o cidadão 
precisa usufruir de sua liberdade 
● Feuerbach: tutela das liberdades individuais (o direito penal tem a responsabilidade de 
garantir que os cidadãos possam viver em segurança e liberdade) + contrato social (as leis 
penais devem refletir os valores e as necessidades da sociedade, protegendo tanto os 
direitos individuais quanto o bem-estar coletivo) 
A Teoria Causal Naturalista (Causalismo) vê a ação humana como um processo mecânico que 
causa uma modificação no mundo exterior. Nesse prisma, a ação é entendida como um 
movimento corporal voluntário que produz uma alteração na realidade, e o desvalor da conduta é 
avaliado com base nas consequências dessa ação. Dessa forma, o homem, a partir de sua 
conduta mecânica, descumpre o normativo que resguarda os interesses naturais 
● A sistematização no direito penal envolve a ordenação de elementos para a compreensão 
do sistema jurídico 
● A ação é vista sob uma perspectiva física, semelhante à mecânica newtoniana → a ação é 
um evento que causa uma alteração no estado das coisas no mundo exterior 
● O conceito psicológico da culpabilidade é biologicista, focando nos aspectos internos do 
agente (intenção e vontade) 
● Rudolph Von Ihering (1867) → introduziu a distinção entre ilícito objetivo é ilícito subjetivo ○ 
ilícito objetivo: expectativas que o direito penal constrói → as previsões legais que 
determinam o que é considerado um comportamento ilícito ○ ilícito subjetivo: considera as 
intenções e motivações do agente 
● Von Liszt → sistematização do direito penal 
○ injusto: violação de normas jurídicas que protegem bens jurídicos fundamentais 
(conduta que contraria o ordenamento jurídico) ○ culpabilidade: importância do 
comportamento do agente na avaliação da culpabilidade 
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● Ernst Beling → sistematização do direito penal 
○ tipo: aquilo que está estabelecido na lei como crime ○ antijuridicidade: violação 
direta de uma norma legal 
● Karl Binding argumentou que o bem jurídico é preexistente à norma (o direito é porque é) e 
que o direito penal deve proteger aquilo que o legislador considera merecedor de proteção 
penal 
○ o direito penal existe para proteger valores fundamentais da sociedade, 
independentemente de sua condição específica 
Resumo: 
Hans Wezel, com o Finalismo, trouxe uma abordagem objetiva e clara para o Direito Penal, que 
visa julgar a conduta criminosa com base em seus fins e na realidade objetiva da ação. Ele se 
opôsà subjetividade do Neokantismo e propôs um sistema baseado em estruturas 
lógico-objetivas, que limitam a discricionariedade do legislador e buscam garantir que o Direito 
Penal seja justo e adequado à natureza das ações humanas. A análise da culpabilidade (dolo e 
culpa) e o juízo da ilicitude (desvalor da ação e do resultado) são centrais para essa teoria. 
Neokantismo no Direito Penal . 
Busca superar o positivismo sem rejeitar totalmente seus princípios. Suas características 
principais incluem: 
➔ Distinção das Ciências pelo Método: Valoriza a metodologia científica na análise jurídica. 
Assim, no campo do Direito, deve-se adotar um método adequado ao seu objeto, que não é 
físico ou natural, mas sim normativo e valorativo, relacionado às normas e valores da 
sociedade 
➔ Superação do Positivismo: Mantém aspectos do positivismo, mas incorpora elementos de 
valor e ética. 
➔ Supervalorização do Dever-Ser: Foca nas obrigações e responsabilidades morais além das 
normas jurídicas. 
➔ Objetivo: Compreensão Valorativa do Jurídico: Ao invés de apenas classificar e definir as 
leis de forma rígida e mecânica, como no positivismo, o Neokantismo busca compreender o 
conteúdo por trás das normas jurídicas. Isso significa que, além de interpretar o texto da lei, 
é necessário entender os valores, os objetivos e os fins que essas normas buscam alcançar 
na sociedade. 
◆ Vai além da simples definição formal ou explicação causal do positivismo que se 
preocupa em explicar como o Direito funciona de forma objetiva e sistemática. 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
◆ Leva em consideração a dimensão valorativa do jurídico (contudo, não coloca essa 
dimensão como um objeto de estudo) -> Subjetividade. Isso significa que os valores 
estão implícitos na interpretação do Direito, mas o foco principal ainda é na análise 
das normas e dos fenômenos jurídicos. 
➔ Escola de Baden 
Ela argumentava que o Direito não se restringe a uma simples realidade empírica. Ao contrário, o 
Direito reflete uma realidade cultural, composta por valores e significados. Assim, o Direito deve 
ser compreendido como parte de uma cultura que busca atingir determinados fins sociais e 
morais. 
Valores que buscam atingir certos fins (Teleologia: explica os fenômenos a partir dos seus fins ou 
propósitos) 
No Neokantismo, os valores não são arbitrários, mas estão direcionados a alcançar certos 
objetivos ou fins específicos. No Direito, isso significa que as normas são vistas como meios para 
atingir certos fins sociais, como a justiça, a ordem e a proteção dos direitos humanos. 
➔ Causalidade e Culpabilidade no Neokantismo 
O Neokantismo trouxe uma nova compreensão para a noção de causalidade e culpabilidade no 
Direito Penal. A causalidade no positivismo é uma relação objetiva de causa e efeito, onde se 
analisa o que causou um crime. E a intencionalidade e a compreensão subjetiva da ação, levando 
em conta os motivos e valores envolvidos na conduta criminosa. Isso permite uma avaliação mais 
profunda da culpabilidade do agente, considerando suas intenções e valores ao cometer o crime. 
➔ Ernst Mayer e Stammler: Cultura anterior já determina o bem jurídico 
Juristas como Ernst Mayer e Stammler argumentaram que o bem jurídico — ou seja, o interesse 
protegido pelo Direito Penal — é determinado pela cultura pré-existente de uma sociedade. Isso 
significa que, antes mesmo da criação de normas, a cultura já define o que é considerado 
importante e digno de proteção. No entanto, essa abordagem também traz uma dificuldade, pois 
a supervalorização dos valores culturais pode prejudicar a precisão necessária para a aplicação 
prática do Direito Penal. 
Conclusão 
O Neokantismo trouxe uma nova perspectiva para o Direito Penal ao introduzir a análise de 
valores e intencionalidades na compreensão das normas. Ao mesmo tempo, ele não rejeita o 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
positivismo, mas busca ir além, integrando a ética, a moral e a cultura nas interpretações 
jurídicas. Contudo, a ênfase nos valores subjetivos também gera desafios, principalmente no que 
diz respeito à precisão e objetividade na aplicação das normas penais. 
 
Funcionalismo Teleológico - Roxin . 
Proposto por Claus Roxin, é uma teoria que busca orientar o Direito Penal de maneira que suas 
normas e aplicação tenham como objetivo final a proteção de valores fundamentais para a 
sociedade. Ele se baseia na ideia de que o Direito Penal não deve apenas seguir normas de 
maneira formal, mas sim garantir que essas normas atendam a determinados fins, 
principalmente aqueles que são importantes do ponto de vista político e social. 
➔ Construção sistemática de conceitos para a dogmática jurídico-penal 
Construção de conceitos jurídicos de forma sistemática, ou seja, coerente e lógica dentro de um 
sistema maior. Esses conceitos são fundamentais para a dogmática jurídico-penal, que é o 
conjunto de teorias e interpretações usadas para estruturar e aplicar o Direito Penal. 
➔ Decisões valorativas político-criminais no sistema do direito penal 
Direito Penal devem considerar valores político-criminais. Ou seja, as leis penais devem ser 
aplicadas de modo a refletir os valores que são importantes para a sociedade. Isso significa que 
as decisões judiciais e legislativas em matéria penal precisam estar de acordo com o que a 
sociedade vê como justo e necessário. 
Esses valores político-criminais são, em essência, os objetivos que a sociedade espera que o 
Direito Penal alcance, como a proteção da vida, da liberdade, da propriedade e a garantia da 
ordem social. Portanto, o Direito Penal deve ser adaptado a esses fins. 
➔ O Direito Penal deve analisar os efeitos que produz na sociedade 
O Direito Penal não deve ser alheio aos efeitos que produz na sociedade. Em outras palavras, as 
normas penais e suas aplicações devem ser constantemente avaliadas em termos de suas 
consequências práticas. Se as leis penais estão sendo aplicadas de maneira que não alcançam 
seus objetivos — por exemplo, se não estão reduzindo a criminalidade ou protegendo 
efetivamente os bens jurídicos —, então é necessário reformá-las ou interpretá-las de maneira 
diferente. 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
O sistema penal não deve ser uma mera aplicação automática de regras, mas sim um 
mecanismo que alcança resultados práticos na sociedade. 
➔ Configuração teleológica do sistema penal 
O termo teleológico refere-se à "finalidade" ou "propósito". Nesse contexto, Roxin argumenta que o 
sistema penal deve ser configurado com base em suas finalidades, ou seja, nas metas que ele 
pretende alcançar. As soluções jurídicas, portanto, não devem ser encontradas apenas na 
aplicação literal das normas, mas sim em uma interpretação que leve em consideração as 
finalidades valorativas que o Direito Penal busca proteger. 
Se, em um caso concreto, a aplicação literal da lei não resulta em uma solução justa ou eficaz, 
pode-se recorrer a princípios garantistas (que protegem direitos fundamentais) e aos fins do 
sistema penal para alcançar uma decisão mais adequada. Isso traz uma flexibilidade maior para 
o sistema penal, permitindo que ele se adapte às necessidades da sociedade. 
➔ Abandono de análises estritamente positivistas 
O positivismo jurídico foca na aplicação da lei como está escrita, sem levar em consideração 
questões de valor ou moral. No Funcionalismo Teleológico, Roxin sugere que as análises 
estritamente positivistas, que olham apenas para a norma de forma formal e objetiva, não são 
suficientes para um sistema penal eficiente. Ele defende que o Direito Penal deve incorporar os 
fins valorativos que a sociedade espera alcançar, como a redução da criminalidade e a proteção 
dos bens jurídicos. 
➔ Resgate da tradição metodológica do Neokantismo 
Corrente filosófica que valoriza o estudo dos valores e da ética. O Neokantismo defendia que o 
direito deve levar em consideração os valores morais e sociais ao lado das normas.Ao trazer isso 
para o Direito Penal, Roxin propõe uma abordagem que combina a análise dos fatos e das normas 
com a consideração de valores essenciais. 
➔ Finalidades valorativas: aquilo que é visto pela sociedade como fundamental 
O Direito Penal deve proteger valores fundamentais da sociedade. Esses valores são chamados 
de finalidades valorativas, e incluem, por exemplo, a preservação da vida, da liberdade e da 
dignidade humana. 
➔ Política Criminal: como é legítima a aplicação do Direito Penal? 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
Política Criminal é o conjunto de diretrizes e estratégias que orientam como o Direito Penal deve 
ser aplicado para alcançar seus objetivos sociais. Roxin propõe que o Direito Penal só é legítimo 
quando sua aplicação está em consonância com os fins que ele busca atingir, como a proteção 
da sociedade e a redução da criminalidade. A aplicação do Direito Penal deve ser direcionada 
por uma política que busque o bem comum, e não simplesmente a punição pelo ato em si. 
◆ Finalidade do Direito Penal: melhorar os indicadores de crime, ou seja, reduzir 
efetivamente as taxas de criminalidade e garantir que as normas penais tenham um 
impacto positivo na sociedade.. 
Conclusão 
O Funcionalismo Teleológico de Roxin traz uma visão dinâmica e orientada a resultados do Direito 
Penal, onde as leis não são meramente aplicadas de maneira formal, mas são interpretadas com 
base nos valores fundamentais da sociedade. Ele defende uma abordagem flexível, que permite 
ajustes no sistema penal para que ele esteja sempre alinhado aos fins sociais e políticos que o 
legitimam, como a redução da criminalidade e a proteção dos direitos fundamentais. 
 
Garantismo penal . 
O Garantismo Penal é uma corrente teórica que busca limitar a intervenção do direito penal, 
assegurando que ele seja utilizado apenas como último recurso → ligado à proteção dos direitos 
fundamentais e à restrição do poder punitivo do Estado (redução da amplitude do direito penal). 
Seus princípios são: 
1. Legalidade: nenhum ato pode ser considerado crime sem uma lei prévia que o defina como 
tal → previsibilidade e segurança jurídica 
2. Culpabilidade: punição deve ser baseada na culpa do indivíduo (não leva em 
consideração presunções ou responsabilidades objetivas) 
3. Proporcionalidade: As penas devem ser proporcionais à gravidade do delito 
4. Intervenção mínima: o direito penal deve ser utilizado apenas quando estritamente 
necessário → evitar a criminalização excessiva de condutas 
5. Presunção de inocência: todo indivíduo é considerado inocente até a prova em contrário → 
julgamento justo e imparcial 
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O Funcionalismo Redutor, desenvolvido por Eugenio Raúl Zaffaroni, é uma abordagem crítica ao 
direito penal, que busca limitar a intervenção punitiva do Estado, enfatizando a proteção dos 
direitos humanos e a redução dos danos causados pelo sistema penal 
● Teoria Agnóstica da Pena: questiona as finalidades tradicionais atribuídas à pena, como a 
retribuição e a prevenção 
○ busca reduzir a violência e os danos causados pela aplicação da pena, propondo 
alternativas que não envolvam a privação de liberdade, exceto em casos 
excepcionais 
● Teoria da inatingência: o direito penal deve ser utilizado de forma restrita, apenas quando 
estritamente necessário 
○ direito penal como instrumento para conter o poder punitivo → rio caudaloso 
(grande volume em movimento constante) 
● Teoria da vulnerabilidade: a seletividade penal tende a punir mais severamente os grupos 
sociais vulneráveis → a teoria busca reduzir essa desigualdade 
● Culpabilidade e autodeterminação: a culpabilidade é vista sob uma perspectiva 
sociológica e antropológica, reconhecendo a liberdade de ação do indivíduo, mas também 
suas limitações impostas pelo contexto social 
● Tipicidade conglobante: considera não apenas a conduta isolada, mas também o contexto 
em que ela ocorre, para determinar se há realmente um delito 
O Funcionalismo Teleológico, desenvolvido por Claus Roxin, é uma abordagem que busca 
interpretar o direito penal com base em suas finalidades e funções sociais 
● Finalidade do direito penal: o direito penal deve ser orientado por princípios de política 
criminal 
○ visa proteger bens jurídicos essenciais para a convivência social harmoniosa 
● O direito penal deve ser aplicado de forma restrita → apenas quando necessário 
● Tipicidade material: relevância material do delito → a conduta deve causar uma lesão ou 
perigo significativo ao bem jurídico protegido 
● A interpretação das normas penais deve considerar tanto os princípios de política criminal 
quanto a dogmática penal → soluções justas e equilibradas 
● A responsabilidade penal é vista como uma combinação da culpabilidade do agente e a 
necessidade preventiva da pena 
O Funcionalismo Sistêmico, de Gunther Jakobs, baseia-se na teoria dos sistemas do sociólogo 
Niklas Luhmann 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
● O conceito de sistema autopoiético, originado por Niklas Luhmann, descreve sistemas que 
são capazes de se autogerar e se manter através de suas próprias operações → o sistema 
jurídico é autorreferente e autônomo, funcionando de acordo com suas próprias regras e 
processos 
● A principal função do direito penal é garantir a vigência das normas jurídicas → pena como 
estabilizador do sistema 
● Enfatiza a manutenção do sistema normativo como um todo → proteção do sistema 
normativo 
○ vai de encontro ao funcionalismo teleológico, que foca na proteção de bens jurídicos 
● A conduta criminosa é vista como uma violação das expectativas normativas → não 
necessariamente como uma lesão a um bem jurídico específico 
○ crime como transgressor das expectativas 
● Teoria da vulnerabilidade: tal qual Zaffaroni, Jakobs reconhecer a seletividade do sistema 
penal, mas sua abordagem foca na manutenção da ordem social através da punição de 
condutas que violam normas estabelecidas 
O Movimento Lei e Ordem é uma política criminal que defende a aplicação rigorosa das leis 
penais e a criação de novos tipos penais para combater a criminalidade crescente 
● Recrudescimento penal: penas mais severas e aplicação rigorosa das leis existentes → 
garantir a segurança pública 
● Superencarceramento: aumento do número de prisões como forma de dissuadir a 
criminalidade e manter a ordem 
● Prisão provisória como resposta imediata a crimes graves, mesmo antes do julgamento 
● Política de tolerância zero visa punir até mesmo infrações menores para prevenir crimes 
mais graves 
SEGURANÇA PÚBLICA . 
Art 144/CF: A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida 
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através 
dos seguintes órgãos 
I. Polícia Federal (PF): Atua na defesa dos interesses da União. Investiga crimes contra a 
ordem política e social, tráfico de drogas, contrabando, entre outros. 
II. Polícia Rodoviária Federal (PRF): Responsável pela fiscalização das rodovias federais e pela 
segurança do trânsito nessas vias. 
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III. Polícia Ferroviária Federal: Cuida da segurança em ferrovias federais, embora sua atuação 
seja menos visível no cenário atual. 
IV. Polícias Civis: Realizam investigações criminais e inquéritos policiais em âmbito estadual. 
V. Polícias Militares (PM): Fazem o policiamento ostensivo e preventivo para manter a ordem 
pública. A atuação é imediata e de prevenção de crimes. 
VI. Polícias Penais (Federais, Estaduais e Distritais): Atuam na segurança de presídios, 
cuidando de presos e executando a ordem penal. 
 
● Ordem Pública 
A ordem pública refere-se ao estado em que a sociedade vive em tranquilidade, sem 
perturbações que coloquem em riscoas pessoas ou o patrimônio. É um conceito fundamental 
para a manutenção da paz social. 
● A ordem pública também é um requisito para prisão preventiva, ou seja, pode-se pedir a 
prisão de alguém se essa pessoa representar uma ameaça à ordem pública. 
 
● Incolumidade das Pessoas 
Refere-se à proteção da integridade física e da vida das pessoas, garantindo que estejam 
seguras, vivas e saudáveis. 
● Patrimônio 
A segurança pública tem o dever de proteger o patrimônio das pessoas e do Estado, garantindo 
que não sejam roubados, destruídos ou danificados. Isso significa que, além de proteger a vida e 
a integridade física das pessoas, a polícia e os órgãos de segurança pública também devem agir 
para preservar os bens que pertencem a elas. 
● Diferença entre a PF, a PM e a Polícia Judiciária 
 
○ PF: interesses da união 
○ PJ: Atua com o propósito de realizar as investigações criminais após cometido o 
crime 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
○ PM: Cuidado imediato - quem, de forma direta, promove a tutela da díade de 
segurança pública - quem atua diretamente para manter a ordem pública - 
policiamento preventivo, ostensivo, direto -.Não faz, normalmente, investigações, 
salvo quando um policial militar comete crimes militares impróprios (não estão no 
Código Penal Militar, mas nas leis específicas), menos quando o policial militar mata 
um civil 
○ PRF: Salvaguardar as rodovias federais 
○ Corpo de Bombeiros Federais: Sua atuação dirige-se à atuação de atos de defesa 
civil, MAS NÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA 
○ TODAS AS POLÍCIAS, AO IDENTIFICADA A PRÁTICA CRIMINOSA, ATUAM DE FORMA DIRETA 
PARA COMBATÊ-LA 
 
● Segurança Nacional e Segurança Pública 
○ Segurança Nacional: Relaciona-se com a proteção dos interesses do país contra 
ameaças externas ou internas que possam comprometer a estabilidade nacional. 
○ Segurança Pública: Tem como foco a manutenção da ordem pública e a proteção 
das pessoas e do patrimônio no dia a dia, sendo um dever do Estado e uma 
responsabilidade compartilhada. 
○ Segurança Cidadã: Refere-se à segurança implementada em nível local, muitas 
vezes com a integração de políticas setoriais (educação, saúde, habitação) 
voltadas para a prevenção da criminalidade e melhoria da convivência social. 
 
GOVERNANÇA: 
● Governança pública 
A governança pública é definida como o conjunto de mecanismos utilizados para garantir que a 
gestão pública funcione de maneira eficiente, transparente e responsável. O Decreto nº 9.203/2017 
estabelece diretrizes para a governança no setor público brasileiro, com o objetivo de melhorar a 
tomada de decisões e o desempenho na condução de políticas públicas e prestação de serviços 
à sociedade. 
Governança Pública envolve três pilares principais: 
1. Liderança: Capacidade de liderar e inspirar confiança na administração pública. 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
2. Estratégia: Direcionamento estratégico das ações públicas para atingir metas de interesse 
público. 
3. Controle: Monitoramento e avaliação das ações para garantir que estejam sendo 
executadas corretamente e de acordo com os objetivos. 
● Tipos de Governança 
1. Governança Nodal 
○ Neste modelo, não há um centro de poder ou autoridade central que tome decisões. 
A governança ocorre por meio de nós de poder distribuídos em diferentes partes da 
sociedade ou organizações. Cada nó contribui para a governança de maneira mais 
autônoma e independente. 
○ Exemplo: Redes descentralizadas de organizações ou movimentos sociais, onde não 
há uma única entidade que domina ou lidera. 
2. Pluralismo Ancorado (Governança Vertical) 
○ O Estado atua como o ente central responsável pela regulamentação e 
coordenação das ações. Isso significa que, embora possa haver participação de 
diversos setores sociais (como em uma democracia), o Estado tem a palavra final 
nas decisões mais relevantes. 
○ Brasil adota esse tipo de governança: há espaço para diálogo e participação de 
diferentes setores, mas a decisão final é tomada por uma autoridade central, como 
o governo ou uma instituição pública. 
○ A ideia é que o Estado organize e gerencie as diferentes opiniões e interesses, 
mantendo o controle final sobre as decisões. 
3. Governança em Rede 
○ Neste modelo, a governança é mais horizontal, baseada em dinamismo, interação 
e sobreposição de funções entre diferentes atores. Todos os envolvidos têm 
participação igualitária e as decisões são tomadas de forma mais colaborativa e 
distribuída. 
○ Exemplos: Governança em ambientes internacionais, onde diversos países ou 
organizações compartilham responsabilidades sem uma autoridade central 
dominante. 
Contexto Brasileiro: O Brasil não possui maturidade suficiente para uma governança em 
rede, devido à complexidade e à necessidade de imposição de autoridade em certas áreas. Isso 
torna o pluralismo ancorado mais adequado, pois permite coordenação centralizada e, ao 
mesmo tempo, participação democrática na formulação de políticas públicas, mas o Estado 
centraliza a decisão final sobre as políticas públicas e diretrizes de governança. 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
 
O Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) 
Visa criar uma arquitetura uniforme para a segurança pública no Brasil, promovendo a interação 
e o compartilhamento de dados entre os diversos órgãos de segurança (operações integradas). 
Estabelece metas específicas para diferentes áreas, que são organizadas em grupos. 
● Grupo 1 - mortes violentas 
○ meta 1: reduzir a taxa nacional de homicídios 
○ meta 2: reduzir a taxa nacional de lesão corporal seguida de morte 
○ meta 3: reduzir a taxa nacional de latrocínio 
○ meta 4: reduzir a taxa nacional de mortes violentas de mulheres (feminicídio) 
○ meta 5: reduzir a taxa nacional de mortes no trânsito 
● Grupo 2 - proteção dos profissionais de segurança pública 
○ meta 6: reduzir o número absoluto de vitimização de profissionais de segurança 
pública 
○ meta 7: reduzir o número absoluto de suicídio de profissionais de segurança pública 
● Grupo 3 - roubo e furto de veículos 
○ meta 8: reduzir a taxa nacional de furtos de veículos 
○ meta 9: reduzir a taxa nacional de roubo de veículos 
● Grupo 4 - sistema prisional 
○ meta 10: aumentar o número de vagas do sistema prisional 
○ meta 11: aumentar o número de presos exercendo atividade laboral (exercidas no 
local de trabalho) 
○ meta 12: aumentar o número de presos exercendo atividades educacionais 
● Grupo 5 - ações e prevenção de desastres e acidentes 
○ meta 13: atingir o índice das Unidades locais devidamente certificadas, através de 
Alvarás de licença (ou equivalente) emitidos pelos Corpos de Bombeiros 
 
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL . 
Os Princípios do Direito Penal são a viga mestra do sistema jurídico, servindo como base para a 
criação, interpretação e aplicação das normas penais. 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
Possuem uma tríplice dimensão: Fundamentadora (servem como base para a criação das 
normas penais, garantindo que estas estejam alinhadas com os valores e direitos fundamentais 
da sociedade), Orientadora (orientam a interpretação e aplicação das normas penais, ajudando 
juízes e operadores do direito a tomar decisões justas e coerentes) e Crítica (permitem a crítica e 
a revisão das normas penais, assegurando que estas não violam direitos fundamentais e estejam 
sempre atualizadas com o valores sociais). 
● Princípio (norma de caráter mais geral e abstrato, que orienta a criação e aplicação das 
regras) x Regra (norma específica e concreta, que determina comportamentos precisos) 
● A Constitucionalização do Direito Penal é a incorporação dos princípios constitucionais no 
direito penal, visando a contenção do poder punitivo do Estado 
○ normas penais devem estar em conformidade com os direitos e garantias 
fundamentais previstos na Constituição → limitar abusos e excessos do poder 
punitivo 
● Princípio da LegalidadeEle estabelece que não há crime sem uma lei prévia que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal. Este princípio tem a função essencial de proteger as liberdades individuais, 
garantindo que ninguém seja punido por um ato que não esteja claramente definido como crime 
por uma lei anterior 
● Origem histórica 
○ Idade Média: A Magna Carta (1215) é um dos primeiros documentos a estabelecer 
limites ao poder do rei, exigindo que as punições fossem baseadas em leis 
pré-existentes 
○ Iluminismo: A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) reforçou a 
importância do Princípio da Legalidade, afirmando que ninguém pode ser acusado, 
preso ou detido senão nos casos determinados pela lei 
● Características da Lei Penal 
○ deve ser formalmente escrita (preconizada), garantindo que todos tenham acesso 
ao seu conteúdo 
○ a interpretação deve ser estrita (Constituição), sem analogias que possam ampliar o 
alcance das normas penais 
○ deve ser certa (específica), evitando ambiguidades que possam prejudicar a 
segurança jurídica 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
○ deve ser anterior ao direito (fato que se pretende punir), de modo que garanta que 
ninguém seja punido por um ato que não era considerado crime no momento em 
que foi praticado 
A Medida Provisória é uma norma jurídica de competência exclusiva do Presidente da República 
com força de lei ordinária, decorrente de situações de urgência e com produção de efeitos desde 
sua edição (deve ser submetida ao Congresso Nacional para aprovação, modificação ou 
rejeição). 
● Princípio da Taxatividade 
Exige que a lei penal seja clara e específica na definição das condutas criminosas. Este princípio 
visa garantir a segurança jurídica e a previsibilidade das normas penais, evitando interpretações 
amplas ou subjetivas que possam prejudicar os direitos dos cidadãos. 
➔ A lei precisa ser clara, definindo especificamente as condutas criminais desvaloradas 
→ conceitos vagos e imprevistos não objetificam o núcleo da proibição 
● Princípio da Anterioridade 
Estabelece que uma lei penal só pode ser aplicada a fatos ocorridos após a sua entrada em vigor. 
Dessa forma, para que uma conduta seja considerada crime, deve haver uma conduta anterior 
que a defina como tal. 
➔ Irretroatividade (a lei penal não pode retroagir para prejudicar o réu; uma nova lei que cria 
um crime ou aumenta a pena não pode ser aplicada a fatos ocorridos antes de sua 
vigência) x Retroatividade Benéfica (a lei penal pode retroagir para beneficiar o réu; se uma 
nova lei descriminaliza uma conduta ou reduz a pena, ela pode ser aplicada a fatos 
ocorridos antes de sua vigência) 
● Princípio da Intervenção Mínima 
Define que a intervenção do direito penal deve ser a mínima necessária, mas com máxima 
efetividade, para proteger bens e direitos fundamentais da sociedade. 
➔ Responsabilização justa e adequada na tutela de bens e direitos fundamentais → 
assegura que a punição seja proporcional ao delito 
➔ Última camada, recurso para o pacto civilizatório é o Direito Penal 
● Princípio da Subsidiariedade 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
Estabelece que o direito penal deve ser utilizado apenas quando não houver outros meios mais 
adequados para a solução do conflito. Assim, o direito penal é subsidiário a todos os demais 
ramos do direito, sendo acionado somente como última opção. 
➔ Antes de recorrer ao direito penal, deve-se avaliar se existem meios mais idôneos e menos 
gravosos para resolver o conflito, garantindo a proteção dos bens jurídicos de forma 
proporcional e justa 
● Princípio da Fragmentariedade 
Prevê que o direito penal deve tutelar apenas os bens jurídicos fundamentais (aqueles essenciais 
para a convivência social e a proteção dos direitos individuais). Este princípio reforça a ideia de 
que o direito penal deve ser utilizado de forma seletiva e restrita. 
➔ Direito Penal tutela apenas os bens jurídicos fundamentais → vida, liberdade, 
integridade física, patrimônio e dignidade humana 
 
● Princípio da Lesividade 
Estabelece que para que uma conduta seja punível, ela deve causar uma lesão efetiva a um bem 
jurídico protegido, atuando como um limite material ao poder punitivo do Estado (impede a 
criminalização excessiva e arbitrária de condutas). 
➔ Ofensividade (lesão efetiva ao bem jurídico): a conduta deve causar um dano concreto ou 
colocar em risco real um bem jurídico protegido 
 
● Princípio da Exteriorização 
Estabelece que o direito penal só pode punir ações ou omissões concretas que se materializam no 
mundo real (simples pensamentos ou intenções não são puníveis). 
➔ Materialização do fato: a conduta deve se manifestar externamente através de ações ou 
omissões concretas → simples cogitação não é punida 
 
● Princípio da Alteridade 
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Estabelece que o direito penal só deve punir condutas que causem dano a terceiros (ninguém 
pode ser punido por causar mal apenas a si mesmo). 
➔ A autolesão e a tentativa de suicídio não são puníveis (atingem apenas a própria pessoa) 
○ uso de entorpecentes foi descriminalizado, pois a conduta é considerada autolesão 
➔ Respeito à Convivência assegura que apenas as condutas que ferem a integridade de 
outras pessoas sejam punidas, promovendo uma convivência social baseada no respeito 
aos direitos alheios 
 
● Princípio do Direito Penal do Fato 
Define que o direito penal deve punir as condutas praticadas pelos indivíduos, e não as 
características pessoais ou a condição do autor (pune-se o fazer, não quem fez). Este princípio é 
fundamental para garantir que a responsabilização penal seja justa e baseada em ações 
concretas que lesam bens jurídicos protegidos. 
➔ Embora a reincidência possa influenciar a dosimetria da pena, a base da punição continua 
sendo a conduta específica praticada pelo indivíduo. 
➔ Direito Penal do Autor (punição baseada nas características pessoais, antecedentes, estilo 
de vida ou condição social do autor) x Direito Penal do Fato (punição baseada na conduta 
concreta que lesou um bem jurídico) 
 
● Princípio da Culpabilidade 
Estabelece que a punição deve ser baseada na responsabilidade pessoal ou subjetiva do agente. 
Este princípio garante que a penalização seja justa e proporcional. 
➔ Avanço do causalismo trouxe uma mudança significativa na forma de responsabilização 
penal, focando na responsabilidade pessoal ou subjetiva 
◆ para que alguém seja punido, é necessário verificar a intenção (dolo) ou a culpa do 
agente 
➔ Dolo (quando o agente tem a intenção de cometer o crime ou assume o risco de 
produzi-lo) ou Culpa (quando o agente causa o resultado por negligência, sem intenção de 
cometer o crime) 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
 
● Princípio da Proteção Exclusiva ao Bem Jurídico 
Estabelece que o direito penal deve tutelar apenas os bens jurídicos essenciais ou fundamentais, 
aqueles indispensáveis para a convivência social e a proteção dos direitos individuais, garantindo 
que a intervenção penal seja limitada e focada na proteção de valores realmente importantes. 
➔ O direito penal deve respeitar a esfera de autodeterminação legal dos indivíduos, intervindo 
apenas quando há uma lesão ou ameaça significativa a bens jurídicos fundamentais 
➔ Tutela-se apenas os direitos essenciais / fundamentais 
 
● Princípio da Insignificância 
Define que o direito penal não deve se ocupar de condutas que apresentem mínima ofensividade, 
inexpressiva lesão jurídica, ausência de periculosidade social e reduzido grau de reprovabilidade. 
Este princípio visa evitar a criminalização de comportamentos que não afetam significativamente 
os bens jurídicos protegidos. 
➔ Mínima ofensividade da conduta → a ação ou omissão deve ser de tal natureza que não 
cause um impacto relevante no bem jurídico protegido 
➔ Inexpressividade da lesão jurídica → a lesão ou ameaça ao bem jurídico deve ser 
insignificante 
➔ Ausência de periculosidade social da ação → a conduta não deve representar um perigoreal ou potencial para a sociedade 
➔ O comportamento deve ser de baixa reprovabilidade 
 
➔ Princípio da Adequação Social 
Estabelece que o direito penal deve considerar a evolução social e os valores aceitos pela 
sociedade ao definir quais condutas são puníveis. Este princípio orienta o legislador a focar na 
tutela de direitos essenciais e fundamentais, garantindo que a legislação penal esteja em sintonia 
com as mudanças e os valores sociais. 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
➔ Evolução social: as normas penais devem refletir as transformações e os valores da 
sociedade 
➔ Tutela-se apenas os direitos essenciais / fundamentais 
 
● Princípio da Proporcionalidade 
Estabelece que a resposta penal deve ser adequada à gravidade da violação ao bem jurídico 
protegido. Este princípio busca assegurar que as penas sejam justas e equilibradas, evitando 
tanto o excesso quanto a insuficiência na proteção dos direitos. 
➔ Avaliação sobre a violação ao bem jurídico: a punição deve ser proporcional à gravidade 
da conduta e ao dano causado ao bem jurídico protegido 
◆ justa medida → a pena deve ser adequada e suficiente para cumprir sua função de 
prevenção e repreensão 
➔ Vedação ao Excesso → veda a aplicação de penas que sejam excessivamente severas em 
relação à gravidade do crime 
➔ Vedação da proteção insuficiente → veda a aplicação de penas que sejam insuficientes 
para proteger o bem jurídico e prevenir novas infrações 
 
 
 
 
 
POLY OLIVEIRA - T2A - 2024 
	1° UNI - CADERNO DIREITO PENAL I - MIRELLA BRITO 
	 POLYANA OLIVEIRA T2A 
	●​Idade Antiga ou Antiguidade 
	Quando as primeiras civilizações organizadas começaram a se formar, e com elas, surgiu a necessidade de estabelecer normas e punições para regular a convivência social. 
	Teoria da Pena na Antiguidade - TEXTO DE FELIPE CALDEIRA 
	Reação Social 
	●​Idade Moderna ou Modernidade 
	As penas na Idade Moderna passaram a ser vistas através da lente da racionalidade e proporcionalidade. Isso significava que as punições deveriam ser adequadas ao delito cometido, nem excessivamente severas, nem indulgentes demais. A ideia era que a pena deveria servir como uma forma de prevenção e de retribuição justa, respeitando os direitos do indivíduo e o princípio de que a punição deveria ser suficiente para impedir a reincidência, mas sem ultrapassar os limites do necessário. 
	Escolas Penais: Clássica, Positivista e Técnico-Jurídica 
	➔​Escola Clássica 
	➔​Escola Positivista (determinista) 
	➔​Escola Técnico-Jurídica (Terza Scuola) 
	O Direito Penal é Sinônimo de Punir? 
	Como Estabelecemos uma Punição? 
	Quem Faz o Direito Penal? – Criminalização Primária e Secundária 
	Qual o Objeto do Direito Penal? 
	Objetivo do Direito Penal 
	O controle social é o conjunto de mecanismos e instituições que a sociedade utiliza para garantir conformidade dos indivíduos às normas e valores estabelecidos, tais quais leis e regulamentos. 
	O Estado e a intervenção penal: O Estado, através de suas leis e instituições, exerce o controle social sobre a população, age quando todas as outras formas de controle social (incluindo as outras áreas do direito) não dão conta de agir sobre o ato. A intervenção penal é uma forma específica de controle, onde o Estado utiliza o Direito Penal para punir condutas consideradas lesivas à sociedade. Isso garante a manutenção da ordem pública e a proteção de bens jurídicos essenciais. 
	Caráter Fragmentário do Direito Penal: O Direito Penal tem um caráter fragmentário porque não abrange todas as condutas imorais ou antiéticas, mas apenas aquelas que ameaçam bens jurídicos de maior relevância. Ele intervém apenas quando outras esferas do controle social (como normas morais ou civis) são insuficientes para garantir a ordem. 
	Recorte Espaço X Tempo: Onde e quando. Forma como o Direito Penal se aplica considerando as particularidades de espaço (jurisdição territorial) e tempo (vigência das leis). No Direito Penal, as leis têm um caráter temporal, significando que só se aplicam a fatos ocorridos durante sua vigência, respeitando o princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa. Além disso, as leis penais também são territoriais, aplicando-se dentro dos limites do espaço de jurisdição de um Estado. 
	Qual o Propósito do Estado Democrático de Direito? Garantir a proteção dos direitos fundamentais, a aplicação justa das leis, e a limitação do poder estatal, especialmente no uso do Direito Penal. O papel limitado e garantista que o Direito Penal deve ter, evitando abusos e a criminalização desnecessária de condutas. 
	A Constitucionalidade do Direito Penal: necessidade de que as normas penais e suas aplicações estejam em conformidade com a Constituição. 
	É uma corrente crítica que questiona a legitimidade do sistema penal como um instrumento de justiça e controle social. Ela argumenta que, ao invés de ser um meio eficaz para combater o crime e proteger a sociedade, o Direito Penal muitas vezes atua de forma injusta, seletiva e opressora. Nesse prisma, o direito penal, em vez de promover justiça, muitas vezes perpetua desigualdades sociais e marginaliza ainda mais as classes menos favorecidas 
	Pena como Monopólio do Estado – Há resultados adequados em decorrência disto? 
	●​Michel Foucault 
	TEORIAS ABOLICIONISTAS: 
	●​Louk Hulsman(abolicionismo radical) 
	●​Thomas Mathiesen(abolicionismo marxista) 
	●​Nils Christie(abolicionismo fenomenológico) 
	1. Período Pré-Clássico 
	2. Escola Clássica 
	3. Escola Positiva 
	Resumo das Diferenças 
	●​Hans Wezel 
	○​A conduta se dirige a um fim: 
	○​Predominância das bases jurídica-normativas ao invés das filosóficas: 
	○​Oposição à volatilidade da valoração neokantiana: 
	○​Estruturas Lógico-objetivas -> Objeto do Direito Penal: 
	○​Base Ontológica -> Conceito de Ação: 
	○​O Método Fenomenológico - Finalidade Humana. 
	○​Juízo da Ilicitude: desvalor da ação e do resultado: 
	Neokantismo no Direito Penal . 
	Valores que buscam atingir certos fins (Teleologia: explica os fenômenos a partir dos seus fins ou propósitos) 
	➔​Ernst Mayer e Stammler: Cultura anterior já determina o bem jurídico 
	➔​Construção sistemática de conceitos para a dogmática jurídico-penal 
	➔​O Direito Penal deve analisar os efeitos que produz na sociedade 
	➔​Configuração teleológica do sistema penal 
	➔​Abandono de análises estritamente positivistas 
	➔​Resgate da tradição metodológica do Neokantismo 
	➔​Finalidades valorativas: aquilo que é visto pela sociedade como fundamental 
	Conclusão 
	●​Ordem Pública 
	●​Incolumidade das Pessoas 
	●​Patrimônio 
	●​Segurança Nacional e Segurança Pública 
	●​Tipos de Governança

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