Nas últimas décadas, o campo da Educação Física passou por um processo de revisão e ampliação de suas bases epistemológicas. Historicamente, uma área que esteve fortemente ancorada em referenciais das Ciências Naturais, que abordam o corpo humano sob uma perspectiva mecanicista, fragmentada e biologizada, reduzindo-o a um objeto de estudo desvinculado de contextos sociais e culturais. Essa tradição, herdeira do positivismo e do funcionalismo, privilegiou pesquisas de natureza quantitativa e objetivas, especialmente no estudo da biomecânica e do desempenho físico. No entanto, a partir da década de 1980, houve uma contestação crescente dessa hegemonia, impulsionada por debates no meio acadêmico e por instituições como o Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte, que passaram a destacar a importância de perspectivas oriundas das Ciências Humanas. A inserção de campos como a Antropologia, Sociologia e Filosofia nos estudos da Educação Física permitiu a construção de um olhar mais amplo sobre o corpo e as práticas corporais, valorizando suas dimensões simbólicas, históricas e culturais. Assim, práticas corporais, como a musculação em praças públicas ou a dança em comunidades, passaram a ser compreendidas não apenas pelas viagens biomecânicas, mas como características carregadas de sentidos, identidades e pertencimento social. Essa transformação na abordagem metodológica baseada em um movimento de valorização da pesquisa qualitativa e da chamada "descrição densa", que busca interpretar as práticas corporais subjacentes em seus contextos socioculturais, reconhecendo a complexidade do ser humano enquanto sujeito histórico. Considerando o contexto apresentado, analise as afirmações a seguir: I. Uma pesquisa qualitativa em Educação Física, influenciada pelas Ciências Humanas, propõe um olhar que compreende o ser humano como sujeito histórico e cultural. II. A tradição positivista e funcionalista das Ciências Naturais na Educação Física destruiu o corpo humano à condição de “corpo-objeto”, fragmentado e analisado de