João morreu deixando vários bens, inclusive uma caminhonete em seu nome. Como seus pais faleceram, seus bens automaticamente passam para seus irmãos, que são 05 ao total. Após sua morte, seus irmãos resolvem fazer a divisão dos bens, e para isto, é necessário a realização de um inventário. Para que o mesmo ocorra, é exigido uma quantia em dinheiro que os 05 irmãos não possuem. Sendo assim eles resolvem vender a caminhonete (parte dos bens deixados por João) para pagar a realização do inventário. Alguns dias após a decisão, eles encontram José interessado em comprar o veículo. Caso os irmãos vendam a caminhonete para José um dia após a manifestação do interesse, pode haver alguma complicação para o próprio José depois que o inventário for feito? E se após tomar posse do veículo, José vende-lo no meio de tempo entre a posse e a feitura do inventário, tem alguma possibilidade de ele ter que devolver o dinheiro ou mesmo o veículo, após a sentença judicial?
Boa tarde, primeiramente, cabe a análise da previsão do Código Civil:
"Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública.
§ 1o Os direitos, conferidos ao herdeiro em conseqüência de substituição ou de direito de acrescer, presumem-se não abrangidos pela cessão feita anteriormente.
§ 2o É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente.
§ 3o Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade."
Observe o disposto no §3º. Qualquer alienação de bens sem a autorização do juiz ao qual foi dirigido o invetário será ineficaz juridicamente, se o bem em questão fosse indivisível (o que é o caso no problema apresentado).
Sendo assim, se o irmãos venderem o carro sem autorização judicial, o negócio estará eivado de vício e passível de anulação pelo Juiz. José poderá sofrer as consequências de devolução de valores despendidos, cabendo a ele devolver o veículo, e à família de João, de devolver a quantia paga por ele.
Por fim, provavelmente, a sentença com o formal de partilha não será proferida porquanto n~çao regularizados, mas a resposta é sim, se um aparecer um nov herdeiro por exemplo, um filho que não sabia da existeência, pode ser feita a sobrepatilha. Veja: "Art. 2.022. Ficam sujeitos a sobrepartilha os bens sonegados e quaisquer outros bens da herança de que se tiver ciência após a partilha."
Espero ter ajudado.
Considerando que João, proprietário do automóvel está morto, não é possível a regular transmissão onerosa do bem. Afinal, quem vai assinar o documento de compra e venda?
Quando alguem falece deixando bens e heredeiros, é, em regra, necessário a abertura de inventário. Se os herdeiros não possuem recursos para o pagamento das custas judiciais e dos honorários advocatícios para a ação, deverão buscar atendimento da Defensoria Pública.
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